MIRAGEM PARANÓICA
Sou os olhos de quem vê, e a língua de quem come;
Na areia da ampulheta és o destino teu!
É o que escorre lenta e sem nenhum nome,
Nesta miragem das horas que escolheu.
Tenho o tempo que recolho em clausura,
Milênios de sóis em dinastias...
E tão presa como tu és na loucura;
Curo em vida, a morte das heresias!
Venha e mire o fim imaginário,
Suba até a cruz do monte calvário,
E chore a imensidão destes sonhos teus!
Deixe um pouco de ti em minhas saudades,
Soprada areia ao vento em tempestades,
Eu me transformarei em nosso único adeus.
Salvador zimermann Dali
PREMONIÇÃO
Há na terra, os homens que assim dominarão
As dores, que em poses esquartejadas,
E em poças de sangue escritas no chão,
Deixarão vidas com almas ceifadas.
Não é a guerra, a ganância dos humanos
Que traz a fome? Mutila em lamento
A carne crua, a dissolver-se nos anos
Da vergonha, sem o arrependimento?
Meu Deus que tudo olha! Por que ela existe?
Se te comove o choro da criança,
Qual a razão deste mal que insiste...,
...A matar nossos olhos e a esperança?
Sem ter túmulo de onde tu partiste,
Nem sequer o direito a tua lembrança!
Salvador Zimermann Dali
ME EMPALIDECE (Quinteneto)
A morte que empalidece!
No meu corpo é abrigada,
Vela-me injustiçada, crua!
E por mais que esteja nua,
Não é mais minha nem sua,
Onde a alma é abandonada!
E assim o que me continua,
Se o barro me apodrecerá?
Se o que não vemos subirá,
O que da vida foi subtraída;
Não é a minha carne vestida,
Que vai procurar uma saída,
Neste meu céu que se abrirá!
Sim, a morte..., não tem vida
Dentro de um adeus passado,
Porém, mostrou-se atrevida...
É ela que dorme ao seu lado,
Premeditada, inconsequente...,
E nossa recusa ela nem sente,
Por não aceitá-la nossa mente,
Pois, é ser nosso fim sepultado!
E sempre a veremos na frente,
Seja por seu horror ou beleza,
Desiludindo então esta certeza,
Deste corpo morto que foi gente.
Sei que ela não tem sutileza,
Quando vai descendo na cova...
Não amigo! Ela não se renova!
E disto sim eu tenho a prova:
Ninguém voltou desta tristeza...!
Salvador Zimermann Dali
O Quinteneto-LullyFiuzanino, foi criado em 18/06/2011, por Daniel Fiuza e Alessandra Lully Ferrario, foi inspirado na quintanilha “Veste-se a lua” da excelsa poeta Lully, veja no link abaixo o poema de origem.
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/3039519
Regras do Quinteneto-LullyFiuzanino.
O Quinteneto começa com um monóstico, seguido de um quinteto, depois um dístico, outro quinteto, um terceto, outro quinteto, uma quadra, e termina com um quinteto.
• Monóstico;
• Quinteto;
• Dístico
• Quinteto
• Terceto;
• Quinteto;
• Quarteto;
• Quinteto.
Todo o poema segue as regras da métrica e da rima.
As células rítmicas: acentuação livre.
A métrica é: Redondilha maior ou setilhas. E as rimas seguem o padrão:
A ABBBA BC CDDDC DED EFFFE FGGF GHHHG
Domfiuza
MATEI A MINHA VIDA, Ó DONA MORTE!
Em lugares funestos eu adentrava,
Visitei também as noites sem luar!
É uma batalha que agora se trava,
Procuro a dona da foice pra matar!
E nestes anos que até agora eu tive;
Pensei então: Se o pecado em morte, é o errar,
Meu Deus! Quem merece o que se vive?
Pois, todos devem; ninguém irá sobrar!
Com sua friúra..., um dia a vi vagando...!
Me aproximei e lhe disse ameaçando:
Pense bem no dia que eu for o teu eleito...,
...saibas tu, que a muito estou te esperando!
Já matei a minha vida e vou lhe avisando:
Que um morto-vivo não fica em seu leito!
Salvador Zimermann Dali
MÁTRIA ALMA
Tens-me condenado por meus ideais,
Em carma das rudezas furiosas;
Mórbidas lembranças sentenciosas,
Qual em meu espectro já não se julga mais!
E em meus impulsos que se construíam,
Tentar punir meu corpo que se aviva,
Nesta mísera mátria abortiva,
Nas indiferenças que em si se corroíam!
Amante do semblante pictórico,
Ela é eu, que tenta ainda se esgueirando,
No lume do que se diz histórico...,
...Viver!..., ainda que todos me matando!
E a vitória, em poder eufórico
Não vinga..., pois estou me transformando!
Salvador Zimermann Dali
SEM DESCULPAS
Ó que tamanha e tão triste foi a vida,
Esta a qual eu morei em tantos horrores;
Minha porta aberta em loucura da ida,
Em caminho à estrada dos sofredores...
Aqui negaram-me a sorte da escolha...,
Naveguei então em rumos desconhecidos,
Como ao vento se revolve uma folha;
E foi só a mim os males atingidos...
Não fique a brincar de vida - Ó esperança!
Sua verdade cruel enfie em meu peito,
Sem me dizer a estúpida cobrança...,
...Que o mal me preparou em seu vil defeito;
Deixar-me esta sina como herança...,
Injustiça e fel dormindo em meu leito!
Salvador Zimermann Dali