Poemas : 

Lamentos II

 
Lamúrias desta voz castrada
Que estando velha e cansada
Se fez nua à trôpega estrada
E repousa só à sombra, sem nada.

Castas vozes lamuriantes
Que nos nevoeiros figurantes
Cegam em bravos ecos contagiantes,
Braços de guerreiros navegantes
Que em noites de ventos ofegantes
Empunham suas espadas desafiantes

Espadas que empunham desafios
Matam homens e tingem rios
Deixam corpos castrados e frios
Aos olhos secos e pios
Loucos de gastos elogios
A seus corpos esguios

Noites que respiram o vento
Levam-lhe o medo e o sentimento
O tempo e a chuva, o momento
O ar e a terra onde me sento
Cobertas de letras que invento
Maldito seja o ressentimento

Mares onde navegam braços guerreiros
Outrora fadistas e marceneiros
Povos bons, alguns verdadeiros
Agora somente pais... sem herdeiros
De velhos olhos feiticeiros
Mares que vos levam, marinheiros

Bravura de ecos que se contagiam
Que soltariam a palavra e a gritariam
A lembrar como a viviam
Tudo o que dela sabiam
Sem saber onde iam
Mas como... viviam!

Nevoeiros que desfiguram o horizonte
E esquecem o sabor da água na fonte,
O cantar dos pássaros no cimo do monte
A cada fio de sol que aí desponte...


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
Autor
Alemtagus
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1069
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 22/12/2010 12:27  Atualizado: 22/12/2010 12:27
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4529
 Re: Lamentos II
Lamentos poéticos,
na poesia da vida.

Santo e feliz Natal.
Antonieta