escuta-me
só tu
na vastidão que existe entre
a tua voz e o gesto esquecido dos dias.
Pedro e Inês…
sempre tão perto da distância
como quem atravessa séculos
no sopro inquieto da memória.
a brisa levanta palavras
desfaz versos
antes de nascerem
e os dedos
rebeldes
escrevem
com a febre de quem ama demais.
[meu amor…
um voo interrompido na garganta das aves
um murmúrio que o mar recusou
um adeus que ainda não se pronunciou.]
há palavras que se escondem
na covardia do tempo
esperando que tudo
se alinhe
num gesto irrepetível.
alguns dias
os barcos desacreditam o horizonte
e os amantes
exaustos
deixam páginas em silêncio
com sangue de todas as promessas escritas.
o que resta é isto:
a margem
a sombra da voz
e o poema que se desfaz no vento.