Poemas, frases e mensagens de sofiaplatónica

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de sofiaplatónica

Tenho o mapa de ti cá dentro

 
Há quem escreva por compulsão

Há quem escreva por vaidade

Há quem escreva para afastar a solidão

Há quem só escreva verdade

Há quem escreva o eu no outro

Há quem escreva o ela nele

Há quem escreva à flor da pele

Há quem não escreva nada

Há quem escreva porque sim

Há quem escreva porque não

Eu cá escrevo por gravidade

Depois do grande empurrão

Ainda caída no chão

E quase sem dar por mim

Sou impelida a verter

Com toda a acuidade

A palavra na palavra dada

O idioma do entendimento

Em cada letra teclada

Porque é muito o sentimento

Porque é nossa a maior cumplicidade

Porque tenho o mapa de ti cá dentro

E esse só fala verdade
 
Tenho o mapa de ti cá dentro

Mentira piedosa

 
Abre a tua alma

Recebe o meu texto

Plana no tema

Enquadra-o no contexto

Sente a sublimação do sentimento

Vivido dia a dia

Sem nenhuma garantia

Sem somar nenhum momento

Apenas o poema estático

No monitor mostrado

Ainda que policromático

Nunca se lhe sente odor ou tacto

Mas engrandece-a mais que tudo

Deixa-lhe o ego bem lá em cima

Como “A única por quem eu luto”

Como “Aquela que mais me mima”

E esse sentimento alheio

Deixa-me a mim invejosa

Por saber da situação a meio

E ainda ser chamada de mentirosa

Se a mentira fosse piedosa

Ou não fosse unilateral o sentido

Não seria tão dolorosa

Como já antes eu havia dito.
 
Mentira piedosa

A torto e a direito

 
Declara-lhe o seu amor

A direito e a torto

Enchendo-a de calor

Deixando-a no maior conforto

Diz-se da capital

A uma ponte da amada

Mas vive o sentir de Platão

Nunca se traindo pela palavra

Parece encarcerado

Impedido de consumar

Acto tão desejado

E ela em êxtase suspenso

Inspira-se a cada passo

Dedicando ao seu velho amado

Poesia e prosa em compasso
 
A torto e a direito

Sou dona de um raio de sol

 
Sou dona de um raio de sol

Que chega até mim por uma nesga

Do teu mundo sem cachecol

Que quase me deixa vesga

Manter aceso o feixe de luz

Capaz de apagar as imagens

Que à tua escrita fazem jus

Em qualquer das tuas roupagens

Poderá ser a solução

Inundar-me o coração

Desse amor que em ti brilha

E que me fará mudar de trilha
 
Sou dona de um raio de sol

Diz-me de ti

 
Responde-me sem mentira piedosa

Qual o programa seleccionado

A quem deixaste saudosa

Por teres lançado longe o dardo

Por onde espraiaste tua alma

A quem estendeste teus braços

Eu manterei meu selo de calma

Ainda que me desmintam meus traços

Diz-me de ti em verdade

Conta-me o teu sabado de liberdade
 
Diz-me de ti

Vedando o som de minh'alma

 
Acordei para não ver, nem o que o coração tacteia, nem o odor que me chega, vedando o som de minh’alma, para não saborear o amargo que em ti existe e que cobardemente apenas enfrentas na mão de outras gentes.
Sei que o recesso de ti se perscruta por entre os irmãos de escrita, e que também as irmãs de coração lá chegaram tal como outros chegarão.
Mas isso não impede que fechemos olhos e ouvidos, tapemos pontas de dedos, e constipemos línguas e narizes, porque o amor é maior, porque a idolatração existe e a amizade cresce entre sigilos.
 
Vedando o som de minh'alma

duas dezenas de amigos

 
Tenho duas dezenas de amigos
Do melhor que pensar se possa
Uns de M outros de H
Todos vestem letra Grande
Uns maiores outros menores
Nenhum fica atrás do outro
Tacteando como mestres
Mostram tanto ou tão pouco
Que mais do que S. Tomé
É como emprenhar pelas vistas
E tudo mesmo aqui ao pé
Sem ter que procurar nas listas

E tu sabes quem são?
E sabes para onde vão?
 
duas dezenas de amigos

És meu fio de prumo

 
És o meu fio de prumo

Quem assegura o meu percurso

Quem garante que tenha um rumo

Quem em último recurso

Endireita o meu caminho

Quem equilibra o fiel

Ainda que colocando mel

Escorrendo para o bom

Apesar de todo o fel

És meu guarda sem apito

És meu trapézio sem circo

Quem me condena Monógamo

Descobrindo-me as conquistas

Por isso também te amo

A ti e a mais umas quantas
 
És meu fio de prumo

Passador de Sonhos

 
Quero ser passador de sonhos

Em suas mentes penetrar

Os seus mais sentidos desejos revelar

E depois sair sem deixar lanhos

Pois posso lá querer voltar

Quero fazê-las sucumbir

Delirar no amor doente

Talvez um tanto Narcísico

Que mais que a dor de ausente

Faz de mim Metamórfico

E se no fim ainda conseguir

Aclamarei meu amor por todas

Como princesas as tratarei

Mesmo sem ter de jurar bodas

E pleno de emoção viverei

o tempo que está porvir
 
Passador de Sonhos

O que não quero

 
O que não quero

Fazer parte de um mesmo conjunto

ainda que com factor diferenciador,

Não deixo de estar no fundo

às escuras e sentindo a dor

Tenho que saber as linhas com que me coso

Não quero enrolar-me nelas às avessas

Não quero conhecer apenas depois do gozo

Quero decidir ainda que por linhas travessas

Se entro se saio ou se rodopio também eu no jogo

Porque a dimensão pode ser factor decisório

Quero quantificar e qualificar o demagogo

Decidir ainda que com base no contraditório

Mas conhecer a fundo o enredo

As personagens e seu carácter

Os cenários do tempo ledo

Toda a envolvente do querer

Seja dura ou leve a perfídia

É legítimo a mim conhecê-la

Sem ter que ser por insídia

Antes seres tu mesmo a confirmá-la

Que a minha mente em obsessão

Que encontra o que és

trazendo agarrado o que também não

Sendo dessa forma muito pior o revés

Jamais te podendo estender a mão
 
O que não quero

Prato da noite

 
Se te bastassem punhetas

De bacalhau

E as três maças reinetas

Sem colorau

Se ao menos fosses pato

No arroz de alguém

Ou até a laranja regado

Também

Talvez o que te caísse

No prato pró festim

Pela calada da noite de ti

Passasse ao lado de mim

Mesmo que passando por aqui
 
Prato da noite

Entrou de gaiata pelo cano

 
Um dia vai morar no céu

da boca de alguém,

Onde entra como trem

E de gaiata pelo cano

Até ao levantar do véu

Deixa-os num vai vem

Tira-lhes a sensatez

Põe a nu as confissões

Sem nenhuma timidez

E assim exige atenções

De sua única musa

Achando que pela tusa

Agarra os cabelos soltos

Da alma que de tão segura

Levanta voo e não volta

Se assim lhe aprazer

E que pode ela fazer

Depois de morta a magia

Continuar com a fantasia

Num solitário reviver

Da imagem do passado

Onde quis adormecer…

Não… amanhã mais uma treta

Inicia novo esquema

E volta a pedir um poema

A outro qualquer pateta
 
Entrou de gaiata pelo cano

A culpa é dos sentidos

 
A culpa é dos sentidos, por os ter bem aferidos. Traz-me outro sabor o teu beijo, por vezes o cheiro não me é familiar, tacteio e encontro o teu lugar no leito, não é verdade que vejo no teu olhar, ouço a minha voz interior a qualquer pretexto. E depois o código certo - o sexto, que apesar de não ver, não ouvir, não cheirar, não ter tacto e não saborear, alcança o que aos outros escapa.
 
A culpa é dos sentidos

Dilema

 
Eu te amo como um filho

Capaz de por ti morrer

Por isso sinto teu cadilho

Como chaga em mim a ferver

Desculpa se não decido

Se cega quero ficar

Ou saber com o que lido

E mesmo assim continuar a amar
 
Dilema

A poesia que brota

 
Os teus beijos

Amor meu

Me beija

Te beijo

E daqui não sai

Nem a idade lhe dá mais ênfase

Vem e parece que vai

Agrada ao comentador de base

E fica de pedra e cal

Ainda que deixando alguns mal

Por não se igualarem em leituras

Com muito melhores partituras

É a poesia que brota e cresce

Entre as poetas do luso

A mais aclamada até por mestres

Do lado de lá e de cá do fuso
 
A poesia que brota

Poeta sapeca

 
Porque aquecem mais os corações

que mantêm a porta aberta?

Que contradição é esta

Que prevê calor imenso nas entradas sem porteiro

Entra tudo o que pretende,

Seja dama ou cavalheiro

Aquece até de fora para dentro

Seja Verão quente

Ou Inverno rigoroso

Crepita sempre a fogo lento

O Amor de todos no coração meloso

Do homem de nobre sentimento

Que o vive como sapeca

e se intitula poeta
 
Poeta sapeca

A gata fez-se leoa

 
A gata fez-se leoa. Saltou em defesa do lar.
Aprendeu num instante a poetar. E pô-lo a pensar…
Quem és, para onde vais? Onde me levas? Conduzes tu?
Essa é boa.
Eu não quero ser conduzido. Eu lidero não sou seguidor. Lidero as marchas pelo Amor. Lidero a corrente literária virtual. Sim eu sou o tal. O que não ficará oculto na história. De quem se falará mais tarde na escola.
Não mordas leoa. Beija meus lábios de fel. Enrola em mim gata amarela de mel.
 
A gata fez-se leoa

O concerto da vida

 
A vida é um concerto. Às vezes em suaves melodias, outras em estridentes sons de bombo, conduz-nos através de composições ora calmas e terapeuticas ora bombásticas e neuróticas.
 
O concerto da vida

Voarei

 
Se sentes que o amor te escapa

Por entre dedos qual areia da praia

Fecha os dedos a mais esta etapa

Pode ser que ele de facto não caia

Lá fora a ausência lateja por entre frontes

Cá dentro os meninos riem fluindo alento

Voará incansável sem lá chegar como antes

Mas não mais autografará meu tormento

Se a terapêutica por si só não é suficiente

O abandono trará pesar mas também a solução

Para crescer e aceitar o estender da mão

Para alterar drasticamente o rumo da mente

Voarei também por entre vales saltitando rios

Trarei à vida por opção mais que um caminho

Bem amada e acarinhada em qualquer ninho

Mais do que me falta tornando-me seus fios
 
Voarei

Transparente

 
Quão amiga de seu homem pode ser uma mulher

Que paixão sustenta a amizade sentida

Quão condescendente pode o amor próprio ser

Que loucura vivida segura a mão estendida

Qual a insanidade pensada que mantém a chama acesa

Será verdade a mentira das verdades

Será mentira a verdade jamais esmorecida

Sendo certo que é relíquia sobre a mesa

Divinal manjar transparente a todas as vontades
 
Transparente