Poemas, frases e mensagens de Josafá

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Josafá

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Mãe...

 
Entre um olhar de repreensão
E as palavras de carinho
Entre uma dura pelo erro cometido
E a vibração de uma vitória conquistada,
Entre a lágrima de desespero,
E o grito de comemoração
A cada instante
O pulsar do coração de uma mãe
Acompanha o filho.

Mesmo quando não queremos,
Mesmo quando achamos inoportuno,
Lá está ela com um sorriso,
Um olhar, algumas palavras...

Seu coração aflito
Muitas vezes pulsa no tic-tac do relógio
Aguardando a volta do filho que saiu,
Contando as horas de viagem do filho distante,
Esperando o momento de dar um carinhoso abraço

Mãe...
Obrigado por tudo o que és em nossas vidas
Perdoe-nos
Por muitas vezes não te compreendermos
Por às vezes ignorarmos seus sábios conselhos,
Por pensarmos que por termos crescido
Podemos caminhar sozinhos
Por às vezes sermos tão rudes e cruéis
Quando na verdade mereces
Toda veneração de nossa parte.
E que teu coração de mãe
Esteja sempre feliz,
Não porque somos perfeitos,
Mas porque cumpres com destreza de rainha
A tarefa sublime de SER MÃE.

Josafá Gomes Pereira
 
Mãe...

Desejos

 
DESEJOS

Chamei por você quando na alma inundada
A angústia cobria o céu
E as estrelas, todas elas.
Se recusavam a mostrar seu brilho
Não obstante as luzes e a multidão
Me sentia no escuro e totalmente só

Desejei estar com você
Envolto em teus braços
Sentir o teu calor
Aquecendo meu coração gelado
Ou simplesmente estar aos teus pés
Como um escravo à disposição da Rainha

Esperei-te um dia ansiosamente
O coração pulsava com a idéia da tua presença
Tudo o que fiz naquele dia.
Foi pensando na tua chegada
Não vieste, entendi teus motivos.
O coração, porém, chorou.

Assim as lembranças me atordoam o peito
Nossas conversas e confidencias
Nossa história, ironia do destino,
Semelhante, porém distante.
Nossa música...
Os sinais se confundem
E no fundo, por dentro te adoro.

Mas hoje desejei te ter em meus braços
Te tocar como nunca o fiz
Quem sabe assim entenderíamos
Porque a mesma música nos toca a alma
Porque toda vez que você não responde me sinto ignorado
E a cada reencontro, ainda que virtualizado,
Me atrapalho todo diante de você

Vivo, então este Amor platônico.
Desejando ardentemente tua felicidade
E que um dia eu também a encontre

Josafá Gomes Pereira
06/07/2008
 
Desejos

Se...

 
Se...

E se a vida me desse outra chance...
E você sentisse no peito o mesmo que sinto agora pulsando forte...
Se eu pudesse sentir de novo o teu perfume suave e envolvente...
E pudesse ver no fundo dos teus olhos a minha imagem reduzida
A contemplar na doçura do teu olhar o rosto de um anjo...
Ouviria tua voz...
Ouviria o som dos teus lábios ao se abrirem,
E então, e só então a tua voz...com seu tom suave carioca
A me dizer qualquer coisa...
Qualquer coisa que eu pudesse ouvir...

Embeberia minha alma com o despertar dos sentimentos mais profundos
Adormecidos pela tua ausência...
Tocaria tuas mãos,
Aquelas mesmas mãos, suaves e frágeis...
Que gotejavam, não suor nem água...
Mas destilavam sim um delicioso perfume de rosas...
Com o mesmo aroma da tua pele morena...

Cantaríamos juntos uma música que seria a nossa canção...
Já faz algum tempo que não te ouço cantar,
E ouvir novamente seria simplesmente, maravilhoso!!
Se estou te dizendo tudo isto hoje, é porque tive outra chance de dizer
Dizer que você sempre esteve e sempre vai estar no meu coração...
Haja o que houver...
Mesmo que eu nunca tenha chance...
Te Amo!!

Josafá Gomes Pereira
04/04/2007
 
Se...

A Morte do Poeta

 
A Morte do Poeta

São três horas da tarde, o Sol escaldante brilha no céu, um calor infernal.

...

Na praça central da cidade algumas pessoas. Um dia tranqüilo e calmo em Mind. A maioria da população vive na boemia, trabalham quando dá na teia ou quando são obrigados a fazê-lo.

Um pequeno grupo se forma, o Marceneiro, o Serralheiro e o Guarda conversam: - Viram o Poeta hoje? - Pergunta o Marceneiro, que não sabia ainda dos boatos que já corria pela cidade. - O Poeta morreu! - Disse o Serralheiro como que admirando a desinformação do Marceneiro.

Na verdade ninguém sabe direito o que aconteceu, mas sabe-se por quase todas as bocas que o Poeta morreu.

É o começo do tumulto. Uns achavam que o Poeta havia morrido, outros diziam que havia viajado ou tinha simplesmente se trancado em casa.

O Guarda afirmou que o tinha visto há um mês, mas isto é muito tempo. Ele explicou ainda que quando viu o Poeta era de madrugada e ele andava pela Rua da Saudade no bairro da Esperança, parecia triste, pensativo. O cumprimentou, mas sem o entusiasmo de sempre.

...

O Poeta morreu! Morreu não, morreu? Morreu! Viajou! Está doente! Os tons das vozes iam aumentando quando o Jornaleiro chega e pergunta o motivo da reunião. Já é uma reunião, em Mind fazem-se reuniões na praça sempre que há emergências. Depois de indagar o motivo pediu a palavra, todos se voltaram para ele, ficou sem jeito, com um sorriso amarelo disse: eu vi o Poeta. Quando? Pergunta em coro a pequena multidão. - Foi..., não me lembro direito, mas foi na casa dele, acho que tem uns quinze dias. Nesse momento ele expressa tristeza e preocupação, o tom da sua voz se baixa e o burburinho começa novamente.

...

Quem viu ele morto? Ninguém viu! Mas não precisa ver! Alguém viu ele viajando? O bilheteiro da agencia de viagens disse que por lá ele não passara

...

Morreu mesmo! Morreu não! Está vivo por aí! Ele sempre some e depois aparece! Mas já faz muito tempo que ninguém o vê!

Chamaram o médico.

- Viu o Poeta?

- Vi. Responde ele prontamente.

- Quando?

Pergunta a inquieta turba.

- Deixe-me ver... A última vez que o vi foi quando ele consultou, foi...

- Quando!? Fala logo!...

- Faz tempo, uns três meses!

- Ah!!! Assim não dá!

O médico é um ancião, um dos mais velhos de Mind, usa barba, fala calmamente, é perito em resolver os pequenos problemas da população com seus chás e porções curativas. Conhecia bem o Poeta e sabia que ele não estava doente, mas não tinha a mínima idéia de onde ele estivesse. Voltou ao consultório para ver as últimas anotações feitas na fixa de acompanhamento do Poeta.

...

Em Mind é assim, todo mundo vive no mundo da lua. Ninguém sabe nada direito, principalmente quando envolve outras pessoas, mas tem uma coisa interessante em Mind, quando alguém precisa, todos se ajuntam para ajudar, não importa quem seja, toda a cidade se une para resolver problemas.

...

A reunião continuou na praça, e quanto mais pessoas se juntava, maior era o tumulto.

...

Mind é uma cidade pequena, porém nunca alguém se preocupou em contar seus habitantes, sabe-se, porém que não são poucos e a cada dia chegam novos habitantes. Essa população não é, como alguns pensam, seleta. Em Mind existem pessoas de todas as índoles e comportamentos. A diferença dessa cidade para todas as demais é que não existe diferença entre o juiz e o assassino, entre o ancião e a criança, entre a beata e a prostituta, entre o missionário e o traficante. Todos, sem exceção se respeitam, cada um se põe no seu lugar e desenvolve o papel que lhe é designado. Não existem prisões, penalidades. Todos os acontecimentos são tratados como fenômenos naturais e os “problemas” são revolvidos sem parcialidade ou favoritismo. Do menor ao maior, todos sabem dos deveres e dos direitos que lhe são designados ou atribuídos.

...

Morrer em Mind tem um significado singular, não existem cadáveres nem cemitérios, muito menos funerárias etc.

Mas antes de explicar a morte em Mind, deixem-me falar sobre o nascer.

Em Mind nascer é tornar-se visível assim ninguém chega em Mind velho, ao passar pelos portões de entrada o velho torna-se novo e é adotado por algum habitante sendo tratado com todas as regalias e cuidados necessários para o crescimento. Nenhuma criança lá vive nas ruas, todas são acolhidas e acima de tudo, são respeitadas, pois recebem dos adultos, todos os cuidados necessários para o desenvolvimento, desde conselhos e orientações à total liberdade de conhecer-se bem como conhecer outras pessoas. As relações entre os habitantes de Mind é prioridade, por isto, desde pequenos os mindianos aprendem que carinho é essencial e que o prazer pessoal é uma extensão do prazer coletivo.

Assim se nasce, assim se vive em Mind.

...

Se nascer é tornar-se visível, morrer é o inverso, tornar-se invisível, assim não há cadáveres, não há assassinatos, não há mortes por doenças ou outros males, a única forma de se morrer em Mind é tornar-se invisível, ou seja, deixar de se relacionar, isolar-se dos outros, desaparecer gradativamente. Quando isto começa a acontecer é o início da Morte. Ninguém morre da noite para o dia, a morte é um processo demorado e na maioria das vezes pode ser revertido. Apesar de ser um processo demorado, não é dolorido, pelo contrário, é uma das coisas mais agradáveis em Mind para quem se vai, mas para quem fica é sim desagradável pois cada habitante tem seu valor e é insubstituível.

Note-se, tornar-se invisível não é deixar de existir, a existência em Mind é eterna, logo morrer significa eternizar-se, cristalizar-se, não se vê mais, porém torna-se presente em tudo e em todos, daí ser agradável e prazeroso o morrer em Mind, pois esse é o único acontecimento no universo que permite a um único indivíduo estar presente em tudo e em todos ao mesmo tempo.

...

Voltemos ao Poeta.

...

Os registros do médico não ajudaram muito, o tumulto continuou e a cada momento mais pessoas se juntava na praça, todos com a intenção de ajudar a descobrir onde o Poeta se encontrava.

Chamaram o Professor, um homem concentrado, mas bastante extrovertido. Veio ele e algumas crianças, anda sempre assim, rodeado dos pequenos e curiosos mindianos.

Ao ser interrogado sobre o paradeiro do Poeta não soube dizer, tudo o que sabia era que há uma semana o Poeta havia se oferecido para ir à escola falar às crianças, depois disto nunca mais o vira.

No meio da conversa do Professor um dos seus alunos, o menor deles, levantou o bracinho pedindo para falar, ninguém o notou, continuaram conversando, cada um supondo algo, até que a criança disse:

- Eu vi o Poeta!

Alguém o ouviu.

- O que? Você viu o Poeta?

Todos se calaram e procuravam quem tinha dito que havia visto o Poeta.

Então o Professor, calmo e sereno como sempre, pegou o pequenino ao colo e lhe pediu que explicasse a todos onde e quando havia visto o Poeta.

Os pequenos mindianos são ávidos e atentos a tudo o que se passa e sempre estão alegres.

- Vi o Poeta amanhã!

Disse. Ainda confundia essas coisas do tempo.

- Deve ser ontem.

Disse o Professor que como ninguém conhece as crianças e serve sempre como interprete das idéias das mesmas.

- Eu estava brincando, continuou a criança, então ele passou e falou comigo, eu fiquei tão feliz, depois ele enfiou a mão no bolso e me deu isso. Disse repetindo o gesto do Poeta e tirando um pedaço de papel do bolso.

O Professor pegou o papel, cuidadosamente o abriu, era um bilhete pequeno, escrito à mão, a letra era mesmo a do Poeta, datava de três dias atrás. Todos ficaram apreensivos, até agora era o mais próximo que haviam chegado do Poeta desde que sentiram sua falta.

Então o Professor leu:

Queridos amigos,

Se estiverem lendo esse bilhete hoje é porque estão reunidos à minha procura. Fico feliz e agradecido por isto.

O motivo do meu desaparecimento vocês saberão quando me encontrarem.

Embora pareça absurdo para todos, mas eu saí da cidade.

Só conseguirei voltar se vocês me encontrarem e só poderão fazê-lo saindo também.

Não se preocupem. Saberão quando e como no momento certo

Um abraço a todos,

O Poeta

Além das palavras ninguém entendeu nada, nem mesmo o Professor que sabia muita coisa, de tudo ele conhecia um pouco, mas não conseguia entender porque o Poeta havia deixado aquele bilhete e nem essa história de “sair” da cidade.

Todos os habitantes de Mind vivem dentro dos termos da cidade. A maioria deles não tem conhecimento dos portões de saída, apenas sabem das entradas, mas existem outros dois de saída, porém poucos, quase ninguém conhece esses portões. Na verdade só quem já saiu sabe, mas até agora ninguém tem conhecimento de alguém que tenha saído e voltado.

...

Guardaram o bilhete e puseram-se a pensar: Quem poderia ter saído e voltado?

Fez silêncio na praça. A preocupação e a desesperança começavam a abater-se sobre Mind. O Poeta corria risco, agora sabiam onde ele estava, precisavam ajudá-lo, mas não sabiam como.

Ouviu-se ao longe o som de um violão e uma voz que cantarolava, era o Músico, vinha despreocupado e completamente alheio aos fatos de Mind.

- Por onde você andou?

- Bem, eu estava em casa fazendo música. O que houve? Quem Morreu?

- Até agora ninguém, mas se não acontecer um milagre alguém vai morrer!

- Quem?

- O Poeta! Ele está desaparecido há dias e você que se diz amicíssimo dele não está nem aí?

- Pois eu estou indo à casa dele para que me ajude com umas poesias!

Diz o músico se afastando em direção á cãs do Poeta.

- Ele está desaparecido leso!...

A despreocupação e tranqüilidade do Músico já estavam irritando todo mundo, só então ele entendeu que não adiantaria ir à casa do Poeta.

Mostraram-lhe o bilhete, ele leu e releu, em silêncio, ficou pasmo, desconcertado, conhecia uma saída, mas não era segura, e não tinha certeza se encontraria o Poeta lá fora.

A saída que conhecia era para um mundo estranho, barulhento às vezes e outras totalmente silencioso, mas denso, cheio de coisas e imagens. Não seria seguro e o Poeta com certeza não estaria lá.

Lembrou-se da outra saída, mas esta é apenas uma ponte que leva a outras cidades semelhantes à Mind e ele nunca havia atravessado-a e não sabia se o Poeta se interessaria ir para outra cidade, pois amava Mind.

Restava a entrada principal, quase ninguém sabe que pode-se sair por lá. Esta entrada está sempre superlotada de pessoas que entram. Poucos se arriscam a andar contra a multidão que vem.

...

Sair pela entrada principal é um desafio, ela sai direto na Terra do Sol, um mundo fantástico, extremamente iluminado, cheio de coisas lindas e maravilhosas, cheio de vida, de cores, pássaros e lindas paisagens. Para lá sim o Poeta iria, esse é o único lugar para onde fugiria.

Algumas vezes o Músico já havia chegado até o portão e visto de longe tais maravilhas, outras o Poeta havia lhe contado, mas nunca se arriscara sair. Mas ele sabia que o Poeta teria coragem para fazê-lo.

...

- Acorda Rapaz!

O Músico volta a si, assustado, havia ficado minutos absorto nas idéias e lembranças das saídas e voltas, das vezes que chegara à entrada principal junto com o Poeta.

...

Mas agora o Poeta fora e não voltara.

...

- Olha a melancia! Laranja! Banana!

A voz estrondeara pela praça, chegando o Agricultor o silêncio se rompe.

- Quem vai levar!? Moça bonita não paga pra olha!... Fazendo suas rimas e com um sorriso no rosto caminhava tranqüilamente com seu carrinho cheio de produtos frescos da lavoura.

- Ninguém vai querer nada hoje!

Gritou alguém.

- Estamos com problemas e você vem nessa gritaria!?

- Opa! Discurpa. O que tá contecendo?

- O Poeta desapareceu, talvez até já tenha morrido lá fora! Ninguém sabe por onde ele saiu e nem onde ele está agora!

- Pois eu vi ele ainda hoje, de manhã bem cedo quando eu saia de casa. Ele não tava com cara de quem está morreno e caminhava pros lados da Praia da Filicidade.

Já ia saindo com seu carrinho.

...

- Mas de que planeta você é? Onde você mora homem de Deus!? Nós não vemos o Poeta há dias!

- Ora ora! Eu to aqui todo os dia, mas ocês não me cunheci memo. Eu moro fora da cidade, venho e vorto todo dia, moro num lugar lindo que ocês nem imagina que ixesta.

- Ele deve estar pirado!

- Cala a boca! Temos que encontrar o Poeta!

- Ele disse que espera por vocês na praia.

...

- Pessoal, por mais absurdo que pareça nós temos que acreditar nele, disse o Músico. Acreditem! Vamos e vocês verão que é verdade!

Seguiram aquele homem, com medo, sem acreditar, mas foram.

Depois de passarem pelas várias paredes que formavam o labirinto chegaram ao portão principal. Era inacreditável o que viam. A luz ofuscava-lhes a visão, mas ao mesmo tempo os convidava a saírem. Pedindo licença, empurrando aqui e ali por causa daqueles que tentavam entrar, enfim conseguiram sair.

...

A visão era deslumbrante, o céu, as cores, o ar, tudo era muito lindo.

...

Demorou um pouco para se acostumarem com o novo ambiente, logo que o fizeram partiram em direção a tal Praia da Felicidade, que a maioria deles nem fazia idéia do que seria isto.

Não era longe, aliás, nesse mundo nada é distante.

...

A praia

...

Nunca tinham visto algo tão grandioso

...

O mar, tão imenso, tão lindo, as ondas, tão fortes.

...

Por um momento esqueceram o que foram fazer.

...

Os pássaros, as árvores, o Sol, o vento.

...

- Lá está ele!

Gritou alguém. Todos correram.

O Poeta lá, de pé, olhando para o horizonte, o Sol já baixo, estava em silêncio, não se voltou com os gritos que o chamava, parecia absorver a luz do Sol.

...

Todos pararam a uma distancia, não tiveram coragem de interromper, puseram-se a observá-lo. Parecia abatido, transfigurando-se.

Caiu de joelhos, ficaram apreensivos, sabiam o que estava acontecendo. Nunca haviam presenciado algo assim, mas sabiam que o Poeta estava morrendo. A cada minuto mais luz o envolvia. Não resistiu, lentamente deitou para traz, agora, com o corpo imóvel sobre a areia. De súbito a luz se foi, o processo fora interrompido, não se sabia o que estaria acontecendo.

O médico correu até ele, examinou-o, seu rosto ainda brilhava sorridente. Todos os outros se aproximaram.

- Ele precisa inspirar!

O médico começou a fazer massagem com alguns movimentos estranhos usando as mãos, tentava levantar sua cabeça, como que querendo que ele visse mais uma vez o Sol no horizonte.

- Inspira! Insistia o Médico já aflito.

- Respira! Respondia o grupo.

- Inspira!

- Respira!

- Inspira!

- Respira!

- Calem a boca!

Exasperou-se o Médico.

- Ele precisa é de Inspiração! É isso!

- Inspiração!?

Todos se assustaram. Há quanto tempo não a viam!? Que ralho andou acontecendo em Mind? Onde essa tal de Inspiração se metera?

- Olá! O que está acontecendo?

Pergunta uma voz meiga e não estranha.

- O Poeta! Ele está morrendo!

Responde alguém, indiferente à voz...

- O que? O Poeta não!

Põe-se de joelhos ao lado do Poeta, este a olha com movimentos lentos.

...

- Por onde andou minha querida?

- Fui visitar o Pintor!

- Ah Pensei tê-la perdido para sempre!

- Não, estou aqui, seja forte!

- Não poderei mais voltar. Ajude meus amigos

...

O Poeta fecha os olhos, seu corpo começa a brilhar novamente, o Médico testa os pulsos, estão normais, o Poeta sorri, diz adeus ao velho amigo. A luz torna-se ainda mais intensa, o corpo do Poeta começa a flutuar no ar, seu rosto ainda brilha e ele ainda sorri.

...

Agora pode ver a todos, eles, maravilhados com o que viam não paravam de observá-lo contristados, pois sabiam que estava indo para não mais voltar, não na mesma forma.

Não se podia ver o Poeta mais, apenas a luz forte e maravilhosa. De repente raios e mais raios como em uma queima de fogos de artifício atingiram cada habitante de Mind, desta vez sabiam de quem havia vindo aquela luz.

Após os raios não se viu mais o Poeta.

...

Conta-se que após esses acontecimentos o Músico consegue escrever as mais belas poesias, o Marceneiro criou vários móveis interessantes e úteis, o apito noturno do segurança ficou mais sonoro a agradável o Jornaleiro sempre trás boas notícias, o Professor injetou ânimo e criatividade em suas aulas, o Médico faz a todos os doentes e melancólicos esquecerem seus males e sorrirem de felicidade etc.

...

A inspiração nunca mais se ausentou de Mind. Todos os dias ao entardecer acontecem saraus de poesias e música na praça.

Os portões de Mind foram ampliados, o labirinto que obstruía a entrada principal foi demolido para que a luz do Sol ilumine toda a cidade todos os dias.

...

Irruuu!!!!!!!!!

Ecoa um grito agudo na floresta.

Uuuuu!! Responde de lá um mais grave.

É o Agricultor, hora do café da tarde, ele está na sombra. A senhora chega, serve-lhe o café, o bolo.

- Que Sol quente hem!

- É. Não dá para tocar direto. Tive que parar um pouco para refrescar as idéias.

Péricles
 
A Morte do Poeta

Feliz Aniversário

 
Feliz Aniversário...

Um ano, tempo... muito tempo...
Ainda estou aqui.. vivendo, ainda respiro, ando... Vago à procura do olhar, que se foi, se esvai...
Um ano. Viveste. Vivi. Vivemos? Cantaste. Cantei. Cantamos? Choraste. Chorei. Choramos? Sorriste Sorri. Sorrimos?
A vida. Ah! vida... Passa, vai, cai, retrai, distrai... Vida, que leva, a vida... Mais um ano se foi...
Contei os dias, marquei as horas e minutos, esperando esse momento pra poder ser o primeiro a te desejar Feliz Aniversário!. E aqui estou.
Vejo-te radiante, os olhos brilham de uma felicidade inexplicável...
E olhando neles, que teimam em não me ver, sussurro que estás maravilhosamente linda, que teu sorriso é divino, que tua pele, ainda mais macia, exala um perfume sedutor...
Segurando em tuas mãos gélidas, insisto que fiques e ouça o que tenho a dizer...
Faltam-me palavras e me pego divagando sobre coisas que não têm importância.
Estás impaciente, eu sei. Não tens muito tempo...
Precisas ir. Eu também preciso ir... Então...
Feliz Aniversário!
Que ao olhares o ano que passou possas dizer:
“Valeu a pena! Cada instante valeu a pena, cada sorriso, cada lágrima, valeu a pena cantar valeu a pena chorar, amar, odiar, valeu a pena dizer sim, dizer não... Valeu a pena viver”.
Que todas as barreiras encontradas no caminho tenham sido superadas, que sonhos tenham sido realizados, desejos satisfeitos, necessidades supridas...
Que dores momentâneas tenham se transformado em motivos de alegria e risos...
Que no ano que passou tenhas brilhado para muitos...
Tenha hoje o dia mais feliz, mais radiante, mais completo...
Feliz aniversário!
E nesse novo ano que sejas ainda mais feliz, mais realizada. Estarás ainda mais linda...
Que as vitórias sejam completas, a alegria intensa, a vida esplêndida, cheia de realizações...
Que teus projetos de vida para o novo ano se tornem realidade, que seus sonhos se façam acontecer.
Que o Amor possa ser intenso, completo, verdadeiro na tua vida...
Que possas ter momentos intensos com Deus, e que a cada instante Ele esteja em você, transbordando em você para que outros o conheçam... Que sejas uma bênção na vida daqueles que lhe são próximos...
Que os teus dias sejam repletos de vida, alegria e paz... Que tenhas tempo, tempo pra você. Tempo pra vida... Viva intensamente cada instante, enfim “Carpe Diem”...
Tentei ser o primeiro, mas acho que não consegui... De qualquer forma...
Feliz Aniversário!! De todo o meu coração...
Com carinho,

Josafá Gomes Pereira.
11/04/2008
 
Feliz Aniversário

Assim é...

 
O amor é assim,
contínuo em descompasso com o coração,
que bate e re-bate, falhando, ora intenso ora medíocre
ora alegre, ora chorando,
num eterno impasse, numa constante inconstância
em altos e baixos, astral, emoção, razão...
é assim o coração
se-gue a-man-do
a-mando da vontade, da razão do amor
a-mando da necessidade, do dinheiro, da loucura
a-mando da lógica, do belo, do feio
a-mando do que os outros pensam, dizem, querem
a-mando daquilo que não é, ou ás vezes é, ou talvez nunca seja
Josafá Gomes pereira
http://geosapha.blogspot.com
 
Assim é...

Péricles

 
O ano é 2077, na estação central de transporte aéreo-magnéticos um homem aguarda.
Sentado na poltrona que está um pouco reclinada, um jornal impresso nas mãos, lê e re-lê. Pessoas vão e vêm, todas o observam, não sabe por quê... Os óculos à ponta do nariz, a maleta de couro o livro..., coisas antigas. Seria ele algum arqueólogo rescém chegado das escavações? Por que não digitalizara seus achados como os outros?
Não percebe o que acontece à sua volta, a demora o incomoda inquieto olha por cima do impresso. À frente o gabinete de venda de bilhetes, não vê ninguém lá dentro, pessoas chegam e saem rápido de lá... Não vê aeronaves, não ouve nem sente o estremecer das decolagens. Tudo está tão diferente, tão estranho, as pessoas não carregam bagagens, vão e vêm com uma rapidez nunca vista antes. Vozes, sons estranhos.
...
Alguém se aproxima.
Senhor. Não é permitido ficar aqui mais que trinta minutos. Vira-se para ver, aparência humana, aspecto andróide. Havia visto algo semelhante só em filmes de ficção. Estaria ele sonhando? Tendo alucinações?
Por favor, preciso viajar, onde tiro meu bilhete? Que horas chega a aeronave?
Senhor existe aeronaves disponíveis a todo o momento.
Para a Terra do Sol?
Para qualquer mundo senhor. Vamos precisas embarcar.
...
Um botão é acionado, a poltrona onde se encontra sentado começa a ser recolhida. Não há mais ninguém na estação, todas as outras poltronas haviam sido recolhidas e ele não percebera, o galpão está agora vazio. Ao ver-se sentando já quase no piso levanta-se.
Sou o agente XWM346 ao seu dispor. Acompanhe-me, por favor.
...
Chegam à cabine.
Sua identificação, por favor.
O homem tira um cartão magnético e apresenta-o para logo recebê-lo de volta, sua identificação não tem valor nenhum. O agente indica-lhe o local:
Precisas identificar-se senhor.
No local indicado uma forma de rosto em baixo relevo, no lugar dos olhos duas luzinhas piscam sem parar. Lembra-se, leitura da retina, não podia ser. ... Aproxima-se assustado, temeroso. A luz torna-se mais intensa, arregala os olhos. Por mais que seja incômodo, não consegue fechar.
Leitura completa. Nenhum registro encontrado.
XWM346 encaminha o homem a uma sala, identificam-se à porta que se abre automaticamente, um homem os convida a entrar mais três pessoas. Respira mais aliviado, enfim humanos. A porta fecha-se, sala toda de vidro. XWM346 ainda está fora, mas enquanto observa é desintegrado.
Temos um caso Omega!
Sujeito não identificado no Programa.
Altura mediana aparenta meia idade.
Aspecto humano preservado. Forma de comunicação sonora.
Objetos pessoais materializados e não desintegráveis.
...
Enquanto conversam entre si o homem olha para os lados, a visão é de 360º. É deslumbrante tudo o que vê as luzes, as casas, os veículos, as pessoas... Como podia ser? De uma sala no saguão da estação aérea pode-se ver toda a cidade!
Precisamos fazer a identificação mecânica.
Há vinte anos não temos um caso semelhante.
Uma mulher pega-o pelo braço e leva-o à uma outra sala. Aparelhos empoeirados, luzes, computadores...
A tua mão Senhor.
Digitais, eram-lhe comuns, mas eles manuseavam com dificuldade. O processo e demorado, os últimos registros de digitais foram feitos há cinqüenta e sete anos atrás, quando o Programa fora implantado e tudo substituído, digitalizado.
...
Era isto! O ambiente, a sala, a cidade o agente... Aquelas pessoas seriam reais? Estaria ele diante de um bando de imagens 3D?
O homem apalpa. É sólido, as máquinas. Não resiste e belisca um daqueles seres.
Ai! Grita de dor. Eram mesmo humanos, reais palpáveis...
Não importa... Reais ou virtuais são pessoas...
Identificação completa, registro de nascimento encontrado, Cidade do Sol, 1977 Péricles Há cem anos... Registro de morte não encontrado.
Há quanto tempo tudo isto existe? Pergunta curioso Péricles. Já não falava mais da viagem que tinha que fazer, queria saber de onde vinha tudo aquilo.
Desde 2020. Responde uma das pessoas. Quando o programa foi implantado e foram criadas as Zps em todos os mundos.
Tudo, exceto as ZPs, foi digitalizado. O ambiente, as coisas, objetos pessoais, tudo tornara desintegrável podendo ser transportado ou tele-transportado, armazenado etc. em apenas um clique. Apenas nós, os humanos, e aquilo que nós queremos manter materializados, não digitalizamos. A virtualização tornou-nos a vida mais fácil, é muito mais prático e seguro.
O senhor tem as formas, características e traz consigo objetos das Zps, aonde ninguém vai há décadas. Resta-nos saber de qual ZP és e se existe mais alguém além de você lá.
Quando o programa foi implantado foram recolhidas todas as coisas que se julgavam importantes digitalizadas e logo criadas cópias desintegráveis. Logo que essas estavam prontas e testadas, a original era destruída.
Desenvolvemos também, você já deve ter percebido uma forma de comunicação não sonora, telepática, sensorial. Também alguns de nós podem se tele-transportar.
Péricles ouvia perplexo e via com entusiasmo tudo o que lhe mostravam
...
Onde moravas?
Cidade do Sol.
Como chegou aqui?
Não sei... Embarquei em um avião e aqui estou.
Já morou aqui?
Sim, há muito tempo. A cidade era muito diferente... A Praça, as casas, as pessoas.
Lembras-te de alguém que conhecias?
Sim.
Conviveste com essa pessoa?
Não. Conversávamos pela Rede...
É essa? Pergunta um deles apontando a imagem 3D à frente.
Sim! Como sabem?
Comunicação telepática. Explicam.
Oi diz uma voz vindo da imagem.
Olá! Responde receoso. Não sabia ao certo quem era, nunca a vira senão as fotos, ou se a vira não a reconhecera. Agora ali está ela.
Materializa. Diz um dos que o acompanhava.
Como em um passe de mágica? Materializa-se e começa a caminhar em sua direção. Não era miragem, era real, podia sentir tocar.
Pessoas virtuais podem ser reais? Pergunta espantado.
Sim. Todo o mundo virtual da tua época pode ser materializado assim como tudo o que material foi virtualizado e se materializa quando queremos ou precisamos.
O que são as Zps que vocês tanto falam?
Zonas de Preservação. Espaços e coisas não virtualizadas, ainda estão no seu estado natural.
Porque estão isolados? Por que vocês não vivem em contato com esse espaço?

Péricles compreendera a ausência de casais pela praça, ruas etc... Toda aquela loucura estava deixando-o atordoado, tinha muitas dúvidas, queria perguntar, mas estava ficando com medo das respostas, sua civilização teria mesmo transformado o mundo de tal forma? Seria verdade tudo aquilo sobre família, sexo, crianças etc.?
Não se contenta e faz mais uma pergunta, temeroso do que teria como resposta:

Religião existe religião ainda?
Essa foi a pior coisa que existiu na tua civilização. Por causa dela houve muitas guerras, milhares de pessoas morreram, milhares suicidaram, ou pela fé que tinham ou pelo remorso de não conseguirem cumprir certas regras religiosas. Outros milhares enlouqueceram, adoeceram, centenas de doenças psicológicas, etc. etc. etc.
Concluindo: Foi extinta definitivamente, era uma peste, uma maldição contínua, e com ela era impossível continuar a existência humana.
E Deus? Onde fica nessa história toda? Foi extinto também? Porque religião e Deus...
Deus não tem nada a ver com religião. A religião é uma invenção humana, a pior delas. Deus está para a religião assim como a luz está para as trevas.
Vocês sentem a presença de Deus? Vocês o conhecem?
Não se pode “sentir” Deus. Ele não é um sentimento. Deus é razão pura. É a essência da existência. Um simples sentimento não o define. É preciso conhecê-lo, vê-lo, e só existe uma forma de se fazer isto. Pela Fé.
A fé não é um sentimento?
Não! Onde já se viu? Fé é certeza! Sentimentos são incertos, falíveis! fé é razão, convicção!
Precisamos avisá-lo, se na tua civilização poucos conheciam Deus, aqui são menos ainda aqueles que “dizem” conhecê-lo, não por motivos maiores, mas por não darem importância mesmo...
Já tentaram eliminar Deus do Programa, mas é tolice, impossível. Sem Ele o Universo vira um Caos...
Como na tua geração muitos ainda esperam que Ele reine para sempre... (risos) Ainda esperam...
...
Não observaram que enquanto falavam Péricles se debatia e fatigava. Não estava suportando tudo aquilo, a respiração ofegante e cada vez mais dificultosa deixava-os preocupados, não tinham muito tempo, precisavam adaptá-lo de vez ao Programa e acabar com aquele interrogatório todo ou devolvê-lo ao mundo de onde viera.
...
Um pouco aliviado, recuperado da crise Péricles ainda faz outra pergunta.
Porque isolaram a Natureza nas Zps?
Ah! Verdade, ainda não explicamos para ele...
As piores pestes de que já se teve notícias na tua civilização vieram da “Mãe Natureza”, como vocês a chamavam.
A AIDS matou milhares de pessoas pelo mundo todo e veio do macaco, um bicho semelhante a você. A dengue, epidemia pelo mundo inteiro matando milhares, um mosquitinho minúsculo era o causador, a malária, matou centenas de milhares, também de um mosquitinho, e assim se formos listar ficaríamos horas e horas falando e falando e falando listando essas misérias...
Sem contar que vocês inventaram de mudar a natureza, transformá-la causando assim uma série de catástrofes monumentais, além de produzirem alimentos “monstros” e animais “químicos” causando assim ainda mais doenças do que as oriundas da Natureza. Resumindo: A relação de vocês com a Natureza foi péssima durante milênios ficando assim impossível de se continuar. Foi assim que surgiu o Programa, tentando resolver esses problemas causados pela tua civilização e pelas anteriores a ela.
...
Enquanto falavam não olhavam para ele, mostravam imagens, vídeos que ilustravam as longas explicações... Assim não perceberam quando piorara.
O alarme acionado interrompeu a explanação, paramédicos, luzes, não havia mais tempo.
Os implantes e os testes de adaptação seriam muito demorados e ele não resistiria, era preciso removê-lo imediatamente.
Tempo estimado de resistência!?
Dois minutos!
Oxigênio!
Insuficiente!
Acionar saídas de emergência! Não temos mais tempo!
Desconectar os cabos! Reduzir a ressonância...
Pronto para o retorno em:
Cinco, Quatro, Três, Dois, Um!
Teste completo.
Duração!?
Seis horas. Tempo recorde.
Verificar falhas no Programa.
Capacidade de Adaptação incompatível.
Previsão de novos testes do Programa!?
Inverno de 3007.
...
Senhor! Terra do Sol! É teu destino não?
...

Péricles
23/04/2008
 
Péricles

Ontem

 
ONTEM

Ontem foi o dia mais escuro
O sol brilhava no céu ao entardecer
O poente ficou avermelhado, céu limpo sem nuvens.
Na minha alma fora noite o dia inteiro
Não havia Sol que pudesse ao menos mandar um raio de luz
Negro dia, angústia, tortura na alma.
Alma inundada pelas chuvas do inverno gelado
Ausência, do Sol, do céu, das estrelas...
A tua ausência, dia escuro...

O Sol o vento o céu azul o dia
Na minha alma...
Em fim era entardecer, tornou-se trevas, ainda mais...
No horizonte o Sol, apenas raios, vermelhos no escuro da noite.
O cais o barco a água passa,
Silenciosa, constante e sempre está aí.
A dor, silenciosa, constante sempre...
Não passa...

Sentado, fitando o horizonte escuro, estrelas.
Carros, som alto, pessoas indo e vindo sorrindo...
No parapeito, o peito soluça as lágrimas contidas, sofridas!
O barulho, os gritos, as risadas a música...
O silêncio da minha alma como a água que passa
Angústia satura, transborda calado no soluço, na lágrima no choro.
...

Não se ouve som nem voz
Mas a alma grita teu nome, insiste que ouça a voz calada.
O grito de socorro que ecoa silencioso pelo Rio
Ultrapassa árvores, some no horizonte negro.
Grito teu nome, soluço interrompe
Teu nome! Nome! Nome! Nome! ...eeee!!
que os ecos transformam em música...
Socorro! Corro! Corro! Morro!...

Não dá pra conter, sem voz sem som
Ecoa novamente teu nome... Ontem foi escuro o dia
Multidão se atropelando, falando, gritando, cantando, andando...
Em mim só eu Não ha-via mais ninguém
No horizonte o Sol, se foi escuro.
Vazio, os ecos, ... Teu Nome ...
Minha voz em silêncio gritando...
...
Hoje o eco voltou
Uma mensagem apenas.
Teu Nome
...

Josafá Gomes Pereira
21/04/2008
 
Ontem

Até

 
Até...
Jurei que seria fiel até a Morte
No amor, nos sentimentos, na dor, Na alegria...
Até a morte...E fui sendo...
Então veio a Morte e levou o amor
Ele morreu e eu depositei-o em um Mausoléu de vidro...
E continuei sendo fiel após a Morte...
Afinal restaram-me os sentimentos, A dor, a alegria...
Criei uma Marionete Que imitava os passos, expressões...
É muito parecida com o que está lá...
E dou-lhe vida, consigo dominá-lo...
Assim continuo sendo...
Morrendo para que “Viva” aquele que morreu
Afinal jurei ser fiel até a morte
Nem que para isto tenha que Morrer....

Josafá Gomes Pereira.
15/09/2006
 
Até

O Último

 
Descobri,
Que não estás mais aqui
Que a vida sonhada se foi também
Que o que era não mais é
E o que hoje é sempre foi assim
A solidão nunca esteve ausente
E tua presença nunca foi real
Que mesmo quando estavas perto
A distancia nos separava ...

Entendi,
Que a ilusão é real
E a verdade é uma miragem
Que insiste em estar lá
Mas nunca pode ser alcançada
E o deserto torna-se mais denso, mais árido
Quando a ilusão se dissipa
E a verdade vem à tona ...

Percebi,
Que meu amor por você é platônico
Que nossa história não terá um fim
Pois na verdade nunca começou
E o sentimento que insiste
Faz questão de me lembrar
Que nunca estiveste aqui ...

Decidi,
Não haverá mais miragens
Vou plantar flores neste deserto
Viver amores não platônicos
Não mais te ver, perto ou distante
Não mais desejar o que nuca tive
E que seja este o último
O teu amor
...

Josafá Gomes Pereira
30/06/2008
 
O Último

Poesia, O dia da

 
Poesia,
Forma de vida imperfeita
Que no âmago das palavras se encrusta
E deslisa pelos dedos do poeta
caindo no coração incauto dos amantes.

Poesia,
Forma brutal de amar sem ser amado
In-Significante grito de almas penadas
Alçando ao mundo seu choro cantado
Debulhando vidas em estilhaços de granada

Poesia
Encantamento de Des-encantadores
Uma arma, uma flor, uma criança
Entrelaçando vidas, amordaçando amores
Sobrando alegria, sobepujando desejos

Paz
Onda
Esperança
Saliva
Inquietação
Amor
 
Poesia, O dia da

ELLEHCIM

 
ELLEHCIM

Em um sorriso transmites grande afeto
Demonstras toda a tua beleza
E a pessoa maravilhosa que és
Pura, sincera, cativante...

Levas contigo algo especial
Simplesmente Tens na alma o encanto dos anjos
O brilho de uma estrela

Leve, semblante de uma princesa
Capaz de encantar os que lhe estão à volta
Repleto, porém de uma serenidade singular

Estar em tua companhia
Refaz a alma,
Alegra o espírito
Desfaz a agonia
Passa o inverno...

Hoje vejo-te deslumbrante
Teus olhos brilhando
Refletem tua alma...
A voz suave diz-me coisas sérias
De uma forma graciosa

Cada vez que falo com você
Sinto-me mais envolvido, mais cativado
Pela tua simpatia e carisma
Vais ganhando espaço em mim...

Insiste na mente as lembranças
Dos minutos que passamos juntos
Das palavras...
Dos olhares trocados
Dos sorrisos e lágrimas...

Momentos como esses
Eternizam na alma
A felicidade
Pois esta é feita de instantes inesquecíveis
Como esses que você proporciona
De forma tão especial...

Josafá Gomes Pereira
20/08/2008 01:05
 
ELLEHCIM

Outra vez...

 
Outra vez...

Quando tudo isto acabar
Vou te ter nos meus braços
Vou beijar tua boca
Mostrar que não era brincadeira
E depois de um longo e forte abraço
Vou olhar nos teus olhos e sorrir de felicidade

Vou espremer teu coração
Para depois soltá-lo em queda livre
Sentirás calafrios, não terás o chão debaixo dos pés
Ficarás à deriva entre o céu e a terra
Flutuando, vivendo a sensação de morte súbita
Esperando a qualquer momento o impacto.

Sem que percebas vou furtar-te os sentidos
Roubar a razão
Te fazer toda desejos
Explícitos ilícitos, mas incontroláveis
Vou fazer sangrar tua alma
E matar minha sede de você
Vou beber na fonte o néctar dos teus desejos
E fazer dos teus delírios meu oásis

Na verdade, sem que me dê conta
Você já espremeu meu coração
Me deixou à deriva, me roubou a razão
Bebeu minha alma
Como vinho escorrido da uva pisada...
...
Então, quando tudo isto acabar,
Serei somente eu...
...
Outra vez.
Damu alamini
21/05/2008
 
Outra vez...

Saudade

 
SAUDADE

A chuva cai, o vento vem tão frio, está faltando alguém
Você se foi, deixou o cais e navegou num mar sem fim
Tão triste a rua, saudade imensa aperta o peito e dói na alma
Sonhos se foram feito castelo, foste tão cedo,
Mas muito em breve

Sei, sei que vou te encontrar um dia então num lugar seguro e feliz
Juntos sim louvaremos outra vez nosso Deus e Salvador
Oh esta é a esperança que me faz viver,
Então não mais dor tristeza tudo ficará pra trás

Você se foi, deixou o cais e navegou num mar sem fim
É mesmo assim a vida aqui tão curta e vil se vai num thal!
Lágrimas rolam, lembranças vivas trazem de volta aqueles momentos
Que nunca morrem, se eternizaram em nossas almas
E muito em breve

Sei, sei que vou te encontrar um dia então num lugar seguro e feliz
Juntos sim louvaremos outra vez nosso Deus e Salvador
Oh esta é a esperança que me faz viver,
Então não mais dor tristeza tudo ficará pra trás

Homenagem a Saulo Gomes da Silva In Memorian 20/12/2006
 
Saudade

Pandora

 
Pandora...
Alma que habita um corpo frágil, singelo...
Face meiga, olhar sombrio, distante...
Vagas entre os mortais sem que estes se dêem conta
De que tens fome de almas
Sede de sangue
Corre em tuas veias, a vida das almas
Que encontram em teus braços o afeto Que a vida lhes negou...

Roseira que produz as mais belas rosas Cheias de vida, coloridas...
Ao amanhecer, cobertas de orvalho...
Exalam seu perfume, suave néctar
Enchendo os ares de vida, encanto...
Mas na sua essência é cheia de espinhos Que perfuram e mutilam...
Causam dor, a dor do amor Que definha e corrói a alma
Daqueles que ousam usufruir seu perfume...

O mundo é pequeno para definir
O universo que é esse ser
De mistérios, segredos, sonhos, pesadelos...
Tormento para os desvairados que tentam entrar em seu mundo
Compreender seus pensamentos, interpretar seus desejos...
Oh! Pobres mortais, que no anseio da vida
Se deparam com esse ser que és...

Dor que corta profundamente Mas que enquanto corrói o peito
Mórbida, serena, constante...
Dá prazer à alma triste...
Que na penumbra tem seu leito
E na escuridão do ser
Deleita em estar aí...
Morta, fria, eterna...
Livre dos limites do tempo e do espaço...
Pairas sob um manto de mistério...

Na vida, que se esvai qual chuva... Melancólica e fria, constante...
Caindo e caindo sempre...
Indo pra qualquer lugar
Pra lugar nenhum...
Chegando onde sempre já esteve...
És o som da água que cai Gotejante, lentamente, molhando...
Saturando o ser de tristeza perene...

Ah! Cristal belíssimo, que expande luz
Desejado por todos, e todos, todos um dia...
Gostariam de ter consigo algo tão belo e valioso...
Ao se aproximarem, porém, a beleza ofusca o ser
Tornas-te fria, tão fria quanto o gelo Insensível quanto uma rocha
Impenetrável aos incautos navegantes
Que em seus mares aventuram Descobrirem teus mundos...

Por mais que um dia alguém ouse descrevê-la Se perde em meio às formas...
Disformes facetas da tua alma
Que a cada instante se revela
Mais bela e menos compreensível...
E o obscuro mundo que é teu ser
Com seus mórbidos mistérios
Se transforma em algo que não se pode medir, comparar, compreender
Nas dimensões que nós, meros mortais podemos atingir.

Josafá Gomes Pereira
05/10/2006
 
Pandora

Torturas

 
Torturas
Torturas-me como quem me ama,
E como quem sabe o que é melhor pra mim
Me trazes aos seus pés, de forma irônica me dás prazer
Como alma penada à procura do paraíso sigo teus sinais
Sinto-me em êxtase, um êxtase doloroso, com gosto de sangue...
A cada desejo teu satisfeito sinto-me mais inútil
Uma inutilidade de desejos contidos...

Corre pelas minhas veias aquilo que te excita
Meus poros transpiram desejo
Desejo que me roubas para os teres a seu bel prazer
Minha lascívia, meu gozo, meu prazer são todos teus...
Causas dores em meu corpo
E não obstante nunca teres me tocado são dores reais
Em lugares estratégicos, dores intensas, contínuas
São as dores dos desejos proibidos, abafados
Inconfessáveis, mas explícitos...

Me excitas, me provocas, me deixas em erupção
E então, como quem dá ordens a um vulcão condenas-me à quietude
Torturo meu corpo para que não te queira
Mas ele como um viciado te deseja ainda mais
Masturbo minha alma para que te esqueça
Mas ela faz questão de tornar-te ainda mais presente em minha mente insana

Entrego-me aos teus impetuosos desejos
Na esperança de que me arranques essa impiedosa dependência
Ofereço-te minha carne para que a minha dor saia, escorra...
Quem sabe assim eu consiga arrancar-te de mim... Saciar-te
Mas mutilas minha alma com navalhas cortantes
E prazerosamente tens em tuas mão meu coração que palpita
E nele alfinetas agulhas levando-me ao delírio...

Tenho medo da tua ausência, tremo na tua presença
Não consigo conter-me ao olhar-te nos olhos
Quero gritar e fugir, mas me entrego para ser totalmente teu
Exclusivamente teu e assim sirvo-te as delícias do prazer
Quando queres, quando teus desejos gritam estou aos seus pés
E como bom escravo recebo o castigo do amor as navalhas do prazer...

Assim, amarrado com as cordas do desejo
Meus olhos vendados com a loucura da paixão
E a minha boca vedada para nem se quer pronunciar teu nome
Estarei pronto para ser o que sempre quis
Teu objeto de prazer intenso
Um escravo lançado às masmorras dos teus desejos mais exóticos.

damu alamini, 18/04/2008
 
Torturas

Carta ao Sol

 
Carta ao Sol

Querido Sol,
Você se foi tão rápido e Neste momento ainda observo o horizonte, onde te ocultaste e como numa miragem vejo raios teus que teimam em brilhar.
Mas a verdade é que foste e restam-me apenas as lembranças dos momentos em que estiveste comigo.
Desde quando você despontou no horizonte e teus primeiros raios me tocaram, senti vida vindo de você, quando te mirei pela primeira vez, tão radiante e cheio de luz, quis te tocar, te sentir, parecias tão perto...
À medida que o tempo passava, te fazias ainda mais radiante, e eu não conseguia parar de te olhar, te admirar...
Ao meio dia, quando estavas no meio do céu todos fugiam de você e te observando parecias tão sozinho, mas eu estava lá, olhando nos teus olhos, sentindo teu calor, enchendo-me de luz e de vida.
Quando você se foi, ficou escuro e frio, não te culpo por teres ido, tens o teu caminho, todos nós o temos e precisamos seguí-lo...Precisavas brilhar para outros. Mas, não obstante à escuridão e à noite que se fez fria, não sinto tristeza por teres ido, mas sim uma saudade alegre por ter tido um dia com o ser mais radiante do universo brilhando para mim.
Espero com ansiedade que amanhã um novo Sol brilhe para mim, tão radiante e cheio de vida quanto você...
Mas temo, temo não existirem dois Sóis, temo seres o único no meu universo...temo pois amanhã poderá ser inverno e não poderei ver-te, farás verão em outros ares, e no outono, quando voltares, terei murchado e definhado, talvez não estarei mais aqui...
Por isto, querido Sol, resolvi lhe escrever hoje, para que se não brilhares mais para mim ao menos saibas o quanto me fizeste bem...

Com Carinho,
Um Girassol sem Sol

Josafá Gomes Pereira
22/02/2008
 
Carta ao Sol

romA oazaR

 
A vida bagunçou
Nossa vida
Pensamos que tudo seria eterno.
O que vivemos, nos esquecemos que nada dura...
Para sempre nos vimos envolvidos
Com tudo brincando, cantando, sorrindo.
Chorando... O que não vivemos...
Nos esquecemos
Que nunca temos o que queremos sempre...
Queremos o que...
Não temos sentido o que queremos sentir...
Frustramos por não sermos... O que...
O outro... Gostaria que fosse diferente...
Quando decidi te amei.... De Corpo
Alma... Te amo com minha vida, tempo!!!
Respiro...
Você, pra você, Por você...
Quem sabe eu pare.
E então... Terei te amado
Até que... Eu o teria feito de...
Coração Maldito!
Coração que confunde Razão com...
Uma hora ele pára!!! Então...
Nossa história terá um....

Fim...

Josafá Gomes Pereira
07/04/2007
 
romA oazaR

Contradições

 
Contradições...
Dizes não, mas logo depois afirmas que sim
Te mostras firme, decisiva, segura
Mas de repente estás volúvel, indecisa, insegura
Dizes que NÃO me Ama, que sente muito mas terei que encontrar outra pessoa
E sem receio, em poucas palavras demonstras o grande carinho que tens por mim
Contradizes com palavras quase tudo o que falo
Mas no fundo, nas entrelinhas dessas mesmas palavras contradizes a Ti mesma...
Dizes que não queres me fazer sofrer,
Assim me condenas ao doloroso inverno da tua ausência
Ficas em silêncio para não me machucar
E me torturas, fazendo-Se indiferente à minha voz
Quando falas sinto carinho em Tuas palavras
Mas elas, como navalhas, me mutilam por dentro...
És carinhosa, mas sutilmente tornas-Te Sádica
De um sadismo que na verdade revela a grandeza do teu carinho...
As contradições,
Elas revelam aquilo que não consegues dizer,
Na verdade não PODES dizer,
Pois se disseres será uma
CONTRADIÇÃO...

Josafá Gomes Pereira
01/05/2008
 
Contradições

MULHER

 
Mulher...
MULHER,
Alma de anjo, obra de arte do Criador.
Criatura sublime...
MULHER,
Mãe, Amiga, Amante, Namorada, Irmã,
Paixão, Alma Gêmea, Esposa, Avó...
Sempre MULHER.
Sem elas o mundo seria um caos,
Um barco a velas em um mar sem ventos...
Tempestade, às vezes de desejos,
De paixão, de saudade...
Brisa suave que acalma a alma
Onde o valente torna-se totalmente passivo...
Renova a vida do miserável homem,
Que incessantemente busca
O que não pode ter em outro lugar.
O carinho que só elas podem proporcionar.
MULHERES,
Deusas, dominadoras dos homens,
Apenas uma palavra, e lá estamos nós aos seus pés,
Apenas um olhar, e lá se vai toda a valentia,
Um sorriso apenas e nossos corações se estremecem
Por isso e muito mais,
Não só hoje, mas todos os dias a minha homenagem
Total admiração e dedicação
Àquelas que dão sentido às nossas vidas.
Mulheres...

Josafá Gomes Pereira,

08/03/2009
 
MULHER

Josafá Gomes Pereira