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O inconsolável distímico

 
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Estigmas cruzaram limites de fé santificada
Olhando pela mesma janela,
Para retificar este caminho,para lavar com sangue o abrigo,
E devorar as entranhas de mártir único,purificando almas.

Encontrei o ideal de paraíso ao lado dela
E recomeçaria mesmo doente, feliz,
Mas a tragédia, ah esta invencível e sagaz criatura ferida,triunfante,
Carregou a felicidade tombada em fragilidade mórbida,bastarda,
Tirando de nós dois o fruto de cumplicidade extrema.

Carregarei todo fardo,machucado em abandono desleixado,
Protegendo a dádiva restante em lembranças constantes,
Despeço-me livre de nostalgia desiludida e dias de descanso,
No mal recrudescente que vigia,toda razão perdida,
Na trilha de desalento nenhum motivo é pequeno ou insuficiente
Quando revolve o que deveria estar longe e bem enterrado,
Despontando em ocasos de enternecidas paixões.

Alguém a cobriu com um lençol branco de estrelas nubladas,
porque não posso ver além dessa manchas ao redor de seus olhos lindos,
Em afeto perdido para a posteridade ela recitou meu cântico preferido,
E contou sobre a vontade de viver que fugia de seus anseios,
Enquanto sangue escorria de seus lábios tão doces
tudo parece fazer sentido agora,
Nunca houve uma chance para nenhum de nós,réprobos e distímicos.

O arlequim obsessivo brinca comigo,
Golpea minha mente e me torna cativo por horas de mãos lavadas e questionamentos dúbios,
Eu clamo por qualquer um,alguém que possa ajudar,
Imploro para o vazio e a resposta é óbvia,
Volto para a casa que desaba apodrecida sobre meu quarto úmido,
As peredes ornamentadas com fungos e miasmas herdados de outros lutos.

Enfureço as infecções adormecidas supondo que a morte também me levaria,
Anjos defomados riem na visita noturna que remédios controlados não detém,
Eles recordam-se daquela criança espancada e toda humilhação despida e machucada,
De grandes cicatrizes cruzando braços e ossos como números,
De prostitutas eslavas morrendo seminuas desamparadas.

A dor começa em minhas mãos espalhando se rápido,
Para que o tempo estoure na areia espalhada,
Eu veja o início no espelho e desperto no fim,sem querer,
para sonâmbulo retornar ao meu leito e prosseguir,
Acalentando o sonho de partir para sempre junto com ela.

 
Autor
RaimundoSturaro
 
Texto
Data
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2008
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