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Poemas, frases e mensagens de Idelia

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Idelia

Estreitos

 
 
Soube do ser especial
Que és
Desde o primeiro grito

Talvez não fosse previsto
Chegares naquela altura
Mas ali estavas
Trocando e antecipando
As voltas
Do tempo
E das nossas …

A tua bravura
Foi evidente
Quando o teu coração
Pausou por um momento

Ao longo deste tempo
Foste um balão demasiado cheio
Tentando colher a rosa
Da alheia aprovação

Agora
A vida
Está pedindo-te
Para colheres
Todo um roseiral

Meu doce pequeno

Não vamos desistir
Enquanto o céu
Estiver perto do chão…

Vamos sim…
Lançar as asas ao vento
Sabendo antemão
Que as lágrimas
Voltarão
Ao mesmo lugar

Como os teus sorrisos

Como os nossos olhares

como as nossas mãos
 
Estreitos

Nenhuma borboleta volta a rastejar

 
 
as feridas
não se curam
com o sal
de uma lágrima

os antigos amores
não se apagam
com outros lábios

acredita
darei um nome
e um sentido
a todos os vazios
que deixaste
com cada ausência
[tua)
a cada vírgula
depois dos parágrafos
dos pontos finais
das reticências …

e jamais farei do esquecimento
silêncios
para não te lembrar

uma parte de mim
irá para sempre amar-te
a melhor parte

a outra parte
irá envelhecer
como casulo
que um dia
abrigou
asas
da
tua
ida
 
Nenhuma borboleta volta a rastejar

Olhares separados

 
 
olhos
enganadores

verdes
nas promessas

assustadores
nas dores

indefesos
perto dos teus

esses olhos
nossos olhos
na mistura
nasceu um sonho
e um torrencial
desgosto
que ainda chove
nos dias de hoje
silêncios
de cobre
e a fome
do prazer
de te
ter
de te
ver
 
Olhares separados

Parado no presente…correndo ao teu lado no futuro passado

 
 
carguejo
[no poço dos seios]
esta saudade obesa
crescendo com tempo

quero andar em frente
mas estou tão preso
a um amor de sempre
que fica difícil
seguir na direção
certa …

recuar parece tão certo
mas só te vejo
no futuro
ao meu lado
 
Parado no presente…correndo ao teu lado no futuro passado

Especialista

 
 
como conseguiste
desapegar do coração
um amor como o meu
feito de acenos e de orvalhos nos olhos ?

nem foi preciso abrandar o relógio
giraste os ponteiros
ao som do corridinho algarvio
e foste rodopiando ao pé-coxinho

invadindo a saudade com o esquecimento

desapertando o botão que apertava o coração

despindo a mágoa do peito sem quebrar o gelo

apagaste o meu nome
do futuro e do passado
sem ressentimentos
com uma habilidade especial
em desatar os laços de nós
os nós dos laços

que coragem, que sabedoria da tua parte

aqui neste lugar dos abraços
continuas a ser a razão de uma saudade
em alma viva
em carne exposta
de gorgomila erguida
esperando os vocábulos antigos
de um “amo-te”
soando a novo

como estás?

porque não respondes?
 
Especialista

Reanimação de um sentimento maior

 
 
voltei depois de tantos anos
como se tivesse ido ali e voltado
por instantes

tudo mudou

tu mudaste

e já não basta
escrever com o coração pungido
um amor atrasado
que já não faz sentido

este legado
de um íntimo
é teu
por direito
por defeito
por arrasto

um sentimento compondo
as saudades nos cantos
e no centro
bailando os sentidos
 
Reanimação de um sentimento maior

Do amor-imperfeito nascem silêncios

 
 
o amor-perfeito
só existe
se for de sangue
se for flor

não acredito na perfeição
de um amor adulto
onde a paixão
solavanca
o íntimo

não acredito num amor
trajado de pele
desaguando
[no prazer dos egos]
o sexo

não nos comemos vivos
não somo vencidos por um pirilau
ou presos por uma panqueca

não plastificamos a testa
para não engravidarmos
a razão


temos de ser
tão generosos
como uma mãe é com um filho …

temos de ter raízes como uma flor
para sermos felizes
 
 Do amor-imperfeito nascem silêncios

O clarão

 
 
luzes soltas
varejando as oliveiras
com os seus raios
luminosos

um passado

muitos milagres
só alguns conhecidos

naquela terra tão pisada
nasce o perdão
a cada promessa
descalça

naquela cova
existem
montanhas ao seu redor
mesmo os que andam de norte
sobem o que for preciso

chegam em bando
com o dever cumprido
louvando
levando
o terço e o cansaço
do caminho

ao chegarem ao ninho do sol
[casa da mãe]
renascem com a emoção
numa comunhão de íntimos
uma espécie
de regresso à infância de Cristo

naquele lugar de tantas escadas
poucos sãos os degraus
que não nos levam
ao céu
 
O clarão

Um sonho sem despertador ... vive num sono infindável …

 
Um sonho sem despertador ... vive num sono infindável …
 
Vamos despertar !



Quero dar-te sonhos

longe dos travesseiros

perto das marés ...



Baloiçar os ramos da lua

com os pés

ancorados no mar

em espuma água

em brisa sal

Escutar o brilho das estrelas

olhando-te nos olhos

como fazem os astrónomos

através dos telescópios

Acorda

a rua está sem roupa

Vamos mergulhar …
 
Um sonho sem despertador ... vive num sono infindável …

Maria nazarena a sereia sem saia

 
 
Não te conheço
Queres ir
Rio acima
Quando a maré
Está vazia

Já não apareces no estuário
Quando o mar está calmo

Para onde queres ir… maruja dos oceanos?

As nascentes nascem dos amantes
Das nuvens e dos montes

Tu sabes a mar
Não sabes amar
Como eles

Vem ter comigo
Sou pescador de sonhos
Tenho estrelas no anzol
Posso devolver
O brilho
Nos teus olhos
 
Maria nazarena a sereia sem saia

A poesia da estátua

 
 
A impraticável
Ternura
Da palavra
Abandonada
Num poema

Não calça os lábios
Não veste os passos
Não chega a tua testa
Como beijo

Aquele poeta
Promete
Trazer o céu
Para junto dos teus
Ombros
Com pés de pedra

Aquele poeta
Espreme o coração
A cada verso
E nem uma pinga
Pinga no teu peito

A ilusão
Parece ser a única
Realidade
Das letras
Fora das costelas
Desse poeta
Com pés de pedra

Vai ter com ele
E leva uma picareta
Tira-o dessa monologa
Obra
Ele é um mau pedreiro
Rebocou o sentimento alheio
Sem sair do lugar
 
A poesia da estátua

Liberdade inalcançável

 
 
como duas aves
enjauladas
cada um falando do seu coração
feito de grades
douradas

um dia chegará
um pássaro
livre ...à beira das nossas gaiolas
e nos contará
seus sonhos
realizados
durante anos
de voos migratórios …

e nós
já velhos
ficamos ali
enjaulados
dentro de um coração
que nunca foi nosso

meu deus …

quanto valerá a nudez de um céu
para as nossas enferrujadas asas?

como será os nossos corações
em liberdade condicional?
 
Liberdade inalcançável

Não olhes para trás

 
 
desatar os nós da alma que
pesam nos passos
é uma prioridade

precisamos de estar leves
na estrada que nos leva
á liberdade

não podemos levar na mochila
os lenços molhados das lágrimas
essas molduras de imagens passadas
essa mágoa de 87 quilates
e uma fendida “espera”
que deixa passar
o melhor do tempo
futuro

vá …
dá um mergulho por mim no mar …
aceita o desafio ...de aprenderes a dançar com o teu “mais que tudo “
 
Não olhes para trás

Insonolência

 
 
a noite
não convidou
o sono para a cama
e aqui estou
esperando qualquer coisa
no silêncio dos silêncios

esperando por ti
diante
de um coração despido
que reclama
ausências
das tuas mãos

a onde andas?
como andas?

espero-te neste lugar
cada vez mais estranho

já todos saíram

o mar secou

mas ainda aqui estou
com os remos nos braços
querendo velejar um sentimento
maior
ao encontro dos teus sonhos
 
Insonolência