Março das primeiras bênçãos autor,
Idade de meu pai na Beira antiga,
Da tarde em que ao primeiro teu calor
Encaminhas ao trabalho a formiga.
Ao crepúsculo chega um doce ardor,
A Primavera, tua rapariga,
Meneia-se num florir sedutor,
Que o pranto que já foi canto é cantiga.
O Inverno agonizou e suicidou-se,
Talvez. Trocando a vida pela tua,
Corajoso, num acto de fé e medo…
E nisto o sol mortiço agigantou-se,
Tudo foi pintando da cor da lua,
Que até quem hibernou creu ser bruxedo.
11 de Março de 2011