Poemas, frases e mensagens de Carlos Bazesko

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Carlos Bazesko

Maracatu

 
Maracatu

A noite
Já apresentava suas mais belas estrelas
o maral norte me presenteava
com o frio
mas a Brava estava linda
holofotes acesos, pessoas bebendo
a mpb de Chico Buarque tocando
e ecoando pelo mar afora
todos bebendo e o Chico tocando
o som acaba
o batuque dos tambores começa
começa tímido
como acabará de chegar na festa
a areia estava amistosa
me posicionei próximo ao lixo
para jogar as bitucas do meu charro
e as batidas dos tambores
começavam a perder a timidez
e instrumentos aliados
a melodia adentraram
foi completando
foi aumentando
foi aumentando
a multidão se abriu
a bebida me fazia esquecer do frio
eles vinham segurando o porta-estandarte
mas que lindo
vestidos a trajes
e seus tambores sem nenhuma inibição
penetravam em nossos corpos
nos fazendo dançar sem param
mulheres giravam suas saias
curvavam-se
iam para frente e para trás
em um ritmo que não parava
apenas aumentava
- DÊEM AS MÃOS
e assim fizemos
a ciranda começou, a multidão se afastou
a ciranda rodava em volta dos tambores
e das dançarinas
a batida aumentava
seu grave era ensurdecedor
e girávamos
íamos para frente e para trás
como uma maquina
em seu movimento frenético
e gritávamos
e gritávamos
parecia que cada grito da multidão
a batida aumentava
e gritávamos
e as batidas aumentavam
e se fizeram mais cirandas
em nossa volta
todos estão loucos
o som nos enlouquecia
tudo nos enlouquecia
do nordeste para o sul
mas que cultura linda
dá-lhe minha nação querida.

CB

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Maracatu

Somos todos a mesma...

 
Somos todos a mesma...

Ontem
projetei um expositor
esbocei uma casa suspensa
com grandes janelas
varandas para quartos
solo do térreo todo para as arvores
para que dos quartos
possamos ver suas copas
escrevi alguns escritos
desenhei o rosto dela

mas, não sou designer
não sou arquiteto
não sou escritor
não sou artista
não sou ninguém

sou igual a vocês.

haha – ri-me

CB

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Somos todos a mesma...

2 Oh Deus!

 
Oh Deus!


2 No banco do calçadão, perto de alguns engraxates. Fiquei sentado já com o olhar triste, cabisbaixo e com um aperto na alma e no coração. Oh! Eu havia deixado passar a mulher mais linda que havia encontrado. Não! Eu a reencontraria. Levantei-me e fui a alguns metros à frente para tomar um chopp em um bar próximo. Sentei-me em uma mesa no meio do calçadão e fiquei a beberricar meu chopp. Não parava de olhar no meio da multidão, mas era em vão. Mas também não podia desistir. Enquanto o vento de leste começou a me rebentar, então tive que ir embora rapidamente. Subi o calçadão até a av.Higienópolis, depois a desci até chegar em casa com a minha Deusa no pensamento. Ainda a procurava dentre os carros, ônibus, motos, bicicletas, lojas. Estava ficando completamente louco, mas eu precisava dela. Cheguei ao Rob´s e fui dobrando a direita já desatenta e triste por ser um completo idiota e estúpido. Entrei até o Pé na Cova e fiquei até acabar meu dinheiro. Não me restava muito a fazer, acabara de ter perdido a minha Deusa, sim ela era divina. Mas, como ela ficaria com um estúpido como eu? Como? Bazesko você não passa de um monte de bosta! Droga! Droga!...
- Me da mais um conhaque ai
- Vá embora – exclamou Jonas
- vá a merda, manda logo.
- Vá embora, Bazesko, tu já bebeste demais.
- Viro minha mãe seu filho da puta? – Não respondeu – Então resolvi sair daquela droga maldita, estavam recusando bebidas para mim. MALDITOS, FILHOS DA PUTA. NINGUEM RECUSA BEBIDA PARA BAZESKO. FILHOS DA PUTA, VOU FODER O RABO DE VOCEIS. Jonas fez um gesto com as mãos para que o segurança me tirasse e agora estava na rua novamente, sem um tustão e com a mente na minha Deusa. Oh Deus! Ajude-me encontrá-la! Oh! Oh!
- Carlos, o que esta fazendo? – Disse Ingrid, aproximando-se a mim e me pegando pelo braço.
- Saia daqui! – respondi. Então ela perguntou ao segurança o que havia acontecido, ele a disse.
- Oh! Carlos. Porque fazes isso contigo mesmo? – não respondi. – Vamos, te ajudo a ir embora. E foi me puxando lentamente pela rua abaixo, tive que parar algumas vezes para vomitar e retornávamos a caminhada. Ingrid era uma boa pessoa, mas como eu não teve sorte na vida. E agora tentava ser cantora, tinha uma ótima voz, eu gostava de ouvi-la cantar, cantava muito melhor que varias cantoras da televisão. Lembrava muito Maria Rita, no qual era grande fã. Algumas vezes eu tocava violão e ela cantava, ficávamos bebendo e dando risada dos erros, mas no final, sempre acabávamos na cama. Havíamos chegado à frente da minha casa, ela morava a duas abaixo.
- Esta entregue – disse me soltando. Dei umas cambaleadas para cá e acolá, mas mantive-me firme, por mais difícil que parecia ser. Dei dois passos incertos até o portão, onde tentava colocar a chave no cadeado. Deixei cair à chave algumas vezes e em uma dessas caídas, acompanhei-a até ao chão caindo sentado encostando-se ao portão e olhando para a rua. Ingrid ainda estava atrás de mim, com a cabeça baixa, podia sentir a tristeza em seu olhar. Então ela me ergueu novamente e laçou meu braço sob seus ombros pequenos e delicados. Abriu o portão e depois a porta da sala. Entramos, não tinha muitos moveis na sala, nem na casa inteira. Havia algumas almofadas na sala com garrafas no canto. Alguns livros na estante, televisão 14” e nada mais. Levou-me ao meu quarto onde ela me despiu e colocou-me deitado na cama, mas isso foi uma péssima idéia, o teto, as luzes, ela, a janela tudo começou a girar e vomitei ali mesmo, apenas virando a cabeça.
- OHH DROGA! Carlos! – disse alto Ingrid e saiu para a cozinha para pegar um pano para limpar. Eu gostei de sentir ela se preocupando comigo, mas ainda estava pensando na minha Deusa! Oh minha Deusa! Então Ingrid retornou e resolveu ergue-me novamente e levou-me ao banheiro.
- PUTA QUE PARIU! TA LOCA? – gritei quando ela enfiou-me para debaixo da ducha fria.
- FICA AI! – respondeu a altura e empurrando-me para debaixo da ducha. Eu era mais forte, mas não conseguia sair, quase cai algumas vezes e agarrei-me em seus braços para evitar a queda, ela segurou-se, cambaleou e não me deixando cair. Depois me deixou sentado embaixo da ducha e saiu. Aquela água era sagrada para um bêbado, havia me curado depois de um tempo e estava me sentindo melhor. Fui tentando me levantar segurando nas paredes molhadas e cai novamente. Então escutei os passos de Ingrid vindo e começou a me ajudar a levantar e me passou uma toalha. Enxuguei-me e fui caminhando até a cama, ela me seguiu com os olhares, como uma águia persegue seu alvo e deitei-me a cama.
- Já venho – ela disse e saiu correndo pela porta da frente afora. Deu alguns minutos e retornou com um pouco de café em uma xícara grande branca, com desenhos geométricos amarelos e azuis. – Tome aqui, isso vai te ajudar.
- Não quero isso e não vai me ajudar em nada - retruquei
- BEBA LOGO SEU MANDRIÃO, EU TE TROUXE E AGORA TU VAI BEBER! – disse ficando em pé ao meu lado – resolvi não questioná-la depois dessa. Então beberriquei o café, estava quase sem açúcar, estava horrível. Mas bebi quieto. E olhei o seu sorriso de satisfação enquanto bebia seu café horrível, fortíssimo e se era possível chamar aquilo de café. Então se sentou a beira da cama e começou a me olhar nos meus olhos. Não tinha como evitá-los e ficou sentada olhando-me. Virei de lado e a senti levantando e caminhando pela casa. Depois deitou na cama e guinchou-se em mim e dormimos.

CB

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2 Oh Deus!

Dizer

 
Dizer

A dificuldade
de falar
sempre
viveu sob meus ombros

muitas já se foram
mas duas
apenas ouviram-me
e descobri

que isso
é como uma
maldição
ou

má sorte?

CB
 
Dizer

Lo, estou voltando

 
Lo, estou voltando.

Lo,
estou cá, longe de ti
longe da nossa cama
longe do seu apego
e do seu cheiro
que por noites fiquei a apreciar
e agora
me basta apenas te desejar

gostaria de dizer-te
que ainda amo tu
mesmo estando
tão longe
do seu beijo
e da sua voz
ecoando sobre
minha mente
do seu jeito
meigo
e maravilhoso
de caminhar
e rebolar

estou a voltar
pra nossa ilha
ilha da nossa magia
estou voltando
para nossa barra
nossa lagoa
nossa brava
nossa mole
nosso sambaqui
estou voltando
para ti
apenas para ti
te amo.

CB

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Lo, estou voltando

3Tentativas

 
Tentativas

3 Já haviam passado alguns dias, que não saia de casa. Ainda me restara um pouco de vinho e comida, então resolvi me embernar para tentar recuperar minha imaginação e tentar esquecer a minha Deusa! Mesmo sabendo que seria impossível de imediato. Escrevi muito pouco e recebia diariamente visitas da Ingrid, sempre após as 18:00, pois era o horário que saia do seu trabalho que era próximo à região oeste da “Pequena Londres”. Trabalhava como call-center, me parecia um trabalho estressante só de escutar ela contar sobre seus acontecidos naquele local. Certa vez, ela me disse que foi xingada por um tipo carioca, que a fez chegar ainda nervosa em casa, não conseguia falar corretamente e seu olhar ficou perdido enquanto se sentava em uma das almofadas que tinha em minha sala. Servi-a com um pouco de vinho e sentei encostando a ela. Ela estava tremendo um pouco, mas depois se acalmou e se entregou ao meu ombro. Naquele momento percebia novamente como vivíamos em um mundo repletos de filhos da puta como eu, mas Ingrid era especial, não era como eu. Era serena, delicada e sensível demais para um mundo como esse. Nesses tempos os dias eram outros, os criminosos não eram apenas os pais de família desempregados e oprimidos pelo sistema e que recorriam aos furtos para sobreviverem, agora eram crianças brincando de matar, eram crianças brincando de assaltar. E a policia não podia fazer muito, apenas fingia fazer algo pela população que ficava cada vez mais oprimida. Semanas atrás, estava com Ingrid passando pela região oeste, onde era o antigo lugar que trabalhava. Tínhamos ido pegar um cheque de dias proporcionais de trabalho. Para chegar lá passamos próximos de três favelas, eu cortava por entre as ruas, pois não queria que tivesse problema com bandidos ao lado de Ingrid. Cortamos por entre becos, saliências, expliquei o porque para Ingrid, mas não se importou muito. Confiava em mim. Mas nem eu mesmo confiava em mim e permaneci calado e atento a todos pelo trajeto, até chegarmos ao local. Na volta agora com o cheque em mãos, resolvemos pegar o ônibus da linha 311, que passava em frente a uma igreja algumas ruas abaixo, novamente pusemos a caminhar entre as ruas com casas sem reboques, algumas sem grades no muro e muito poucas com carros na garagem. Quando escutamos alguns sons parecidos de batidas entre duas madeiras, pareciam tiros, e vinham de muito perto, pois o som foi bem alto para nossos ouvidos. Olhamos para os lados e caminhamos agora na calçada, entre as arvores, pensamos assim que seria mais difícil de uma bala perdida nos acerta. Entramos em uma rua à esquerda e vimos uma aglomeração, pessoas correndo, chorando, gritando, brigando. Paramos na esquina e ficamos observando. Surgiram carros da policia de todos os lados possíveis, ainda esperamos um pouco. Às vezes a policia causava ainda mais tumulto, chegava violentando os moradores, os familiares do suposto morto e a população se revoltavam contra os policiais, já presenciei cenas assim e sei que o melhor é a distancia senão quiser ir para a cela. Então ainda na esquina observando a multidão, estavam calmas no possível, apenas algumas mulheres chorando próximas ao corpo. Então resolvemos pegar outro caminho. Sentia a minha mão sendo delicadamente esmagada pelas mãos de Ingrid, também não gostaria de passar por ali e sentir a dor da mãe, irmã, ou seja, lá quem fossem aquelas mulheres aos prantos.
Chegamos ao ponto enfrente a igreja e ficamos esperando o ônibus, Ingrid estava muda olhando fixamente para a igreja, percebi no seu olhar o desejo de entrar lá!
- Quer ir até lá? – perguntei
- Podemos?
- Mas temos que ser rápidos senão perdemos o ônibus – respondi e vi um brilho em seu olhar. Há anos não entrava em uma igreja, não tinha nada contra igrejas e quem as freqüentavam, mas simplesmente não gostava de ir. Entramos pelas portas laterais, havia apenas duas senhoras nos bancos da frente, enquanto eu e Ingrid preferimos os bancos dos fundos. Ela se ajoelhou colocando a cabeça sob as mãos e começou a sussurrar, enquanto eu me ajoelhei, mas fiquei de olho na rua para ver se o ônibus estava vindo, pois sabia que se perdêssemos aquele, teríamos de esperar mais um bom tempo, essas linhas eram raras de ter muitos ônibus, demoravam uma eternidade para vim outro e quando vinham tinha que torcer para não quebrarem no meio do caminho.
Quando avisto um amarelo de longe dobrando ruas abaixo, não tinha muitas casas naquela região, portanto podia olhar por ruas abaixo.
- Vamos, vamos! – disse a Ingrid e pegando-a pelo braço
- Ta! Ta! – respondeu fazendo o sinal da cruz rapidamente e saindo. Ajoelhamos novamente na saída, olhamos para o altar fizemos o sinal da cruz apressado e corremos pelo pátio da igreja até a rua, o ônibus estava vindo rápido. Tínhamos que apressar a corrida, não poderíamos perder esse ônibus, ele teve que parar em uma lombada e com isso ganhamos tempo, cruzamos o portão comigo à frente e segurando o braço de Ingrid.
Entramos no ônibus, pagamos ao cobrador e fomos embora.

CB

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3Tentativas

Bruxa

 
Bruxa

à aquela
que me padece
dizer que amo
mesmo
não sabendo
o que realmente
quero dizer

mas sei, que o fato
de te dizer
tu fica feliz
e seu sorriso
me faz sorrir
seu rebolado
me faz excitar
seu passo
me faz reparar
como sinuoso
e majestoso
seu movimento
me enfeitiça
e domina

ó sua bruxa

sua companhia
nas noites quentes e frias
são melhores
do que
minhas melhores
noites
já vividas.

te amo
minha bruxa.

CB

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Bruxa

V.M.

 
V.M.

Minha falta de criatividade estava me matando como tudo na minha vida. Como as pessoas a minha volta. Como a rotina que vivia. E era inevitável fugir disto, era talvez o meu destino. Algumas vezes tentei me trancar, em uma concha imaginaria. Mas descobri que vão iriam me matar de qualquer jeito. Seja no trabalho, na rua, na universidade (principalmente), na sua casa, na putaquepariu. Eles vão te matar. Eles vão me matar. Tolice seria tentar fugir, de algo que vai ter que acontecer. Eu aprendi então, a guardá-la comigo. A morte. A vida. Às vezes sinto a morte mais forte e meu corpo apodrece. Vomito e pareço renascer. Loucura? Talvez. O sentimento não é para todos explicar e muito menos ler. Entender.

CB
 
V.M.

Hipocrisia

 
Hipocrisia

Se queres
descobrir
o que é
hipocrisia
fique atento
as pessoas
que te
cumprimentam
e se dizem
ser
suas amigas.

CB
 
Hipocrisia

Para...minha...praxia

 
Para minha Praxia

­Se tu queres estruturas
e rimas perfeitas
peço com toda minha educação
que feche então esta pagina
Obrigado.

Certa vez, refletindo com
um insistente
que me ousa chamar de amigo
levei a seguinte conclusão
que meus lapsos estão
me deixando doido...
talvez já esteja louco
ou como já me disseram
“Tu já nasceste louco”.
O que?
Obrigado
por ter perdido seu tempo...

CB
 
Para...minha...praxia

Então queres ser escritor?

 
então queres ser escritor?

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração da tua cabeça da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.

e nunca houve.

CB - velho safado
 
Então queres ser escritor?

Máquina

 
Máquina

Soou
passa o cartão
de lá pra cá

corre
as câmeras estão
contando o tempo perdido
corra... corra...

Botas? OK!
óculos? OK!
tampão no ouvido? OK!
Luvas? OK!

Olá, Chapa!
Está é a Máquina!
Diga olá, Máquina!
Tchau, Chapa.

Olá, Máquina!
Está é a chapa!
Diga olá, Chapa!
Tchau, Chapa.

Olá, Chapa!
Eu sou a máquina!
Diga olá, Máquina!
Tchau, Chapa.

CB

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Máquina

Busca

 
Busca

Na luta ilusória de prestigio
eu bebo do meu ócio criativo
mastigo o meu fígado
inalo toda a podridão
e guspo a minha vida.

CB
 
Busca

Nauseabundo

 
Nauseabundo

Um dos meus antigos empregos era realmente uma prisão. Uma sala branca com uma única “janela” que media 60x20cm, aquela era a única maneira de ver a rua que ficava a uns 50m dali. Odiava trabalhar ali e em qualquer outro lugar, certo dia instalaram um sistema novo de câmeras em um local que me causou náuseas no começo. Pelo ecrã, podia ver uma sala branca, aparentando muito fria, com muitas luzes fluorescentes. Ao seu interior varias macas, em torno de quatro a sete para ser mais exato, dependendo da demanda da noite passada. De tempos em tempos vinham dois funcionários carregando um saco preto e jogava-o em cima de alguma maca, jogava-o literalmente sem nenhuma compaixão e cuidado pelo homem que ali estava morto; às vezes o corpo chegava quase a cair do outro lado da maca, mas os funcionários não deixavam. Na hora do meu almoço já estava cheia a sala, alguns mostravam os rostos pálidos, outros apenas as pernas e outros os braços e pernas, eu já estava habituado não me importava muito, era o meu passa-tempo ficar olhando por aquelas câmeras esperando meu expediente terminar. Certa vez estava olhando pelas outras câmeras, pois não me restará muito a fazer e vi um pequeno caixão sob uma das macas, era de uma criança; olhei atentamente e uma coisa era ver assassinos, bêbados, vagabundos e outra era ver uma criança isso me causou náuseas e corri até o banheiro. Quando voltei estava meu assistente um rapaz estranho olhando a criança. Tomei-lhe à frente e cancelei essa câmera e nunca mais a vi.

CB

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Nauseabundo

Desejos

 
Desejos

Eu desejo voltar para minha ilha
Eu desejo voltar para minha barra
Eu desejo voltar para minha lagoa
Eu desenho um trajeto para traçar
Eu desejo dar-lhe beijos de amor
Eu desejo dar-lhe meu amor
Eu desejo dar-lhe toda minha libido
Eu desenho apenas a ti
Eu desejo mais um trago
Eu desejo mais um charro
Eu desejo mais uma cona
Eu desenho a minha melancolia
Eu apenas desejo
estar contigo
na ilha da nossa magia
desejo a ti
desejo apenas a ti
amo a ti.

CB

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Desejos

Cantando

 
Cantando

Deitados
já abraçados
bêbados
metíamos
a cantarolar
pela noite
inteira
se fosse servir
para
o tempo
nos matar
e
para o
outro dia
ressuscitar.

CB

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Cantando

Algumas notas

 
Algumas notas

Um dia qualquer de um final de semana estúpido, nunca gostei de finais de semana. Todos viviam presos à semana inteira em seus empregos e universidades. E o final de semana era ilusório a ponto de se sentirem livre e normalmente nesses dias que recebia mais visitas. Seja qual visita que for, de quem seja. Poderia ser o Papa vindo direto do Vaticano em seu Papá-Móvel, ou o Lula em seu avião de milhões que receberia com um imenso desprazer. Sempre vinham de mão abanando e servia-se de tudo que tinha em minha geladeira; normalmente falavam dos seus empregos, das suas façanhas, das suas brigas. Diziam como se fosse o máximo, como se fossem especiais. Como se fossem os umbigos do mundo. O mundo esta repleto de pessoas assim, um bando de chatos. O mundo é uma grande merda. O mundo é nojento e não liga para você. E esqueça, você não vai conseguir limpar toda essa bosta, porque você é outra.

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Os dias ficaram difíceis e vivia mais bêbado do que nunca. Esqueci de pagar minhas contas e quando me dei conta, tive que arcar com as multas. Isso me levou a falência. Em um minuto tinha dinheiro e no outro não tinha um centavo. Torci para que também no minuto seguinte caísse um bilhete premiado na minha mão ou um piano sob minha cabeça, estilo desenhos encapetados da Disney. Mas a vida é mais maldita, traiçoeira e filhadaputa. Seria muito fácil morrer agora. Agora sem dinheiro, sem criatividade, sem esperança e mês que vem mais dividas. A vida chupava minhas entranhas toda manha, por toda minha vida. Ainda me restava a universidade, que não me interessava muito. Mas ainda tinha passes de ônibus sobrando para ir e voltar. E por lá, podia fumar a custa dos outros, por vezes, também beber. E sim, isso me interessava. E nesse dia não foi diferente, arrumei uma companhia agradável, uma leitora de poesias, falava e bebia pouco. Como ela estava pagando, resolvi acompanhá-la na medida do possível. Quando a mistura das bebidas e das palavras começou. Um carro com musicas berrantes estacionou e não se ouvia mais nossas vozes. Podia foder alguém, que ninguém ouviria. A musica começou do sertanejo e repetiu três vezes no creu, e dá-lhe no maldito creu. Aquilo penetrava em minha cabeça, aniquilando os neurônios que me restam. Resolvi ir embora, antes de matar alguém ou morrer. A lotação, dos suados, zumbis, felizes me aguardava.

---

Com uma barba de 2 semanas
com um cabelo de 2 meses e
com contas de 2 dias vencidos
vou vivendo esperando o mundo desabar.

CB

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Algumas notas

Ainda te amo

 
Ainda te amo

Apesar de tudo
que já vivemos
passamos
e fizemos

Ainda me desperta
a minha libido
me faz sentir juvenil
apaixonada
e sem vergonha

Faz-me dizer
e fazer
coisas que só contigo
tenho a coragem
de fazer
e dizer

Mas tu és como
um conto de fadas
que dura apenas
no máximo um final de semana
depois me faz
chorar
me magoar
e passar por tudo
novamente

Não sou mais sua a garotinha
não sou mais sua
não te amo mais
não...
não te amo mais.

CB
 
Ainda te amo

Vidanoitemortedia

 
Vidanoitemortedia

A noite já se ia enquanto a manhã se aproximava e o álcool, a coca, ainda não cessava de surgir nas mesas, pias e nas carteiras. A noite parecia dia, desconhecidos eram como velhos amigos, a bebida descia como agua filtrada e a musica era repetitiva onde parecia que levava um murro a cada batida seca, surda, aguda, infinita... Com as luzes piscando, sorrisos surgiam, rebolados no meio da loucura e mais cervejas sobre a nossa mesa. Todo mundo estava ligado no 220v caminhando rápido em uma piscada uma vagabunda me encarava e depois me beijava. A aglomeração estava me espremendo, o ar me faltava junto com a alucinação de cometas verdes, rosas ou talvez alaranjados. Em uma piscada estava no gramado no colo da... Vagabunda. Era como se fosse o próprio “the flash”, mas posso dizer que era melhor que o idiota, enquanto minha cabeça estava sob o colo da... Escutei vozes, sons que pareciam meu nome e viam de longe, de perto.
- BAZESKO! VAMOS – disseram alguns conhecidos que vieram comigo a alguns passos de mim
- não grita, porra!
Levantamos, eu e a... Caminhamos ate meu carro onde foram três na frente e um monte atrás. O barulho das conversas me irritava e o buraco da ignição não aceitava minha chave da porta de casa, naquele momento ate o carro me enfrentava.
- Bazesko! Ta loco? A outra chave
- Cala a boca, eu sei. – disse a... Mas na verdade não sabia ou sabia, indiferente.
Partimos por ruas adentro, algumas na contra-mão outras eu conseguia acertar e a gritaria comia solta a trás, na frente, para fora e o pneu do meu carro cantava mais que um galo. Sorte que o piloto automático do meu carro é incontestável, infalível seria melhor dizer. O carro foi esvaziando um idiota por vez até ficarmos em quatro, pois morávamos na mesma região.
- Passa na “Brata” – pediu o Rodolfo
- Não
- Pra pegar mais porra - continuou
- Demoro! Demoro – disseram Eduardo e Guilherme
Então cortei pelo Jardim do Sol e atravessei para a “Brata”, com os faróis apagados entrei em uma rua escura onde parei e o Rodolfo desceu. Ficamos nos três no aguardo, angustiados pela demora do filho da puta. Passaram alguns minutos e nada até que vejo faróis subindo em nossa direção era impossível negar que era a policia.
- Porra! A policia! Cadê o cara – disse
- Já era! Qualquer coisa eu to doente – Disse Guilherme
- Beleza – confirmamos eu e o Eduardo
Estacionaram-se na nossa diagonal esquerda traseira onde desceram e tiraram as armas dos suportes:
- TODO MUNDO PARA FORA E COM AS MÃOS NA CABEÇA! – disseram os dois policiais. Eu só conseguia pensar em um cassetete no meu rim e outro nas pernas e quem sabe ainda se tivesse sorte ser roubado, acontece. Saímos como mandaram, ambos com o cu na mão piscando e suando. Guilherme pos então todo o seu conhecimento do curso de artes cênicas com umas pitadas de entorpecentes para os guardas. Enquanto revistavam o carro, Guilherme, tinha falsas dores estomacais, eu olhava para o Eduardo, pois não sabia se dava risada ou ficava mais preocupado se descobrirem que era mentira. Um policial ficou junto ao Guilherme demonstrando toda sua compaixão e começou a nos explicar onde ficava um hospital próximo, dissemos a ele que estaríamos a caminho.
- Vai! Vai! Saem daqui então! – disse o outro policial.
Sem pensar duas vezes entramos no carro e fomos pelo caminho que o policial nos explicou, mas desta vez passamos mal realmente de tanta risada. Não pensaria duas vezes em indicar a atuação para o Oscar. Andamos alguns quarteirões até que sentimos falta do Rodolfo, ele se escondeu junto com os traficantes. A duvida era se voltássemos os policiais ainda poderiam estar lá e seria fatal para nos. Seria antiético para um soldado deixar outro na guerra, mas nesse caso, Rodolfo mora perto então ele sabe o caminho de casa, não pense isso como egoísmo, de forma alguma. Chegamos à casa do Guilherme e ficamos por algumas horas até que o amanhecer nos matou para um novo dia.

CB
 
Vidanoitemortedia

Notas de um candidato a suicida I

 
Notas de um candidato a suicido I

Nesses últimos dias tenho me intrigado demasiadamente com dois jovens que conheci pela minha atual namorada. Estávamos em um certo bar, matando o tempo, como de costume até que chegou um desses dois rapazes. Sentou-se a mesa com a gente onde fomos apresentados, aparentava tristeza, angustia em seu olhar, entretanto, sua fala era firme e não demonstrava nenhum sentimento aparente. Em conversa com Daniela após alguns minutos, soltou uma frase que nos causou surpresa. Disse que tinha um amigo preste a cometer suicídio e que caso ocorre-se isso, ele disse ao amigo, que também se mataria. Cabisbaixo com ombros encolhidos, mas a fala ainda firme, depois do dito, desviava constantemente o olhar dos nossos. Daniela tentou usar palavras para sua consolação, contudo, ele demonstrava defensivo e por vezes, disse que palavras não mudariam os fatos. Até o momento então, eu não quis falar nada estúpido até que pudesse entender o que realmente se passava para ter aquele sentimento. Perguntei-lhe o porque do amigo dele querer se matar, já que o suicídio não é a saída para nenhum problema. Então me disse que ambos, não agüentavam as pessoas ao seu redor, seu convívio familiar, social. Terminou me dizendo com respiração ofegante e com as mãos inquietas. Fez-me pensar então que se tratava de um casal de homossexuais sofrendo de discriminação por parte do seu circulo social, familiar. Contudo, não poderia perguntar se eles eram homossexuais explicitamente, já que, não temos nenhum laço de amizade e nos conhecíamos há poucos minutos. Para algumas pessoas que já sofreram discriminação da sociedade, isso é guardado a sete chaves, entretanto, para outras é um motivo de orgulho, enfim, pela maneira dele estar vestido e da maneira que se comportava, tive certeza de como era seu comportamento. Então lhe perguntei, qual era o grau de amizade dos dois. Disse-me pensativo que eram como irmãos e começou a me falar do tal amigo, disse sua idade, ambições... Ainda que havia me dito que eram como irmãos, não conseguia descartar a idéia de serem um casal. Via em seus olhos e gestos a maneira como falava do amigo, porem, o que ele me disse havia me feito pensar que era apenas uma crise da adolescência, por atenção, medo, descobrimento e sentimentos diversos. Pois, o que conversava conosco tinha 21 anos e o amigo 17 anos. Dani tentava convencê-lo do contrario, mas ainda sim, se comportava defensivo, depois de alguns segundos em silencio, ela foi ao banheiro. Então lhe disse porque os dois não poderiam fazer uma viagem pelo litoral, pegar as primeiras vagabundas que encontrassem, para sair dessa rotina opressora. Ele deu uma risada, ficou pensativo e disse-me que não importava o que eu dissesse ou o que fizesse, não mudaria os fatos. Disse-me também que a mãe do amigo o reprimia de tal maneira que não o deixava sair de casa e isto era apenas mais um motivo do seu desejo, referindo também, que havia uma lista para o porque deste desejo. Fiquei pensativo por alguns segundos até que Dani voltou conosco. Disse-lhe então novamente que o desejo da morte esta em todos nós, entretanto, não explicaria o seu desejo antecipado, se é podemos dizer antecipado. Já que nunca saberemos quando iremos morrer, enfim... Disse-lhe que em casos enfermos onde se sobrevive por maquinas, poderia ser entendido, mas no caso deles... Problemas todo mundo tem, ódio de nos mesmo e de nossa sociedade também. Basta achar uma maneira para resolver, solucionar este problema. Por que não tentem conversar com um psicólogo, um analista, não sei, mas concerteza podem ajudar a descobrir o âmbito deste desejo. Dani me apoiou na idéia buscando e segurando a mão dele, contudo, ele respondeu diretamente que nenhuma conversa, analista adiantaria. Isso já estava me deixando irritado, toda essa defensiva da parte dele e ao mesmo tempo em que se mostrava disposto a nos escutar, recuava rapidamente quando íamos contra seus ideais, se posso assim dizer. Então lhe disse de um problema familiar, um câncer que foi muito difícil no momento superar e ainda hoje é difícil, mas nem por isso ninguém desejou a morte, todos lutamos contra ele, apoiamos de todas maneiras possíveis. Não digo que superamos o problema, mas as vezes o fingimos que o superamos para ver o problema diminuir e por algum tempo desaparecer. Ele sempre estará lá, mas é nossa função dar o apoio necessário a essa pessoa e não aumentar sua dor, minha família inteira rapou o cabelo junto em um tipo de sinal de apoio na quimio, já que para ela (a pessoa com câncer), foi terrível perder o cabelo, acabava com a sua vaidade. Não houve a resolução, já que não é algo que possa ser solucionado ao contrario de vocês. Ao terminar de dizer, ele se comportava cabisbaixo e reflexivo. Então se levantando da mesa, disse que eu era muito esperançoso. Nos cumprimentamos, então lhe disse que prefiro ser chamado de um insistente filho da puta, rimos e cumprimentou Daniela que o convidou para ir a sua casa. Marcaram um dia e foi embora...

CB
 
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