A caneta ascende-me a mão ao sonho,
Incansável, dúctil, aventureira,
Desbravando caminhos, pioneira,
Dona dum triste esboço, pressuponho.
Errante pela Beira em busca de eira,
Ao sol da tua saudade me exponho,
Num curto eterno momento risonho,
Na floresta das letras, a clareira.
Dá voz ao espírito que enternece,
Na palavra encadeada, como a prece,
Canta a lágrima na sua afonia…
Em luta com a razão, estremece,
Acorda, terá sido epifania?
A mão dormente desenha poesia.
20 de Janeiro de 2022
Viriato Samora