Caminhar entre pedras
É sentir que o chão nunca promete ternura,
Mas ainda assim insiste em oferecer passagem.
Cada passo é uma dúvida,
Um corte na sola,
Um diálogo áspero com o mundo.
Os destinos improváveis se erguem
Como miragens no horizonte:
Não são rotas certas,
Mas lampejos que desafiam a previsibilidade.
Há quem tema as pedras
E desista no tropeço;
Há quem nelas encontre
A música secreta do caminho,
O rumor de que só o incerto
Nos leva a algum lugar verdadeiro.
Pois talvez não sejam as pedras que ferem,
Mas a ânsia de chegar depressa.
E talvez o improvável não seja um desvio,
Mas a forma mais honesta do destino
Se revelar.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense