Poemas, frases e mensagens de LTonhá

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de LTonhá

Você

 
Você é a mais bela canção

beleza da minha vida

farol que me guia na tempestade

você é o vai e vem do meu mar

meu cheiro de incenso

Não há como não te amar

salmão pro meu sushi

arroz pro meu feijão

delícia da minha vida

você é um tesão!

travesseiro para o meu sono

que me acolhe na madrugada

você é as marcas do nosso sexo

gritos da nossa transa

suor oriundo da paixão

sorrisos da minha vida

alegria dos meus dias

erradia cor por onde passa

Você é a dona do meu coração
 
Você

O mundo é um pasto

 
Tenho tido tão pouco interesse naquilo que as pessoas à minha volta têm priorizado
Volta e meia me julgo – e sou julgado – vagabundo, preguiçoso e desocupado
Tenho virado noites a devagar sobre o brilho das estrelas e a imensidão do mar,
enquanto perco o ônibus, acalmo o passo e me atraso sem estardalhaço,
diante do que é obrigatório e inadiável

Bem, de inadiável só conheço a vida
Que mesmo assim é deixada de lado
Foque no que deve ser focado, eles dizem
Viver não é coisa para homem atarefado

Me falam sobre o quão importante é administrar a vida como um negócio,
priorizar o sensato, ser um cidadão digno e respeitável
Porém, não deixo que meu tesão seja castrado, meu riso silenciado ou minha paixão apaziguada
apenas por um tapa nas costas e um bolso com alguns trocados

Não troco meu dia de sol pela satisfação de cumprir com o que sou obrigado
Planto minha semente por que o solo é fértil
e não por que é onde já foi arado

Não deixo que promoções, cifrões ou menções calem o meu viver
Priorizo a vida em detrimento do dever

Sou assim, um irresponsável que deve ser deixado de lado
Ou, talvez, o único ser humano sensato
Sobrevivendo em um mundo povoado por homens-gado

Sou condenado por levar a vida de um jeito que dizem ser equivocado
Mas, quem sabe, eles é quem estão remando para o norte errado
 
O mundo é um pasto

V de Vinagre

 
Andei pelas ruas e vi multidões
Marchando e ecoando as mais lindas canções
Era um tempo de festa, mas não era carnaval
O mundo inteiro assistia, mas não era futebol

Andei pelas ruas e conheci a esperança
De uma juventude disposta à mudança
Que mostrou para todos que a verdadeira vitória,
Não será caso o Brasil ganhe na copa

O gás não conseguia mais parar as idéias
A mídia se calou, mas não foi pela censura
Era o povo, agora, quem ditava as regras nas ruas
Não se podia mais ignorar a miséria
enquanto a FIFA tentava tomar nossas rédeas

Andei pelas ruas e vi multidões
Marchando e ecoando as mais lindas canções
Era um tempo de festa, mas não era carnaval
O mundo inteiro assistiu, mas não era futebol

Os vinte centavos se tornaram milhões
de pessoas dispostas a mudar a nação
O poder não é mais do Estado, é das multidões
que mostraram sua força contra os figurões
 
V de Vinagre

Amanhã

 
Corre, corre!
O tempo não para
A vida não espera
O bonde passa e você fica
pra trás

Cuidado!
O amanhã chega mais rápido
do que dura o hoje
Não dá pra viver agora
Deixa pra amanhã...
que o amanhã chega depressa

Mas quando o amanhã for o hoje
e o hoje for o ontem
Talvez ainda precisemos adiar para depois
A vida que deve ser vivida
sempre, mas tanto faz
não dá pra ser agora...
 
Amanhã

Ô menina

 
Uma menina me disse que estava chorando
Sangrando pelos olhos que insistiam em escorrer
Trancada num quarto
isolada, sem ninguém para lhe acolher

Mais uma vez se deparava com as durezas da vida...
- Como todos o fazem -
A vida era difícil para ela...
- E o era para todos -
Mas ela se sentia só...
- Como todos se sentem -

A menina blindava o que sentia,
vestindo um sorriso público
e um choro íntimo
Encenamos para a plateia uma cena afável
E por trás das cortinas,
nos reduzimos à isolada companhia de nós mesmos

A única dor sentida é a que dói na própria pele
- E hoje a pele dela doeu mais do que o de costume -
Não havia espaço para dizer como se sentia
- A menina não conseguia falar -
Nem para ouvir o que por alguém é sentido
- E não conseguiam escutar -

O tempo passou e a hora chegou
Ter de dar o “adeus” que suplicava “fique”
Estava sozinha mais uma vez
- como todos o estão -

Lado a lado, bilhões de pessoas no mundo
e você está solitária
Eu também estou,
sete bilhões estão

A companhia de se estar só é tudo o que se tem
Por mais que se prenda na vida
As coisas vem, ficam
o tempo passa
e elas vão

Assim como a tristeza,
que bate na porta e diz olá
Você faz sala por um tempo,
mas logo ela tem de ir embora

Não se preocupe, menina
Pois logo ela achará outra pessoa para visitar
E assim como, talvez, a tristeza um dia retorne
O que hoje partiu,
amanhã pode voltar
 
Ô menina

Alô, alguém na escuta?

 
Cavando bem fundo,
só assim consigo suportar esse mundo
Cavando até o fim do poço
Já cansei de insistir,
não vou mais fazer esforço

Movendo-me na inércia,
aos poucos vou me enterrando
Fico estagnado e sem pressa
E o pior é que até estou gostando

Não tenho expectativas nem planos,
só pertenço ao mundo e vejo o tempo passando

A cada pá de terra que jogo sobre mim
Mais duas são jogadas,
por quem prefere a vida como está
E nem mesmo para pra se questionar

O mundo se move muito depressa,
e essa loucura toda não me interessa
Não quero mais me levantar,
prefiro ficar aqui no poço e descansar

Eu estou cavando,
e o meu peito segue sangrando
Pela falta de cor que há no mundo
Pela rotina desenhada em preto e cinza

Estou tão cansado desse marasmo,
que agora tanto faz
Cada um por si,
não tem problema, fico pra trás

Alô, alô, alguém me escuta?
O grito de socorro sai de uma voz muda
Que cansou de tentar,
e talvez não queira nem mesmo ajuda

Tem alguém do outro lado?
Se tiver, não venha pra cá,
vai ficar decepcionado

A cada minuto de paz, por aqui
Você recebe mais dois de agonia
Essa é a vida, menino
Aproveite e sorria

As coisas não param, nem vão parar
Depois de um problema,
há sempre mais dois para sanar

É melhor viver em anestesia,
nem pensando na loucura que é esse dia a dia
Cada um, em si, é um mundo inteiro
Que vive encarcerado pela rotina e o emprego

Mas eu não consigo me acostumar,
são muitas expectativas para corresponder
Ninguém me perguntou se é assim que eu quero viver

A ternura que há no mundo
Hoje se embrutece para receber o salário
Deixou de lado a beleza das coisas,
para ser um bom funcionário

Enquanto todos seguem o fluxo
Sinto vontade de ir para o lado contrário
Não quero ser mais um ser humano no automático
Movendo-se sem saber o itinerário
 
Alô, alguém na escuta?

A vida ávida

 
Quando a dúvida fala,
o tempo passa e a chama se esvai
Mecanizada por um viver rotinizado e desbotado em sépia
Um dia ensolarado me mostra que a vida vale a pena
Algumas vidas talvez não valham
Mas a vida vale
E aquelas que não valem
Podem valer...
A sua vale?
O dia ensolarado está aí, você está nele?
 
A vida ávida

Lucas Tonhá