Dúvidas
Dúvidas
Agora eu peço aos meus amigos ateus
Que perdoem este ser tão imperfeito
Pois em vez em quando dou um jeito
E acabo pedindo a presença de Deus
Peço que não julguem a milha falha
Pois quando estou muito atribulado
Com o meu pensamento atordoado
Então imploro a Deus e jogo a toalha
Eu sei que um dia posso ser expulso
Do nosso grupo formado por ateus
Por eu precisar das ajudas de Deus
Peço desculpas para os meus irmãos
Que me perdoem toda esta fraqueza
E da ausência de fé não ter certeza.
Jmd/Maringá, 31.05.2016
Jornada
Jornada.
Uma noite quando para casa eu voltava
Nessa época tinha os meus vinte anos
Desanimado eu tinha em mente planos
Impossíveis, pois tão pouco eu ganhava
Morava longe do serviço e de bicicleta
Todo dia tinha que fazer essa jornada
Muito cansado eu percorria a estrada
Com sonho de comprar uma motoneta
Na época havia a Garelli, uma mobilete
Mas a prestação não cabia no balancete
Então o jeito era ter que ir pedalando
Foram quase cinco anos de sofrimento
Que agora estão em meu pensamento
Que venho a recordar de vez em quando.
jmd/Maringá, 31.03.20
Templo
Templo
Vê-se que parece um templo sagrado
Com lindas paredes e fundação firme
Pela mão sublime é que foi levantado
Ao vê-lo todo o incrédulo se redime
Tem uma porta de um coral precioso
Suas luzes são claras como o sol puro
De cor verde-esmeralda e silencioso
Com pedras mais preciosas que ouro
Tem um super-telhado bem revestido
Onde o sol brilhante fica aí contido
Aquecendo quem entrar no recinto
Quem orar nesse templo com amor
Com certeza vai aliviar toda a sua dor
E isto está a exposto de modo sucinto.
Jmd/Maringá, 15-06-16
Ponte
Ponte
Uma ponte encima do rio
Duas regiões há de ligar
Uma ponte sobre o destino
A outro lugar vai nos levar
As águas por sob a ponte
Passam e vão até ao mar
Nascendo no alto da fonte
Um dia voltam a esse lugar
Passam à noite e ao dia
Na estação quente ou fria
Com sol ou com nevoeiro
Quando chegam ao seu final
Sobem até o azul celestial
E vãoi cair em aguaceiro.
jmd/Maringá, 27.05.16
Repartindo um porco
Repartindo um porco
Para quem vai a pacuera?
Vai pro pai do Zé Tapera.
Quem vai levar a costela?
É a comadre Manoela.
O carrê quem vai levar?
É o cunhado da Guiomar.
Quem fica com o bofe?
É o compadre do Onofre.
Quem vai levar a orelha?
É o Chico da ovelha.
Pra quem fica a panceta?
É pra comadre Julieta.
Quem vai levar o toicinho?
É o Tenório do moinho.
Pra quem vai a bisteca?
É encomenda do Zeca.
O que é feito do pernil?
Foi pra sogra do Gentil.
Pra quem fica o suã?
Pra comadre do Ivan.
E com o couro o que se faz?
Vai pro Mané do Tomás.
Quem vai fazer a linguiça?
É o marido da Clarissa.
E pra quem vai o codeguim?
Pra mulher do sr. Joaquim.
E o queijo de quem vai ser?
Pra quem gostar de comer.
E o que fazer com o rabo?
Cozinha-se com quiabo.
Com quem fica o chouriço?
Pra quem fez todo o serviço.
jmd/Maringá, 04.11.08
Colchão de palha
Colchão de palha
Nos tempos de criança vejo a cena
Deitados em uma cama de madeira
Os travesseiros eram feitos de pena
Ou então com os frutos da paineira
O colchão que se dormia era de palha
O cobertor era chamado corta-febre
Às vezes o frio cortava como navalha
Pois havia frestas em nosso casebre
A minha mãe fazia tudo o que podia
Até com panos de colheita nos cobria
Para que nos proporcionasse o calor
Assim a gente enfrentava o desafio
Pois acho que Deus nos dava o frio
Conforme a espessura do cobertor.
Jmd/Maringá, 30.06.16
Brincar de ser feliz
Brincar de ser feliz
Eu vou voltar ao lugar em que nasci
E armar arapuca em meio à palhada
Reviver momentos que não esqueci
E jogar futebol com aquela criançada
Brincar de se esconder lá no cafezal
Pegar vaga-lumes em noites escuras
Brincar de barata no grande quintal
Achar os amigos em longas procuras
Gritar no terreiro “vaga-lume tem-tem
Seu pai está aqui e sua mãe também”
E tudo era festa até a hora de dormir
Mas estes momentos ficaram pra trás
Esses tempos lindos não valtam mais
As alegrias da infância não vão repetir.
jmd/Maringá, 24.08.15
Marina e seu gato
Marina e seu gato*
Marina era uma estudiosa menina
Que nasceu com uma única sina
Que era cuidar bem dos animais
Quando da escola à tarde chegava
Com seu lindo gato ela conversava
E dava-lhe carinhos tão especiais
Mas eis que a estudiosa Marina
Pegou uma doença tão maligna
Que em seu quarto a aposentou
Mas o seu gato chamado faceiro
Deitava perto do seu travesseiro
Enquanto esse tempo se passou
Mas eis que uma noite sem sorte
Chegou a sombria e triste morte
E a pobre estudante então levou
Na manhã seguinte, lá no terreiro
Era um dia triste, o dia derradeiro
E o triste gato por aí então ficou
E todas as tardes ele ainda vinha
Miava bem perto de sua caminha
Como um grito dolorido e alterado
E daí se passaram só quinze dias
Que numa das manhãs mais frias
Amanheceu ali morto e esticado
E assim é que se deu essa história
Que não houve luta e nem vitoria
Como uma despedida lá no cais
Foi uma passagem de muita dor
Numa prova que há tanto amor
Nos corações do nossos animais.
jmd/Maringá, 13.05.16
* baseado em caso real.
Caminhos
Caminhos
Os dias passados não voltam jamais
Os dias futuros ainda estão ausentes
Melhor é viver os dias agora presentes
Em todas manhãs ou horas vesperais
Tudo um dia passa e tudo há de passar
E nesse caminho vai toda a humanidade
Não adianta pensar n'outra possibilidade
Que por certo nunca se vai encontrar
Quem já se foi não sente mais dores
Não sente o perfume e nem vê flores
Melhor e o visitar durante essa vida
Pois todos irão nos mesmos caminhos
Que possui flores e também espinhos
Até que chegue o final dessa corrida.
jmd/Maringá, 26.02.20
Outros mundos
Outros mundos
Deus ou a Natureza são tudo
E nós não somos quase nada
Ficamos pouco nessa parada
Mas há quem se ache, contudo
Pode haver muitas galáxias
E outros sóis em outro lugar
Não sabemos como lá chegar
Nessas imensidões fantásticas
Por certo há outros mundos
E nestes mistérios profundos
Poderão haver novas civilizações
Talvez haja um povo inteligente
Que tenha avançado a sua mente
Onde não há fome e discriminações.
jmd/Maringá, 02.03.20