Poemas, frases e mensagens de samanthabeduschi

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de samanthabeduschi

Luto pelo afogamento das palavras não-ditas

 
Escapa-me a lucidez
nesse oceano de palavras não-ditas:
rosas indomáveis querem transbordar de mim;
o superego soberano as afoga; eu choro minha perda...
Nado em luto nos vãos estreitos
entre meus pensamentos paradoxais;
preciso respirar um instante de sanidade oxigênica.
Vislumbro o céu, refúgio das estrelas;
a lua, rainha dos amantes, brilha.
Enfim um pouco de ar...
 
Luto pelo afogamento das palavras não-ditas

Eco

 
A voz rouca

ecoa

da

inevitável

disfonia

do meu

atrevimento...

acaricia

a parede

que você

tão

ar-duo-arma-mente

construiu.

Ou porventura

será você

a parede,

e eu

pre-tem-cios-a-mente

de repente

o azulejo?
 
Eco

VOAR CAIR VOAR

 
Fiz algumas coisas por você; outras, minúsculas, eu criei só pra você, mas você não me via, não as lia, ou fingia não as perceber. Ainda há coisas que eu não sei dizer.

No pain, no gain.

Nunca gostei de doer muito, ou por muito tempo. Nunca precisei muito de alguém. Acho que nasci pra precisar de pouco; pra precisar somente de mim talvez, mesmo que eu saiba que tudo o que eu possa chamar de meu me pertença por direito ou dever ou decreto de deus ou somente por sentimento.

Assim vim ao mundo: independente. Independentemente das quedas que ele viesse a me oferecer; sempre preferi cair em solo sozinha... Assim não se machuca ninguém. Lembro-me bem dos sonhos que soltávamos como pipas daquelas janelas perdidas e tão achadas! Eles eram pequenos grandes sonhos, e ainda não tinham sido sonhados ou roubados por ninguém...

Aqueles nossos sonhos que sonhávamos em segredo{segredo: eles eram um pouco mais seus do que meus} eram milhares de minúsculas e delicadas estrelinhas que conseguiriam iluminar um bairro inteiro! Ou pelo menos um lar... Nós mesmos os construíamos, lembra-se? Naqueles momentos, não se colocava o sonho de nenhuma outra pessoa em risco... A não ser nós mesmos. Minto, quero dizer: os nossos sonhos.

Lembro-me bem das nossas palavras... Como dói criar minúsculos sonhos e depois, mais ainda, ter de diluí-los com as lágrimas invisíveis vindas dos nossos próprios silêncios, das eternas saudades do que ainda viveríamos...

Você tentou fazer algumas coisas por mim. Tentou me ensinar algumas vezes o que bem mais tarde eu vim a aprender.

No try, no fly.

Sem perceber, aprendi a voar e a doer.

Voo e doo, doo e voo.

Mais em: http://sarahkundalini.blogspot.com.br/
 
VOAR CAIR VOAR

VISÃO

 
lado a lado
a mente e o sonho
que ela soltalado
talvez
algum dia
se encontrem

nem sempre
a mente voa
e vê de cima
ou se esconde
embaixo
das asas
do sonhalado

às vezes
a mente mora
atrás de duas colinas

a mente demora
entre duas sinas

na frente
do morro
moram um olho
o outro
e suas meninas

faróis da mente e do sonho

Mais em: http://sarahkundalini.blogspot.com.br/
 
VISÃO

DANDO À LUZ (a um poema com alma de mãe)

 
vinha muito bem vinda
a vida vivida

vi bem que vivia muito
com vida

vinha que vinha
a vida minha

a vida vinha muito
a vida vivia bem

como a vinha
para o vinho
e o venha
para o venho
à vida,
à vida, vim

a vida muito bem vinha

a vinda e a vida
vinham vindo bem

a vida e a vinda
vivem muito bem

Fonte original do poema: http://sarahkundalini.blogspot.com.br ... oema-com-alma-de-mae.html
 
DANDO À LUZ  (a um poema com alma de mãe)

Tempo x Memória

 
Invejo o poder do tempo,
que faz do espaço, palco,
e da vida, mero entretenimento:
após terno momento, apressando-se parte;
não diz adeus, sequer acena um alento.

Tempo, amante inconstante,
que quando o sofrimento se estabelece,
então me acompanha,
lenta e prazerosamente se apresenta,
em artimanha desacelera...

Invejo o poder do tempo,
mas nesse jogo carrego um trunfo:
minha memória, doce domínio,
ao tempo nunca se submeterá.

Pobre poderoso tempo,
há tempo escondes um secreto tormento,
teu único sentimento:
a inveja que tens da atemporal beleza
da memória no meu pensamento.
 
Tempo x Memória

O mistério do assento levantado

 
Abro a porta do banheiro,
o assento levantado;
mistério de Marte,
indício masculino a ser desvendado...
Será marcação de território
ou orgulho másculo e notório?
Com medo da água não pegas na tampa.
Pensas que se não tocar em nada,
estarás livre de tal cobrança?
Ora, tocaste sim...
teu documento!
Prova final de que és macho...
falo infalível!
Tens que as mãos molhar
na torneira, eu acho...
Deixas tal obstáculo na vertical
como alusão ao teu viril estado?
Ai de ti, homem casado,
se chegando em casa encontrar
o tal assento levantado...
 
O mistério do assento levantado

Que o amor seja...

 
Ouve o sustenido

com a fita métrica

da mente...

ele mede.

Ela sente.

Alguém mente

e se arrepende...

A música se evapora

no som do agora:

consome-se no poente...

Ela sente

e se consola

em sol bemol...

Dolo inaudito,

tolo conflito,

impuro anzol...

Sim, amar é infinito.

Que o amor seja

amar

ou simplesmente

um tom bonito.
 
Que o amor seja...

SEM QUERER

 
Pensar em você é como mergulhar em um oceano de segredos lidos meio sem querer... Pensar em você é ser e estar em segredo no silêncio triste de querer amar.

Outros silêncios não-tidos que percorri em você alegremente sem querer foram fonemas unidos lindos de viver que eu jamais li, mas sempre tive em mente dizer... E os sons coloridos que ouvi e disse sem querer fingiram que nos mataram de amor por querer em alguns poucos segundos eternos: sons perfumados e perdidos nos vãos estreitos entre os meus pensamentos imperfeitos e os seus tantos perfeitos nãos ditos sem querer.

Pensar em você é meio que mergulhar em um mar de silêncio particularmente ensurdecedor. Pensar em você é quase uma dor bela, exatamente cinco segundos de um olhar de amor que nunca se revela...

Uma quase covardia é pensar em você... Pensar em você tornou-se a minha bobagem favorita sem querer. Uma verdade que parece mentira; uma miragem que vem bem vestida de uma renda muito fina, sutil, multi colorida, que vem bem escondida naqueles minúsculos fragmentos de coragem enorme que só quem amou de verdade, por alguns séculos imaginados que seja, conhece.

Pensar em você é como uma prece, é puro silêncio; é como um filme interminado e infinito... e mudo... e bonito... e quase interminável é a mentira que eu omito.

Pensar em você é um filme passado em câmera lenta que sempre começa em algum outro mundo maiúsculo... em algum lugar do passado sentido, que termina em uma tela branca que indeterminavelmente parece dizer tudo... que em vez de dizer

FIM

diz

SIM,
SEM QUERER
EU TE AMEI
(POR CINCO LONGOS SEGUNDOS)

Meu blog: sarahkundalini.blogspot.com.br
Facebook: www.facebook.com/SarahKundalini
 
SEM QUERER

INVERBO-IN-VERSO

 
eternizo-te
com a língua
que te molha
o verbo-verso

a língua
que molha
a língua
no inverso
que eterniza
o verso

eternizo-te
com a língua
que te molha
um verbo olhado

verso-te
no universo-língua
que molha
a língua
um verso molhado
 
INVERBO-IN-VERSO

A dor é vício

 
Dor, qual será teu ofício?
És flor carnívora que a alma devora,
Herança de Pandora,
Ou és disfarçado benefício?

A ti nos agarramos desde o início.
A dor por vir, a dor de agora,
A dor de amor, a dor de outrora;
Branda ou em chama sempre deixa resquício.

Não é de todo malefício
Contudo, a dor que se chora.
Após o ardor das lágrimas, surge a aurora.
Desvendada então, a dor está, é vício!
 
A dor é vício

O poeta é um mágico sonhador

 
O poeta é um mágico sonhador
Transfigura olhares em altares
Subverte flores em clamores
Dos seus poemas é feliz desenhador
É corajoso aviador,
Nas asas do pensamento voa alto
Não tem medo de altura
Desenha tudo em palavra
Dos sentimentos cores lavra
E as derrama em léxica pintura
Dos seus versos é alfaiate
Com a linha fina da emoção
Ziguezagueia a costura entre razão e coração
Tinge o tecido opaco da tristeza em escarlate
Transforma toda dor em beleza
E toda incerteza em amor
O poeta é um mágico sedutor
 
O poeta é um mágico sonhador

HAJA

 
Haja crianças a quererem ser seres velhos.
Haja adultos a serem seres sem cerebelos.
 
HAJA

Beija-flor

 
Deixe-me ir,
nasci para voar.
Preciso partir,
na minha doce jornada
perseguirei as flores.
Lembrarei dos momentos
que desfrutei do teu calor,
levarei no coração
teu olhar profundo,
tuas mãos inquietas,
teus intensos amores...
Elevarei teus sonhos até o infinito,
e um dia,
num bater das minhas asas velozes
lembrarás que tu também nascestes para voar.
Nosso reencontro chegará
numa noite perfumada de verão,
e juntos novamente,
iremos beijar as estrelas...
 
Beija-flor

Ser professor

 
Como é bom ser professor!
Calar-se para do aluno sempre
a suave música do pensamento ouvir.

Ensinar é como tocar o violão do ser,
fazer vibrar as cordas do querer
para a melodia do aprender soar.

Ser professor é unir harmonia e ritmo à melodia...
É eternamente querer aprender a ensinar.
 
Ser professor

Temptrabdução Joy(se...)

 
(...) It was of a night, late, lang time agone,
in an auldstane eld,
when Adam was delvin and his madameen spinning watersilts,
when mulk mountynotty man was everybully
and the first leal ribberrobber
that ever had her ainway everybuddy
to his lovesaking eyes
and everybilly lived alove with everybiddy else(...)

James Joyce

(…) Era de uma noite, tarde, lango tempo idoatrás,
em uma memória longantiga,
quando Adão era cidadespaço e suas partículas madamás rodavam na águantiga,
quando o homem malíderreal era todobom
e a primeira leal gozadorroubadora
que sempre teve sua formentodos
aos olhosamantes dele
e todobode viviam sozinhamor com todomunda mais (...)

Sarah Kundalini
 
Temptrabdução Joy(se...)

Santa Insanidade -- ( inspirado no poema" Estou fora de mim" de Vóny Ferreira)

 
Há muito mais em você

que eu possa ver...

Fecharei meus olhos,

fugirei de mim,

e por um instante

entrarei em você

pra respirar

o ar que passa pela sua boca.

- Estou fora de mim...

Livra-me dessa escuridão silenciosa...

Permita-me ouvir seus pensamentos

com a minha mente.

Deixa-me contemplar

a minha santa insanidade

com os seus olhos,

veja-se com os meus.

Deixa-me entrar no seu mar

e achar as pérolas

que você se esqueceu

de encontrar,

e devolvê-las a você,

com as suas próprias mãos.

Sinta-me nas suas veias,

enquanto eu deixo

você roubar uma doce memória

do meu sangue.

Prometo deixar o perfume

da minha passagem

nas flores que eu

beijar nas esquinas

da sua mente.

Voltando a mim,

à minha santa insanidade,

agora menos cega,

terei visto você...

Talvez eu volte a ser eu.

Talvez eu volte...

Terei me visto através dos seus olhos...

Há muito mais em mim

que você possa ver...
 
Santa Insanidade -- ( inspirado no poema" Estou fora de mim" de Vóny Ferreira)

Kibernan-Colere - Cibercultura ( breve investigação etimológica e reflexões sobre o conceito)

 
kybernan
kybernetes
cybernétique
cybernetics
cyber
cibercultura
cyberculture
culture
cultura
colere

Kibernan vem do grego e significa guiar, sendo a raiz da palavra governo. Colere vem do latim e significa cultivar. O neo-prefixo cyber, utilizado em palavras como cyberpunk, cybersex, cyberspace e cyberculture, não possui significado no inglês, nem tampouco nos neologismos correspondentes no português. Isso ocorre pelo fato de cyber ter sido retirado de cybernétique do francês, palavra a qual não possui na sua morfologia uma união de radicais.

O homem controla as linguagens. O homem controla o homem e a natureza. Talvez finalmente a "natureza" do homem queira se libertar do "homem". O homem procura escapar da sua natureza, numa tentativa desesperada de fugir da mortalidade, da imperfeição e da vulnerabilidade inerentes à sua existência. Então se pensa "o super homem" de Nietzsche. Porém posteriormente, consciente de suas limitações, inventa o computador na ilusão que a máquina possa ser o "super homem". Nada podemos fazer sozinhos, seres humanos ou máquinas; tudo o que temos hoje é o resultado do que já foi pensado e feito, e que, felizmente, foi compartilhado.

Penso que o conceito cyber signifique uma transformação. Não tem a ver com a parafernália microeletrônica que vem sendo sugerida no momento. Cyber significa compartilhar. Sendo assim, cibercultura significa compartilhar cultura, e tudo o que esta última sugere: informação, conhecimento e ideias. O "homem" no futuro não controlará mais. Todos colaborarão com todos, pois quando não há mais controle do "cultivo" e compartilhamento de ideias, todos controlam, então todos deverão colaborar. Em relação à "fabricação" do homem, Norbert Wiener (matemático norte-americano conhecido como o pai da cibernética) diz: "O homem faz o homem à sua imagem e semelhança". Sendo assim, se o homem repensar a sua natureza social e coletiva, talvez ele possa se fazer melhor.

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Kibernan-Colere - Cibercultura ( breve investigação etimológica e reflexões sobre o conceito)

VIRÓTICA

 
viro aquilo
ou
viro isso

qualquer dia desses
viro árvore
a sorrir um quilômetro
de só isso
ou de aquiles

e viro o virar

da maçã à raiz
da raiz aos quilates
de perigos

vou e volto
de mercúrio
no mercúrio
do meu termômetro
sem precisão

nem aviso
virar a virada
para o lado
contrário do ar

do chão à marte
da lua refletida no mar
à sorte de plutão

viro só riso a voar

viro semente
de presente
pra terra

viro tudo
que pressente
a atmosfera
de estar
virando

viro risco
que nada
em água corrente

viro riso
viro nada

viro serpente
que alimenta
a fera e o juízo

viro terra viva quente
viro gente

qualquer dia desses
viro paraíso

viro porta aberta
do piso
à aorta

se descoberta
puro prejuízo

e se for preciso
viro a mão
que o coração
comporta

viro sim
viro não

viro sorriso

pois o meu vício
é virar o aquilo
ou o isso
nisso

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VIRÓTICA

DEI A RÉ DO MIOCÁUDIO DE SOLÂNCIO FATUAL DE SI

 
Salada
De si

Cilada
De mi

Lida
De sim

Linda
Língua
De fado
De fato
De fá

Cauda
De sol
Cálida

Calda
Caída
Cada dia
De silêncio
Lambuzado
De lá

Cio
Da lauda
Calada
De mim

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DEI A RÉ DO MIOCÁUDIO DE SOLÂNCIO FATUAL DE SI