Poemas, frases e mensagens de cesarmelo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de cesarmelo

Eu e você somos um indivíduo

 
Somos um indivíduo que quer acordar com o canto dos pássaros
E tomar café da manhã, e caminhar, e sorrir
Para depois sentar no deck e apreciar o mar
Lamentando com sorrisos o sofrimento de Siqueira Campos

Somos um indivíduo que quer viver e reviver intensamente
E tomar um vinho, e papear, e paquerar
Invadir a noite e seus mistérios, que nada são diante de si
Desdenhando da lua rodeada de estrelas, mas não tão iluminada

Somos um indivíduo que quer conhecer a si próprio
Absorver um pouco de cada poesia e suas belezas
Saber de todas as forças e fraquezas a ele reservado
Desvendando aos poucos as entrelinhas impostas pela caminhada

Somos um indivíduo que quer fazer planos como todos
E ver passar o tempo, e rir, e chorar
Afastar a impossibilidade de cada uma dessas ações
Elevando cada momento à patamar único, inalcançável

Enfim, eu e você somos um indivíduo com a eterna esperança
De que um dia poderá viver o amor plenamente
 
Eu e você somos um indivíduo

Orai

 
Agradeça a comida, é ela que te dá forças para seguir em frente. Agradeça o fato de todo dia acordar para trabalhar e agradeça também seu emprego. Agradeça os bons amigos, pode não ter muitos, mas são fiéis. Agradeça a sua saúde, cuide da sua saúde, sem ela você não é nada. Agradeça os invejosos, são eles que te fazem permanecer atento ao seu objetivo.

Agradeça a Deus, Oxalá, Buda, Maomé, enfim... E se não acreditar em nada disso, agradeça a você mesmo.
 
Orai

Metade

 
Meus olhos a meio-mastro
Meus ouvidos a meia-boca
Minha boca a meia-bomba
minnha mente meio louca
Tempo, tempo, tempo
Passe de uma vez
E traga meu outro meio.
 
Metade

??????????

 
A chuva tenta lavar o sofrimento do desprezado
Mas nem um dilúvio lavaria tanta amargura
De repente ela cessa e faz arder o coração em prantos
E nem os deuses tem a capacidade de amenizar tal dor
É um caule espinhoso com a rosa destruída, macerada
Cujo a beleza sucumbiu, ficou na estação passada
Com todos os planos que fizemos e com as tardes eternizadas em minha memória
Ah... Aquelas tardes quentes de puro delírio
Sorrisos, toques, palavras de nossas almas, juras de nossos corpos
Tudo esquecido no primeiro dissabor a ultrapassar
Como se acordasse de um lindo sonho e voltasse a realidade
E agora tudo é nada, nesse corpo só ecos do que se foi
Azucrinando minha mente também vazia
Impossibilitada de qualquer reação e plano
Ela que ressuscitara para uma nova era
E tivera a esperança de sobreviver a tantas lutas
Agora agoniza, pede socorro, pede auxílio
Alguém que me puxe desse abismo em que me atirei
Que me arranque do peito esses espinhos
Que me mostre a saída desse deserto
 
??????????

Solidão

 
Aqui está Copacabana...
Cheia de sol e mar,
cheia de luzes e sons,
chei de velhos e cachorros,
cheia de mendigos e carolas,
cheia de drogados e bêbados,
cheia de trabalhadores e vagabundos.
Aqui está Copacabana...
Cheia de seduções e prazeres,
cheia de surpresas e certezas,
cheia de ambições e desejos,
cheia de maldades e indiferenças,
cheia de amores e desilusões,
cheia de preceitos e magias.
Aqui está Copacabana...
Vazia, completamente vazia de você...
 
Solidão

....

 
Escrevo porque essa distância sufoca minhas mãos
Porque não tenho nada mais além da caneta, do papel e de mim
Escrevo simples, distritalmente, assim como sou e vivo
Horas agrado, horas não
Horas o que já agradou desagrada e vice-versa
Escrevo meus pavores, escrevo tudo que me falta coragem de falar
Escrevo a vida alheia, escrevo a notícia
Escrevo a descrença e suas vantagens
Escrevo a saudade, a ausência e a solidão
Mas também escrevo o ar, o mar e o amar
Escrevo até sem palavras, mas esse é só meu
Gosto de trechos, dos pensamentos, das frases largadas por aí
Leio pouco, só o que me interessa. Nunca me aprofundei na obra de ninguém
Já tenho fantasmas demais, para me embriagar com o dos outros...
 
....

???

 
Porque as pessoas não enxergam o que está explícito?
Basta o mínimo de atenção, que numa palavra tudo se revela. Está tudo ali no olhar iluminado pelo que reflete. Os caminhos afloram em seus ideais num simples gesto .
È muito triste perceber, que as pessoas preferem o turvo. Preferem a incerteza em suas convicções. No escuro, se sentem protegidas das suas imperfeições e com isso perdem a magia do desconhecido. Não sentem o enorme milagre de respirar, posto que é inerte.
 
???

E daí?

 
Nosso amor é um desacato a família
Uma afronta a engelhada razão
Porém, libertos por nossas consciências
E desprovidos de valores arcaicos
Ignoramos as montanhas e caminhamos
Sorrisos largos, passos estreitos, almas unidas.
 
E daí?

Porque?

 
Porque, tudo que parece duradouro
Tem seu tempo já determinado
Nada que for feito mudará o que já é
Acreditamos em verdades ilusórias
Mesmo com a certeza do doloroso tormento
Afundamos em desejos translúcidos
Para mais uma vez sairmos de cara inchada
 
Porque?

Braszil

 
O sabiá já não canta na palmeira.
Os campos já não sorriem, nem dão flores.
A Lei Áurea perdeu a validade.
E as senzalas estão superlotadas.

Fantasiamos uma democracia.
E até as balas estão perdidas.
Que venham os generais.
E exilem toda essa hipocrisia.

Deitado em berço esplêndido.
O sistema vê a banda passar.
Enquanto o povo caminha contra o vento.
Mas,daqui a pouco é carnaval...Tudo bem...

Corromperam nossos neurônios.
Estamos ébrios com essa lama.
E com esse desabafo intimista.
Bye, bye, Brasil.
 
Braszil

Silêncio

 
Palavras ambíguas
Palavras calorosas
Palavras infames
Palavras gostosas
Palavras patéticas
Palavras saudosas
Palavras chulas
Palavras chorosas
Palavras manjadas
Tantas palavras
Tanta vontade
Tanto silêncio...
 
Silêncio

acaso

 
ACASO

Eu nem queria ter ido,
Mas fui
Eu nem queria ter te olhado,
Mas olhei
E foi como uma explosão
Como se estivesse aguardando esse brilho
Desde de muito antes de ser gerado
Você ali sentado e me olhando
Foi minha primeira imagem
A primeira criatura após o renascimento
Aquele olhar tímido e malicioso
Eu nem queria ter falado,
Mas falei
Eu nem queria ter escutado,
Mas escutei
E era veludo nos meus ouvidos
Belas e envolventes mensagens
Nós ali deitados, largados
Desprovidos de qualquer pudor
A primeira criatura ápós o renascimento
Aquela voz suave, firme e certeira
Eu nem queria ter jantado,
Mas jantei
Eu nem queria ter entrado,
Mas entrei
E as cartas se revelavam aos poucos
Algumas indagações desconfiadas
Seguidas de tórridos entrelaços
E os seus braços, ah seus braços...
A primeira criatura após o renascimento
Aqueles braços acolhedores e seguros
Eu nem queria ter me despedido,
Mas me despedi
Eu nem queria ter me envolvido,
Mas me envolvi
E a saudade se determinou cruel
Algumas vezes, dilacera meu humor
Outras, alivia em mensagens
A primeira criatura após o renascimento
Aquele púbis onde me perco e me acho
 
acaso

Umbral

 
Depois de tanto prometer, a felicidade fechou suas asas. Bastou apenas uma mensagem desencontrada, para ela partir para não sei onde. Desde então, apenas estou vivo, perambulando entre becos e procurando sentido, talvez encontre uma flor em meio ao asfalto... Tudo que encontrei, foram velhos ímpetos conhecidos. Aos quais abracei, como a velhos amigos por tempos afastados.

Aqui nessa estação habitada apenas por pobres diabos. Cada qual como eu, se esconde como pode. São médicos, poetas, Mauricios, Patricias, mendigos. Aparecem aos montes, de todos os cantos. Estão sujos, famintos, irados e auto-amaldiçoados. A dor rasteja sorridente e insaciável, alfinetando cada ferida exposta em carne viva, amiga-se ao medo e enveredam-se pro entre os diabos. Alguns estão sentados, mas por pouco tempo, alguns passam de lá para cá, alguns choram e nenhum deles pode dizer o que há.

Vários copos de água mineral enfeitam o lugar fétido, muitos sacos plásticos, cápsulas, pontas de cigarros, merda e urina. O breu noturno deixa ainda mais obscura a cena deplorável. Eu ali, em meio ao caos, esperando uma rede salvadora, quem sabe até um paraquedas. Um braço já servia... Alguém que dissesse: “Você não é isso. Quer um espelho?”. Mas como poderia se me tornei invisível, se me tornei mudo,cego e surdo? Sou apenas mais um pobre diabo...
 
Umbral

Fui

 
Levantei e fui, só levantei e fui...
Os chamados não calavam a frase derradeira.
Cada passo deixava outras frases, talvez melhores.
Pegadas grenás marcaram um caminho sem volta.
Num dia lastimosamente ensolarado, chorei.
Levantei e fui, coração batendo oco, mas fui.
 
Fui

Certezas

 
Por mais que a carne peça
Que a cabeça enlouqueça
Que o coração implore
Que a alma me ignore
A angústia ainda me é grande...

Por mais que o amor exista
Que a saudade insista
Que a razão adormeça
Que o desejo cresça
A dor ainda me é forte...

Por mais que carne e amor
Que cabeça e saudade
Que coração e razão
Que alma e desejo
Eu não quero mais você...
 
Certezas

Talvez ainda houvesse ternura

 
Talvez ainda houvesse ternura
Não fosse a infeliz convicção
Questionando a própria certeza
Não fosse a obrigação de engolir
O silêncio insalubre e covarde
E agora José?
As pedras continuam no caminho
Caminho que passava por praias
Passava por cavernas obscuras
Passava pelas mulheres de Chico
Passava pela verdadeira dor fingida do poeta
Caminho onde a verdade foi esquecida
Onde as pegadas nunca foram quatro
Caminho que nunca esteve no mapa
Mas não fosse todo esse dissabor
Talvez não saboreasse outros vinhos
Outras culinárias e outras imagens
Talvez não voltasse a enxerga
As verdadeiras almas inteligentes
 
Talvez ainda houvesse ternura

Espera

 
Eu espero os dias passarem
Mas não sei se eu os somo ou diminuo
Eles simplesmente passam com seus desatinos
E nada acrescentam além dessa falta constante
Eu espero nos check-ins matinais
Alguma notícia do meu juízo imperfeito
Mas só me resta um sorriso oco para a felicidade alheia
E nada impede que uma pequena inveja me assombre
Eu espero por você, apesar de não saber ser só
Apesar da angústia de não poder mergulhar em ti
Apesar das investidas, a mim desinteressantes
Porque cada vez que se vai, me leva em seu bolso
Junto à qualquer objeto perdido
Eu espero por você... Não sei porque.
 
Espera

A você

 
Te desejo,
Amor, paz, saúde
te desejo vida!
Te desejo,
mato, pé descalço, vento
te desejo vida!
Te desejo,
chuva, sol, nuvem,
Te desejo vida!
te desejo,
lembranças, gargalhadas, abraços,
te desejo vida!
Te desejo,
família, amigos, crianças,
te desejo vida!
Te desejo,
fé, alma, resignação,
Te desejo muitos anos de vida!
 
A você

Infortúnio

 
Infortúnio

A tarde infinita deu adeus
Deixando meus pés doídos e inchados
Não sinto cansaço nem fome, na verdade não sinto nada
Nada que valha apena, nada além dessa febre
Que me queima o juízo com lembranças distorcidas
São duas bolas negras e iluminadas
São idéias antes impregnadas e agora vagas
Uma fumaça que insiste em nublar
Uma garrafa de vinho pela metade
Uma gilete em cima do prato empoeirado
São diabos me zunindo aos ouvidos
Me fazendo perceber que nada que eu quis eu sou
E perfuram o meu peito com seus dedos afiados
Os mesmos que apontam minhas mazelas e culpas
Já não importa se as crianças estão brigando
Ou se a música está muito alta, ou se o cachorro sujou tudo
Já não importa se o que dizem é verdade
Ou se é uma mentira deslavada, ou se todos se calaram
Até as palavras fogem de minhas mãos trêmulas
Escondendo assim, o incorreto e o indecente
E todos os fantasmas, dessa forma, presos
Assombram sem piedade minha sucumbida mente
O tremer das carnes embaralham tua imagem entre sorrisos e lágrimas
E o medo entrelaça suas mãos em meu pescoço
Como se viesse o último suspiro, mas não existe passagem
Só uma alma decepcionada e presa
Deus, santos, orixás, oxalás
Todos ilusionistas com crédito na praça
 
Infortúnio

Sem Razão

 
Sem Razão

Onde está minha razão?
Talvez na Dias da Rocha
Onde bastou um olhar para me dominar
Quem sabe está no “Canadá”
Despido de pudores, se entregando a paixão
ou bebendo uma cerveja no Garota de Ipanema
Sendo massacrado por erros do passado
Sendo interrogado sem saber porque
E abandonando sua alma, quando não mais resistiu
Pode estar nos bares da orla
Entre conversas agradáveis e roçar de pernas
Naquele hotel sórdido
Onde as palavras se calaram diante da luxúria
Deve estar no retorno
Depois de tempos de espera agonizante
Perdido na Lapa entre bares e ruas
Fazendo dueto no Bar do Luis
Almoçando e fazendo compras em Botafogo
Deslumbrada com o entardecer de um dia lindo
Para de noite se perder numa caverna
E inflar seu ego com ciúmes e o medo da perda
Ficou na despedida melancólica
Quando promessas não foram feitas
E as verdades, foram quase ditas
E o adeus foi dado
Onde está minha razão?
Está guardada numa “Fortaleza” distante
Prestes a vir para um “Rio” de águas, agora, mais calmas
Está esperando te ver novamente
Para mais uma vez se perder
 
Sem Razão