Poemas, frases e mensagens de PauloQueiros

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de PauloQueiros

Dor de Não Saber Amar (Perdoa-me Meu Tudo!)

 
Meu Amor, como me dói o coração!
Foi tão inconsciente e tão desonesto contigo!
Não soube Amar, não soube estar à altura do nosso Amor!
Tu não merecias nada do que eu e fiz…

Como posso voltar a ser o teu amor e os teus olhos?

Talvez agora te repugne, mas não te posso abandonar!
Tu não podes nunca me abandonar!
És o meu mundo, o mundo que nunca tive
E do qual não soube cuidar e dar o devido valor.
Quero-te tanto ao meu lado,
Agarrar o teu corpo e viver só com ele,
Sentir o teu cheiro e o teu amor agarrado a ele!
Não te posso perder nem abdicar de ti, porque te amo!
Eu amo-te!
Amo o teu ser que é maravilhoso e único
Amo os teus lábios e os teus olhos e a tua expressão
Amo a tua pele e o teu sorriso e os teus gestos
Amo todos os momentos que me dás e me ofereces
(Tantos, tanto acima dos que eu te deveria dar)!
Amo tudo o que tu és e tudo o que tu fazes!

Sei que estás magoado e que talvez neste momento me odeies
Mas não consigo sequer imaginar-me a viver sem Ti, o Meu Amor!
Foi o meu acto mais estúpido, um atentado a tudo o que sinto por ti
E as palavras que me saem
Não serão nunca suficientes para exprimir o meu arrependimento
E para que saibas a vontade louca que tenho
De te beijar e abraçar e amar.
Mas perdoa-me, és tudo o que eu mais quero!
És o que eu preciso para ter vida e ser feliz…
Perdoa-me Meu porto, Meu mundo, Meu Amor!
 
Dor de Não Saber Amar (Perdoa-me Meu Tudo!)

Deixai-Me Viver, ó Malditos!

 
Malditos sejais!
Todos vós, habitantes do poço da ignorância!
Võs não Me conheceis!
Não julgueis que Me conheceis, seus erros humanos!
Insistis em tornar-me aberração num planeta aberrante,
Num mundo que vós mesmos desabaste...
Destroís-Me os sonhos, a paz, a vida,
Não que a vida, a paz ou os sonhos se destruam com as vossas palavras,
Mas porque a minha Cobardia vos dá ponte para avançar.

Sois belos monstros, ó monges do Diabo!
Sois o que o Diabo, ele próprio, nunca será.
E sois saudáveis dementes, ó criações da Maldição!
Sois o que a Maldição anteveu que o Diabo fosse,
Mas que jamais será,
Porque já existis vós, ó estafermos!

Matai-Me!
Crucificai-Me!
Elevai-Me aos Infernos!
Já o fizeste tantas vezes, repeti-o uma última vez...
Matai-Me!
Não que eu viva ainda, mas para não lhe perder o sentido.
Acabai comigo...
E arrecadai, juntos, a vitória da luz negra do não-ser.
Sim! Porque vós não sois.
E se sois, sois meras tentativas falhadas de Ser!

Deixai-Me Ser, então!
Deixai-Me Viver!
Comei o vosso cérebro, se é que o possuís...
Mas não alimenteis a vossa sombra com a minha Cobardia!
Deixai-Me Ser!
Não Me leveis a Vida que eu não amo,
A mesma Vida que não posso amar,
Mas a Vida da minha crónica existência!
Deixai-Me!...
Deixai-Me no meu marasmo, na minha sorte...
Não preciso de vós, ó inutéis, para Me aniquilar.
Já me basta, para isso, a Só Minha Querida Morte!
Quando Tudo o que nos rodeia, parece mergulhado num abismo de tal forma profundo, que Tudo isso nos é abominável! Quando Odiámos todo e qualquer ser por não respeitar os nossos Sonhos, as nossas Formas de Estar e de Ser, o nosso EU... Quando os Outros são apenas Outros, porque não Chegam a ser Alguém
 
Deixai-Me Viver, ó Malditos!

DESCULPAS (o não-dito)

 
Chega-te perto de mim, senta-te e ouve:
Quero pedir DESCULPA.
DESCULPAS de mim para mim e para os outros e para tudo.

DESCULPA MÃE por te inventar,
Por não ser eu contigo e ser outro,
DESCULPA pelas palavras que não te digo,
Pelos carinhos que não te dou:
Eles são todos teus por direito.
Deste-me vida, deste-me a tua vida
E eu não agradeci!
DESCULPA MÃE por não te mostrar o valor que tens para mim,
És tão grande em mim,
Devo-te uma mão cheia de tudo, AMO-TE.

DESCULPA PAI por não te ajudar, mas não posso.
Dás tanto de ti aos outros
Que te esqueces que os outros precisam mais de ti do que tu deles.
DESCULPA PAI pela gratidão que nunca te mostrei.
OBRIGADO, também TE AMO.

DESCULPA VIDA por não te viver!
Por te ansiar em demasia
E por te desperdiçar em exagero.

DESCULPA MEU AMOR pelas DESCULPAS que não te pedi…
DESCULPA por não manifestar o meu apego total a tudo o que é teu e a tudo o que tu és!
Sabes que TE AMO em ardor máximo, até não poder mais!

DESCULPA CORPO por te utilizar abusivamente.
Fui um fraco, um semi-homem-garagem…
Devolve-me o vigor para te usar pausada e devidamente.
DESCULPA CORPO, dei-te prazer ignorante
Que se tornou em não-prazer.

DESCULPA PALAVRA por TE AMAR arrebatadoramente.
Espero que não te canses, porque tu és eu.
DESCULPA CANETA por te esmagar,
Mas nada eu seria sem ti.
DESCULPA PAPEL por te riscar,
Escrevo-te palavras que me exprimem
E necessito de ti para me criar.

DESCULPA NOITE por te incomodar com a luz do meu quarto…
DESCULPA DIA pela mesma-outra luz…

Peço DESCULPA por ser ingrato
Por ser um não-retrato
Por ser plangente sem motivo
Por ser alegre e não o ser, mas sê-lo sem saber.

DESCULPA,
Por ser o que tenho
Por ter o que sou.
Já fui um, insisto em ser outro
Continuo a mudar e, de repente, tudo mudou.
por vezes sentimos a necessidade absoluta de pedir desculpa pelos erros que cometemos, pelas coisas (tantas coisas) que deveriamos fazer e não fazemos, simplesmente, porque nos arrependemos dos nossos actos e nos queremos - a todo o custo - redimir...
 
DESCULPAS (o não-dito)

Porque TE AMO

 
Para lá do palpável,
Existe uma verdade forte e incontrolável...
Uma entidade desconhecida,
Incapaz de ser medida...
É algo absoluto, intransigente e único!
Faz-me ver-Te e ter-Te e querer-Te
A todo o instante e em toda a parte.
Mantem-Me vivo, mantem-Te em Mim...
Aprisiona-Nos num pedaço infinito de loucura e obsseção,
Caça-Nos num imenso propósito comum,
Impulsiona-Nos para um horizonte próprio de rara dimensão,
Amarra-Nos numa sede crónica de sermos UM.

E como é Inacreditável e Bom!
Ó como é Célebre e Nobre e Puro e Honesto!
Desejo-te sem fim
Para quebrares o luar sujo do meu céu
E Me segurares, como um mendigo, Porque sou TEU.

Promete-Me que Me ofereces o que és,
Dar-Te-ei os limites da Minha mente,
Dar-Te-ei as sombras do Meu ser espalhadas em Ti,
Dar-Te-ei pelavras (Porque Elas são Eu),
Dar-Te-ei o tempo,
Dar-Te-ei Vida,
Até que cesse o que tenho para Te dar.

AMOR: um sinal da magnanima altitude de NÓS.
Sim, é AMOR, AMOR, porque Te Quero e Desejo e Amo!
E sinto-Me mísero por só Te Amar.
Melodias gastas falam Dele
Manuscritos ancestrais dão-Lhe fama
Eu concedo-Lhe Vida!
A Minha e a Tua existência atiradas de uma cascata para a luz,
Não A queremos, não carecemos Dela...
TEMO-NOS e isso basta, porque o AMOR a ele nos chama!
palavras vãs para definir a multitude de rasgos na alma que o AMOR nos provoca... Mas eu AMO, AMO-TE, e isso é imensamente Belo e Mágico e Profundo... Para quem sabe o que é AMAR...
 
Porque TE AMO

Quando Olho e Choro é Porque Vivo e Amo

 
Olho à minha volta!
Vejo tanto e tão Belo...
A calma do omnipotente Céu
O verde-vida das Paisagens imponentemente vivas
Onde brota a pureza dos Leitos húmidos,
A cristandade dos seres animados,
A primazia do Rochedo quedo e inerte...

E por Olhar,
Choro!
Choro, Berro, Grito e Derramo!
Lágrimas de Alegria
Lágrimas de Tristeza
Lágrimas de Amor
(Sim! de Amor e de Amar!)
Umas atrás das outras...
Que escorrem pela pele seca da minha face,
Todas na corrida ao encontro do vértice modal
E desaparecem!
Esmagam-se, Infiltram-se, Evaporam-se e Renascem.

E por Chorar,
Olho!
Olho, Observo, Contemplo e Reparo!
Tudo é incrivelmente Belo e dolorosamente Mágico.
Vou Viver (talvez a Olhar e a Chorar e a Chorar e a Olhar)!
Mas vou Viver!
Viver a Amar!
Porque o Mundo requer uma constante apreciação... Somos seres que vivem, que olham, que choram, que amam, isto porque somos seres feitos para existir, para contemplar, para sofrer, para viver! A Beleza da Vida e todo o seu Magnânimo Esplendor!!
 
Quando Olho e Choro é Porque Vivo e Amo

Como Dói Ser Miserável!

 
Olho para mim...
Sou um mero objecto renegado.
Sou um quê e um nada.
Sou um triste pobre ser desamparado.
Onde me guias luz da minha estrada?

Para alguns amigo, humano até mais não;
Para outros farrapo onde se limpam as mãos sujas de esplendor.
Ignorado e alienado, sem rumo nem rumor...
Serei eu um simples calado corrompido pela podridão?!

Porque me matam os bons rebeldes?
Porque me enchem de ódio e amargura?
O meu mundo desaba, lentamente,
E com ele da terra se vai a doçura
Com que olhava para esta gente.

Mas sei que sou um zero errante,
Um cobarde que não vive com medo de chorar.
Sou um espelho não humilde como dantes,
Uma alma tão terrena que já as ofensas a podem alcançar!

Como padeço, já se arrasta o tempo silencioso.
Já não ajusto velas como o realista.
Estou louco por entrar em desespero
Sem nada, nem uma misera pista!...

Mas que Te faço, Deus? Que vergonha!
Existes? Ou também acabo estás?
Ouve e sente o que este simples sonha...
Embora não sintas nem ouças, serás disto Tu capaz?

Por cá, esquecido, vou morrendo...
Mas as lágrimas secam rápido, ao sofrer já me habituei.
Olha por outros que Te vão querendo.
Tu não me aceitas (igual a todos!) bem o sei!
 
Como Dói Ser Miserável!

À Procura do Poeta e da Vida no meio dos Peixes

 
O que o Mundo diz não se escreve nem se tem em conta!
E o que os Homens fazem também não!
Então, que tenho eu a dizer se não que está calor
Um calor monstruosamente tremido e gélido?!
E que me doem as pernas e os músculos e os olhos!
E que me dói a mente a alma e o Ser!
Mas eu não sou…
E se sou, desculpem mas Não Quero Ser!
E o Resto?
O Resto apenas É!
E embora eu não saiba o que É nem o que Foi e muito menos o que virá a Ser,
É, apenas, e É-lo muito!

Vejamos e digamos:
Estou enviesadamente e inteiramente disperso!
Porque o Resto foi e eu não fui, tentei, mas não deu!
E só comigo, vim buscar o aconchego de um Poeta…
Poeta, na poderosa e imbatível essência de o Ser!
Virei-me de costas para não o importunar…
(Os Imortais merecem e regurgitam-se com o seu altar!)
E defronte à beleza parada da Vida frenética envolvente,
Mergulho com os Peixes da água podre!
E como é estrondosamente belo o Mundo visto do verde-sujo!
Pedi aos Peixes para nadar com eles no Nada que Tudo possui
(Sim, porque Tudo o que carecem, têm, sem querer ter mais)
Mas rejeitaram-me!
São estranhamente inteligentes e eu percebo-Os:
Para quê um negro gasto em redor de tanta Vida?!
Obrigo-me a apoiá-Los e retorno ao Poeta Imortal.
(Que ironicamente vê apenas o que lhe mostram…)
Mas eu invejo-o.

Ó Poeta deixa, por isso, que eu me enterre junto de ti
E possa, desta forma, reaver o raio de Vida e do Sonho que hoje perdi!...

Há momentos na nossa efémera passagem por determinados locais, em que nos dá vontade de lá permanecer indefinidamente... Foi o que me aconteceu, no meio primeiro dia de aulas do ensino superior, quando tudo parecia virado contra mim, num único propósito, que era enterrar-me. Estava exausto e cheio de uma enorme dor interior. Encontrei, subitamente, o Jardim da Cordoaria no Porto, onde existe um lago e uma estátua de António Nobre (um dos poetas realmente POETAS) e perdi-me naquele local. Daí resultou este poema... Um profundo retrato do momento que vivi compulsivamente! 25 Setembro 2006
 
À Procura do Poeta e da Vida no meio dos Peixes

Para Sempre, Sem Limites

 
Sinto-me preso dentro de Ti...
Não preso, mas espalhado por todo o Teu ser.
Sinto-me a perfurar o Teu olhar como por osmose
E a navegar livremente na plenitude do Teu interior.
Sinto-me miraculosamente vivo
Porque me dás oxigénio e ma dás sangue e me dás Amor.
Sinto-me inteiro por ser Tu e por Tu seres Eu,
Por ambos colidirmos no mesmo fundo de Nós!
Sinto-me a viajar numa preciosa locomotiva de sentimentos
Embrulhados em doces e intermináveis elogios de paixão...
Sinto-me a ter-Te em mim incessantemente
E a amar-Te em loucura e vastidão!
Sinto-me amado nos Teus olhos cor de vida,
Nos Teus lábios sabor de mel, no Teu corpo belo e meu,
Porque Tu a mim Te deste e Eu a Ti me dei.
Sinto-me a perder o controlo por estar colado a Ti
E a deixar-me inundar pelo arrepiar doce da nossa pele...
Sinto-me com uma garra que só o Amor fornece
Para lutar sem interrupção,
Embora o fim para o qual luto seja Amar-Te em perdição!
Sinto-me Teu, apenas Teu, só Teu...
Sinto, sinto mais, infinitamente mais
E sei que ñão vou nunca parar de sentir!

Sinto o Teu toque, que é o meu amparo divino e me protege!
Tento retribuí-lo e sinto-Te consumido em mim!
Não percas de vista o Farol que tem toda a Luz para Te guiar,
Ele está aí, sempre aqui, para sempre em Ti.
Nem tempestades nem furacões o farão abandonar-Te,
Porque mais do que vitórias, mais do que vida e mais do que Tudo,
As minhas certezas se espraiam na Beleza do Amar-Te!

Todo o que sinto por ti é eterno meu amor!
Este poema descrever nas minhas palavras, os meus/teus sentimentos...
 
Para Sempre, Sem Limites

Uma Sombra Triste

 
Quem nunca presenciou o grito da sombra?
Aquela tristeza que nos transporta para um tempo transcendente...
Um tempo onde as verdades se deleitam com mentiras.
Um tempo de um clarão escuro que consome a beleza harmoniosa do Templo que é o Ser.
Uma tristeza pura e ingénua.
A perfeita amante das lágrimas...
O grito da sombra transformado
em pó
em água
em dor
em dissabor.

Um Grito? Não...
Um suspiro...
Uma eterna desventura plantada no profundo recanto do Ser que é um Monstro.
Mas a tristeza não é uma viagem sem viajante.
Fica à espera, ancorada ao sabor da memória.
Um momento, há, em que se solta e perpetua o silêncio.

Aí, a página é rasgada.
Destruída.
Feita puzzle.
Dão-lhe mais peças os gloriosos;
Deixam-na incompleta os macábros que fazem das palavras amargas o seu alimento.

Mas a sombra, não se evapora...
Não é Luz. Quiçá Vida!
Vai-se com o apodrecer dos ossos
E, contudo, permanece.
quando nos apetece gritar, berrar com toda a força, a todo o mundo, que a vida já não é vida, que o ser já não é ser... e, por isso, apenas suspiramos...
 
Uma Sombra Triste

Masmorra com Ventoinhas e Chocolate

 
Já fui tanto e sou tão pouco...
Deixo-Me plantado na Masmorra do pensamento
Em ocasiões dispersas e plenas de Luz.
Estou estupidamente sentado.
Como se o Universo se desse a adivinhar na palma de um ecrã vazio;
Mas aproveito a calma que Me rodeia
E crio barras de pontos e linhas azuis
Que tentam exprimir categoricamente que o Ser Humano é um tonto!

Seremos, Nós, Ventoinhas fáceis, iguais a tantas, mas preciosas para tantos e lerdas para tantos outros?
A Ventoinha é um objecto estranho.
Vemo-La como esquife em tempos duros,
Em tempos em que se vira inútil e, por isso, arrumámo-la a um canto.
De súbito, vemo-La como a maravilha dos tempos modernos,
Indiferentemente enigmática, mas vital!
E o que somos Nós?
Ventoinhas.
Todos gémeos de rascas e meras Ventoinhas!
Não servimos para nada quando nos é viável dar tudo do todo de Nós,
Sendo, em contrapartida, achados valiosos, quando nos sentimos já gastos e escusados.

É a mania da Nova Era:
Usar, re-Usar, voltar a Usar e Usar compulsivamente até à exaustão,
Para, depois, colocar cuidadosamente na prateleira horizontal e infinita do esquecimento.

Mas já é Tarde para modelar barro podre e oco.
Já é Tarde para condecorar os tesouros desperdiçados na areia.
Já é Tarde para Amar paredes discretas de harmónica simetria e precisão únicas.
Já é Tarde para escrever...
Parto o último pedaço de Chocolate
(Um prodígio de Sempre,
Que concede o maior dos prazeres de Sempre,
Mesmo sabendo-o perdido para sempre)!
Fecho a Masmorra, vou-Me deitar...
Quando o que nos rodeia parece adquirir mais sentido do que o próprio sentido do sem-sentido...
 
Masmorra com Ventoinhas e Chocolate

O Meu Todo Para o Nada dos Outros

 
Tento dar folgas à virtude de ser tantos,
Que a linha limítrofe que os separa
Acabou por reduzi-los a um Todo pseudo-poderoso.
É esse Todo que me converte em Mim,
Me faz serrar o ventre do pensamento
E atingir a imundice plena de carrasco indecente!

Cometo deliciosos crimes de arcanjo imprudente
Que me rasgam em horripilante e fantástico
E me fornecem um misterioso prólogo...

(Para os que demais de Mim queiram desvendar!)

Pena Eles não terem Olhos para Ver o que os Olhos não vêem
E Eu ter asas para Os fazer Ver o que Eles não pensam Ver.
É que ,afinal, Olhos que vêem todos Eles têm,
Mas Olhares que vêem além do permitido Ver, nenhum Deles há-de ter!

E sou astro fugitivo
E sou nevoeiro incandescente
E sou água em movimento
E sou ouro intermitente
E sou E sou E sou!...

Ninguém me lê o prólogo,
Ninguém me aperfeiço-a o pensamento,
Ninguém me nota os crimes,
Ninguém me desvenda...

Continuo a ser o Todo, o arcanjo e o fantástico.
Só Assim!
Porque os demais são tão poucos e tantos
Que os meus seres se declaram derrotados
Pelos seres Deles, largos e sacrossantos!
 
O Meu Todo Para o Nada dos Outros

Viver na Verdade para ser Salva a Mentira

 
No lugar dos passos,
Todos se perdem pelo orgasmo...
Da palavra.
No mundo dos hipócritas,
Todos escrevem estilhaços
(coisas que a Natureza lhes lavra).
No Universo dos eu-nós
Todos são altruístas do sarcasmo
Acabando num pranto
Onde não ficam sós.

Estes livram-se da morte!
Aqui, ninguém é a verdade.
Cada um sua sorte,
Cada um sua realidade:
A realidade dos pobres sem destino,
A realidade dos desgraçados ao acaso
que encontram nadas saborosos...
Os nobres mentirosos!
Seguem e sua liberdade,
Onde sempre prostrados esperam
Ansiosos, o que nunca tiveram...
Esperam deixar de hipócritas ser,
Esperam livrar-se do sarcasmo
Esperam esquecer os eremitas
Repletos de um estranho entusiasmo
que viram a Desgraça acolher.

Conduzidos pela verdade mentirosa
Estes tristes felizardos vão para o céu
E pela vida enganosa
Tomam o lugar que seria O meu!

E agora, onde eu fico?
Passo por vil e ladrão,
Coisa que em vida não fui.
Mas, se me tivessem antes dito,
Ao invés de seguir a razão
Com medo do céu - que é um mito -
Dar-lhe-ia maior proveito
(Àquilo tudo que deixei feito!)

E, deste modo, acabou-se tudo.
Um tudo parecido ao mar:
Que sempre e até ao fim vive mudo,
Mas tanto, tanto diz sem falar.
 
Viver na Verdade para ser Salva a Mentira

À Procura do Poeta e da Vida no meio dos Peixes

 
O que o Mundo diz não se escreve nem se tem em conta!
E o que os Homens fazem também não!
Então, que tenho eu a dizer se não que está calor
Um calor monstruosamente tremido e gélido?!
E que me doem as pernas e os músculos e os olhos!
E que me dói a mente a alma e o Ser!
Mas eu não sou…
E se sou, desculpem mas Não Quero Ser!
E o Resto?
O Resto apenas É!
E embora eu não saiba o que É nem o que Foi e muito menos o que virá a Ser,
É, apenas, e É-lo muito!

Vejamos e digamos:
Estou enviesadamente e inteiramente disperso!
Porque o Resto foi e eu não fui, tentei, mas não deu!
E só comigo, vim buscar o aconchego de um Poeta…
Poeta, na poderosa e imbatível essência de o Ser!
Virei-me de costas para não o importunar…
(Os Imortais merecem e regurgitam-se com o seu altar!)
E defronte à beleza parada da Vida frenética envolvente,
Mergulho com os Peixes da água podre!
E como é estrondosamente belo o Mundo visto do verde-sujo!
Pedi aos Peixes para nadar com eles no Nada que Tudo possui
(Sim, porque Tudo o que carecem, têm, sem querer ter mais)
Mas rejeitaram-me!
São estranhamente inteligentes e eu percebo-Os:
Para quê um negro gasto em redor de tanta Vida?!
Obrigo-me a apoiá-Los e retorno ao Poeta Imortal.
(Que ironicamente vê apenas o que lhe mostram…)
Mas eu invejo-o.

Ó Poeta deixa, por isso, que eu me enterre junto de ti
E possa, desta forma, reaver o raio de Vida e do Sonho que hoje perdi!...

Há momentos na nossa efémera passagem por determinados locais, em que nos dá vontade de lá permanecer indefinidamente... Foi o que me aconteceu, no meio primeiro dia de aulas do ensino superior, quando tudo parecia virado contra mim, num único propósito, que era enterrar-me. Estava exausto e cheio de uma enorme dor interior. Encontrei, subitamente, o Jardim da Cordoaria no Porto, onde existe um lago e uma estátua de António Nobre (um dos poetas realmente POETAS) e perdi-me naquele local. Daí resultou este poema... Um profundo retrato do momento que vivi compulsivamente!
 
À Procura do Poeta e da Vida no meio dos Peixes

Quatro Minutos e a Letra C

 
Tudo se conjura para a felicidade máxima:
Duas Almas, estranhas aos comuns mortais ingénuos,
Encontram-se invejavelmente unidas até à medula óssea.
Catapultam de um para o outro
Cristalinas delícias de monges e mundanos
E dão nós ao seu coração para se atarem eternamente!

Mas eis que cometas de vida
Se podem transformar em Bomba de destruição.
E, por isso, a riqueza amargamente conquistada
Deixa-se perder no túnel impenetrável do desassossego!
Surgem bancos espremidos pelas barras verticais de betão,
Às quais se entrelaçam postes projectando luz esguia e vã.
Onde se encostam esqueletos apalermados
(Lutando entre si pela atenção merecida aos olhos do Superior)!

Ao mesmo tempo, nesta pintura, as Duas Almas,
Cobertas pelo odor pungente da família industrial
E atacadas pela pureza putrefacta da água vinda do nada imenso,
Acanham-se ao desespero da aborrecida sociedade feita ao segundo!
Pasmam-se com a porcaria da produção do Homem moderno
E pasmam-se ainda mais com a incapacidade de organizar uma contra-ofensiva eficaz dirigida ao inimigo.
Acabam por render-se!

Porém, as Bombas de destruição podem, também elas,
Converter-se em resgates do Herói da vida.
E a porcaria que é o Consumo e o Tempo
Vê-se incapaz de abranger e atingir os não-apalermados.
(Jóias raras neste espaço que se desmorona e desfaz)!

E, assim, as Duas Almas salvaram-se da Modernidade
E receberam como prémio o bafo da felicidade máxima
Que jamais lhes será usurpada
Mas que continuará a ser por muitos invejada!
à partida um título não tem necessariamente expressa a vontade do poeta: decifrem-no!
 
Quatro Minutos e a Letra C