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Parece até conto de fadas

 
Tags:  almas gemeas    carta; fadas  
 
A moça entrou no quarto, pegou seu caderno e caneta, precisava falar, a única forma que conseguia fazê-lo com maior liberdade, era escrevendo.

Meu amor...
Nossa história parece até um conto de fadas...
Engraçado, foi você quem me disse isso. Mas retomando nossa história como tudo começou, eu tenho que concordar contigo!
Tudo começou com um pedido, meu, você nunca me disse se havia feito um pedido também... Mas eu fiz. Certo, dia fui deitar na cama, aos prantos e pedi para Deus afastar de mim todo mundo que se aproximasse só interessado em uma aventura. Estava cansada de me entregar aos relacionamentos, acreditar que poderia haver algo verdadeiro e me decepcionar. Já possuía cicatrizes demais. Não queria mais uma, e foi isso que disse à Deus, mesmo que tivesse que terminar meus dias sozinha.
Acho que foi a partir desse pedido que o universo começou a conspirar a nosso favor. Se bem que foi por culpa do destino termos ido parar tão longe um do outro. Ele fez a besteira, ele que consertasse.
E devo acrescentar que ele fez tudo direitinho. Lembro-me cada detalhe do início do percurso que me levou até você.
Eu comecei a mudar de mentalidade. Até então não gostava muito dessa história de salas de bate-papo, orkut, nem se fala. Mas depois daquele pedido, eu decidi fazer novo vestibular, sentia que apesar de gostar do que estava estudando até então, não ia conseguir muita coisa, além disso havia minha paixão pela escrita, eu resolvi e fiz uma prova para ingressar numa faculdade de Letras, e consegui. Foi lá que conheci uma grande incentivadora para eu me aproximar mais da internet. Minha amiga hoje, perguntou por que eu não usava o orkut, que através dele eu podia fazer amizades com pessoas do mundo inteiro, além de encontrar amigos perdidos. E eu amava meus amigos do tempo da escola, queria reencontrá-los.
Foi uma descoberta fazer amizades com pessoas de fora da minha cidade. Eu conheci pessoas interessantes e até achei alguns amigos que há tempos eu não via.
E você, estava lá, esperando por mim. Eu não quis te conhecer de imediato, enviar aquele convite. Eu vi no seu perfil que nasceste nos EUA, pensei, não quero ser amiga de um americano arrogante! Mas aquela sua frase, eu pensei, ele tem personalidade, se for dele essa frase, ele tem caráter. Vou enviar, se ele tiver que ser meu amigo, vamos ver...
E a partir daí você já sabe. Como nos descobrimos tão iguais, tão feitos um para o outro. Lembra do dia que eu falei, dos andrógenos? Nos reencontramos, meu amor, sabe só Deus depois de quantas vidas nos procurando, nos encontramos!
Não é estranho sentirmos saudade um do outro? Quer dizer, pensa comigo, nós nunca estivemos realmente frente a frente um do outro! E saudade é a necessidade de viver, de ter aquilo que outrora se teve, se possuiu! Nosso sentimento deveria ser desejo, vontade de tocar, de ver para valer, mas saudade... Só mesmo o simples fato de que somos um, que sempre fomos, desde o inicio do universo para explicar essa saudade. Sentimos saudades de outra vida cujos resquícios nossas almas carregam consigo.
Nossas almas lembram-se de quando nossos lábios de tocavam, nossos corpos se uniam num encaixe perfeito. Sim, tudo está guardado na nossa essência.
Agora, que constatei isso, eu não tenho mais medo, e foi você quem me disse que não sentisse medo, você sabia, e não me contou... Mas eu te perdôo. Meu amor, eu não tenho mais medo, porque nenhum amor estava tão certo de acontecer, como o nosso estava, ele já havia sido sacramentado. Não me atemorizo mais com o fato de que ainda demorará para nos encontrarmos de fato, a minha saudade, é a minha garantia que será do teu lado que terminarei meus dias! Meu amor por ti nasceu junto com o Universo, e ganhou suas características: imenso e sempre em expansão!
E foi assim que nosso conto de fadas foi escrito...


“Era uma vez duas fadas, uma chamada Romântica e outra por demais desastrada que se chamava Atrapalhada. A tarefa da fada Romântica era localizar no universo almas gêmeas que não conseguiam se encontrar, ela deveria facilitar o encontro dessas almas, pois a cada par que se unia, o universo de alegria e força de enchia. E era com muito prazer que a fada Romântica fazia seu trabalho, odiava os homens do mundo moderno que diziam e chegavam a acreditar que o amor era um negócio, um contrato. Não, ele existia para provar o contrário! Mas existia a fada Atrapalhada, ela tinha boa vontade em ajudar a irmã, mas por ser muito desastrada, as vezes fazia estragos colossais, alguns incorrigíveis.
E foi assim... Era mais um dia de trabalho para a fada Romântica, ela havia localizado duas almas e devia anotar em seu caderno de nascimentos o local adequado para que eles chegassem ao mundo, e calcular a hora do seu encontro. Quem escrevia os dados obtidos por Romântica era Atrapalhada... Ela determinou que essas duas almas habitariam estados diferentes, por que o amor precisa de alguns obstáculos para se tornar mais forte.
Pois fez assim, elas habitariam um país chamado Brasil, uma delas habitaria o estado de Minas Gerais e a outra o Maranhão, mas essa, teria plantado em seu coração a vontade de habitar a cidade em que morava sua alma gêmea, essa cidade teria todos os atrativos para chamar essa alma, e ela encontraria sua outra metade, seria um encontro perfeito, romântico, bem ao seu estilo! Atrapalhada anotou tudo direito, mas percebeu que não havia entregado no dia anterior, ao senhor Cegonha o endereço de um dos novos habitantes da Terra. Ihhhh, se Romântica soubesse, daria-lhe uns bons puxões de cabelos, então pegou o envelope com o endereço, era para um lugar perto de Minas, era perto do percurso do senhor Cegonha, ele nem teria muito trabalho... Entregou ao Cegonha os endereços e na hora, como era de se esperar de alguém tão desastrado, trocou os envelopes, mandou entregar o habitante de Minas no Rio de Janeiro, e aquilo que estava previsto para acontecer seria totalmente prejudicado...
O tempo foi passando e já chagava o momento de Romântica verificar se aquelas almas que estavam prometidas de se encontrar em Minas já estavam se preparando para o encontro. Foi ai que descobriu mais essa mancada da irmã!
-Atrapalhada!!!!!!!!!!!!!!!! O que você fez?!
Atrapalhada tentou se justificar, disse que o Rio nem era tão longe de Minas e que todo mundo naquele país deseja conhecer o Rio. Mas Romântica sabia que não era bem assim...a habitante do Maranhão,um espírito feminino e frágil possuía um medo absurdo de violência, e havia criado uma antipatia por aquele lugar onde estava alocado sua metade. Ela nunca pisaria lá por espontânea vontade, sua metade por outro lado, amava sua terra, lugares frios, como um dia poderia visitar o lugar quente onde habitava sua prometida. Como Romântica iria consertar as coisas?
Não demorou muito para vir a idéia. Romântica pegou seu computador e mandou um sms para seu primo destino, ele teria que ajudá-la a consertar as coisas, mas nem chegou a falar com ele, na hora a luz brilhou sobre sua cabeça. É claro! Eles haviam nascido no tempo da internet! Como não havia pensado nisso antes, bastava fazer com que se esbarrassem, sem querer, num desses tráfegos da rede.
Mas como eles eram diferentes nas atitudes, o espírito masculino tinha tantos amigos e uma vida intensa, o feminino viva recluso, com suas metas, sem desviar-se do seu caminho. Eles haviam perdido de alguma forma, a vontade de se encontrar, pois essa vontade não morre nunca, ela vai com o espírito aonde ele for e é por isso que eles acabam facilitando a localização que Romântica fazia. Mas e agora, o espírito feminino nem gostava dessa coisas legais que tinha na internet... que espírito mais chato! Pensou romântica.
Então teve que ligar para o Destino
-Eu não faço mágica, posso facilitar o encontro, mas quem vai fazer ela ir procurar? Isso é essencial!
Romântica ficou muito triste, seria um dos poucos casais que não conseguiria tornar um. Tudo culpa daquela Atrapalhada, ela merecia ficar careca. Lembrou da Estrela Dalva, ela podia fazer alguma coisa, talvez plantasse no coração do espírito feminino o desejo de ingressar naquele mundo virtual.
-Sinto muito, mas assim eu não posso, o Senhor me deu o poder de atender pedidos, mas eles tem que ser feitos, se ela não fizer eu nada posso fazer.
E todos os dias Romântica vigiava aquele espírito e se entristecia por que ele ficava cada dia mais recluso, como aquele espírito possuía emoções intensas, por um lado era bom, mas por outro, ele já estava muito ferido, era tão ingênuo.. Mas ela sabia que aquele espírito ainda tinha o desejo de achar sua outra metade, era um desejo que estava escondido, lá dentro, as ele brilhava, mesmo foscamente.
Não vou dizer que passou muito tempo, pois no mundo das fadas não existe tempo. Mas Romântica estava cada vez mais desiludida, o Senhor havia criado um único ser, eles se separam como outros e como poucos nunca mais se encontrariam. O espírito mais fraco, feminino havia desistido de procurar, agora se preocupava com outras coisas. Romântica, com muito pesar resolveu se esforçar para juntar outro par de espíritos.
Surpreendentemente, quando estava para levar o relatório daquela missão fracassada para o seu arquivo morto, recebeu a visita de uma alegre Estrela Dalva.
-Ela fez o pedido!
O coração de Romântica bateu com alegria, descompassado.
_Qual foi, ela pediu para achar sua metade, custasse o que custasse, ela entrou na net e pediu para achar ele?
-Calma, não foi isso. Mas a gente dá um jeitinho. Ela pediu, para não mais encontrar falsos amores. Agora deixa comigo, nunca mais ela vai se iludir com palavras falsas e o seu primo Destino já está fazendo a parte dele. Tudo vai dar certo, talvez demore um pouco, mas eles vão se achar e a união será realizada, como havia sido previsto desde o início.
Nem preciso dizer quão alegre ficou aquela fada, não existe nada melhor para um profissional apaixonado, do que ver um trabalho concluído. Mas esse só se concluiria depois que eles se encontrassem não se reconheceriam na hora, mas aos poucos, eles se reconheceriam um no outro, e pronto nada mais os separaria novamente.
Para o tempo terreno o tempo foi até curto, um espaço de oito meses, entre o pedido e o encontro, e nove para que eles finalmente ouvissem os sinos badalarem, esses sinos eram da festa que Romântica sempre fazia toda vez que duas almas gêmeas se tornavam apenas um ser.”
“Era uma vez duas fadas, uma chamada Romântica e outra por demais desastrada que se chamava Atrapalhada. A tarefa da fada Romântica era localizar no universo almas gêmeas que não conseguiam se encontrar, ela deveria facilitar o encontro dessas almas, pois a cada par que se unia, o universo de alegria e força de enchia. E era com muito prazer que a fada Romântica fazia seu trabalho, odiava os homens do mundo moderno que diziam e chegavam a acreditar que o amor era um negócio, um contrato. Não, ele existia para provar o contrário! Mas existia a fada Atrapalhada, ela tinha boa vontade em ajudar a irmã, mas por ser muito desastrada, as vezes fazia estragos colossais, alguns incorrigíveis.
E foi assim... Era mais um dia de trabalho para a fada Romântica, ela havia localizado duas almas e devia anotar em seu caderno de nascimentos o local adequado para que eles chegassem ao mundo, e calcular a hora do seu encontro. Quem escrevia os dados obtidos por Romântica era Atrapalhada... Ela determinou que essas duas almas habitariam estados diferentes, por que o amor precisa de alguns obstáculos para se tornar mais forte.
Pois fez assim, elas habitariam um país chamado Brasil, uma delas habitaria o estado de Minas Gerais e a outra o Maranhão, mas essa, teria plantado em seu coração a vontade de habitar a cidade em que morava sua alma gêmea, essa cidade teria todos os atrativos para chamar essa alma, e ela encontraria sua outra metade, seria um encontro perfeito, romântico, bem ao seu estilo! Atrapalhada anotou tudo direito, mas percebeu que não havia entregado no dia anterior, ao senhor Cegonha o endereço de um dos novos habitantes da Terra. Ihhhh, se Romântica soubesse, daria-lhe uns bons puxões de cabelos, então pegou o envelope com o endereço, era para um lugar perto de Minas, era perto do percurso do senhor Cegonha, ele nem teria muito trabalho... Entregou ao Cegonha os endereços e na hora, como era de se esperar de alguém tão desastrado, trocou os envelopes, mandou entregar o habitante de Minas no Rio de Janeiro, e aquilo que estava previsto para acontecer seria totalmente prejudicado...
O tempo foi passando e já chagava o momento de Romântica verificar se aquelas almas que estavam prometidas de se encontrar em Minas já estavam se preparando para o encontro. Foi ai que descobriu mais essa mancada da irmã!
-Atrapalhada!!!!!!!!!!!!!!!! O que você fez?!
Atrapalhada tentou se justificar, disse que o Rio nem era tão longe de Minas e que todo mundo naquele país deseja conhecer o Rio. Mas Romântica sabia que não era bem assim...a habitante do Maranhão,um espírito feminino e frágil possuía um medo absurdo de violência, e havia criado uma antipatia por aquele lugar onde estava alocado sua metade. Ela nunca pisaria lá por espontânea vontade, sua metade por outro lado, amava sua terra, lugares frios, como um dia poderia visitar o lugar quente onde habitava sua prometida. Como Romântica iria consertar as coisas?
Não demorou muito para vir a idéia. Romântica pegou seu computador e mandou um sms para seu primo destino, ele teria que ajudá-la a consertar as coisas, mas nem chegou a falar com ele, na hora a luz brilhou sobre sua cabeça. É claro! Eles haviam nascido no tempo da internet! Como não havia pensado nisso antes, bastava fazer com que se esbarrassem, sem querer, num desses tráfegos da rede.
Mas como eles eram diferentes nas atitudes, o espírito masculino tinha tantos amigos e uma vida intensa, o feminino viva recluso, com suas metas, sem desviar-se do seu caminho. Eles haviam perdido de alguma forma, a vontade de se encontrar, pois essa vontade não morre nunca, ela vai com o espírito aonde ele for e é por isso que eles acabam facilitando a localização que Romântica fazia. Mas e agora, o espírito feminino nem gostava dessa coisas legais que tinha na internet... que espírito mais chato! Pensou romântica.
Então teve que ligar para o Destino
-Eu não faço mágica, posso facilitar o encontro, mas quem vai fazer ela ir procurar? Isso é essencial!
Romântica ficou muito triste, seria um dos poucos casais que não conseguiria tornar um. Tudo culpa daquela Atrapalhada, ela merecia ficar careca. Lembrou da Estrela Dalva, ela podia fazer alguma coisa, talvez plantasse no coração do espírito feminino o desejo de ingressar naquele mundo virtual.
-Sinto muito, mas assim eu não posso, o Senhor me deu o poder de atender pedidos, mas eles tem que ser feitos, se ela não fizer eu nada posso fazer.
E todos os dias Romântica vigiava aquele espírito e se entristecia por que ele ficava cada dia mais recluso, como aquele espírito possuía emoções intensas, por um lado era bom, mas por outro, ele já estava muito ferido, era tão ingênuo.. Mas ela sabia que aquele espírito ainda tinha o desejo de achar sua outra metade, era um desejo que estava escondido, lá dentro, as ele brilhava, mesmo foscamente.
Não vou dizer que passou muito tempo, pois no mundo das fadas não existe tempo. Mas Romântica estava cada vez mais desiludida, o Senhor havia criado um único ser, eles se separam como outros e como poucos nunca mais se encontrariam. O espírito mais fraco, feminino havia desistido de procurar, agora se preocupava com outras coisas. Romântica, com muito pesar resolveu se esforçar para juntar outro par de espíritos.
Surpreendentemente, quando estava para levar o relatório daquela missão fracassada para o seu arquivo morto, recebeu a visita de uma alegre Estrela Dalva.
-Ela fez o pedido!
O coração de Romântica bateu com alegria, descompassado.
_Qual foi, ela pediu para achar sua metade, custasse o que custasse, ela entrou na net e pediu para achar ele?
-Calma, não foi isso. Mas a gente dá um jeitinho. Ela pediu, para não mais encontrar falsos amores. Agora deixa comigo, nunca mais ela vai se iludir com palavras falsas e o seu primo Destino já está fazendo a parte dele. Tudo vai dar certo, talvez demore um pouco, mas eles vão se achar e a união será realizada, como havia sido previsto desde o início.
Nem preciso dizer quão alegre ficou aquela fada, não existe nada melhor para um profissional apaixonado, do que ver um trabalho concluído. Mas esse só se concluiria depois que eles se encontrassem não se reconheceriam na hora, mas aos poucos, eles se reconheceriam um no outro, e pronto nada mais os separaria novamente.
Para o tempo terreno o tempo foi até curto, um espaço de oito meses, entre o pedido e o encontro, e nove para que eles finalmente ouvissem os sinos badalarem, esses sinos eram da festa que Romântica sempre fazia toda vez que duas almas gêmeas se tornavam apenas um ser.”

Gostou amor? Acho que foi isso que aconteceu! Agradeça a mim por ter feito o pedido, mas eu agradeço a ti, por ter esperado eu fazê-lo.
Beijos, te amo!!

A moça concluiu a carta, estava um nojo a letra, escreveu deveras rápido, passaria a limpo e a enviaria junto com o presente de aniversário que havia comprado para ele, aquele seria o ultimo aniversário dele que comemorariam separados, agora que ela tinha certeza que o universo havia adotado aquele amor, nada mais a preocupava. “Em breve...” Pensou começando a escrever, na letra legível e caprichada da qual tanto se orgulhava.



Apenas uma pessoa que usa a literatura e o cinema para fugir desse mundo cão. Escrever é apenas um ato e exercício de liberdade!

 
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Helayne
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