Dor de Não Saber Amar (Perdoa-me Meu Tudo!)
Meu Amor, como me dói o coração!
Foi tão inconsciente e tão desonesto contigo!
Não soube Amar, não soube estar à altura do nosso Amor!
Tu não merecias nada do que eu e fiz…
Como posso voltar a ser o teu amor e os teus olhos?
Talvez agora te repugne, mas não te posso abandonar!
Tu não podes nunca me abandonar!
És o meu mundo, o mundo que nunca tive
E do qual não soube cuidar e dar o devido valor.
Quero-te tanto ao meu lado,
Agarrar o teu corpo e viver só com ele,
Sentir o teu cheiro e o teu amor agarrado a ele!
Não te posso perder nem abdicar de ti, porque te amo!
Eu amo-te!
Amo o teu ser que é maravilhoso e único
Amo os teus lábios e os teus olhos e a tua expressão
Amo a tua pele e o teu sorriso e os teus gestos
Amo todos os momentos que me dás e me ofereces
(Tantos, tanto acima dos que eu te deveria dar)!
Amo tudo o que tu és e tudo o que tu fazes!
Sei que estás magoado e que talvez neste momento me odeies
Mas não consigo sequer imaginar-me a viver sem Ti, o Meu Amor!
Foi o meu acto mais estúpido, um atentado a tudo o que sinto por ti
E as palavras que me saem
Não serão nunca suficientes para exprimir o meu arrependimento
E para que saibas a vontade louca que tenho
De te beijar e abraçar e amar.
Mas perdoa-me, és tudo o que eu mais quero!
És o que eu preciso para ter vida e ser feliz…
Perdoa-me Meu porto, Meu mundo, Meu Amor!
Deixai-Me Viver, ó Malditos!
Malditos sejais!
Todos vós, habitantes do poço da ignorância!
Võs não Me conheceis!
Não julgueis que Me conheceis, seus erros humanos!
Insistis em tornar-me aberração num planeta aberrante,
Num mundo que vós mesmos desabaste...
Destroís-Me os sonhos, a paz, a vida,
Não que a vida, a paz ou os sonhos se destruam com as vossas palavras,
Mas porque a minha Cobardia vos dá ponte para avançar.
Sois belos monstros, ó monges do Diabo!
Sois o que o Diabo, ele próprio, nunca será.
E sois saudáveis dementes, ó criações da Maldição!
Sois o que a Maldição anteveu que o Diabo fosse,
Mas que jamais será,
Porque já existis vós, ó estafermos!
Matai-Me!
Crucificai-Me!
Elevai-Me aos Infernos!
Já o fizeste tantas vezes, repeti-o uma última vez...
Matai-Me!
Não que eu viva ainda, mas para não lhe perder o sentido.
Acabai comigo...
E arrecadai, juntos, a vitória da luz negra do não-ser.
Sim! Porque vós não sois.
E se sois, sois meras tentativas falhadas de Ser!
Deixai-Me Ser, então!
Deixai-Me Viver!
Comei o vosso cérebro, se é que o possuís...
Mas não alimenteis a vossa sombra com a minha Cobardia!
Deixai-Me Ser!
Não Me leveis a Vida que eu não amo,
A mesma Vida que não posso amar,
Mas a Vida da minha crónica existência!
Deixai-Me!...
Deixai-Me no meu marasmo, na minha sorte...
Não preciso de vós, ó inutéis, para Me aniquilar.
Já me basta, para isso, a Só Minha Querida Morte!
Quando Tudo o que nos rodeia, parece mergulhado num abismo de tal forma profundo, que Tudo isso nos é abominável! Quando Odiámos todo e qualquer ser por não respeitar os nossos Sonhos, as nossas Formas de Estar e de Ser, o nosso EU... Quando os Outros são apenas Outros, porque não Chegam a ser Alguém
DESCULPAS (o não-dito)
Chega-te perto de mim, senta-te e ouve:
Quero pedir DESCULPA.
DESCULPAS de mim para mim e para os outros e para tudo.
DESCULPA MÃE por te inventar,
Por não ser eu contigo e ser outro,
DESCULPA pelas palavras que não te digo,
Pelos carinhos que não te dou:
Eles são todos teus por direito.
Deste-me vida, deste-me a tua vida
E eu não agradeci!
DESCULPA MÃE por não te mostrar o valor que tens para mim,
És tão grande em mim,
Devo-te uma mão cheia de tudo, AMO-TE.
DESCULPA PAI por não te ajudar, mas não posso.
Dás tanto de ti aos outros
Que te esqueces que os outros precisam mais de ti do que tu deles.
DESCULPA PAI pela gratidão que nunca te mostrei.
OBRIGADO, também TE AMO.
DESCULPA VIDA por não te viver!
Por te ansiar em demasia
E por te desperdiçar em exagero.
DESCULPA MEU AMOR pelas DESCULPAS que não te pedi…
DESCULPA por não manifestar o meu apego total a tudo o que é teu e a tudo o que tu és!
Sabes que TE AMO em ardor máximo, até não poder mais!
DESCULPA CORPO por te utilizar abusivamente.
Fui um fraco, um semi-homem-garagem…
Devolve-me o vigor para te usar pausada e devidamente.
DESCULPA CORPO, dei-te prazer ignorante
Que se tornou em não-prazer.
DESCULPA PALAVRA por TE AMAR arrebatadoramente.
Espero que não te canses, porque tu és eu.
DESCULPA CANETA por te esmagar,
Mas nada eu seria sem ti.
DESCULPA PAPEL por te riscar,
Escrevo-te palavras que me exprimem
E necessito de ti para me criar.
DESCULPA NOITE por te incomodar com a luz do meu quarto…
DESCULPA DIA pela mesma-outra luz…
Peço DESCULPA por ser ingrato
Por ser um não-retrato
Por ser plangente sem motivo
Por ser alegre e não o ser, mas sê-lo sem saber.
DESCULPA,
Por ser o que tenho
Por ter o que sou.
Já fui um, insisto em ser outro
Continuo a mudar e, de repente, tudo mudou.
por vezes sentimos a necessidade absoluta de pedir desculpa pelos erros que cometemos, pelas coisas (tantas coisas) que deveriamos fazer e não fazemos, simplesmente, porque nos arrependemos dos nossos actos e nos queremos - a todo o custo - redimir...
Porque TE AMO
Para lá do palpável,
Existe uma verdade forte e incontrolável...
Uma entidade desconhecida,
Incapaz de ser medida...
É algo absoluto, intransigente e único!
Faz-me ver-Te e ter-Te e querer-Te
A todo o instante e em toda a parte.
Mantem-Me vivo, mantem-Te em Mim...
Aprisiona-Nos num pedaço infinito de loucura e obsseção,
Caça-Nos num imenso propósito comum,
Impulsiona-Nos para um horizonte próprio de rara dimensão,
Amarra-Nos numa sede crónica de sermos UM.
E como é Inacreditável e Bom!
Ó como é Célebre e Nobre e Puro e Honesto!
Desejo-te sem fim
Para quebrares o luar sujo do meu céu
E Me segurares, como um mendigo, Porque sou TEU.
Promete-Me que Me ofereces o que és,
Dar-Te-ei os limites da Minha mente,
Dar-Te-ei as sombras do Meu ser espalhadas em Ti,
Dar-Te-ei pelavras (Porque Elas são Eu),
Dar-Te-ei o tempo,
Dar-Te-ei Vida,
Até que cesse o que tenho para Te dar.
AMOR: um sinal da magnanima altitude de NÓS.
Sim, é AMOR, AMOR, porque Te Quero e Desejo e Amo!
E sinto-Me mísero por só Te Amar.
Melodias gastas falam Dele
Manuscritos ancestrais dão-Lhe fama
Eu concedo-Lhe Vida!
A Minha e a Tua existência atiradas de uma cascata para a luz,
Não A queremos, não carecemos Dela...
TEMO-NOS e isso basta, porque o AMOR a ele nos chama!
palavras vãs para definir a multitude de rasgos na alma que o AMOR nos provoca... Mas eu AMO, AMO-TE, e isso é imensamente Belo e Mágico e Profundo... Para quem sabe o que é AMAR...
Quando Olho e Choro é Porque Vivo e Amo
Olho à minha volta!
Vejo tanto e tão Belo...
A calma do omnipotente Céu
O verde-vida das Paisagens imponentemente vivas
Onde brota a pureza dos Leitos húmidos,
A cristandade dos seres animados,
A primazia do Rochedo quedo e inerte...
E por Olhar,
Choro!
Choro, Berro, Grito e Derramo!
Lágrimas de Alegria
Lágrimas de Tristeza
Lágrimas de Amor
(Sim! de Amor e de Amar!)
Umas atrás das outras...
Que escorrem pela pele seca da minha face,
Todas na corrida ao encontro do vértice modal
E desaparecem!
Esmagam-se, Infiltram-se, Evaporam-se e Renascem.
E por Chorar,
Olho!
Olho, Observo, Contemplo e Reparo!
Tudo é incrivelmente Belo e dolorosamente Mágico.
Vou Viver (talvez a Olhar e a Chorar e a Chorar e a Olhar)!
Mas vou Viver!
Viver a Amar!
Porque o Mundo requer uma constante apreciação... Somos seres que vivem, que olham, que choram, que amam, isto porque somos seres feitos para existir, para contemplar, para sofrer, para viver! A Beleza da Vida e todo o seu Magnânimo Esplendor!!
Como Dói Ser Miserável!
Olho para mim...
Sou um mero objecto renegado.
Sou um quê e um nada.
Sou um triste pobre ser desamparado.
Onde me guias luz da minha estrada?
Para alguns amigo, humano até mais não;
Para outros farrapo onde se limpam as mãos sujas de esplendor.
Ignorado e alienado, sem rumo nem rumor...
Serei eu um simples calado corrompido pela podridão?!
Porque me matam os bons rebeldes?
Porque me enchem de ódio e amargura?
O meu mundo desaba, lentamente,
E com ele da terra se vai a doçura
Com que olhava para esta gente.
Mas sei que sou um zero errante,
Um cobarde que não vive com medo de chorar.
Sou um espelho não humilde como dantes,
Uma alma tão terrena que já as ofensas a podem alcançar!
Como padeço, já se arrasta o tempo silencioso.
Já não ajusto velas como o realista.
Estou louco por entrar em desespero
Sem nada, nem uma misera pista!...
Mas que Te faço, Deus? Que vergonha!
Existes? Ou também acabo estás?
Ouve e sente o que este simples sonha...
Embora não sintas nem ouças, serás disto Tu capaz?
Por cá, esquecido, vou morrendo...
Mas as lágrimas secam rápido, ao sofrer já me habituei.
Olha por outros que Te vão querendo.
Tu não me aceitas (igual a todos!) bem o sei!
À Procura do Poeta e da Vida no meio dos Peixes
O que o Mundo diz não se escreve nem se tem em conta!
E o que os Homens fazem também não!
Então, que tenho eu a dizer se não que está calor
Um calor monstruosamente tremido e gélido?!
E que me doem as pernas e os músculos e os olhos!
E que me dói a mente a alma e o Ser!
Mas eu não sou…
E se sou, desculpem mas Não Quero Ser!
E o Resto?
O Resto apenas É!
E embora eu não saiba o que É nem o que Foi e muito menos o que virá a Ser,
É, apenas, e É-lo muito!
Vejamos e digamos:
Estou enviesadamente e inteiramente disperso!
Porque o Resto foi e eu não fui, tentei, mas não deu!
E só comigo, vim buscar o aconchego de um Poeta…
Poeta, na poderosa e imbatível essência de o Ser!
Virei-me de costas para não o importunar…
(Os Imortais merecem e regurgitam-se com o seu altar!)
E defronte à beleza parada da Vida frenética envolvente,
Mergulho com os Peixes da água podre!
E como é estrondosamente belo o Mundo visto do verde-sujo!
Pedi aos Peixes para nadar com eles no Nada que Tudo possui
(Sim, porque Tudo o que carecem, têm, sem querer ter mais)
Mas rejeitaram-me!
São estranhamente inteligentes e eu percebo-Os:
Para quê um negro gasto em redor de tanta Vida?!
Obrigo-me a apoiá-Los e retorno ao Poeta Imortal.
(Que ironicamente vê apenas o que lhe mostram…)
Mas eu invejo-o.
Ó Poeta deixa, por isso, que eu me enterre junto de ti
E possa, desta forma, reaver o raio de Vida e do Sonho que hoje perdi!...
Há momentos na nossa efémera passagem por determinados locais, em que nos dá vontade de lá permanecer indefinidamente... Foi o que me aconteceu, no meio primeiro dia de aulas do ensino superior, quando tudo parecia virado contra mim, num único propósito, que era enterrar-me. Estava exausto e cheio de uma enorme dor interior. Encontrei, subitamente, o Jardim da Cordoaria no Porto, onde existe um lago e uma estátua de António Nobre (um dos poetas realmente POETAS) e perdi-me naquele local. Daí resultou este poema... Um profundo retrato do momento que vivi compulsivamente! 25 Setembro 2006