Saía fumo da tua pele e a vida
nela contida ali se iniciava,
O calor jacente em ti borbulhava,
Naquela manhã lírica e proibida.
Por ti todo o desejo se agravava,
Em sensação de espanto, assim temida,
Ao abismo irrefreável, suicida,
Do teu corpo onde débil me abrigava.
Quanto mais eras, menos eu te via,
Como um nevoeiro numa noite fria,
Denso, imenso, intenso, feito de nada…
Poema oculto em nicho de livraria,
Que se procura em cegueira iletrada,
Palavra lida e do mundo apagada.
24 de Agosto de 2022
Viriato Samora