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o grande caderno azul - XLII

 
XLIII

Na penumbra do quarto onde durmo, cheio de roupas estendidas para secar,que a minha cunhada lavou ontem. Um folha da janela aberta,o céu fechado, chove finalmente. Seu Raposo é muito irônico,gosta de rir das desgraças alheias, não é muito confiável. A partir de hoje vou dar um tempo, toda vez que vou lá, ele me recepciona de modo diferente, irônico e mordaz principalmente se tem algum cliente. Minha cunhada liga o rádio, Seu Pietro dormindo no sofá.
- É isso mesmo - Foi a frase que o sacana do Patriarca confirmou diante de tia Fleur as sacanagens que ele comete contra a minha laboriosa cunhada que não merece. Os pingos estatelam-se no asfalto molhado. estou me testando desde ontem, quando fui ao Seu Raposo no intuito de comprara quatro cervejas Sol, mas como o mesmo não deu-me a mínima importância, fugindo pela tangente - resolvi que não iria beber. Ontem a noite, quando já estava deitado veio-me uma dessas brilhantes ideias que eu escrever no caso, olha o titulo sugestivo: "Confissão de um ex-maconheiro" onde relataria toda a minha vivencia com essa droga que consumiu boa parte da minha vida, mas um assunto foi intercalando-se com outro - O grupo de Jovem da Igreja do Desterro, os jornais mimeografados que eu redigia, a greve dos estudantes de 79, as prisões e assim por diante todo um rosário de molezas, então para não me estressar resolvi dar um tempo para amadurecer essas ideias, mas continuo com pensamento fixo em escrever "Moço Velho" - Moço velho seria meu alterego:
"Quase ninguém conhecia a verdadeira historia daquele cidadão circunspecto e meticuloso, não dava abertura, era de poucas palavras e quando as proferias era com rispidez que o interlocutor era obrigado a recuar para não ser ofendido. Ele se fechava em copas, inexpugnável como uma fortaleza nazista"
09:30 - tempo continua nublado - Clarinha a princesinha do meio chegou ontem a noite trazida pela mãe Dona Fernanda. Comprei língua de boi para amanhã.
10:20 - Uma volta tradicional pelo mercado, queria digitar o epilogo, mas infelizmente a Lan-house de Dorieldson estava fechado e na da Irmão neta do finado Seu Eusébio Hemorroidas muito amigo. do velho pai estava lotado.Passei pela Praça do Bacurizeiro,onde nenhum dos papudinhos estava presente, entrei pelo portão lateral do Mercado e sai em frente ao Comercial Lacerda do meu amigo Capitão La Sierra. Encontrei com o grande artista Diogo, ex voz e manipulação do boneco Migué do programa de Jairzinho no canto do mercado, a espera de um ônibus que o levaria até o bairro do Monte Castelo onde gravaria um jingle de propaganda para um amigo dele. Gosto e admiro muito o seu trabalho. Mano carrinho chega com uma carro de mão. Tia Lena vem temperar a lingua para amanhã.

Noite fria de domingo
Ouvindo as lamentações pueris da pequena Clara sobre a sua deusa Adrielle, as musicas de minha cunhada,uma latinha e a chuva caindo.
21:30 - O vicio meu venceu e gastei o meu ultimo tostão na compra da ultima lata de cerveja. O negão Pastor Valdemiro merece, fala ou melhor prega de mais. O meu amigo Dr. Oswaldo ou Troira de "Ferrari" nova encabulando os caras que tiravam sarro da cara dele.Uma senhora moto vermelha, zero km - bebemos duas garrafas de cachaça pela manhã na praça.Gosto dele, malandro das antigas,aposentado pelo Tribunal e agora moto-taxistas. esta é s segunda moto dele, a primeira roubaram.
23:30 - Vou deitar-me. Obrigado Senhor!





 
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r.n.rodrigues
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/04/2016 13:53  Atualizado: 13/04/2016 13:53
 Re: o grande caderno azul - XLII
Hoje vim para o caderno azul como quem busca uma sombra tranquila onde respirar algum sossego... E funcionou! Obrigado amigo Raimundo. Também já tive minhas voltas com o cânhamo. Oferece e rouba muito em simultâneo.

Abraço