Houve um instante
em que o limite
não suportou mais silêncio.
Um fio cresceu
até ser corrente.
O corpo entendeu
que ficar
era também definhar.
O que rompeu
não foi falha,
foi nascente:
um gesto de fonte,
a ousadia do excesso
que fez do abismo
um berço.
Deixar o lugar antigo
foi como abrir os pulmões
para um ar que já esperava,
paciente.
E quem se move assim
não retorna.
Carrega no peito
a lembrança
da primeira queda,
a que mais fundo liberta.