Poemas, frases e mensagens de Tânia Mara Camargo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Tânia Mara Camargo

Gostava de contigo me casar

 
Gostava de contigo me casar
 
 
Gostava de contigo me casar!

Rosa palpitante a instigar
Pele suave exposta ao sereno
Porque os espinhos para maltratar?
Tens consciência deste veneno?

Tu poderias livrar-me das dores
És tão prestimosa e ao embelezar
O jardim de meus olhos com cores...
Flor! Gostava de contigo me casar!

Deixa-me tocá-la, tenha sensatez.
Acariciar teu rosto com ternura
Sejas bondosa, não digas talvez!

Tu és tão pura, a natureza assim a fez
Prometo não ir além, tenho lisura
Mas rosa sempre há a primeira vez!
 
Gostava de contigo me casar

EQUILIBRISTA

 
EQUILIBRISTA
 
Equilibrista

Floresta imponente, concreto puro
Chaminés com fumaça nas narinas
Faz-se frio, sente-se a neblina noturna
Aromas indecifráveis, talvez boninas

Num átimo de debilidade humana
Vez em quando, vejo-me equilibrista
Em meio à multidão na cidade insana
É preciso ser artista para algumas conquistas

Ser um espécime feminino, tão delicado
Frágil aos olhos másculos, que pecado!
Um bibelô, louça inglesa, fina porcelana
Só que sou cimento, areia, argila, alambrado

Faço minha guerra em crises de consciência
Luto pelo diário desejo de ser eu o progresso
Arregaço as mangas num trabalho decente
E vivo carente, pois tu só vives em recesso!
 
EQUILIBRISTA

SONHEI-TE

 
SONHEI-TE
 
SONHEI-TE!

Ontem quando o sol morria
Expectativas aguçavam-se
Entre meus dedos luz luzidia
Meus seios aguardavam-te

E vinhas com a leveza do ser
Kundera o aplaudiria
Tanto em teus olhos por dizer
Falavas de nós em fantasias

Plumas em teu caminhar
Asas de anjos e flores exóticas
Eu mulher de carne a te esperar

E ias... Nos meus sonhos abraçar
A utopia que eu fiz criar
Num sonho poético a divagar!
 
SONHEI-TE

LAÚDANO

 
LAÚDANO
 
 
LAÚDANO

Desabrochada flor, paixão, lauto
Ajeita rapidamente as melenas
A equilibrar-se nos longos saltos
Roupas amassadas e na mente falenas.

Ergue-se em corola úmida
Visgo incolor e ensaia um riso
Dizia-se balzaquiana pudica
Rendera-se ao inimigo, sem siso

Na batalha entre o sim e o não
A carne traiu-lhe, esquecera o pejo
Láudano em excesso, louco desejo

Vejo-a mais bela a cada estação
Em carmim, oferece-me beijos
Sou um a mais a seguir o cortejo!
 
LAÚDANO

LIBERDADE Á POESIA

 
LIBERDADE Á POESIA
 
LIBERDADE Á POESIA

Condena-te o íntimo pensamento
Arde o fogo no olhar, desejo incauto.
Deixaste de ter o peito de um arauto
Guerras interiores, os sentimentos.

Nobre seria confessar-te á dama
Expor-te, despir-te da armadura.
Diligente e ávido leva-la á cama.
Livrar-te-ia de tristes amarguras

Escravizado estás por tais alusões
Porque não dar asas as tuas ilusões?
Permita-te alforriar o querer, a poesia.

Inspirado então por versos de amor
Realizarias o teu platônico furor
Ou inda crês que amar a bela é heresia?
 
LIBERDADE Á POESIA

NOITE DAS ORGIAS

 
NOITE DAS ORGIAS
 
Noite das orgias

Frêmitos e orgia louca dos ventos
Serpe a voltear pelas entranhas
veneno , seiva e descaramento
odor bacante a fazer artimanhas

Louca ânsia de um acasalamento
Volúpias evoluindo em façanhas
num ato febril de cravamento
na teia sutil espera a aranha

Carne viva lírica virginal
Véu de noiva seda gretadura
Candura, reflexo do arrozal

Boca da noite flor açucenal
Tragando inocente lua e perdura
o céu em sulferino magistral!
 
NOITE DAS ORGIAS

DEV(ORAÇÃO)

 
DEV(ORAÇÃO)
 
 
Dev(oração)

Velai por minha formosura
Candor em rosa rubra
Singelez de túnica alfaia,pura
olhos meus que te cubra

Pensai amado, lumem me atiras
revelando o segredo das anáguas
dos laços e das fitas e em giras
sobejam adejos e vão-se as águas

Crente na virginal carne morena
em préludios de foles e baforadas
sussurras ao pé de ouvido, cantilenas

Plenas em vigor , arrepiar de melenas
de súbito és rei ante a cena consagrada
olvido-me de quem sou e das novenas!

Ornada de flores astrais e ternura
desalinhando o horizonte
vão teus olhos até minha cintura
tens sede, vens beber da fonte

devorada pelo olhar e pelas juras
abro as portas do éden e os montes
expondo-me e com tremura
entrego-me até que a estrela desponte

perseguida pelos olhos exaustos
querendo reacender a éterea chama
firmamento de corpo inexausto

Resplandecem almas e num hausto
o querer deseja e reclama
Outra vez eu grito: Vem Fausto!
 
DEV(ORAÇÃO)

José Torres

 
José Torres
 
 
Querido amigo Torres, fiz esse poema há muito
tempo e devolvo ao site porque aqui é onde
ele deve permanecer.

Para José Torres (Grande poeta Português)

José como a tantos no mundo

Não sei ao certo de onde vens

Estás longe, em outras paisagens

Sei que um mar azul profundo

Faz da tua escrita algo fecundo

Na beleza de Helena em Ilíada

Vinte canções foram semeadas

E duas Torres edificadas, amor

Palavras juntarem-se, és escritor

Então não fale de adeus por nada!

Porque me acenas o lenço branco?

Ainda não li tua alma em versos

Falta ainda uma lauda e diversos

Livros onde te expões tão franco

Existem por aí muitos saltimbancos

Mas tu és original como Maria Cura

Queria eu ter tamanha desenvoltura

Ser masculino e feminino nas letras

Traços de assinatura onde a cetra

Faz de ti Poeta sem abreviaturas!
 
José Torres

Curriculum

 
Curriculum
 
CURRICULUM

Não queiras tu saber de minha vida
Hoje sou eu, apenas uma mulher
Suburbana, madura, bem vivida
Aos trancos e barrancos, que fazer!

Porque iria desenterrar o passado,
Remexer as dores, as feridas?
Relembrar amores já desgastados
Não altera meu dia-a-dia, a lida.

E tu quem és um deus?
Já te dizes tão cativo, enamorado
E sequer um beijo me ofereceu.

Se me desejas estejas preparado.
Homem que comigo viveu
Jamais se arrependeu, foi amado!
 
Curriculum

BLEFE

 
BLEFE
 
BLEFE

Perdoa-me essa infinda mágoa.
As marcas profundas em meu rosto.
A lividez exposta,
Os olhos sem lágrimas.
Já não sei se sou gente!

Perdoa-me pelo fado displicente
Caminhei tantas léguas, tenho sede
Sem lágrimas nos olhos, ausente
Meu rosto cadavérico, sou um blefe

Andei por aí sangrando a alma
Desfaleci nas estradas e renasci
Morri de amores e dores e vivi
Morta viva é a minha fama

Minhas mãos frias, esqueleto imóvel
Sem coragem para encenar um gesto
Manifesto interior da dor incurável

Perdoa-me a negação tão reprovável
Entenda meu ser faz protesto
Por amar-te assim tão subitamente!
 
BLEFE

Morte natural

 
Morte natural
 
Morte natural

À sombra dos desencantos
Jaz um único pensamento
Morte natural
Tanto faz a lágrima
Tanto faz a dor
Impossibilidades ...
Pode a folha caída
Voltar ao ramo?
Pode a chuva
Recolher-se em detrimento
De alguém?
Banalidades...
A futilidade, o desdém
Chegou-me em carta expressa
Rasguei-a ao vento
Ouvi então um lamento:
Morte natural!
 
Morte natural

Bazófias

 
Bazófias
 
 
Bazófias

Minhas póstumas escrituras
Lavras utópicas de bel prazer
Feelings em partituras
Muito tenho pra dizer

Minha lápide ambrosia pura
coberta por rubra rosa adscrever
meu romanesco viver em lisuras
qual cereja madura para sorver

Antes porém, vou destrambelhar
desfilar nua pelo passaredo
enterrar todos os meus medos

Em meio ao alvoroço vou gritar
Recitarei as prosas, meus segredos
Morrerei na poesia num dia azedo!

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E de tanta arruça, pé quebrado
Farei folguedos com papéis
Culpa exclusiva dos menestréis
que trouxeram a lira do passado

Sonetos remendados, mal cozidos
em caldeirão de sensualidade
onde figuram calcinhas e a idade
da mente in (descente), empertigo

Jogarei as sílabas ao céu de arlequim
Sem contar uma sequer, é o fim
Bandeira negra, pintura a nanquim

E ainda perguntas qual o manequim?
Mortalha não tem número e enfim
um ataúde cheirando a jasmim!
 
Bazófias

Amor proibido

 
Amor proibido
 
AMOR PROIBIDO

Não posso estar contigo, tocar-te
Tremem as mãos, lágrimas escorrem
Pensar em teu sorriso sem beijar-te
É pecado... Ás regras morais, digo não

Deixa-me te amar intensamente
Consciente de que nossa relação
É mera ilusão e a quero loucamente
Amar sozinha, afastando a solidão

Pensar que tu me amas também
São sonhos que me levam além
Fantasias que não deixarei morrer

Podes alegar que estou insana
Mas meu sentimento nada profana
Não irei para o inferno sem antes viver!
 
Amor proibido

VEM NAVEGAR NO MEU CORPO

 
VEM NAVEGAR NO MEU CORPO
 
Vem navegar no meu corpo

Nobre cavalheiro que mares
Pensas em navegar?
Já lhe dei meus olhos, sabes
Que não são azuis como as
Águas que pretendes desbravar.

Tão pouco verdejantes como as
Campinas que está a pisar.
Olhas para a noite em prenúncio
Lá irás encontrar o meu olhar.

Deixes de bordejar, à espreita
Tem uma lua ansiosa para que
Tu digas que comigo quer ficar.

Já lhe dei minha mão e tu com
Lisura para meu constrangimento
Não parou de a beijar.

Levou-a sutilmente ao teu rosto
E sentiste a maciez do meu mar,
Digo acarinhar.

Ansiosa, digo-lhe que mais
Poderei te dar.
As primícias instigam-no, desejos
De seguir adiante no velejar.

E há segredos e muitos enredos
Que palpitam abaixo do umbigo,
Os quais há pretensão de lhe mostrar.

Porém há algo a considerar, se eu
Deixar á mostra as
Particularidades, tão íntimas
Verdades, aviso-lhe:

Outros mares tu nunca mais irás
Procurar!
 
VEM NAVEGAR NO MEU CORPO

Poema cansado

 
Poema cansado
 
POEMA CANSADO

Ora, cansei-me das lágrimas involuntárias
De chorar esse pranto que não tem sentido
Pois o amor é um embrulho de padaria
Tem que ter pão quente todo dia, sortido.

Há quem me condene e me aponte na rua
Uma cadela ser-lhe-ia mais fiel e submissa
Daqui para frente é ser moderna, andar nua
Sei que preferia ver-me santa numa missa.

Pois que rasguei os véus da pureza e indecente
Pinto minha boca de vermelho incandescente
Banho-me em um perfume barato. Dou as cartas

Então entras no meu jogo, porém sejas prudente
Teu destino está em minhas mãos e pacientemente
Entra ou sai, caso contrário, vá ao raio que o parta!
 
Poema cansado

EU ME ENTREGO!

 
EU ME ENTREGO!
 
EU ME ENTREGO!

Desejo que me invade.
Os olhos explodem.
Minam carícias e beijos.
Faz do querer um refugiado
Em montes eretos que emergem
De um território esbelto.

E nesse instante de furor,
O amor é um soldado,
Fiel servidor,
Na guerra da paixão como pecado.

Sentimento que aprisiona a alma,
Tira a razão e a calma.
Perdição é o país conquistado,
Onde a batalha só termina quando
A bandeira branca grita: Eu me entrego!
 
EU ME ENTREGO!

PEREGRINA

 
PEREGRINA
 
 
 
PEREGRINA

Lume que impregna n’alma,
Assaz acalma, revigora e
Aflora em redundância.
Absoluta em azul, desponta.

Lucerna em culminância
Com tua tez morena,
Estanca as lufadas, canta,
Ecoa e mantém-se em
Constância.

Sudeste,origem dos matizes
Do luzeiro.
A estrela noturna passeia
buscando
Um poeta altaneiro.

E ele em cismas nem percebe
Que lá em cima
uma peregrina
O observa e vela querendo ser
Dele
o brilho derradeiro.
 
PEREGRINA

POEMA CORAJOSO

 
POEMA CORAJOSO
 
POEMA CORAJOSO

Dizes de um poema corajoso
Há nele ações habituais
Sexo entre seres, bem jocoso
Delicioso e cenas parafernais

Seria isso tudo pecaminoso?
No mundo da carne, os casais
praticam atos libidinosos
Corpos em lusco fusco viscerais

A carne tem lá seus designios
Somos irracionais frente ao desejo
Penso que somos meio símios

Peraltices e trejeitos num fio
dental que ora uso e prevejo
que a rima sexual deixou-te frio!

para alguém que disse-me de um poema corajoso
ao comentar o poema Calcinha
 
POEMA CORAJOSO

BANZO

 
BANZO
 
 
BANZO

Destituída de quereres
folhas pelo vento levadas
banzo que me dá, sofreres
ponte levadiça, eis a vida

Vai e vem os amores
tal chuva passageira
que só aumentam as dores
mantém-me em cegueira

Não vejo uma alma crente
na felicidade plena
vejo um mundo carente

meu vestido velho, alfena
com rosas brancas nitentes
com lágrimas de Madalena!
 
BANZO

Soneto provocador

 
Soneto provocador
 
SONETO PROVOCADOR

Ora porque não diz somente a verdade
Palavras encharcadas de puro amor
Se teus olhos revelam, brilho traidor
A euforia em tua face é a realidade

Dançavas só a nossa música, covarde
Ias em passos suaves em sombra incolor
As mãos presas em si mesmo por vaidade
Porfia quando tão explícito é o topor

Finges ser absorto, mero expectador
perfídia não é avatar de nobre bardo
Saiba nem a lua cheia lhe dará o fulgor

Desejo, beijo, marca d'água em flor
Carinho é maciez, pele de leopardo
fazes graça sem pena de minha dor!
 
Soneto provocador

"A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas." (Rabindranath Tagore)

http://taniamarapoesias.blogspot.com