IMPLORO
Imploro
Imploro assim sentado
Nesta cadeira pregado
Com a alma já doente
De tanto implorar
De tanto orar
Estou a ficar descrente
O tempo passa a custo
E a vida é um susto
Neste comboio fantasma
Mesmo sem ir à feira
Eu vivo terror à minha beira
Dor, substantivo abstracto
E eu dela já estou farto
De tanto a sentir
Já nem a sinto
Até parece que minto
Este som mete medo
Este ruído em segredo
Que me destrói e esmaga
É um silêncio que enlouquece
A alma que envelhece
E o coração que se apaga
Nesta poluição sonora
De silêncio a toda a hora
Eu sinto-me definhar
No abismo da incerteza
Eu imploro como quem reza
Para ELE me acompanhar
Arménio Cruz Setembro-2007
QUE MAR ENORME!
Que mar enorme
Ele que a todos domina
E a mim tanto fascina
Agora me faz sentir arrepio
Com a sua dimensão enorme
Que até a alma me consome
E o desejo de o transformar em rio
Que mar tão largo este
Que agora me deixa tão triste
Na distância que provocou
Entre eu e um jardim
Com uma flor tão bela assim
Que nesse canteiro desabrochou
Oh!... mar imponente
Traz-me esse presente
Que é tudo o que quero
Nas tuas algas salgadas
Ao sabor das tuas vagas
Traz-me, que eu desespero
Arménio Cruz
Outubro de 2000
FOGO
FOGO
És a chama que arde em mim
Que ardendo não queima, queimando
Ardo neste fogo e sinto-me bem assim
Ardendo de amor e amando
Incendiaste a minha alma
E o meu corpo quente vai ficando
Os meus braços quentes até à palma
Abraçam-te fortes apertando
Morrer no fogo dos teus beijos
Não é morrer de morte
É activar todos os desejos
E mergulhar numa paixão forte
De amor, já ardi na tua boca
Que é quente como brasa queimando
De paixão ficaste também louca
E assim nos ficámos amando
Arménio Cruz
OLHOS VERDES
OLHOS VERDES
Quando olho os teus olhos
Vejo a montanha, vejo o mar
Ficam os meus olhos cegos
Por tanto os teus amar
Esses olhos tão brilhantes
E meigos na expressão
Foram eles que prenderam
O meu pobre coração
São verdes os teus olhos
Esperança a sua cor
Sinto-me leve que nem nuvem
Neste universo de amor
Universo que é só nosso
Esse segredo que guardamos
A nós dois está limitado
Porque somos nós que nos amamos
Que mistério é este, que mistério
Que me passa pela alma, meus Deus
Sinto algo estranho em mim
Sempre que olho os olhos teus
Eles têm um olhar tão quente
Como fogo que arde sem queimar
Deixa-me arder nesse fogo
E aos teus olhos amar
Vi-te sem te ver
Que coisa estranha esta
Tocar-te sem te tocar
E é isto que me resta
Quero ver-te, quero tocar-te
Mais não posso esperar
A ansiedade é grande podes crer
E os olhos verdes quero beijar
Arménio Cruz