Textos : 

à morte na noite.

 
às tantas morro.

quando a noite perguntar se as horas esperam à porta da boca o beijo, responde-lhe que a espera é a melhor amiga da esperança e se um dia ela te disser que eu fui para outra porta, derruba-lhe algumas estrelas, tenta sequestrar-lhe a lua, há-de acabar por confessar que foi ela que me levou.

às tantas o corpo morre, devagar no parapeito de uma janela, enquanto esperava que os sinos tocassem e o antecipassem a cair mundo abaixo. às tantas já passa da hora de serviço e o sacristão dorme sossegado, enquanto o sino que deveria tocar morre com o corpo estatelado contra o chão da praça. talvez alguém grite, por muito, por tanto que deveria ter dito, talvez alguém chore, baixinho, a vida que deveria ter tido e talvez tu passes, no meio da noite, tu vejas o corpo e te sintas morto, talvez. talvez a noite te diga que fui para outra porta.


. façam de conta que eu não estive cá .

 
Autor
Margarete
Autor
 
Texto
Data
Leituras
799
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 06/10/2008 12:36  Atualizado: 06/10/2008 12:36
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: à morte na noite.
Margarete,
Por vezes, quando damos por isso, já estamos noutra dimensão.
Beijinho
Nanda


Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 06/10/2008 21:24  Atualizado: 06/10/2008 21:24
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8096
 Re: à morte na noite.
olha lá, menina, mas morres porquê? e para quê? por aqui toda a gente te adora, e se inquieta por ti...por isso não morras se não nos quiseres matar também; ora, espreita aqui na janelinha e pega lá um beijo de amizade!!!