A Humanidade Prolifera
Cresce insano mundo,
Porque te multiplicas em cada alvorecer,
Envelhecem nossos dias,
Passam o tempo e as fantasias,
A humanidade se faz obscurecer.
Friamente, aceleradamente,
Imerge na noite,
Se multiplica e destrói a tudo,
Faz inferno seu próprio mundo,
O seu orgulho é seu açoite.
A humanidade se entenebrece,
Pois se multiplica e o mundo desumaniza,
Se multiplica em desonestidade,
Se multiplica em desigualdade,
Se multiplica em tudo e se desarmoniza.
A humanidade se multiplica e empobrece,
Ocupando espaços por toda a terra,
Muda a paisagem de toda a esfera,
E sob o solo nada mais floresce.
A humanidade se multiplica e nos entristece,
Assim como se multiplica a sede da destruição,
Até interromper a vida do próprio irmão,
Num mundo que a dor é a luz que o aquece.
A humanidade se multiplica,
E que história amanhã iremos contar,
Se nosso crescente mundo de dor,
Destruir o belo mundo de amor,
Que Deus pôde nos presentear.
Esses são relatos da indignação,
Se somos vilões de tantas guerras,
Contra nós mesmos e o que nos cerca na terra,
Criamos nosso próprio mundo de destruição.
Precipício
Se hoje me encontro no desfiladeiro,
No abismo onde a dor é fácil de curar,
Clamo a Deus pelo amor verdadeiro,
Daquela que o beijo não pude provar.
Pus-me incessantemente a escalar,
A imensa elevação de onde tudo se vê,
O desespero de sofrer não me fez deter,
O topo da montanha há de me salvar.
Na subida mil pensamentos vejo emergir,
E no ouvido uma voz posso escutar,
Pedindo aos céus para eu desistir,
O topo da montanha há de me salvar.
Tantas mágoas me põem a refletir,
No trajeto difícil para superar,
Os afagos dela nunca vou sentir,
O topo da montanha há de me salvar.
Chegando ao cume quero me redimir,
Dos pecados que na terra pude praticar,
O sofrimento de não têla eu vou banir,
O topo da montanha vai me libertar.
Rendição dos Sonhos
Estrelas sonhem por mim,
Quando a noite cair,
O céu vai desabar,
Eu vou me despir,
E não mais contemplar.
Aqueles meus pensamentos,
Tão cheios de apelos,
Aos sedentos desejos,
Que me inundam por te.
Estrelas sonhem,
Mas não chorem por mim,
Que lá do alto vosso pranto,
Não vire nuvens no céu,
Me envolvendo em seu manto,
Nesse mundo cruel.
Meu Lamento
Os segundos se perderam de mim,
E não desfrutei da alvorada,
Não ouvi o gorjear dos pássaros,
Nem a sinfonia imponente das cigarras.
O tempo escorreu de minhas mãos,
Feito areia dispersa pelo vento.
Meu amor,
O tempo é soberano de todas as coisas,
Senhor de nossa existência,
Destinador de nossos sonhos.
Para os recém nascidos a luz,
Para os que partem a escuridão,
E para mim a angústia,
De amanhecer sem jamais te ter,
Ao meu lado.
Fragmento de Meu Ser, Você
Sou o amor sentido, mas não vivido,
Meu sufrágio pelo tempo desperdiçado,
Meu eu pelo teu calor foi rejeitado,
Minha lágrima rolou pelo infinito.
Sou o dia que se funde na penumbra,
Da neblina que te omite tão somente,
Te faço e te desfaço em minha mente,
Até que meu cerne na aurora te vislumbra.
Sou dor de amar almejando te deter,
Até que tua boca a minha nos uma,
Prantos de alegria e beijos de espuma,
Versos que componho para renascer.
Tempo do Meu Sofrimento (Parte II)
Minha angustia persiste oh voraz solidão,
Meu peito entorpece lividamente,
A dor o corroe lentamente,
No crepúsculo da vida o amanhã sem salvação.
Os dias estão passando meu dolorido coração,
Desse tempo que é o teu maior inimigo,
Nas asas do amor que não encontraste abrigo,
E os anjos dos céus que não te deram as mãos.
Tuas noites são sempre frias,
Como o orvalho que se forma sob os lírios,
Nas madrugadas que vives em martírios,
Nos calafrios das tuas agonias.
Ah meu purificado coração,
A feroz dor que inunda o meu ser,
É nunca ter te dado uma fervorosa paixão,
Pra livrar-te do abandono que te faz perecer.
E de tanto sofrermos juntos,
Hoje estamos a sóis, eu e você,
Áridos, pois tuas lágrimas já secaram,
E nossos sonhos se eternizaram,
Num tempo de aflição que não fizemos merecer.
Triste Sertão
Adeus meu nobre sertão,
Trarei na face tuas marcas eternas,
Que escreves ao sol em almas sinceras,
Que se dispersam no mundo por judiação.
Deixo o sertão,
Mas hei guardar saudade,
Do meu pequeno sítio ou da cidade,
Lugar que plantei o meu coração.
Deste chão sem água,
Do gado magro da sorte ingrata,
Do mato seco e das velhas casas,
De terras abandonadas por tantas magoas.
Terra que se vê na televisão,
Desse Nordeste que nos entristece,
Torna-se notícia quando nada floresce,
E homens exauridos por lutar em vão.
Sertão árduo, seco, sofrido e inculto,
Homens guerreiros não hão de aqui viver,
No sonho de trabalhar e da terra sobreviver,
No lugar que manda o político corrupto.
Da politicagem surgiu a fome do sertão,
Pois a sobrevivência nessa região,
Só depende das chuvas,
As autoridades imergem na corrupção,
O sertanejo padece com suas rugas.
Receita da Felicidade
Na vida após cada sofrimento,
Muitas vezes há o lamento,
E um gosto amargo de fel.
Daí se não sentires,
Neste momento,
Orgulho após vencer o tormento,
Planta em tua face o sorriso,
Para colher o sabor doce do mel.
Teus Olhos
Olhos nascentes como os teus,
Que olhos belos no meu horizonte,
Iluminando a aura dos sonhos meus,
Vão transpondo o imponente monte.
Vem contemplando o céu,
Olhos eternos de mesma cor,
E eu vou ficar aqui tão fiel,
De braços abertos pro meu amor.
Vem trazendo luz ao meu caminho,
E agora eu vivo pelo teu amor,
Hoje não estou mais sozinho,
E teu coração é meu salvador.
Anjo De Deus
Anjo de Deus estou a tua procura,
E nas trilhas desertas derramando clamor,
Nas noites tão frias não alcanço calor,
Ante a solidão que minha alma tortura.
Anjo de Deus me afaste do pecado,
De não ter provado o sabor do mel,
Do descaso profundo do ser não amado,
Num amor buscado com gosto de fel.
Anjo de Deus dê um novo sentido a minha vida,
Ajude-me a renascer em meio às magoas,
E esquecer as chagas em mim contidas,
Se vou padecendo em tantas lágrimas,
Me vejo a vida tão subtraída.
Anjo de Deus sou seu seguidor,
E quero sua luz para viver em paz,
Já que sou sozinho e não encontro um amor
Eu aqui estou condenado pela dor a sofrer demais