À Flor da Pele
À flor da pele
Estás aqui, bem à flor da minha pele...
Minha dor prateia tua cor,
de neon, de luar...
Minha transe é o prazer que me gera.
Que me transforma em rosa púrpura
E me despetala, arranca-me os espinhos.
Minhas lágrimas lavam meus encantos.
Estás bem aqui à minha frente
A plantar sonhos em meus olhos
Que vejo daqui de cima,
Do alto dos meus devaneios
Onde estás cativando-me
Com palavras, gestos e carícias
Que me adormecem...
Para esquecermos as velhas fantasias,
Os velhos dissabores e ilusões
Que agora jazem no passado.
Estás aqui, bem à flor da minha pele...
E és verdade, meditação, fé!
Madalena Gomes
João Pessoa, PB
08.02.2008
Escravos do passado
Difícil tempo... Sobrevivo!
Escaladas montanhas que ultrapassam limites.
Entender o ego enfermo de alguém que escraviza um ser pelo bel prazer de ser dono de alguém é um desafio que, em sã consciência não é possível.
Camuflado de amor, repleto de promessas o coração ofegante tem garras envoltas em carícias, a boca embriagada de beijos ardentes esconde a rouquidão dos sussurros vindos da mente que inebria-se de temores.
Difícil tempo... Sobrevivo!
Montanhas belas que escondem vulcões adormecidos...
Conseguir entender de que são feitos os laços que atam os corpos, envolvem, amedrontam como se o pensar não contasse, sem voos, sonhos ou desejos...
Liberdade para amar... Nem se sabe o que é isso!
Às vezes não se sai do passado que tortura a alma e ultrapassa-se os limites do desentendimento. A mente bloqueia-se para a vida e passa-se a viver numa ilusão. E o desejo de permanecer é tão forte que os pés fincam-se nas pedras que o próprio coração criou. Esvazia-se, tortura-se!
Que pena, não há socorro nem promessas,
é tudo em vão, preso nos vãos da vida que passou.
As mãos cerradas acenam trêmulas...
Não há abraços de alma, há que serem com preços altos!
Não há beijos ardentes, apaixonados; há que serem bem cobrados e... bem pagos!
"Você não pode pensar... Você me pertence...
Eu dito as regras!"
Madalena Gomes
24.11.2017
"Qualquer semelhança com a realidade
é mera coincidência."
Noção do Tempo
Noção do Tempo
Às vezes sinto uma enorme vontade de aninhar-me nos braços do passado...
Encontrar todos aqueles seres que tanto me fizeram feliz, que me amaram intensa e verdadeiramente, que fizeram parte da minha vida de maneira doce e quente.
Mas, o passado nem existe mais, e se existe não sei onde está, talvez num horizonte tão longínquo que não encontraria mesmo que passasse todo o futuro em busca. Ele saiu da minha vida tão sorrateiramente que não percebi, de repente, já era presente e eu ali a esperar que o futuro chegasse com todo o colorido que havia no passado. Ele encheu-me o coração de esperanças multicores, minha alma de belezas tão vãs que conseguia vê-las apenas numa transparência distante, deixou-me cheia de sonhos coloridos que, aos poucos ofuscaram minha vida e se transformaram em cinzas. As tristes marcas ainda sangram vez em quando se as lembranças desfilam na minha mente.
Estou aqui de joelhos cansados, pés andarilhos, inquietos de buscar o futuro que o passado me impôs sonhar, não encontro nada nem ninguém que outrora povoaram meus dias tão jovens e ávidos de paixão, não encontro o amor que sonhara encontrar no futuro, esse que não chega nunca, cujas cores brincam de mudar, cuja transparência reflete-se no meu rosto frente ao espelho, e vai sumindo lentamente. Leva consigo toda arte arquitetada com tanto esmero, leva todo o brilho dos meus olhos, o esvoaçar dos meus cabelos, a agilidade das minhas mãos, a beleza do meu corpo e a sutileza dos meus encantos...
Ah, passado... Onde estás agora! Traz para o meu presente o amor da minha vida que ora esquecido em teus braços ainda me faz sonhar com seus abraços, seus beijos doces que tanto me acalentavam.
Nem sei se o meu tempo está contigo, nem sei se esqueci em teu pulso o meu relógio que te marcava, que me ajudava a contar tuas horas.
Ah, Tempo... Perdi a tua noção!
Madalena Gomes
João Pessoa, Pb
03.08.2014
Não se esqueça de mim
Não se esqueça de mim
Não deixe que teus beijos
Esqueçam meus lábios
Não deixe que meus olhos
Parem de acariciar docemente
O teu semblante, o teu corpo
Não esqueça o quanto nossas mãos
Desfilaram em nossos corpos,
demarcando-os
como se cada dia houvesse
mais desconhecidos
caminhos a percorrerem.
Não esqueças minhas juras de amor
Que ainda transbordam em meus lábios
Que ainda constroem meus versos saudosos
Que ainda desfilam em meu coração
Não pense em me deixar, em me fazer sofrer
Pelo muito que ainda quero construir
Que ainda sonho gritar ao mundo como
É lindo nosso amor!
Não esqueças que não quero te esquecer
Não nos distanciemos, não nos percamos...
Num desenho qualquer sem cores, sem fantasias
Não esqueça o mistério de sonhar
com a plenitude do encontro!
Não se esqueça de mim!
Madalena Gomes
João Pessoa, PB
27.06.2011
SAUDADES
SAUDADES
Foi tudo tão rápido...
Nem nos despedimos direito...!
Mas, o tempo não é nosso,
E, nem pensamos que é pequeno,
deixamos tanta coisa pra depois,
Embora tanto que tínhamos que cumprir, cumprimos, é certo!
Tantas belezas que tínhamos que colocar na vida de tantos que nos cercavam
Colocamos, tantas declarações de amor pelo amor
Fizemos;
Quase tudo que bem mais podíamos fazer,
Da melhor forma, embelezando a vida, colorindo todos os temas
Com nosso amor, com nossa impecável suavidade nos gestos, no olhar!
Fico aqui boquiaberta, assim meio sem jeito
Ainda tínhamos tanto para compartilhar,
Tantos elogios ainda ouviríamos dos lábios um do outro...
Mas tudo bem, estejas bem onde estiveres,
Estarei aqui inquieta, buscando completar meu tempo!
Amo-te e te dedico meu silencio, meu grito...
Que sufoco no peito ao longo desse tempo que compartilharei tua falta comigo mesma.
Madalena Gomes
Campina Grande, PB
04.04.2010
Texto publicado no Recanto das Letras
Sob o código: T2360491
O Retrato
Ary Bueno
[ O Príncipe dos poemas e do amor ]
Ao te ver na foto, sentada a beira mar
Entre palmeiras sopradas pelo vento
Era como um quadro a me encantar
E que aliviou todo este meu tormento
Tua beleza tão rara, teu riso iluminado
Seu cabelo curto, em suave desalinho
Acariciado pelo vento, pelo sol beijado
Tua face suave, esperando um carinho
O mar, calmo e silente, parecia invejar
O sol e o vento, que estava a teu redor
Teu vestido, negro, mostrava com pudor
O formato de teu corpo, a me encantar
Por isto agora, com este meu poema
Quero mostrar a ti com muito fervor
Que para você, minha doce Madalena
É que o poeta, entregou o seu amor...
Preciso Aprender
PRECISO APRENDER
Madalena Gomes
O vazio que deixa tua boca,
Da inércia que sobra
Dos agouros que invadem
O estado de ser só...
Preciso aprender,
Que a lua me envolve e me deixa
Ao amanhecer;
Que o sol me banha, me aquece
e me deixa fria, solitária ao entardecer!
Preciso aprender
Que você é meu direito e meu avesso
Meu espelho cheio de buracos
Minha outra parte inédita
Meus impasses
E todas as minhas controvérsias!
Madalena Gomes
28.08.2010