Rei deste reino só quando entardece,
Que é quando o sol nas pálpebras descansa,
Foge a pressa ao tempo, que não avança,
Soe dizer-se nada é o que parece.
Como aquele momento em que se adoece,
E nos assalta a febre com pujança,
Vem dos confins ao cérebro a lembrança,
Do passado que sem fuga envelhece.
Sem súbditos, sem ceptro nem coroa,
Em colos de madrugadas insones,
Teço em mim a teia com que te abraço…
Escuridão que és luz, mesmo que doa,
Mata-me até, mas nunca me abandones,
Que a cada aurora nada eu me desfaço.
24 de Abril de 2024
Viriato Samora