Novo mundo
Novo mundo
Agora sabemos o que ocorre no mundo
Amanhã, talvez, não saberemos de nada
Pois, podemos chegar no fim da jornada
E dormiremos aquele sono tão profundo
Poucos ou milhões de anos vão se passar
Sem sequer saber que um dia existimos
Somente prever o nada nós conseguimos
Como uma pedra que o vento está a rolar
Mas um dia, talvez, nós vamos despertar
E nesse dia este planeta vai se encerrar
Ninguém mais poderá habitar este mundo
Talvez iremos em outro lugar do universo
E aí esse novo mundo não será perverso
E todos os bens virão de um jeito fecundo.
jmd/Maringá, 25.05.23
Rimas sem verbos
Rimas sem verbos
Um circo sem palhaço
Uma piada sem graça
Um bêbado sem cachaça
E um beijo sem abraço
Como lápide sem placa
Minha vitrola sem som
Como uma irmã sem irmão
Como galinha sem cloaca
Como noite sem lampião
E um inverno sem frio
Como baixada sem rio
Ou como arroz sem feijão
Uma invernada sem gado
Como um carro sem bois
Antes, agora e depois
No mundo tão angustiado
jmd/Maringá, 24.12.08
A minha solidão.
A minha solidão
Sinto-me sozinho em meio à multidão
Não consigo me entrosar com ninguém
Mesmo com tanta gente que vai e vem
Continua em mim esta negra solidão
Não consigo com ninguém compartilhar
Essa angústia que está a me perseguir
Que não permite que eu venha a sorrir
Mesmo que não haja razão pra chorar
E assim vai se passando dia após dia
Eu vou continuando nessa melancolia
Até o dia que isso venha a se acabar
Não é certo que tenha algum motivo
Talvez seja por eu ser muito emotivo
Que o sistema tenha medo de encarar.
jmd/Maringá, 29.07.23
Não quero me expor
Não quero me expor
É bom falar menos pra não se expor
Pois há julgamentos que são cruéis
Por certo vão aumentar o seu teor
Melhor deixar ir somente os anéis
Por isso é melhor esconder a dor
Pois há coisas que nunca eu falo
Vou levando sem muito me expor
Prefiro não dar bom dia a cavalo
Somente o bem continuo a falar
Mas ainda assim não vou exagerar
Pois pode dar inveja pra alguém
Se tenho quatro apresento só dois
Deixo o restante para falar dpois
Não vou me engrandecer também.
jmd/Maringá, 18.06.23
A morte do Carreiro
A morte do carreiro
Foi num dia bem de tarde
Que ficou só na saudade
O drama que aconteceu
O carreiro vinha da cidade
Assobiando de felicidade
Quando o fato aconteceu
Quando descia na pedreira
Despencou na ribanceira
Com o carro e os animais
Foi tão triste a sua sorte
Nesta hora veio a morte
Que o levou pra nunca mais
A mulher e seus filhinhos
O esperavam no ranchinho
À tardinha lá no quintal
Esperaram até entardecer
E vendo o dia anoitecer
Logo pensaram no mal
Subiram até a pedreira
Naquela segunda feira
Para ver o que acontecia
Só viram o carro tombado
E o carreiro morto ao lado
E um boi que aí gemia
As crianças todas aí chorando
Ao ranchinho foram voltando
E aumentou o desespero
Foi numa tarde sem sorte
Que a vida tornou-se morte
Daquele pobre carreiro
No dia seguinte, no terreiro
Choravam a morte do carreiro
Todo mundo, muito sentiu
Por saber que tanta felicidade
O destino, só por maldade
Para sempre aí destruiu.
jmd/Maringá, 25.09.23
Tudo se acaba
Tudo se acaba
Se tudo que é bom um dia se acaba
Se tudo que é bonito vai ficar feio
Se esta vida não vale quase nada
Se em frio se transforma o veraneio
Se os sonhos se acabam lentamente
Se os anos passam como a fumaça
Se as rosas murcham tão tristemente
Se um dia acaba toda a nossa graça
Se as crianças são assim tão puras
Por que é que sofrem tantas torturas
Neste mundo todo cheio de trapaça
Se as águas do rio correm ao oceano
Se tudo está contido neste plano
Por que esta triste dor nunca passa.
jmd/Maringá, 22.06.10
Dúvidas
Dúvidas
Agora eu peço aos meus amigos ateus
Que perdoem este ser tão imperfeito
Pois em vez em quando dou um jeito
E acabo pedindo a presença de Deus
Peço que não julguem a milha falha
Pois quando estou muito atribulado
Com o meu pensamento atordoado
Então imploro a Deus e jogo a toalha
Eu sei que um dia posso ser expulso
Do nosso grupo formado por ateus
Por eu precisar das ajudas de Deus
Peço desculpas para os meus irmãos
Que me perdoem toda esta fraqueza
E da ausência de fé não ter certeza.
Jmd/Maringá, 31.05.2016
Jornada
Jornada.
Uma noite quando para casa eu voltava
Nessa época tinha os meus vinte anos
Desanimado eu tinha em mente planos
Impossíveis, pois tão pouco eu ganhava
Morava longe do serviço e de bicicleta
Todo dia tinha que fazer essa jornada
Muito cansado eu percorria a estrada
Com sonho de comprar uma motoneta
Na época havia a Garelli, uma mobilete
Mas a prestação não cabia no balancete
Então o jeito era ter que ir pedalando
Foram quase cinco anos de sofrimento
Que agora estão em meu pensamento
Que venho a recordar de vez em quando.
jmd/Maringá, 31.03.20
Templo
Templo
Vê-se que parece um templo sagrado
Com lindas paredes e fundação firme
Pela mão sublime é que foi levantado
Ao vê-lo todo o incrédulo se redime
Tem uma porta de um coral precioso
Suas luzes são claras como o sol puro
De cor verde-esmeralda e silencioso
Com pedras mais preciosas que ouro
Tem um super-telhado bem revestido
Onde o sol brilhante fica aí contido
Aquecendo quem entrar no recinto
Quem orar nesse templo com amor
Com certeza vai aliviar toda a sua dor
E isto está a exposto de modo sucinto.
Jmd/Maringá, 15-06-16
Exaltação
Exaltação
Não conte as noites pela escuridão
Procure contá-las só pelas estrelas
Que devem trazer alegria ao coração
Toda vez que você possa vê-las
Não conte os dias pelas tempestades
Mas pelos dias claros de muita luz
Não conte as horas por dificuldades
Mas pelas felicidades que se produz
Não se exalte pregando a maldade
Seja um mensageiro da verdade
Não use alguém como a sua escada
Não puxe o tapete do seu irmão
Lute contra qualquer ingratidão
E terá sempre a sua vida exaltada.
Jmd/Maringá, 18.05.2016