SONETO DA VERDADE
Nas nuvens das coisas não ditas
Penduram como estrelas
Detrás das grelhas
As verdades escondidas
Mas se a verdade
É menos densa que a mentira
Mesmo submersa gira
E emerge com facilidade
A verdade é sempre verdade
Escondé-la é uma vaidade
A prova da falsidade duma personalidade
Voa como a águia
Corre como a água
Luz que não se apaga
É Magia?
Meu coração dorido
Olhos húmidos
Meus pés desnudos beijam a terra
Minha fé aguda ultrapassa serras
Meus faróis luminosos
Encandeiam os céus
Meus joelhos trombosos (dobrados)
Dilaceram véus
Meus pensamentos nublados
Atingem a supremacia
O coração do tempo
Sempre a pulsar
E no seu tic, tac
Trouxe-me alegria
É magia?
TUDO ISSO ME FAZ CRER
Todas as manhãs cedinho,
Ouço o piar dos passarinhos
Cada um ao lado do seu ninho
O que tem servido de despertador
Para o estudante e o trabalhador
Tudo isso me faz crer!
Ouço o cantar do galo ao lado da galinha
Tanto na minha casa como na da vizinha
Todos os dias sempre na hora certinha
E os pintainhos se mantêm quietinhos.
Tudo isso me faz crer!
Depois de a gente dormir e acordar
As coisas velhas conseguirmos recordar
O anfíbio que tanto vive na terra como no mar
A beleza duma noite clareada pelo luar
E os corpos celestiais suspensos no ar
Tudo isso me faz crer!
A nascente e o pôr-do-sol
O mar sem nascente nem foz,
A formiga que derrota um animal feroz
O germinar do grão de arroz
O camaleão que muda de cor
E o desabrochar duma flor
Tudo isso me faz crer!
A inibição da chuva pelo arco-íris
A sucessão do dia e da noite
O silêncio sepulcral da calada da noite
A cada mistério que não percebo
O relampejar e o trovejar
E o vento que sinto mas não vejo
Tudo isso e muito mais, me faz crer que existe um Deus.
VEM VIVER A VIDA
Vem viver a vida
Vem fazer do meu colo
O teu jardim infantil
E ser o fruto da árvore da vida
Abundante em flores fragrantes
Vem fluir nessa doce paixão
Roubar o meu sono matinal
Vem nessa viagem sem final
Vem, vem adoçar esse colchão
Vem e chama-me de pai
E cada vez que gritares ai
Farei das minhas mãos
Um lugar puro e são
Vem oh rosa desejada!
Vem comigo escrever
Lindas linhas versejadas
Para o mundo ler e ver
Vem, vem viver a vida.
Dedicando a minha filha amada
VENTO DE DESTINO
VENTO DE DESTINO
Irradiada pelo sol e a lua
Segui os trilhos do seu brilho e
Ansiando granjear o seu sorriso
Briguei comigo e com todos
Esqueci-me de mim
E quis ser o beija-flor
Dos lábios da sua boca
Corri a volta do seu mundo e,
Ungi-me de esperanças mal nutridas,
Incolor, ninguém pintou o meu universo em verde,
Porém, guiou-me o vento do destino à uma banda azul
E imigrei para um coração florido de amor puro
DOCE RIMA
És flor
És amor
Sem dor
Tens fulgor
Tens o dom
De dar a cor
Ao teu batom
Faço viagem
Em tua imagem
E faço mil lmagens
E umas tantas tiragens
És a cura
Da minha penúria
És a doce rima que rima
Nos versos dos meus poemas
Paro, calo-me e penso
Na tua cabeça, sem lenço
Na suavidade do teu cabelo
No teu falar deslumbrante e belo