Apenas sobre lições de casa
São amores abstratos
Em corações neblina
São egos insensatos
Cheios de adrenalina
É um clichê absoluto
Estímulo e reação
Ambiente que deixa puto
Behaviorismo da depressão
Minha mente é uma arma
Munida com meu sarcasmo
Engatilho na sua alma
O amor é um pleonasmo
O sorriso oculta o ego
Libidinagem da hipocrisia
Verso braile em ponto cego
Sintam minha poesia
Boca amarga em verso raso
Não subestimo a ironia alheia
Nada que dizem é por acaso
Nem o fel que os permeia
Tô dando voz pra minha ira
Sou quase um esquizofrênico
Se meu caos for de mentira
Todo o meu vazio é cênico
Banzo
Ora,
essa melancolia fraudulenta
e esse poeta embuste se esbarram
e esvaem-se na madrugada
tão desconexos quanto esses versos
A chuva molha o teto
e goteja na alma do poeta:
existe uma certa dose de ironia nisso
como se a madrugada precisasse de companhia
O alvorecer se demora pelos relógios
solitariamente angustiado
desejando nunca precisar chegar
O sol também deseja se atrasar
assim como o sono que ainda não chegou
e a rotina? Ah, ela esmaga o que nos resta...
Mon. N°1
Sabe, você dormir sem mim
É o motivo do meu desespero
Queria acomodar teus sonhos
Tô com inveja do seu travesseiro
Tô aqui suspirando feito um bobo
Fantasiando amores e vice-versa
Será que você também tá acordada
Lembrando das nossas conversas?
Sua boca tão longe da minha
Tá me fazendo imaginar besteira
Já pensou meu sobrenome no teu rg
E poder beijar sua boca a vida inteira
A timidez do seu olhar me encanta
Seu sorriso me desmonta inteiro
Sei que já não preciso mais procurar
Achei no teu destino meu paradeiro
Já tem tempo que não tô raciocinando
Sem problemas se me achar emocionado
Mas no meu pensamento só dá você
E fugir disso tá cada dia mais complicado
Sabe, você viver sem mim
É o motivo do meu desespero
Queria acomodar tua alma
Fazer inveja pro mundo inteiro
Imparcialidade
Com o pensamento perdido a esmo
A solidão não mais me frustra
Eu sou médium de mim mesmo
Nietzsche é médium de Zaratustra
A vida se disfarçando num caderno
É a sutil arte de um indeciso
Ontem Freud me ligou do inferno
Meu inconsciente atendeu no paraíso
Foram memórias curtas em hipnose
Imparciais, nos falamos no purgatório
Nossa conversa me rendeu neurose
Foi regressão até o motivo do ilusório
São meus gatilhos de ignorância
Nascendo frios em forma de poesia
Esse é o poema da redundância
E eu sou o filho primogênito da ironia
Dos meus versos pra ela
Tua insegurança sempre chega sem aviso prévio
Mas se quiser meus braços podem ser teu porto seguro
Só quero que saiba que te chamar de linda é constatar o óbvio
E que meu amor é louco, mas hoje em dia só amores loucos tem futuro
Quando digo futuro eu não estou rotulando a forma de amor, nem a forma de amar
Só estou deixando claro que independente de tudo eu quero sua presença comigo
E essas suas 24 horas de sofrimento me afetam, como eu nunca pensei que fossem afetar
Em não te fazer sofrer reside todo o dilema e em saber que falhei reside todo o castigo
Quando fazemos do Carpe diem um carma, fazemos da complicação o mais simples
E quando fazemos da confiança algo tão grande, fazemos ainda mais pequenos os tormentos
Nunca fui bom com declarações de amor, como poeta esse é meu calcanhar de Aquiles
Mas a fraqueza de minhas palavras não se comparam com a força dos meus sentimentos
Eu sempre achei que nosso lema fosse a loucura, mas eu sempre estive enganado
Nosso lema é a intensidade, foi graças a ela que tudo isso começou
E se começou é porque tem um propósito, então jamais darei por terminado
Só peço que nunca se esqueça que eu pedi pra ficar. E você deixou.
De todas as coisas que não sei
Disfarces do caos condescendente
Tolerância em níveis deturpados
Hipocrisia disfarçada, cinismo indiferente
É o sorriso melancólico dos renegados
O tempo é o ceifador que impera
Não redime arrependimentos vazios
Estamos todos em fila de espera
E o perdão é o ópio dos arredios
Em faces ainda degradadas pelo vício
De aquecer o egoísmo que reina
É a cadência fingida desde o início
Num fim mórbido que nos causa pena
Evoluindo para um abismo cético
Humanizados de almas insipientes
Sou um reles transeunte hermético
Num silêncio frio dos inconscientes
Mentes néscias sob a sombra da injustiça
Julgam-se fartas em plena ruína
Arquétipos covardes fadados a preguiça
Como ratos que se alimentam de estricnina
Em guerras paralelas, infames respostas
Deliberadamente invalidam justas sentenças
São míopes visões do ego impostas
Enraizando a insignificância das indiferenças
Como se o retorno não fosse certeiro
Como se a lei da vida não estreitasse os finais
É que somos o erro de um Deus inteiro
Dividido em substâncias nocivamente banais
Todo decreto divino está intrínseco na natureza
Nenhuma barganha suborna o destino
Tudo que se faz real em mim se torna incerteza
Só sei que não saberei ser: sou peregrino
Integridade
Eu
Pronome pessoal
Em transição
Intransitável
Nós
Pluralidade inofensível
Em colisão
Circunstancial
Eu
Oposição aos fatos
Em tédio
Subliminar
Nós
Subsistência volúvel
Em cordas frouxas
Arrebentação
Adrenalina
Eu moro em mim
Mas as vezes sinto saudade de casa
Me transformei em Odin
Jurei, igual fez o Fábio Brazza
Minha alma é negra igual Zumbi
Melanina transcendental
Minha aura sempre foi tons de rubi
Preciosidade num corpo de cristal
Minha consciência é rosa dos ventos
No meio do nada apontando direções
Sou Mandela perdoando os tormentos
O ódio não constrói edificações
Carrego todos os sonhos do mundo
Salve Pessoa, eu também sou assim
Não sou tudo, não posso querer ser tudo
Mas o nada não deve fazer parte de mim
Sou Santos Dumont em cada verso
Pioneiro nos voos tipo o 14 Bis
Mas eu quero o céu do universo
Não me contento com o céu de Paris
A vida não faz sentido, a vida se faz sentindo
Crente duvidando, ateu fazendo prece
Tragédia amarga, a amargura sorrindo
Tô escrevendo Macbeth, me chame de W.S
São racistas de época igual o Lobato
Polemizando igual o Lobão
Fazem festa abrindo o primeiro ato
Mas sou Nelson Rodrigues trazendo a conclusão
Eu sou o Senhor Coelho
Mas tô tipo Alice perdendo a lucidez
Jesus me dando conselho
Mas eu sempre fui judeu com surdez
Diz quem não conhece o Ip Man:
"Mano, o Bruce Lee é tão foda"
Cita o simpatizante da Ku Klux Klan:
"Preto tem que tomar banho de soda"
(Hipocrisia
Revolução de caneta
Rebeldia
De um ego batendo punheta)
É sobre o muro de Berlim
Não sobre as muralhas de Jericó
O que mais querem de mim?
Revolução de um homem só?
Eu sou mesmo não querendo ser
Ser é um verbo transitivo indiscreto
Não fazem mesmo querendo fazer
Que fé é essa nesse deus de concreto?
Não vou parar por aqui
Não posso parar agora
Ainda vão me levar daqui
A morte não perde a hora
Me jogar é a única alternativa
Mas bung jump sem corda é suicídio
Eu sempre quis evitar a oitiva
Então morrer agora é subsídio?
Só Rogério Ceni é mito
Seu presidente é cusão
Ouve só, mais um grito
Jair com o pau no cu da nação
Um Caravaggio vale milhões
Um J.D.C.C vale centavos
Não valorizam emoções
Só dão valor pros conchavos
Estão citando a obra de Assis:
"Bem vindo a igreja do diabo"
Faz carinha de anjo feliz
Sentando em cima do próprio rabo
O tempo joga xadrez comigo
E só um xeque-mate resolve
Ainda não sei o nome do inimigo:
Chamo de Deep Blue ou chamo de Kasparov?
O tempo não é inimigo
O tempo é adversário
Esse jogo que ele joga comigo
Só põe em xeque o necessário
Tá todo mundo se fazendo de Orfeu
Caminham pra frente olhando pra trás
Foi pisando em serpente que Eurídice morreu
Depois tem que descer ao inferno em busca de paz
Estão com a mente em casulo tipo borboleta em pupa
A diferença é que vocês não vão voar
Usando o destino como desculpa
Pedra no caminho não derruba, só faz tropeçar
"Você não sabe amar"
Eu sinto o amor escorregar pela mão
Como se eu pudesse segurar
Mas deixasse cair no chão
O que é o Partenon
Se Atenas habita o Olimpo?
Ela era Yoko, eu era Lennon
Distância homicida não faz jogo limpo
Só vou escrever meu ódio
Não quero falar de amor
Minha poesia lutando por pódio
Só quero que cure minha dor
Escrevo esse poema com raiva
Enquanto a raiva escreve em mim
Minhas palavras fazendo gaiva
Reles esgoto do meu fim
Sem filme do Hitchcock, eu não faço suspense
Sou mais drama, biografia e documentário
Dadaísta, minha arte é nonsense
Mas o absurdo beira o extraordinário
A poesia faz o resgate
Soldado Ryan é leitor
Sou um poeta pronto pro abate
Querendo o Nobel do amor
População indiferente ao sistema
Tipo Grenouille, não fede nem cheira
Na verdade nem enxergam o problema
Se fazem de Bird Box, só pode ser brincadeira
"O que você quer ser quando crescer?"
Pergunta isso pra uma criança no Rio de Janeiro
"Eu só quero crescer, não importa o que eu vou ser."
Essa resposta é cerol, me corta o peito inteiro
Revolução ainda é um sonho distante
Tendo em vista o que fizeram com a nossa nação
Olha que ideia brilhante:
"Legalizo as armas e corto verba da educação"
Columbine é aqui, olha o que fizeram em Suzano
Almas na solidão e o celibato não foi escolha
Facilitando a vida de miliciano
Cidadão de bem vivendo na encolha
Velocidade O'Conner
Dominic te deixando ganhar
Quem nasce Will Traynor
O amor de Clark não vai salvar
Fazem cara de miss perdendo concurso
Frustração canalizada
É como a Dilma fazendo discurso:
Não canso de dar risada
A mão que bate também faz carinho
Igual Projota cantando AMADMOL
Ninguém faz merda sozinho:
"Olha a intimidade do Moro com o Dallagnol"
Me sinto Vivien Thomas
Com Blalock levando a fama
O desapego e seus sintomas:
"Eu também" pra dizer que me ama
Eu sinto frio, minha alma gelada
Mas o inferno é quente demais
Eu tenho medo, minha consciência pesada
Me vendi como Fausto, eu não sei o que é paz
Eu sou bipolar
E nisso não vejo problema algum
Eu não sei rezar
O que me falta está em hebreus 11:1
Eu que me orgulho de não chorar
Chorei ouvindo "Mandume"
Só não consigo suportar
Quando o choro vira costume
Nesse mundo a liberdade é amarga
É foda ter que contar com a sorte
Viver sonhando é o preço que a gente paga
Só que esperam morrer pro sonho ficar mais forte
Passam o inverno inteiro esperando
Pra ver a primavera florindo
Só que eu não perco tempo chorando
Só ganho tempo sorrindo
Querem fazer chiqueiro
Só porque enxergam o lamaçal
Sou brasileiro
Mas nem por isso eu gosto de carnaval
Sejamos Pitty seguindo na contramão
O tempo é abstrato na realidade
Não devemos acreditar na solidão
Nem sempre ela sabe dizer a verdade
A verdade é que a verdade respira por aparelho
Isso independe de crença
A dúvida cala o ordeiro
Como Getúlio assinando a própria sentença
Nunca se arrependa de se arrepender
Sinta, não importa o que você pensa
Mas não tenha medo de ler
O poema dos olhos da indiferença
Ouça o que eu vou falar:
O ego é bom, eles pintam como ruim
Eu não sei onde isso vai nos levar
São mil negativas a espera de um sim
Vivendo Death note
Os nomes já estão no caderno
Tô correndo igual Bolt
Eu tô fugindo do inferno
Isso é só o que eu penso
Não é sísmico, mas causa abalo
Todo mundo é Lourenço
E vai morrer com a cara no ralo
Olha só que perigo:
O machão me matando na internet
Mano, eu não ligo
Já morri tantas vezes depois de dezembro de 97
Onde o bem se conforma
O mal se faz nefasto
O foda é que aqui o bem está em reforma
Bem vindo ao holocausto
Eu moro em mim
E sentir saudade de casa é normal
Eu sou Odin
E minha sabedoria é banal
Não classifiquei este poema como polêmico, pois creio que a arte não deve ser censurada.
Um de meus poemas preferidos é "Poema sujo" de Ferreira Gullar, que em nome da arte faz uso de palavras de "baixo calão"...
De forma alguma estou me comparando a Ferreira. Estou apenas exemplificando.
Liberdade!
Niilismo prático e passivo
Meus versos são psicografia
Eu sou médium de mim mesmo
Interpretando as fugas de minha alma
E coagindo-me pelas intempéries
Não nego os soluços de choro
Raros, rasos, mas existentes
Como se chorar fosse necessário
Pra lavar e levar minha ingenuidade
Opondo-me ao desespero
Não devo me curvar ao medo
Afinal, almas não sangram
O que sangra é a vontade da alma sangrar
Meus versos são psicografia
Eu sou médium de mim mesmo
Cada poesia é um dogma
E cada dogma um pedaço de nada
Que me faça amar
Aquele olhar que cê me trouxe
Naquela tarde de dezembro azul
Ainda tá aqui comigo
E eu não deixo de lembrar
Não deixo de lembrar
Aquele beijo que calou nós dois
Ainda tá guardado na memória
Algum dia eu quero repetir
Pra nunca mais parar
Nunca mais parar
E as mil razões que você tinha
Pra me rever um dia desses
É meu motivo pra ligar agora
E eu peço que me faça amar
Só peço que me faça amar