não procuro mais
Fazer tudo de novo. Começar do zero!
Eis-me. De novo.
Na renovação. Longe dos fantasmas
Que nunca existiram.
Que nunca o serão.
Tu és real. Sempre o foste.
Sempre o serás.
Os fantasmas partiram
Quando me abriste a porta.
Não entrei logo. Ainda espero um pouco.
Espero apenas por mim.
E estou quase de volta.
Sem nunca ter ido.
Há em ti a paz, a alegria, que julguei
Perdidas para sempre.
O belo, o real. A verdade.
Acredito em ti.
Mas espero um pouco mais.
Renovo-me na luz.
Dás-me o sossego perdido
Nos desassossegos que em vão
Procurei.
Não procuro mais.
Descobri-te!
porto covo
Era porto
covo
corvo
curvo.
era porto.
de mar
amar
amora
demora a moura
pessegueiro
matreiro
Nem a tempestade vinha
teve de ser pintada.
na maré
No turbilhão erosão
tudo ilusão
Porto
curvo
curvo-me
apenas
segmentos
Que sei eu dos segmentos de recta.
Com pontos quase finais, na reticência.
Que códigos artisticos de morse, ou não.
Não sei nada de traços. Desenho mal.
Escrevo pior.
Os meus olhos, são apenas uns olhos.
A minha mente não é brilhante.
Não sei a arte da sedução.
Pouco sei das coisas.
As histórias que escrevo, não contam.
As palavras soltas, prendem-se.
Todas as ciências do mundo, não me
definem.
Não há encantamento, no que digo ou faço.
Nem a espada brilha.
Se tivesse de te segurar nos braços, não
chegaria a força.
Falo-te e nada te digo.
Não me chega a simpatia.
Levem-me toda a simpatia do mundo.
Tirem-me daqui toda a biologia acessa,
que já me queima.
Ignorem-me. Na transparência.
Num movimento,
lentamente apressado,
que é só teu.
Nosso,
nunca...
é teatro
Sim é teatro.
É teatro a vida de cão que carregamos, e que nos roi infinitamente os ossos.
É teatro a máscara que se entranha na pele do “politicamente correcto”
Primeiro estranha-se depois entranha-se.
Bendita água suja do imperialismo, que nos inunda as entranhas.
Sim é teatro.
E se as árvores não morrem de pé, morrem queimadas.
É teatro.
E se fingo amar-te é teatro. E se não o fingir também é.
É teatro querer escrever poemas.
Sem ser poeta.
Ser poeta é teatro.
São as lágrimas que apagam as máscaras e fazem subir o pano.
São teatro.
É a gargalhada contida e o esgar de dôr da náusea existencial, é teatro.
É um querer incontido de quer pensar a peça. E pedir que começe a cena.
É teatro.
É a fuga constante dos relógios apressados.
E a noite chega. Estou só. Como nunca. Tiro a máscara. Acabou a peça.
Deixa-me ouvir o silêncio do teu aplauso.
sem aparente razão
Sem aparente razão
a noite
veio mais cedo.
As abelhas
largaram as asas
e foram a pé.
Ficou no mel
a doce
vertigem
de querer mais.
o mundo é breve
O mundo é breve
Os minutos
Não deixam eco
Evaporam-se
E não adianta
Atrasar a vida
Tropessando
No futuro
como se fosse
Como se hoje fosse eu
o anjo
guardo-te
no descanso poupo-te
a palavra
que não a tens
como se hoje fosse
um anjo desajeitado
invento da asa
uma folha
pairando em
ti
os deuses devem estar ocos...
O que me aconteceu? Onde me perdi? Em que volta. Nas voltas ao virar da esquina. Que indiferença é essa que não entendo. Nunca entendo. Explicas de forma simples não te entendo. Também não serás tu. Certamente.Tiveste a percepção da sensação. Do sentir. E dizes não. Sem ser óbvio, muito mais óbvio do que eu queria. Não deixas lugar para o sonho. E eu vou. E não te digo adeus nem te digo nada. Já não há vontade. Triste tão triste. Mas ficas.Não entendo. Também estás triste? Não ouves a pergunta. Porque sou eu a perguntar. Que terei eu a dizer para além do óbvio. Escrevo-te quase diáriamente à meses. Enormes meses. Mas não sabes. Nem te interessa. Nada relacionado comigo. Eu, nada, os eternos sinónimos. Desagrada-me. Sinto raiva. E não consigo falar. A tua frieza corta-me a razão e o sentir.
Já me faltam as lágrimas. E o desespero da merda dos eternos desamores. Falta-me a paciência. Quero-te agora. E agora é nunca. E nunca saberei se és tu.
Nunca virás. Canso-me.
Deixa-me ir. Que tanto mal fiz
aos deuses todos.....
guerreiro
É na noite
que o guerreiro volta.
A luz na espada.
Cavalgando
na cauda de cometas
trás a verdade
no olhar
na revolta do
mar
Azul de céu
de brancas
espumas
É na noite
que o guerreiro
se chama
em chamas
enxames de abelhas
É na noite
que o guerreiro
te agarra
larga a espada na areia
e transforma-te em castelo.
Em princesa ao Mal
resgatada.
É na espada, na noite
do guerreiro.
perdido
em ti. Por ti.
violinos
era a hesitação
dos violinos
que nos dava a leveza
de um sentimento novo
e começa a contagem
decrescente