Chuva
Acordei com o cantar da chuva
Que tilintava na vidraça da minha janela
Cada gota, era uma nota musical
Numa melodia chamada vida.
Fui a varanda, abri os braços
Cumprimentando a mãe natureza
Inalei o cheiro da terra molhada
Saboreei o espirito da liberdade.
Água divina que cai do céu
Transportada por nuvens cinzentas
Que regam a terra dando-lhe vida
Não fosse a vida água divina.
(Gaspar Oliveira)
Lençóis de areia fina
Quero-me perder nos teus beijos
Gritar de desejo no jardim do teu ser
Ouvir os teus murmúrios ao meu ouvido
Sentir o teu respirar, a vibrar na minha pele
Explodir de emoção nesta nossa sensação
Quando gemes com fulgor nesta noite de amor
Ao som de uma balada no silêncio da paixão
Eu e tu a beira-mar, deitados nesta noite de verão
Embalados pelas ondas, enrolados no sentimento
Entre beijos e abraços, perdidos na arte do amor
A briza soprando levemente, no calor da nossa pele
Lençóis de areia fina, cristais de pedras transparentes
Sobre uma chuva de estrelas cintilantes
Nesta praia minha e tua, algures na imaginação.
(Gaspar Oliveira)
Sussurro
O sabor agridoce dos teus lábios
Que os meus saboreiam com paixão
Num longo beijo apaixonado
Ao som da música do bater do coração.
Agarro-te pela cintura
Sinto as curvas do teu corpo
Inalo o cheiro dos teus cabelos
Molhados pela chuva do verão.
A tua pele liberta uma fragrância
Que me faz revigorar
Numa mistura de rosas e jasmim
Abro os olhos, sorris para mim.
Por momentos pensei que era imaginação
Que tudo não passava de ilusão
Até me sussurrares ao ouvido
Meu amor, minha paixão.
(Gaspar Oliveira)
Artesão
Com as mãos sujas de barro
Molda o barro o artesão
Uma jarra, uma estátua
Peças de arte saem de suas mãos.
O cinzel bem afiado
Nas mãos do escultor
Arte que perdura no tempo
No marmóreo de várias cores.
Numa tela de pano-cru
Há muita imaginação
São misturas de mil cores
A paleta sempre a mão.
Talha a madeira devagar
Sem grande preocupação
Faz guitarras e cavaquinhos
Para o artista tocar.
São tantos os artesãos
Na arte do bem-fazer
Neste país de artistas
Não deixam a arte morrer.
(Gaspar Oliveira)
(Dia mundial do artesão 19 Março)
Adoro
Adoro fazer-te sorrir
Ver o teu rosto corar
Nesse corpo de mulher
Bate um coração de menina
Adoro ouvir-te cantar
E mesmo quando a tocar
Os teus olhos dizem baixinho
Boa noite meu amor
Adoro provocar-te
Com palavras compiladas
Que chego a ter saudade
Dos beijos que nunca te dei
Adoro as tuas curvas
Os teus cabelos ao vento
Os devaneios da tua mente
No silêncio do teu olhar
Adoro cada refrão
Do bater do teu coração
Quando te dou um abraço
Sinto a tua pulsação
Adoro esse teu ar de menina
Quando na tua timidez
Te entregas aos afagos
Do meu olhar que te penetra
Adoro quando me dizes Adeus
Com vontade de ficar
Lacrimam os teus olhos
Na saudade do meu olhar.
(Gaspar Oliveira)
Facebook
Muitas horas no facebook
Com amigos virtuais
Contamos muitas histórias
Temos quintas de animais
Há jogos para todos os gostos
Julgo que ate são de mais
Do fadista ao rockeiro
Do médico ao pedreiro
Toda gente se diverte
Nesta rede social
Amigos são as centenas
Pessoas que nunca vi
Uns mandam-me abraços
Outros beijinhos com carinho
Assim se passa o tempo
Nesta teia de amizade
Muita verdade se diz
Mas também há falsidade
Mas o que importa mesmo
É vivermos na realidade.
Que nesta vida o importante
É nunca perdermos a nossa identidade.
(Gaspar Oliveira)
Pai (Feliz dia do Pai)
Saudades do meu pai
Que me tratava com carinho
Saudades do homem
Que morreu na cama sozinho
Mas a morte é pura ilusão
É dormir sem sonhar
Num sono profundo
No reino de asas brancas
Saudades do meu pai
Que no hospital morreu
Num combate desigual
De uma doença mortal
Saudades do meu pai
Que recordo com carinho
Esta sempre no meu coração
Jamais me deixaste sozinho
(Gaspar Oliveira)
Mulher Sereia
Ao longe vejo o mar
Que transborda no meu olhar
Sinto a brisa no meu rosto
A salinidade nos meus lábios
Beijo as ondas que se deitam
Nas areias quentes, onde tu estas
Numa toalha deitada.
Sob um sol escaldante
A tua pele bronzeada
Exalta o teu amor
E eu fico ali, olhando-te
No alto daquela falésia
Imaginando o teu olhar
Que um dia cruzou o meu.
Lentamente o sol deita-se
A lua acordava
O mar mais calmo adormece
E tu voltas-te a ser a sereia
Até ao nascer do dia,
Adormeço embalado pelas estrelas
Numa cama de malmequeres
Olhando o infinito do mar
Escutando o teu cantar.
(Gaspar Oliveira)
O teu olhar
Apenas vejo o teu olhar meu amor
No quadro que um dia eu pintei
Eras a modelo mais bonita
Por ti um dia, me apaixonei
Eram dias que passavam
Contigo sempre ao meu lado
Parava o tempo no tempo
Quando os nossos lábios se tocavam
Tu olhavas para mim
Eu sem saber o que dizer
Na minha timidez me perdia
Sempre que o teu olhar me beijava
Num dia em que a chuva cantava
Nas telhas do meu telhado
Tu de vestido branco sorrias
Dançavas descalça e molhada
Os teus cabelos soltos ao vento
Na tua pele de cetim
Nesse dia desejei-te
Morreu a timidez em mim
Hoje resta o teu retrato
Nesse quadro pintado por mim
São tão lindos os teus olhos
A nossa história não tem fim
A saudade do teu olhar
Permanece sempre em mim
És uma estrela que brilha
Neste poema dedicado a ti
A morte não nos separa
Ela não passa de uma ilusão
Os anos podem passar
Estas sempre no meu coração
(Gaspar Oliveira)
Mar
Queria eu ser marinheiro
E neste mar navegar
Encontrar uma linda sereia
E com ela partilhar
Historias de encantar.
Sentado no coral
Vejo as gaivotas voar
Os golfinhos a saltitar
Embalados pelas ondas deste mar.
Cardumes de sardinhas
Tubarões famintos
Anémonas e estrelas-do-mar
Caravelas sem remos
Neste mar que me fascina.
Mistérios e odisseias
Lendas de marinheiros
Piratas de pernas de pau
Aventureiros, conquistadores
Deste mar de Poseidon.
Mar de veludo, mar de cetim
Acolhes o sol, reflectes a lua
As estrelas são as tuas candeias
Que iluminam os navegadores.
Mar de tantos amores
Mar de lagrimas vertidas
Viúvas sentadas nos areais
Parecem flores no jardim
Plantadas a beira-mar
Na eterna saudade
Do amor que não vai voltar.
(Gaspar Oliveira)