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Acidente

 
Passaste por mim, numa visão entorpecida,
Seguindo na escuridão de uma pista molhada!
Ias assim, tão enlouquecida,
Direto numa estrada, que seguia para o nada!

Partiste sem nenhum aviso,
No frio asfalto de uma tortuosa curva fechada!
E do pára-brisa que te cortou o riso,
Restou apenas uma saudade disfarçada!

Os frisos que saltaram dos destroços,
Elevaram-se ao som de uma infausta risada...
E reverberando no fundo dos ossos,
Gemeram numa existência mal-fadada...

E lá, em precipício tão fundo!
Ferro e carne - restaram todos destroçados -,
Só um grito de desespero profundo,
Restou do que foste em tempos passados...

O sangue escorreu pelo retrovisor,
Manchando a fundo - o chão todo acarpetado!
E o vermelho que inundou o interior,
Foi te encobrindo o corpo todo arroxeado...

E ainda, no estertor da colisão!
Esvoaças sobre a curva num carpir angustiado...
E olhas sempre na mesma direção,
Onde a morte te abraçou num abraço apertado!

(® tanatus – 21/04/2009)
 
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tanatus
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