A dor é vício
Dor, qual será teu ofício?
És flor carnívora que a alma devora,
Herança de Pandora,
Ou és disfarçado benefício?
A ti nos agarramos desde o início.
A dor por vir, a dor de agora,
A dor de amor, a dor de outrora;
Branda ou em chama sempre deixa resquício.
Não é de todo malefício
Contudo, a dor que se chora.
Após o ardor das lágrimas, surge a aurora.
Desvendada então, a dor está, é vício!
O poeta é um mágico sonhador
O poeta é um mágico sonhador
Transfigura olhares em altares
Subverte flores em clamores
Dos seus poemas é feliz desenhador
É corajoso aviador,
Nas asas do pensamento voa alto
Não tem medo de altura
Desenha tudo em palavra
Dos sentimentos cores lavra
E as derrama em léxica pintura
Dos seus versos é alfaiate
Com a linha fina da emoção
Ziguezagueia a costura entre razão e coração
Tinge o tecido opaco da tristeza em escarlate
Transforma toda dor em beleza
E toda incerteza em amor
O poeta é um mágico sedutor
HAJA
Haja crianças a quererem ser seres velhos.
Haja adultos a serem seres sem cerebelos.
Beija-flor
Deixe-me ir,
nasci para voar.
Preciso partir,
na minha doce jornada
perseguirei as flores.
Lembrarei dos momentos
que desfrutei do teu calor,
levarei no coração
teu olhar profundo,
tuas mãos inquietas,
teus intensos amores...
Elevarei teus sonhos até o infinito,
e um dia,
num bater das minhas asas velozes
lembrarás que tu também nascestes para voar.
Nosso reencontro chegará
numa noite perfumada de verão,
e juntos novamente,
iremos beijar as estrelas...
Ser professor
Como é bom ser professor!
Calar-se para do aluno sempre
a suave música do pensamento ouvir.
Ensinar é como tocar o violão do ser,
fazer vibrar as cordas do querer
para a melodia do aprender soar.
Ser professor é unir harmonia e ritmo à melodia...
É eternamente querer aprender a ensinar.
Temptrabdução Joy(se...)
(...) It was of a night, late, lang time agone,
in an auldstane eld,
when Adam was delvin and his madameen spinning watersilts,
when mulk mountynotty man was everybully
and the first leal ribberrobber
that ever had her ainway everybuddy
to his lovesaking eyes
and everybilly lived alove with everybiddy else(...)
James Joyce
(…) Era de uma noite, tarde, lango tempo idoatrás,
em uma memória longantiga,
quando Adão era cidadespaço e suas partículas madamás rodavam na águantiga,
quando o homem malíderreal era todobom
e a primeira leal gozadorroubadora
que sempre teve sua formentodos
aos olhosamantes dele
e todobode viviam sozinhamor com todomunda mais (...)
Sarah Kundalini
Santa Insanidade -- ( inspirado no poema" Estou fora de mim" de Vóny Ferreira)
Há muito mais em você
que eu possa ver...
Fecharei meus olhos,
fugirei de mim,
e por um instante
entrarei em você
pra respirar
o ar que passa pela sua boca.
- Estou fora de mim...
Livra-me dessa escuridão silenciosa...
Permita-me ouvir seus pensamentos
com a minha mente.
Deixa-me contemplar
a minha santa insanidade
com os seus olhos,
veja-se com os meus.
Deixa-me entrar no seu mar
e achar as pérolas
que você se esqueceu
de encontrar,
e devolvê-las a você,
com as suas próprias mãos.
Sinta-me nas suas veias,
enquanto eu deixo
você roubar uma doce memória
do meu sangue.
Prometo deixar o perfume
da minha passagem
nas flores que eu
beijar nas esquinas
da sua mente.
Voltando a mim,
à minha santa insanidade,
agora menos cega,
terei visto você...
Talvez eu volte a ser eu.
Talvez eu volte...
Terei me visto através dos seus olhos...
Há muito mais em mim
que você possa ver...
Kibernan-Colere - Cibercultura ( breve investigação etimológica e reflexões sobre o conceito)
kybernan
kybernetes
cybernétique
cybernetics
cyber
cibercultura
cyberculture
culture
cultura
colere
Kibernan vem do grego e significa guiar, sendo a raiz da palavra governo. Colere vem do latim e significa cultivar. O neo-prefixo cyber, utilizado em palavras como cyberpunk, cybersex, cyberspace e cyberculture, não possui significado no inglês, nem tampouco nos neologismos correspondentes no português. Isso ocorre pelo fato de cyber ter sido retirado de cybernétique do francês, palavra a qual não possui na sua morfologia uma união de radicais.
O homem controla as linguagens. O homem controla o homem e a natureza. Talvez finalmente a "natureza" do homem queira se libertar do "homem". O homem procura escapar da sua natureza, numa tentativa desesperada de fugir da mortalidade, da imperfeição e da vulnerabilidade inerentes à sua existência. Então se pensa "o super homem" de Nietzsche. Porém posteriormente, consciente de suas limitações, inventa o computador na ilusão que a máquina possa ser o "super homem". Nada podemos fazer sozinhos, seres humanos ou máquinas; tudo o que temos hoje é o resultado do que já foi pensado e feito, e que, felizmente, foi compartilhado.
Penso que o conceito cyber signifique uma transformação. Não tem a ver com a parafernália microeletrônica que vem sendo sugerida no momento. Cyber significa compartilhar. Sendo assim, cibercultura significa compartilhar cultura, e tudo o que esta última sugere: informação, conhecimento e ideias. O "homem" no futuro não controlará mais. Todos colaborarão com todos, pois quando não há mais controle do "cultivo" e compartilhamento de ideias, todos controlam, então todos deverão colaborar. Em relação à "fabricação" do homem, Norbert Wiener (matemático norte-americano conhecido como o pai da cibernética) diz: "O homem faz o homem à sua imagem e semelhança". Sendo assim, se o homem repensar a sua natureza social e coletiva, talvez ele possa se fazer melhor.
Meu blog:
http://samanthabeduschi.blogspot.com/
VIRÓTICA
viro aquilo
ou
viro isso
qualquer dia desses
viro árvore
a sorrir um quilômetro
de só isso
ou de aquiles
e viro o virar
da maçã à raiz
da raiz aos quilates
de perigos
vou e volto
de mercúrio
no mercúrio
do meu termômetro
sem precisão
nem aviso
virar a virada
para o lado
contrário do ar
do chão à marte
da lua refletida no mar
à sorte de plutão
viro só riso a voar
viro semente
de presente
pra terra
viro tudo
que pressente
a atmosfera
de estar
virando
viro risco
que nada
em água corrente
viro riso
viro nada
viro serpente
que alimenta
a fera e o juízo
viro terra viva quente
viro gente
qualquer dia desses
viro paraíso
viro porta aberta
do piso
à aorta
se descoberta
puro prejuízo
e se for preciso
viro a mão
que o coração
comporta
viro sim
viro não
viro sorriso
pois o meu vício
é virar o aquilo
ou o isso
nisso
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DEI A RÉ DO MIOCÁUDIO DE SOLÂNCIO FATUAL DE SI
Salada
De si
Cilada
De mi
Lida
De sim
Linda
Língua
De fado
De fato
De fá
Cauda
De sol
Cálida
Calda
Caída
Cada dia
De silêncio
Lambuzado
De lá
Cio
Da lauda
Calada
De mim
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