Francisco e Victória
I
Vou contar sobre dois jovens,
Na escola começa a história,
Quando no início do ano,
Francisco conhece Victória.
Naquela sala de aula,
Ele conhece seu amor,
Sem imaginar o destino,
Ele segue sem temor.
Victória teve surpresas,
Fazia tempo que não amava,
E na sala conheceu Francisco,
Ela nunca imaginava.
Ela foi muito simpática,
Já Francisco era mais frio,
Mas logo amoleceu,
Logo também sorriu.
Apavorado ficou Francisco,
Olhou, sonhou e imaginou,
Depois de a aula acabar,
O jovem então pensou:
“Tanta beleza num só corpo,
Como pode ela existir?
Que moça maravilhosa,
Não consigo resistir!”
“Que morena agradável,
Que sorriso mais brilhante!
Seu perfume é muito doce,
Seus olhos são diamante!”
Com algo ele não contava,
Algo que ele não sabia,
Quando Victória o conheceu,
Seu coração forte batia.
Francisco dormiu pensando,
Sonhou com a bela moça,
Com sua boca de morango,
Com sua pele feita de louça.
Victória ao mesmo tempo,
Dormir ela não conseguia,
Enquanto a paixão brotava,
Em seu diário ela escrevia:
“Conheci um belo jovem,
Acho que estou amando,
Ele é alguém diferente,
Já estou me acostumando.”
“Ninguém pode ter noção,
Do tamanho desse encanto,
Quando olho nos olhos dele,
Meus problemas na hora espanto!”
Sonharam um com o outro,
Naquela noite sem calor,
Imaginavam ambos no paraíso,
Compartilhando um forte amor.
No segundo dia de aula,
A situação então melhorou,
Victória teve coragem,
E a Francisco acenou.
Era o início de toda história,
De tudo que aconteceu,
Agora os dois estão presos,
No futuro que Deus escolheu.
Os dois conversaram então,
O recreio juntos passaram,
Perguntaram sobre a escola,
Sobre a vida dos dois falaram.
Com o tempo tudo aumentou,
O amor então nasceu,
Os dois se apaixonaram,
Foi assim que aconteceu.
Mas tinha um grande problema,
Algo para atrapalhar,
Nenhum tinha coragem,
De o amor então confessar.
Ambos com o mesmo problema,
Pensaram em se declarar,
Mas o maior medo dos dois,
Era fazer tudo desabar.
Esse foi só o começo,
De Francisco e Victória,
Mas logo contarei mais,
Depois continuo a história.
II
O tempo foi passando,
E eles apaixonados,
Sem um saber do outro,
Os dois ficaram parados.
Esqueceram então a paixão,
Que foi ficando de lado,
Guardaram tudo em segredo,
Pra ninguém sair machucado.
Amigos então se tornaram,
Com medo de a relação destruir,
Os dois se acertavam muito,
Não podiam se iludir.
A paixão que eles sentiam,
Ambos tentaram ocultar,
Como amigos se amariam,
Mas a si mesmo não pode enganar.
Então os dois foram amigos,
Gostavam de se homenagear,
Então do nada Francisco,
Começava a ela falar:
- Conheço uma linda dama,
É uma menina tão bela,
É morena e delicada,
Victória é o nome dela!
- Essa mesma bela jovem,
Para meus defeitos não liga,
Pois acima de todas as coisas,
Ela é minha a amiga!
Quando Francisco falava assim,
Victória ficava se preparando,
Quando ele acabava,
Ela chegava recitando:
- Francisco, meu querido,
Com quatorze anos te conheci,
E depois desses momentos,
Nunca mais te esqueci!
- Para sempre te amarei,
Com você não falta nada,
Você sempre me completa,
E me sinto muito amada!
Mas depois de alguns meses,
A paixão foi esquecida,
Ela ainda existia,
Mas não era percebida.
Victória de vez em quando,
Algum namorado arrumava,
Mas sempre durava pouco,
E o Francisco já não gostava.
Às vezes ela gostava de algum,
E para Francisco contava,
Ela perguntava – O que acha?
Então em voz alta ele falava:
- Vamos ver então a foto,
Esse é teu namorado?
Eu não gosto desse cara,
Muito menos do penteado!
- Olha a cara de malandro,
Deve ser um sem-vergonha,
É um grande ignorante,
Que escolha tão medonha!
- Imagina esse sujeito,
Nem estudo deve ter,
E acima de todas as coisas,
As roupas dele devem feder.
Ele dizia de tudo,
Chamava o cara de estrume,
Dizia que era pro bem,
Mas na verdade tinha ciúme.
Victória ficava brava,
Chamava-o de bobão,
Mas no fundo ela sabia,
Que ele tinha razão.
Francisco por sua vez,
Muito também se enganava,
Achava alguma menina,
E dizia que já amava,
Victória ficava sabendo,
E logo já se endoidava,
Então em tom de briga,
Ao Francisco ela falava:
- Essa vaca não vale nada,
Espere um pouco pra ver,
Ela é uma gaveta,
Você deve reconhecer!
- Não faça papel de tolo,
Ela não está te merecendo,
Ela é uma traíra,
E sua cabeça está fazendo!
Assim como os de Victória,
Os namoros dele não duravam,
Mas ambos eram tolos,
Isso eles nunca negavam.
Não importa o que acontecia,
Ficavam juntos depois,
Se amando continuavam,
Era lindo o amor dos dois.
Francisco e Victória,
Acabavam sempre ligados,
Dizendo que eram amigos,
Mas no fundo apaixonados.
III
Eles se amavam muito,
Era algo fenomenal,
Mas às vezes brigavam,
E ficavam um tempo de mal.
Ambos eram sensíveis
Bastava um mal entendido,
Bastava uma briguinha,
Para um sentir-se ferido.
Não era nem implicância,
Faziam isso sem querer,
Apenas os dois tinham medo,
De pra sempre o outro perder.
Quando Francisco saía falando,
Algo que ela não gostava,
Victória então ouvia,
E apontando o dedo gritava:
- Por que é assim tão bobo?
Você é um cara tão chato,
Prometo pra ti Francisco,
Um dia ainda te mato!
- Nada é o que você vale,
Não agüento mais te ouvir,
Para de falar besteiras,
Ou da sua vida eu vou partir!
Francisco ouvia tudo,
Os braços já ia cruzando,
Esperava ela acabar,
Depois dizia exclamando:
- Não me importo com você,
Cansei de te ouvir reclamar,
Se é assim que tem que ser,
Eu nunca mais vou te amar!
- Eu estava contigo brincando,
E você já se ofendeu,
Fez tempestade em copo d’água,
Você nunca me entendeu!
Os dois ficavam com raiva,
Se olhavam como animais,
Então Victória dizia:
- Não me olhe nos olhos mais!
Cada um seguia seu rumo,
Com o coração em pedaços,
Pedindo a Deus do céu:
“Refaça os nossos laços!”
Os dois ficavam acabados,
Mas nunca se entregavam,
Diziam – Eu estou bem!
E que nunca se importavam.
Francisco chorava muito,
Erguia ao céu a mão,
Ajoelhado em sua cama,
Pedia ao pai então:
“Se um dia eu pequei,
Meu Deus, então me castigue!
Mas por favor, eu imploro,
Victória de mim não tire!”
“Eu amo tanto a menina,
Não deixe isso acontecer,
Minha vida sem seu carinho,
É como o sol escurecer!”
Em outro canto da cidade,
Victória também chorava,
Com o travesseiro no rosto,
Sozinha ela pensava:
“Não sei como será agora,
Viver sem meu grande amor,
Sem ele não sou feliz,
Sem ele só sinto dor!”
“Esteja onde estiver,
Francisco escute minha voz,
Eu te amo e te amarei,
E quero o melhor pra nós!”
Então passavam os dias,
A situação continuava,
Só dor e muito choro,
Até que um dia tudo voltava.
Os dois se encontravam então,
Simplesmente se abraçavam,
O sol voltava a brilhar,
Passarinhos de novo contavam.
Os dois de novo amigos,
A alegria retornava,
Depois de um forte abraço,
Victória então falava:
- Francisco meu querido,
Que bom que tudo melhorou,
Com esse abraço apertado,
Minha vida feliz voltou!
- Não vivo mais sem você,
Perdão se contigo briguei,
Mas saiba que acima de tudo,
Eu sempre, sempre te amei!
Francisco ouvia tudo,
Depois o mesmo fazia,
E com sorriso no rosto,
Ele alegre logo dizia:
- Não se preocupe Victória,
Eu também muito errei,
Então por favor, perdoe-me,
Se contigo um dia briguei!
- Escute com atenção,
Eu sei que você sentiu dor,
Victória não mais te largo,
Tu és o meu grande amor!
Depois desses episódios,
Toda a alegria retornava,
O amor que um dia existiu,
Agora em dobro estava.
Por anos então foi assim,
O amor só aumentava,
E a paixão sempre existiu,
Mas pra si cada um guardava.
IV
Os amigos de Francisco,
Diziam que ele devia,
Falar sobre a paixão,
Dizer tudo que queria.
Mas ele nunca fez isso,
Pra depois ele deixava,
O tempo ia passando,
E Francisco nunca falava.
A garota também não fazia,
A paixão nunca entregava,
Nenhum dava iniciativa,
Por isso nada mudava.
O tempo logo acelerou,
O amor sempre aumentando,
Francisco e Victória,
Sempre juntos andando.
Passou então cinco anos,
Os jovens logo cresceram,
Francisco e Victória,
Agora amadureceram.
Brigavam e se acertavam,
Sempre assim iam levando,
Mas uma coisa era certa,
No final estavam se amando.
Agora com dezenove,
Tudo continuava em paz,
Victória uma bela moça,
Francisco um grande rapaz.
Depois de todo esse tempo,
Os dois continuam a amar,
Então Francisco pensou:
“Eu devo me declarar!”
Victória ficou mais linda,
Agora uma mulher,
Francisco apaixonado,
Ela é tudo que ele quer.
Ele observava a menina,
Fundo nos olhos olhava,
Ele sentia a paixão,
Que aquele olhar expressava.
Como poderia ser,
Francisco imaginava,
Sorrindo e a ela olhando,
Ele sozinho pensava:
“Que cabelos magníficos,
Parece uma sereia,
Imagina eu e ela,
Passeando juntos na Areia!”
“Que corpo escultural,
Que curvas maravilhosas,
Você é morena linda,
A pessoa que darei rosas!”
“Garota te amo tanto,
Venha ser feliz comigo,
Seja a minha mulher,
Não quero ser só seu amigo!”
Coisas lindas todos os dias,
Victória também imaginava,
Encarando o belo Francisco,
A garota logo pensava:
“Homem da minha vida,
Eu sei que me amas também,
Eu quero você só pra mim,
Eu quero ser sua, meu bem!”
“Francisco, meu doce Francisco,
Venha sentir meu sabor,
Entrego-me de corpo e alma,
Eu sou sua, meu amor”
Assim passavam o tempo,
Até que Francisco pensou,
Então depois vou contar,
O plano que ele bolou.
V
Francisco criou coragem
Então resolveu contar,
E agora como fazer?
Eles precisam se encontrar.
Francisco falou com ela:
- Victória quer me encontrar?
Vamos tomar um Sorvete,
E uma coisa quero falar.
Ela logo aceitou,
Combinaram como seria,
Na terça-feira de tarde,
Na praça da sorveteria.
Francisco ficou feliz,
A Deus logo agradeceu,
Comprou um botão de rosa,
E um cartão ele escreveu:
“Victória,vou te contar,
Sempre fui teu amigo,
Eu sempre escondi a paixão,
Mas agora não mais consigo!”
“Agora amor eu te peço,
Te peço, minha amada...
Victória você aceita,
Ser minha namorada?”
Ela também muito pensou,
Desenhou um coração,
Logo que fez recortou,
E dele fez um cartão.
Nenhum sabia que o outro,
Pretendia se declarar,
Ambos se prepararam,
Para tudo ao amor falar.
Chegou então o dia,
Francisco se perfumou,
Colocou uma bela roupa,
E o cabelo penteou.
Victória passou batom,
Colocou um lindo vestido,
E usou também o perfume,
Por Francisco preferido.
Francisco saiu mais cedo,
Esperou sentado à praça,
Ensaiando sua fala,
Enquanto o tempo passa.
Avistou então Victória,
Que vinha lá na calçada,
Francisco então levantou,
Pra esperar a sua amada.
Victória enxergou Francisco,
Logo saiu correndo,
Pensando em seu amor,
Um erro foi cometendo.
Um veículo vinha de longe,
Este vinha correndo,
Francisco se apavorou,
Ao ver nela o carro batendo.
A batida foi muito forte,
O motorista na hora fugiu,
E vendo tudo embaçado,
Victória no chão caiu.
Quando Francisco viu tudo,
Viu a moça ensangüentada,
Logo saiu correndo,
Em direção a sua amada.
Chegando perto da moça,
A mesma quase morrendo,
Ele com os olhos molhados,
Ela foi logo dizendo:
- Meu amor, seja rápido,
Meu tempo está acabando,
Diga tudo duma vez,
Pois Deus está me chamando!
- Victória eu te amo,
Sempre fui apaixonado,
Desde o primeiro olhar,
Sonhei em ser seu namorado!
- Victória, minha deusa,
Eternamente te amarei,
Vou seguir a minha vida,
Mas fiel a ti serei!
Victória estava fraca,
Seu sangue escorrendo no chão,
Devagar pediu a Francisco:
- Segure a minha mão!
- Francisco agora te deixo,
Perdoe-me doce amor,
Agora tenho que ir,
Não esqueças do meu calor!
- Francisco te digo adeus,
Perdão se um dia falhei,
Um dia vais me encontrar,
Saibas que sempre te amei!
Aos poucos os olhos dela,
Foram pra sempre fechando,
A última coisa que viu,
Foi Francisco por ela chorando.
Sua mão perdia as forças,
Aos poucos enfraquecendo,
Soltando a mão de seu amado,
E seu corpo adormecendo.
Parava os movimentos,
De seus dedos e do seu ventre,
Então a partir de agora,
Victória dormiu pra sempre.
Francisco olhou pro céu,
Seu coração estava a pular,
Chorando como criança,
Começou então a falar:
- Deus, meu Deus do céu,
Por que estás me castigando?
Levaste minha amada,
E me deixaste aqui chorando!
- Victória, minha vida,
Não posso me acostumar,
Quando tudo estiver ruim,
Não tenho você para me acalmar!
- Victória, meu amor,
Tiraram você de mim,
Agora há pouco estava viva,
Por que tem que ser assim?
- Adeus minha morena,
Aqui termina nossa história,
Adeus meu eterno amor,
Adeus doce Victória!