Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 020

 
Tags:  Marcos Loures Sonetos  
 
1901



Amigo tantas vezes procurei
Em meio a tempestades violentas,
As mãos que com as quais tanto apascentas,
No rumo mais sensato que encontrei.

Amigo, como é bom poder dizer
De quanto necessito do teu braço,
Seguindo a vida inteira, passo a passo,
Começo outro futuro perceber

Distante do que fora a minha vida,
Em solidão terrível, sem ninguém,
Agora que percebo o raro bem

Encontro na verdade uma saída
Envolta em total luz e claridade,
Na força mais sublime da amizade...


1902

Amigo te dedico em amizade
Meus versos de aprendiz em poesia.
Por certo reconheço a claridade
Que trazes ao recanto, em alegria...

Tu tens neste teu jeito brincalhão
A forma de trazer o teu carinho,
Dedico-te com todo o coração
Os versos que hoje faço, sem espinho.

Nos ramos do arvoredo lusitano
Teus versos são decerto mais jocosos.
Mas saiba que viver é sempre um plano
Sonhando com seus dias mais formosos...

Amigo, nesta vida tanta cruz,
Alegra-nos teu canto, bom Jesus...


1903


Amigo vai dizê presse coitado
Qui num tive vontade di matá
Um sujeito que é cabra disgramado
Qui num dêxa nem sór ir clariá

Todo tempo qui têve foi marcado
Pur vontáde bem triste di lutá
Contra nóis tudim, povo isfomiado
Lá no nosso sértão, Minas Gerá...

Apois eu falo, conto prás madami
Qui nus meus tempo sêmpe fui correto.
Num tem nêsse meu mundo quem recrami.

Prôs dotô sêmpe trago as minha figa,
Me disgosta tratá cum aninseto
Um bom minêro num suporta intriga...



1904


Amigo verdadeiro não se esconde
Nas horas mais difíceis, tempestade.
Não deixa seu amigo perder bonde
E sabe dos caminhos na cidade.

Às vezes eu procuro e não sei onde,
Parece que esta história é falsidade,
Gritando como um louco. Quem responde?
Aonde encontrarei uma amizade?

Porém ao perceber que a solidão
Chegou mais que depressa em minha vida,
Olhando para o Céu, para a amplidão.

Zilhões de estrelas brilham com beleza
Existe alguém que mostra uma saída
Numa amizade plena de certeza...


1905



Amigo, eu te convido; venha à mesa
Aonde a poesia faz a festa,
Felicidade imensa já se atesta
Bebendo a rara fonte da beleza.

Que trazes com teu verso, sem surpresa,
A noite sem limites, desembesta,
E a velha solidão, bruxa funesta
Do canto em harmonia, vira presa.

Ergamos, pois um brinde à fantasia,
Tocando na viola, uma modinha,
Que um dia “até pensei que fosse minha”

E a cada novo gole se recria.
Até que embriagado – lua e gim,
Esta música exploda dentro em mim...



1906


Amigo, eu te proponho novos versos
Que falem de esperança e de alegria.
Por mais que sejam tristes e diversos
Os dias se renovam, fantasia...

Passando pelos astros, universos
Se mostram encantados, poesia.
Se os medos se perderam, tão dispersos,
Um novo mundo, a sorte prometia...

Palavras que vão soltas, liberdade.
Nas asas dos sonetos que tu fazes,
O sonho se mistura à realidade.

Por isso, companheiro se permita,
Que a vida te trará em outras faces
A vida na verdade, mais bonita...



1907

Amigos, para sempre, nós seremos,
Ninguém nem nada pode mais fazer
Com que percamos norte, nossos remos
Serão a garantia do querer

Futuro em que por fim, nós poderemos
Gritar ao mundo todo que o poder
Nas mãos com alegria nós detemos
E nisso nossa glória em bel prazer

Quem tem esta alegria dentro em si
Já pode agradecer, pois tem ali
Suprema magnitude de um desejo

Que emana de um amor assim perfeito,
Trazendo a liberdade como pleito
Invade qual posseiro, benfazejo.


1908


Amigos, compartilho o mesmo canto
De uma esperança viva em liberdade.
O sonho que se mostra por encanto
Dum povo que preserve em unidade

A força que se entranha, causa espanto
A quem não concebeu tal amizade.
No rosto envelhecido pelo pranto
Quem sabe, num sorriso outra verdade.

Dos índios e dos negros maltrapilhos,
Durante tanto tempo espoliados
Pisando com firmeza novos trilhos

No brado que se mostre temerário
Deixando para trás dias passados
Trazendo um grito forte e libertário!



1909


Amigos; compartilho
O mesmo sentimento
Deveras quando tento
Vencer o ledo trilho
Ausento do estribilho
E bebo o sofrimento
E assim eu me alimento
Do quanto em paz polvilho.
A sorte poderia
Gerar a fantasia
Ou mesmo um novo tempo;
Porém ao se entranhar
Alcanço este luar
E venço um contratempo.




1910

Amigos; encontrei pelo caminho,
Alguns se foram, outros me acompanham.
Eu agradeço a Deus não ser sozinho,
Unidos, na verdade, todos ganham.

Ao vento os teus cabelos já se assanham
O mar quebra na areia em burburinho.
Saudades do que tive não me arranham
Refaço noutra senda o mesmo ninho.

Sou parte de um conjunto, nada mais.
Não creio fazer falta a muita gente,
A morte na certeza, último cais

Virá sem hora certa de chegada,
Por isso minha amiga, amor urgente.
Não deixe pra amanhã, pode ser nada...


1911

Amigos de verdade? Raridade...
A vida traz carências mal supridas.
Perdidos nós buscamos claridade
Em meio a tantas trevas noutras vidas.

Palavras que denotam despedidas
Usadas com total tranqüilidade,
Às vezes encontramos as saídas
Nas portas mal fechadas. Na verdade

São poucos os que trazem vero afeto,
Amigo para ser chamado assim
Não pode fraquejar um só momento,

Senão ao se mostrar mais incompleto
Deste anjo se transforma até que o fim
Provoque então cruel desabamento...


1912


Amigos não se mede em quantidade,
Quem pensa ser amigo qualquer um
Se perde ao conhecer a falsidade
Depois acha que nunca teve algum.

O tempo nos demonstra essa verdade,
Amigo se conhece é pelo zoom,
É necessário ter sinceridade
Senão não vai chegar, lugar nenhum...

Assim como garimpas um brilhante
Assim como cultivas uma bromélia
Uma amizade tem que ser constante,

Na busca e no cuidado valendo ouro,
Uma alma que noutra alma já se espelha,
Amigo vale mais do que um tesouro!


1913


Amigos que em momentos mais diversos
Encontram-se nas ruas e nos bares,
Mesmo que tão distantes ou dispersos
Fazendo da amizade seus altares,

Afastam sentimentos mais perversos,
Alçando a liberdade vão aos ares.
Por isto, companheira, nos meus versos,
Felicidades chegam, vêm aos pares.

Não deixe que esta ausência nos destrua,
Decerto em ti percebo a claridade.
A nossa convivência continua

Mesmo que tão somente em pensamento.
Buscando o teu apoio num momento
Eu percebo o valor desta amizade...


1914

Amigos que encontrei pelo caminho,
Deixados pela estrada em cada curva,
Às vezes caminhando tão sozinho,
Senti minha visão deveras turva,

Porém em outros dias, logo após,
Noutras cidades tive outra amizade,
Atando e desatando tantos nós,
Da negra solidão à claridade.

Os sonhos se perderam, se encontraram
Mas sinto que valeu, sempre sonhar.
Por vezes os meus passos tanto erraram,
E o rumo deslumbrado devagar.

Meu coração aos poucos mais pesado,
Bandeia, e vou andando assim, de lado..



1915


Amigos são bem poucos; reconheço.
Mas tenho aqui comigo esta certeza
Trazendo à minha vida tal leveza
Que impede qualquer lágrima ou tropeço.

De todos os caminhos, sempre peço
A glória de poder ter a beleza
Do amor que se estendendo põe a mesa
E vira a nossa vida já do avesso.

Sabendo do carinho que hoje trazes,
Escuto emocionado; as belas frases,
Moldando a mais perfeita liberdade.

A todos agradeço e me permito
Dizer do dia claro e tão bonito
Coberto pelos lumes da amizade!



1916


Amigos teus carinhos agradeço,
Um velho repentista não merece
Fazendo da esperança o endereço.
Do amor e da amizade tola prece.

Um aprendiz teimoso, um caipira
Que veio dos sertões lá das Gerais
Minha alma sertaneja traz catira
Guardada nos meus olhos, nos bornais.

Não sou e nem serei um escritor,
Somente no improviso dos meus versos
Eu tento me esconder da imensa dor
Na qual vejo os meus sonhos vãos, imersos.

Fazendo dos poemas meus brinquedos
Expondo vez em quando meus segredos...



1917


Amigos; encontrei bastante vezes,
Porém uma amizade verdadeira
Que traga tanto apoio em hora certa
Decerto são bem poucas pela vida.

Pior do que um amigo traiçoeiro?
Eu sei que nem Satã foi mais cruel.
Ao retirar o apoio na passada
Jogado pela escada, tombo certo.

Negando um gole de água no deserto,
Se na hora necessária não está
Melhor que nunca houvera, e sem ter sido
Com toda uma certeza faz vazios

Os passos que esperava rumo à sorte.
Amigos que encontrei? Melhor a morte!


1918


Amizade profícua, encontro em ti
Regada todo dia com carinho.
Distante mas tão próxima daqui.
Tu sabes e conheces o caminho

Que leva ao coração de um sonhador;
Teus versos embelezam minha vida
Poema mavioso e sedutor
Trazendo uma esperança já perdida...

Não deixe que amizade assim termine,
São poucas as que temos, com certeza.
Que em Deus o nosso rumo se ilumine

E traga a sensação mais benfazeja
Florindo tua senda com beleza
É o que este teu amigo te deseja.


1919


Amizade qual um lume que nos guia
Por entre tempestades e procelas.
Navegando nos astros, por estrelas
Moldada na emoção do dia a dia.

Expressada em perfeita sintonia
Tornando nossas vidas bem mais belas.
Um canto que se faz em harmonia
Amiga, com certeza tu revelas

E trazes esperanças por refrão.
Registro de carinho a cada verso.
Contigo não serei jamais disperso

Unindo sempre a ti meu coração.
Uníssona cantiga que entoamos,
Mais fortes, par a par, nós caminhamos...


1920


Amizade qual um lume
Gerando a claridade
Que quando nos invade
O sonho em paz se assume
E o tempo ora resume
Bem mais que a liberdade
E nisto sempre agrade
Desta alma o bom perfume.
Vencendo as artimanhas
Da vida quando ganhas
Além desta esperança
Meu passo rumo a ti
No quanto me verti,
Além decerto avança.



1921

Amizade que encanta é divina
Uma força que sempre me atrai.
Tanta treva amizade ilumina
Sem perguntas bem sabe se vai.

Noite intensa no céu estrelado
Amizade faz tanto brilhar.
Não se importa com tempo passado,
Bem mais forte que o simples amar;

Nas histórias tão tristes da vida
Uma amiga me faz ser feliz.
Não permite que a dor distraída
Nos convide pro mal que se quis.

Tantas luzes refletem tua alma,
Me conhece, da mão toda a palma...



1922

Amizade que se faz em cada verso
Vagando sem destino, um coração,
Percorro meu caminho, no universo
E faço deste mote uma lição

Que mostra-se distante do perverso
Destino que se forma em solidão.
Não quero mais seguir, sempre disperso,
Por isso amiga eu peço-te perdão...

Às vezes maltratei nossa amizade
Em outras me esqueci completamente.
Porém o mundo mostra, na saudade,

Quão importante estar sempre presente,
Cuidado deste amor com lealdade,
Mostrando a cada dia o que se sente...



1923

Amizade sincera é um remédio
Que cura ou que mitiga qualquer mal,
Mesmo quando a tristeza faz assédio
A solidão se chega em baixo astral,
Quem tem amigo, nunca encontra o tédio,
Já vence a tempestade no final.

Abraços mais sinceros, um sorriso
Que é franco e que se faz sem dar alarde
Conselho de um amigo é mais preciso,
É bom primeiro ouvir antes que, tarde
A porta em pensavas paraíso
Se mostrando infernal, na realidade.

Amigos não nos mentem. Falsidade
Caminha bem distante da amizade...


1924


Amizade tempera nossa vida
Salgada pela dor de uma distância
Trazendo em cada verso a despedida,
Formada por injusta discrepância
Que faz do diferente voz unida
No passo sem sentido, uma elegância...

Aflitas esperanças de mudança
Deixadas já faz tempo numa estante
Vivendo mais conforme cada dança
Acende cada luz em todo instante
E faz da diferença uma aliança
Defesas que se criam num rompante.

Viemos de lugares bem distintos,
Cachaças misturadas com absintos...


1925



Amizade verdadeira
Enfrentando com coragem
Se mostrando companheira
Encarando uma viagem


Que se faz a vida inteira
Não dando nenhuma margem
À dúvida traiçoeira
Não se perde por bobagem



Minha amiga, a nossa lei
É feita dessa amizade
Muito bom que eu te encontrei,


Isso traz felicidade
Tanto tempo eu procurei
Minha amiga de verdade...



1926


Amizade, interesses diversos
Que se ataram em laços profundos.
Entranhada nos mais belos versos
São diversos mas íntimos mundos.

Nas receitas de felicidade
Amizade não pode faltar.
Nos ajuda a saber que a verdade
É o caminho mais belo a passar.

Não se esqueça que a vida termina
Num momento qualquer, não avisa.
A paixão que nos toma, alucina,
Tempestade que, após, vira brisa.

Amizade é um vento sereno,
Com o tempo, se aumenta, vai pleno...


1927


Amo, sinceramente sei que te amo...
Não posso mais fugir à realidade
Nas horas mais tristonhas, na saudade,
Teu nome sempre falo e, manso, chamo!

Desculpe se por vezes te reclamo
Que não estás. Transcendo essa verdade.
Muitas vezes, mal sinto e te difamo,
Por certo, já perdi tranqüilidade...

Amor que tanto mata quanto brilha,
Não posso mais calar o sentimento...
Angústias e delírios, meu tormento.

Guardado, na gaveta, o teu retrato...
Quem teve vida tristonha, andarilha
Não sabe ser amado. E te maltrato...



1928


Amo-te como nunca amei na vida,
Da forma mais sensata e mais voraz.
Meus versos se encantaram mais querida
Com tua silhueta bela e audaz.

Sem medo nem da angústia ou solidão,
Agora já caminho bem mais leve.
Felicidade rege o coração
Provoca uma emoção que já se atreve.

Presságios tão benignos me abençoam,
A sorte está lançada e sou feliz.
Os pensamentos tão libertos voam,
Já posso te dizer: tenho o que quis!

Leva contigo essa alma apaixonada,
Sem teus carinhos morro, não sou nada


1929


Amo-te obscuramente nas caladas,
Nas sombras e nos restos que sobraram...
As flores por demais são perfumadas
Encantos que produzem as anteparam.

Os brilhos das estrelas e da lua,
A riqueza de rainhas e princesas,
A beleza tão cruel tão densa e nua,
Chamas em tantas camas, bem acesas...

Não, meu amor jamais fomos assim,
Velamos nosso amor tal qual um filho,
Na mansidão completa de um jardim,
Sem mata, sem cascata, mar e trilho...

Apenas um amor manso e tão leve
Nos dando a sensação que a vida é breve...



1930


Amo esta noite intensa e sussurrante
Tremendo em nossa cama sem parar.
Navego por teu corpo, caminhante
Em busca dos prazeres de te amar.

Na areia onde esse mar se arrebenta,
Em ondas nosso caso desenrola.
Paixão tão insensata e violenta
Meu pensamento, alado, já decola...

E sinto essa presença, que é perene,
Da boca que bendiz e que me xinga.
Não sinto tanta dor que me envenene
Ao vê-la seminua amor se vinga...

E volto qual um cão abandonado,
Lambendo tuas mãos, apaixonado!



1931


Amo o tempo que passa e nunca volta,
Amo os olhos tão belos da morena.
Amo amor que por vezes me revolta,
Mas sempre, novamente vem e acena...

Amo a beleza argêntea desta lua,
Refletindo teus olhos neste mar.
O meu canto de paz se continua
Mal sabendo em meu verso te encontrar.

Sonho de vida doura meu futuro
E pousa nos teus braços, borboleta.
O manto em solidão que foi escuro,
Não deixa que mais erros eu cometa.

Eu quero seu amor, rosa amarela,
Que a noite, em maravilha, me revela...


1932




Amo tão sorrateiro, amineirado,
Que chega sem pedir, sem falar nada.
Aos poucos dominando, está do lado
E quase não sentimos a alvorada

Do amor que se faz sempre delicado.
Minha alma se percebe assim tocada
Por este sentimento desejado.
As tuas mãos, menina... Mãos de fada...

O teu sorriso belo e tão sereno...
Dominas o meu mundo, pouco a pouco.
Na mansidão gostosa do veneno

Que provo a cada dia e me vicia...
No amor que já me invade, doce e louco,
Encantos e delícias... a magia...


1933


Amo-te! És esperança e mais que isto,
A própria vida louca que se esvai...
Mas, cada vez que penso: te conquisto;
U’a lágrima sofrida vem e trai...

Muitas vezes pensei: Eu não existo;
Mas, sorrateiramente, o manto cai
Num sorriso feliz nunca mais visto,
Retornas esperanças... Sou teu pai,

Amigo, amante, luz e escuridão...
Tento mentir seguro, mas tropeço...
Muitas vezes sorris o coração,

Um minuto depois, novo endereço,
Quem parecera sim, revolve o não.
Quem és? Disfarces que me dás, avesso...


1934


Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.
Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,

Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional.
Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador.

Não quero te perder, tu sabes disso,
Cultivo em meu canteiro, nosso sonho.
Em ti encontro a rosa em pleno viço,

E um mundo mais feliz, eu te proponho,
Desejo que me toma, assim cobiço,
Viver eternamente um bem risonho



1935



Amor, não necessita falar nada
Meus olhos já respondem tua carta.
Visão de noite bela, enluarada,
De cores e pendores; doce e farta.

Sentindo o teu perfume, minha amada,
Tristeza logo vai e se descarta
A sorte nos teus braços derramada,
Teu corpo de meus olhos não se aparta.

E vibro com desejos e vontades
O canto alvissareiro da esperança.
Promessas de festejos e de dança

Vibrando num momento, eternidades.
Sorrindo, o teu olhar já me anuncia
O mundo na divina poesia...


1936


Amor, se verdadeiro já se lava
Nos olhos de quem amo. É tão premente
Gritar ao mundo inteiro o que se sente,
Mostrando olhar liberto, sem ter trava.

Quem antes deste sonho se encontrava
Passando pela vida simplesmente,
Vivendo em solidão mais descontente
Nas trevas da existência não notava

A claridade intensa de um momento
Que nos permite sempre renascer,
Tocado pelo amor, em brando vento,

Permite-se sonhar e perceber
Beleza em que se encontra o sentimento
Que é feito em alegria e faz viver...



1937


Amor? Jamais achei nos alfarrábios!
Nem mesmo nos compêndios, dicionários
Semeio velhos grãos desnecessários
E finjo ter achado os astrolábios.

Heróis que antes julgara fortes, sábios
Na verdade somente vãos otários
Cevando mausoléus e relicários
Lábeis tolices ganham velhos lábios...

Hábeis soturnas aves voam soltas,
As ondas são terríveis, se revoltas,
A poesia? Inútil velharia.

Vomito sobre os pés quando eu declaro
O sonho que pudesse ser mais claro
E morre na fugaz tabacaria...



1938


Amor, minh’alma triste te procura
Em meio a decepções, eu sigo só.
No afã de ser feliz, restou-me o pó,
E dentro da garganta, esta secura.

A noite eternamente fria, escura,
Dos olhos lacrimando resta a dó
Amarga minha vida este jiló
Inútil poder crer n’alguma cura.

Quem sabe, após a curva do caminho,
Cansado de seguir sempre sozinho
O coração permita um novo sonho.

Imerso na fogueira dos desejos,
Os sonhos caminheiros tão andejos
Na trilha de teus passos, louco, ponho...


1939


Amor, feliz engenho, tece prendas
Divinas, mas cruéis, tenha a certeza.
Às vezes nos mutila com destreza,
Desabrigando em belas, nobres tendas.

Segredos que talvez tu não desvendas,
Servidas iguarias sobre a mesa,
Um agridoce gosto que embeleza
Rompendo com vigor, frágeis emendas.

Na solidez perpétua da esperança,
A senda mais gentil e movediça.
Em si traz a bonança e a tempestade

Num ritmo variável, a alma dança
E em cores tão diversas brilha e viça
Enigma de um amor: dualidade...


1940


Amor? Quem será tal desconhecido
Que por vezes bateu em minha porta
Palavra sem sentido, mesmo torta,
Deveras um caminho desvalido.

Quem dera ter o peito apodrecido
Fortuita fantasia, não me importa,
Um verme que alegria, cedo aborta,
Antes não tivesse nunca havido.

A lua mal disfarça o falso brilho
Que teima atravessar sombrias trevas.
Enquanto em poesias já relevas

As tramas deste Amor, louco andarilho,
Estampo nos meus versos a decepção
Expondo este cadáver: coração!



1941


Amor; preciso tanto de você,
Não posso lhe esquecer um só instante
Sonhar um sonho belo e fascinante
O meu olhar procura e nada vê.

Quem dera se eu soubesse, então por que...
Seu corpo delicado e provocante
Agora está por certo tão distante,
Nem mesmo na esperança, alma inda crê.

Saudoso deste amor; sigo carente,
O coração vazio, vai ausente
Ouvindo uma canção ainda sonho

Com todos os seus beijos, nada vem...
Sozinho neste mundo, sem ninguém,
Apenas solidão. Vago, tristonho...

1942


Amor, redemoinho que me toma,
Ao envolver-me mostra o seu poder.
Numa emoção divina, mais que soma,
Amor multiplicando o meu prazer

Nas mãos tão delicadas e macias,
Promessas de emoção e liberdade,
Imersas em nós dois as alegrias
Acenam com total felicidade.

Pegadas que deixamos por aí,
Ao caminharmos juntos, lado a lado,
Amor tão benfazejo; encontro em ti
Por isto este meu canto apaixonado.

Amor tanto redime quanto cura,
Na placidez me encharca de ternura...


1943


Amor, bala perdida que atingindo
O peito distraído não tem pena.
Enquanto teu requebro amor acena,
De dores e alegrias me tingindo.

Às vezes idiota; outras tão lindo,
Quem ama nunca pensa ou concatena
Nas pernas torneadas da morena,
Num sorriso, ao inferno conduzindo.

Sereno ou tempestade, não importa,
Amor ao arrombar janela e porta,
Qual um salteador em noite clara.

Ao mesmo tempo morde e dá lambida
Bagunça num instante e nossa vida,
É jóia vagabunda, falsa e rara...



1944


Amor, numa expressão quase fantástica
Bem mais do que paixão. É fanatismo.
Não posso caminhar, minha alma estática
Tomada por vulcão num cataclismo,

Por mais que inda persista em resistir,
Atada nos teus olhos te persegue,
Às vezes inda tento prosseguir,
Sem barcos como existe quem navegue?

Amor se transformando em frenesi
Além do que seria concebível.
Nos passos deste encanto eu me perdi,

E agora não consigo imaginar
Sem ter o teu carinho, fato incrível,
Não posso e nem mais quero respirar!


1945


Amor, jura secreta que fizemos
Em noite de luar, maravilhosa.
De todos os desejos que sabemos,
Colhemos neste amor, espinho e rosa.

Que então de farto mel nos lambuzemos,
De fel já basta a vida, caprichosa,
Assim o belo dia que nós vemos
Envolverá o amor em verso e prosa.

Os corpos que se buscam mais febris,
Conhecem dos prazeres seus ardis,
Mas teimam em tentar felicidade.

Abarco em pensamentos tuas sendas,
Deitando o nosso sonho em simples tendas
Que nos protegerão da tempestade...


1946


Amor, não me pergunte se eu te quero
Repare em meu olhar quando te vejo,
Expressa com vontade o meu desejo
Abranda um coração outrora fero.

Se tantas vezes digo que venero
Não é somente assim por um ensejo,
Um sentimento imenso, até sobejo,
Demonstra o que de ti, querida espero.

Tu tens, pois a certeza do que eu sinto,
E nada impedirá que sejas minha.
Minha alma se da tua se avizinha

É como se bebesse tanto absinto,
E flutuasse solta no universo
A resposta? Foi dada em cada verso...



1947


Amor, vento solar que nos assola
Mudando a direção dos nossos passos,
Seguindo estas pegadas, belos traços,
Minha alma delirante já decola

Retrato mais fiel da intensa glória
Que traz em versos mansos, claridade,
O amor quando se mostra em realidade
Transforma, num segundo, nossa história.

Dos sonhos que eu sonhei, o mais perfeito,
No qual sendo feliz, eu me deleito
Versando sobre nós ora te digo

De tudo o que mais quero, esteja certa
A mais sublime e clara descoberta
Traduz o que mais quero, amor e abrigo..


1948


Amor, rosa dos ventos, timoneiro
Que leva a minha barca ao infinito,
Encanto em perfeição e corriqueiro
Fazendo da alegria nosso rito.

Dos deuses o mais claro mensageiro,
De todos os meus sonhos, mais bendito,
Ourives e também o garimpeiro
Separa diamante de granito.

Nos vãos do nosso peito, ao adentrar,
Entranha a divindade, esteja certa
Que a força deste amor, jamais deserta

Aquele que se deu sem perguntar.
Deixando-se levar na correnteza,
Terás o Paraíso, com certeza...


1949

Amor, quando sentires na janela
O vento te chamando, mansamente
Nos olhos imaginas esta tela
Formada por um lume iridescente

Em múltiplas imagens refletidas
Espelhos devorando girassóis,
Atadas pelos sonhos, nossas vidas
Estendem no infinito, tais faróis...

Rastreio cada passo que tu dás,
Olhando para estrelas e cometas.
O amor que extasiada, a noite traz
Entrando na janela pelas gretas

Apalpando teu corpo, o gozo alcança
Num frêmito divino, amor nos lança.


1950


Amor; jamais alguém vai impedir
Tua vitória em tempos de batalhas.
Às vezes mesmo em fios de navalhas
A sorte te compele a prosseguir.

Estrelas tão diversas vão luzir
Acobertando assim as tuas falhas
E quando nas ilhargas vêm ferir
Tenazes, tuas mãos tudo estraçalhas.

Vencendo com soberba e galhardia,
Amor ao encetar a poesia
Demonstra-se em poder, o soberano.

Enquanto em resistência insuperável,
Teimosamente um sonho tão amável
Protege contra o medo e o desengano...



1951


Amor, um sentimento poderoso,
Às vezes violento, outras gentil
Amansa um coração mais belicoso,
Porém algumas vezes faz ser vil

Aquele quem outrora carinhoso
A quem domina faz então servil,
Da vida eu quero mais que um simples gozo
O toque tão suave, assim gentil

Tomando a nossa vida num segundo,
Mudando de repente, o nosso mundo
Encontra da alegria, fonte e mina.

Porém se tantas vezes vou sedento
Não tenho outro caminho, e neste intento
Amor festa cruel que nos ensina


1952


Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.
Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,

Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional
Perfume que entontece e que envenena
Delícia deslumbrante, magistral

Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador
Canteiro tão sublime pleno em viço.

Vivendo em fantasia, um peito rude
Ao perceber refeita a juventude,
Não quero te perder, tu sabes disso,



1953


Amor, uma divina providência
Em puros sentimentos verdadeiros,
Guiado por carinhos/timoneiros,
É feito dia a dia em convivência.

Amor jamais permite a penitência,
Trazendo no seu bojo doces cheiros,
Divinos, sensuais e feiticeiros,
Mostrando em perfeição total clemência.

Amor que em canto louva a bela fonte,
Imersa entre estes prados, esperanças.
Um oceano feito em água doce,

Abrindo de repente, no horizonte
Um sol que molda os brilhos onde alcanças
Além do que pensamos que amor fosse...


1954


Amor, doce florada da esperança
Aguado pelas lágrimas e risos.
Cevado por carinhos mais precisos,
Por sendas belas, ricas, amor trança.

E quando vai granando logo alcança
Os frutos que se mostram sem avisos,
Embora tantas vezes imprecisos,
No novo semear, toda a fiança.

Barco à deriva, riscos e tempestas,
Amor ao soçobrar, quando resiste,
Demonstra a solidez tão desejada.

Por mais que o casco tenha duras frestas,
Amor se verdadeiro, tanto insiste
Brotando mesmo em terra mal arada.



1955

Amor; a sacra face da promessa
Estende nos altares soluções.
Vendendo o quanto resta sem ter pressa
Entrego-me às diversas sensações
Na vida que virá, e mesmo nessa,
Eu quero o fogo eterno das paixões.

Decifro sem cifrões a mesa farta,
Nas ricas esperanças deste sonho,
O vento que me traz jamais se aparta
E nele, a cada dia, o gozo eu ponho.
O tempo sem amor já se descarta
E a carta sobre a mesa, é um bem bisonho.

Bisando cada beijo em tua pele,
Ao salvador pecado se compele...



1956


Amor, o meu destino já moldura,
Fazendo do meu braço, o seu esteio.
Tocado pelos laços da candura,
Não tenho mais sequer qualquer receio

De ter a liberdade de poder
Amar além do cais, eternamente.
Vivendo o quanto resta por viver,
Aguando da esperança esta semente.

Mergulho no oceano de nós dois,
Adentro cada parte deste porto.
Sem medo do que venha, assim, depois
Às tramas deste amor eu me transporto,

O teu perfume encharca a minha casa,
De toda esta loucura, o peito apraza...


1957


Amor, não necessita falar nada
Meus olhos já respondem tua carta.
Visão de noite bela, enluarada,
De cores e pendores; doce e farta.

Sentindo o teu perfume, minha amada,
Tristeza logo vai e se descarta
A sorte nos teus braços derramada,
Teu corpo de meus olhos não se aparta.

E vibro com desejos e vontades
O canto alvissareiro da esperança.
Promessas de festejos e de dança

Vibrando num momento, eternidades.
Sorrindo, o teu olhar já me anuncia
O mundo na divina poesia...


1958
Amor, se verdadeiro já se lava
Nos olhos de quem amo. É tão premente
Gritar ao mundo inteiro o que se sente,
Mostrando olhar liberto, sem ter trava.

Quem antes deste sonho se encontrava
Passando pela vida simplesmente,
Vivendo em solidão mais descontente
Nas trevas da existência não notava

A claridade intensa de um momento
Que nos permite sempre renascer,
Tocado pelo amor, em brando vento,

Permite-se sonhar e perceber
Beleza em que se encontra o sentimento
Que é feito em alegria e faz viver...


1959

Amor, quando acontece sempre traz
Um gosto de ilusão audaz e ardente,
Nem sempre o meu destino satisfaz,
Nem sempre amor se mostra sabiamente

Amor de tantas dores é capaz
Porém em nossa vida, este regente
Ao mesmo tempo em guerra, mostra a paz
Batalha que se faz assim urgente.

Em setas sem juízo, vem; dardeja
E o que Deus bem quiser; amada seja
Fazendo um reboliço no meu peito.

Amor bicho matreiro, assopra e morde
Num belo adormecer não quer que acorde
De um sonho que me deixa satisfeito.


1960


Amor, doce feitiço que nos doma
Entrando em nossa casa, faz a festa.
Pegue meu coração. É teu. Pois toma
E leve meu amor, é o que me resta

Sou teu e em tal entrega não descanso
Serei teu companheiro mais sincero,
Deitando em teu regaço, um bom remanso,
Viver felicidade: o mais quero.

Meu pensamento voa em liberdade
E busca nos teus braços, manso ninho.
Ao conhecer em ti, felicidade

Já sabe que não vai jamais sozinho.
Falena que encontrou a claridade
Percebe neste lume, o teu carinho...


1961


Amor! Um sentimento inigualável.
Inspirador de deuses e poetas
Tornando almas sensíveis prediletas
Do Criador, um Ser incomparável.

Amar é ter o bem insuperável
Forjando nossas vidas mais repletas
De sensos, de caminhos e de metas
Deixando o dia a dia suportável.

Chamar-te: Meu amor. Quanta alegria
Expressa em poucas letras, mas potentes.
É tudo quanto o Bem esperaria

Unindo em versos nossos continentes.
Distantes, mas tão próximos; querida,
Que seja, pois, assim, por toda a vida!


1962


Amor, não quero nunca te perder,
Vieste em luz divina, salvadora.
A vida do teu lado se demora
E torna mais gostosa de saber.

Teu corpo me exalando tal prazer
Que faz com que minha alma que te adora,
Numa força absoluta trague agora
O tempo de sonhar e de viver.

Luzentes olhos belos, astro-guia
Farol de minha vida, redenção!
Batendo em disparada o coração,

Entorna o pensamento em alegria.
Fartura de querer, viva emoção,
Nos cantos mais sonoros da paixão...


1963


Amor; faço em cada verso
Que componho com carinho,
Neste mundo tão perverso
Jamais andarei sozinho

Nunca mais irei disperso,
Pois encontro em meu caminho,
Mar, aonde vou imerso,
Na certeza em que me alinho.

Meu amor não cansará
De buscar belo farol,
Que por certo encontrei cá.

Nos teus olhos refletores,
Trazendo à noite este sol,
Com seus raios redentores...


1964


Amor; cumplicidade em tanta entrega
Seguindo em desafio, pela vida.
A sorte muitas vezes por ser cega
Nos deixa de lembrança uma ferida

Que marca para sempre em cicatriz,
Deixando fundas marcas no meu peito.
Porém agora, sigo mais feliz,
E vivo, na verdade, satisfeito.

Por ter ternura imensa, e uma paixão,
Na vívida esperança em que me vejo.
Seguindo sem dar tréguas, a emoção
Que é mais do que um simples, bom desejo...

Amor que de verdade, sedutor,
Transborda em minha vida, encantador.


1965


Amor. Com que ternura te recebo,
Na mansidão sincera deste amor
Um mar tão mavioso assim percebo
No verde da esperança, sua cor.
Quem dera estar contigo, ser teu Phebo,
Vivermos num castelo encantador...

Se ao menos eu montasse num corcel
Voando qual um Pégaso ligeiro,
Tomasse num segundo o belo céu
Que torna teu amor tão verdadeiro,
Assim eu beberia farto mel
Que guardas no teu peito, amor primeiro.

Meus olhos te tocando mansamente,
O mundo sorriria mais contente...


1966

Amor; por certo um mote delicado
Criando uma corrente benfazeja.
Verdejando esperança em raro prado
É mais do que se pensa e se deseja.
Se vivo por amar, amor foi dado
A quem a boa sorte sempre beija.

Por mais que a vida traga insensatez
E faça do meu dia amargo e frio,
Uma alegria sopra e assim, talvez;
Meu mundo não se torne tão vazio.
Amor jamais permite pequenez
Clareia um sentimento mais sombrio...

É bom te ter por perto me aquecendo,
Em cada verso teu vou renascendo..



1967


Amor; efêmero desejo vivo
De uma existência mais tranqüila em dor...
De tanta espera me percebo altivo,
Pensando mesmo que não tenho amor...

Talvez futuro possa dar ao sonho
Novo vigor. Minha esperança insiste,
Muitas das vezes; quando amar, proponho,
Numa ilusão de que eu não seja triste.

Pois neste ledo engano insisto tanto
Que creio ser, quem sabe, mais liberto.
Mas amores que passam deixam pranto
E meu peito indefeso, descoberto...

Mas insisto em tentar sem solução,
um dia, proteger meu coração...


1968




Amor, quando seguiste teu caminho
Em busca da fatal eternidade;
Deixando este meu mundo tão sozinho,
Distante desta tal felicidade

Que sempre fora nossa companheira,
Pensei que talvez fosse também ir;
Tendo essa vontade derradeira,
Destino que desejo enfim, cumprir...

Aos poucos, fui sentindo uma esperança,
Que agora, me domina totalmente.
Amada, nossa vida, na lembrança;
Seguindo minha estrada, bravamente...

Descobri que a vida é mesmo assim,
Apenas viajaste antes de mim!


1969


Amor, vim das entranhas das Gerais,
Nascido na tapera de sapê,
Agora que lhe encontro, tenho mais!
Estou apaixonado por você!
Meu Deus! Nunca pensei amar demais
Quem olha e me conhece sempre vê

Sorriso diferente que me trai,
Os olhos vão brilhando pelas ruas...
A noite renascendo, a tarde cai,
Estrelas vão vagando todas nuas,
Nos dedos a saudade já se esvai
As almas se tocando, nossas duas..

E sinto eternidade nesse amor
Que é verso tão gostoso de compor...


1970


Amor, desesperado e traiçoeiro...
Procuro, nos seus bolsos, minha algema.
Não fui feliz, apenas verdadeiro.
O mote da existência; minha gema!

Te quis, eu mergulhei e fui inteiro,
Teu cheiro me trazia a piracema,
Teu corpo deslumbrando-me, tinteiro,
Deixou um só sinal, acho que trema...

Levaste meus acordes e meu pinho,
Sonatas e sensórios insolventes...
Sem suspensório, calça e colarinho,

Caminho sem sentido e sem remédio..
Meus versos invertidos e sem dentes,
Vasculham nas estrelas, fim do tédio...


1971



Amor, quando partiste tu levaste
O bem maior que um dia pude ter.
Bem sei que tenho culpa do desgaste
Que veio, pouco a pouco, carcomer

O mundo que sonhei e que sonhaste,
Matando, sem sentir, nosso viver.
Agora o quê que faço sem esta haste;
Se, estúpido, eu perdi teu bem querer.

Saudade me tomando. O que farei?
A tua voz ecoa em meus ouvidos,
Eu sinto que jamais te esquecerei...

Morrendo lentamente... Na verdade,
Meus dias vão passando tão sofridos,
Só resta o amargo gosto da saudade...



1972


Amor, a tempestade, em calmaria breve
É pesadelo louco. Espero e me destrói
Ao mesmo tempo cura, amputa e tanto dói!
É fardo que carrego e que me deixa leve.

É mão que me tortura, em carinhos se atreve.
Depressa, cicatriza, um segundo, e corrói.
Esfacela meu sonho; a vida, me constrói.
É frio no deserto, e sol em plena neve.

Amor manto desnudo, e clara madrugada;
Serpente que me beija, a boca envenenada.
Derrota na vitória, os louros na derrota!

É pleno contra-senso, um barco sem destino.
Ao velho, pleno encanto, e volta a ser menino.
Amor é louco guia, esquece-se da rota!



1973



Amor, como é difícil te encontrar,
Meus caminhos, perdidos foram vagos,
Mergulhei tantos rios, mares, lagos...
Naveguei por planetas, sol, luar...

Amor, nos nossos passos, caminhar,
Sem temer por dilúvios nem estragos,
Conhecer, ness’amor, segredos magos...
Nos canteiros, antúrios, vou plantar...

Em dois corpos, una alma um respiro,
Os nossos gozos, juntos num suspiro...
Sentir doce certeza do teu bem...

Diversa liberdade que cativa,
Aprisiona, tornando mais altiva
Nossas vidas que, uníssonas, convive


1974



Amor, meu companheiro de viagem!
Nas curvas e desníveis do caminho,
Espero por teu vento, tua aragem.
Não quero prosseguir assim, sozinho...

A lua vai mudando de roupagem...
No céu prateia e doura cada ninho,
Se enfeitando, tão bela maquiagem!
Amor meu companheiro, passarinho!

Voando pelos campos, beija a flor.
Revoando por mares, cordilheiras...
Encontra esta beleza, e esplendor.

Pesado, coração voa de banda,
As noites são amigas, companheiras,
Decerto eu hei de amar-te, bela Amanda!



1975


Amor, apaixonante teu carisma...
Beleza, representas Afrodite...
Teus olhos repercutem todo o prisma,
Quem foi teu criador? Peço palpite...

Nas noites te procuro, velho cisma,
Tanta candura assim, nunca se admite...
Amar-te é conhecer cada sofisma,
Procuro-te, rainha Nefertiti,

Akhenaton, procuro tal beleza,
Encontro a solidão como promessa...
Não posso te negar a realeza...

A vida nunca teve tanta pressa...
No fundo cultivando tal tristeza,
A morte me servindo de compressa...


1976


Amor; ao perceber duros revezes
Encontra na amizade uma firme haste
Por isso é que querida, tantas vezes,
Em outros braços, cedo me encontraste,
Na mão que feita em cardo já me leses
Em outras mãos recebo num contraste

Carinhos dedicados, nova empresa
Que mostra, num momento o paraíso,
Minha alma ao se encontra quase indefesa
Cedendo à sedução de um bom sorriso,
Afoga noutros colos, a tristeza,
Em toque tão suave e mais preciso...

Amor, se nos teus braços me repele,
Eu lembro-te, preciso mesmo dele...



1977

Amor, encanto imenso em canto eterno
Que traz a solução para os meus medos.
Se em tanto amor, portanto, vou tão terno,
Amar é decifrar nossos segredos...

Amor não me permite um frio inverno,
Trazendo as primaveras como enredos,
Vestindo em alegria, rasgo o terno
E trago a liberdade nos meus dedos...

Eu quero em nossa vida, esta euforia,
De ser o que tu queres. Plenitude!
Cantando dia a dia, a poesia

Que traz nova manhã em puro encanto.
Amando sempre mais, tão amiúde,
Os olhos p'ro futuro eu já levanto!

1978


Amor, um sentimento tão tirano
Que, déspota, não deixa respirar,
Causando, se traído, desengano,
Recende a fantasia e ao penar.

Converte todo bem em um talvez,
Invade sem pedir calma ou licença,
Nunca sabe esperar a sua vez,
Às vezes punição ou recompensa.

Amor que me injuria quando exalta,
Exala tal perfume que inebria,
Quanto maior se sente mais a falta
Ausente, traz uma alma mais vazia.

Amor que nos derrota na vitória
É rumo que se perde em plena glória!


1979



Amor! Quando escutei a tua voz
Não pensei duas vezes. Te obedeço!
Mesmo que dolorida, duro, atroz,
No teu caminho; amor, me reconheço...

Quantas vezes, neguei o teu chamado...
Sozinho, arrependido, e tão vazio;
Procurava escutar, tempo passado,
Mas nada... tu voavas... Que fastio!

Depois de tanta dor e solidão,
Depois de tantas noites te esperando...
Amor, eu te buscando na amplidão,
E somente esse nada inda ecoando...

Amor, tua voz próxima de mim...
Serei, quem sabe... Então, feliz enfim?


1980



Amor; dispareunia
É caso complicado,
No amor que nos unia
Destino bem traçado,

Não quero uma agonia,
Vivendo lado a lado,
Mas tento uma alegria
Num riso disfarçado.

Não quero o sofrimento
Que traz o meu prazer.
Com todo envolvimento

Decerto vai doer.
Prometo ser mais lento.
Quem sabe? Pode ser...


1981


Amor, na eternidade de um segundo,
Trazendo toda a sorte de ilusões...
Num sentimento breve e tão profundo
Rebenta; sem pensar, os corações.

Na correnteza forte que eu me inundo
Tomando já de assalto as emoções,
Amor que sempre foi maior do mundo,
Morrendo nas estradas das paixões...

Calando tanta angústia em nosso peito,
Vasculha cada parte do meu ser.
Amor se achando sempre no direito

Coberto de vontades, trama a morte.
Eu quero eternamente te querer
Na sensação divina que me aporte...


1982


Amor; quando te vejo tão sozinha
Olhando para o nunca e pr’o talvez;
Vontade de dizer: venha ser minha!
Amor que em mim nasceu, em ti se fez.

O dia vai passando e na tardinha
A lua desejosa espera a vez
De vir banhar a terra; amor se aninha;
Escrevo que te quero mas não lês...

Meus versos se perdendo, sem resposta;
A solidão te toca e me maltrata.
A mesa desta vida já foi posta

Só falta tu quereres desfrutar
Do imenso sentimento que arrebata
E faz; de olhos fechados, levitar...
1983


Amor! Um sentimento inigualável.
Inspirador de deuses e poetas
Tornando almas sensíveis prediletas
Do Criador, um Ser incomparável.

Amar é ter o bem insuperável
Forjando nossas vidas mais repletas
De sensos, de caminhos e de metas
Deixando o dia a dia suportável.

Chamar-te: Meu amor. Quanta alegria
Expressa em poucas letras, mas potentes.
É tudo quanto o Bem esperaria

Unindo em versos nossos continentes.
Distantes, mas tão próximos; querida,
Que seja, pois, assim, por toda a vida!


1984



Amor; que eu não proclame aos sete mares
Teu nome, e que preserve o sentimento.
Além deste quintal, destes pomares,
Silêncio que eu exijo até do vento.

Não saibam deste amor nem os luares,
Não quero mais as dores nem tormento
Pois sei que tanto amor ao dedicares,
Pediste este silêncio, e assim eu tento.

Embora esta vontade de gritar!
Embora esta alegria que incontida
Invade minha vida sem vagar,

Tomando o pensamento, sem parar
Tu és a minha paz, razão de vida,
É duro me conter e me calar...


1985


Amor, não sou o resto que pensavas,
Apenas me enganei, te amei demais.
Rompeste, sem querer todas as travas
Que sempre protegiam o meu cais.

Vieste e bagunçaste toda a casa,
Fizeste uma total revolução,
Do gelo tu forjaste louca brasa,
Depois desperdiçaste tal vulcão...

Agora que senti que fui usado,
Incrível, não me sinto simples presa,
Valeu a pena, amor, ter encontrado
Mesmo que por segundos, tal certeza:

Depois deste teu barco sem destino,
Voltei de novo a ser, como um menino...


1986


Amor, partenogênese fantástica
Que traz do nada, o tudo insuperável...
Mostrando sua face mais elástica
Nos morde de maneira mais amável.
Notícia que se torna mais bombástica
Bebendo solução mais intragável.

Leva todo o bom senso pra falência
Derruba um matagal de sensatez.
Amar é sucumbir com inocência,
Perder de uma vez só, a lucidez.
Depois pedir por paz, pela clemência
Após a guerra louca que já fez...

Amor é ser cruel, sendo servil.
Amar, trazer remanso, a um ser vil...


1987


Amor, cavalo solto, bela crina
Que passa galopando em nossa vida.
Na ponta desta faca, aguda e fina,
O corte que se fez, sem dar saída.
Cativo deste amor que me domina,
A sorte não promete despedida...

No pomo deste amor, maçã e medo,
Vestido de ternura e de saudade.
Morrendo em cada verso de degredo,
Vivendo em cada sonho de verdade.
Me prendo nos teus braços, teu enredo,
Embora em nosso amor, disparidade...

Dou asas ao amor, corcel bendito
E vou braços abertos, infinito....


1988


Amor, este elixir da eternidade
É fonte de uma eterna juventude
Permite que se encontre a mocidade,
Se pleno de amizade e de virtude.

Refaz uma esperança, mata a fera
De garras tão ferozes, afiadas,
Renasce em meu jardim a primavera
Eterna e divinal em mil floradas...

Amor, uma manhã ensolarada,
Nos versos que componho a ti, querida,
Premissa que remoça na alvorada

Que teima se sentir por toda a vida...
Amiga, um sentimento que é tão forte,
Impede quando em vida, que haja morte...


1989


Amor; por que mentiste para mim?
Andava solitário pela vida
Mas mesmo em solidão, vivia assim
Com minha sorte plena e decidida.

Achava que jamais teria fim
A calmaria e a paz ali sentida.
Mas logo tu chegaste... Pude, enfim,
Acreditar que havia uma saída...

Depois tu me trocaste por alguém
Deixando-me de novo tão sozinho.
Pior, agora vou buscando um bem

Que possa me trazer um novo dia.
Quem prova deste amor, deste carinho,
Morrendo, sem ter paz e uma alegria...


1990



Amor... Em teus domínios me entreguei
De tal forma que nunca imaginara...
Distantes emoções. O que farei
Com esta sensação imensa e rara.

Suspiro na procura de um remédio
Que possa me trazer de novo a paz.
Amor tomando forma; em seu assédio
Me perco e já nem sei se sou capaz...

Tentando em ombro amigo, me apoiar
Mas nada me conforta, alma se solta
E busca andante errante te encontrar...
Este caminho trilho e sei sem volta...

Mas ouço tua voz, meu coração,
Dizendo-me: não lute. Ah! Isso não....


1991


Amor, por vezes cego, já se engana
Quando demais, a esmo, segue a sina.
Porém quando te vejo amor se ufana
Da sorte tão ditosa que destina

A quem, por vezes cego; não sabia
Que estava bem diante deste amor
Farol que me irradia a fantasia
Mostrando o meu futuro encantador

Ao lado da morena mais formosa
Que um dia Deus criou por sobre a terra,
Se sobressai das outras, olorosa,
Uma esperança doce já se encerra

No colo da morena sedutora,
Das dores que passei, a redentora...


1992


Amor... Quando partiste, sem saber,
Deixaste no meu peito uma cratera.
Agora vou vivendo por viver
A solidão me toma, triste fera...

Não quero que tu penses que estou triste
Eu canto de alegria, nem percebo
Nem quero mais saber se a dor existe,
Um novo amor já tenho e assim concebo.

Os olhos são tristonhos? Nada disso!
Sorrio e me encanto por sorrir.
Amores que chegarem? Compromisso?
Ninguém pode pensar nem em pedir...

Não pense que fiquei tão desolado!
O lenço? Meu amor, estou gripado!



1993


Amor? Talvez... Qual nome, enfim, daria
Ao nobre sentimento que me trazes.
Só sei que tanto sinto essa alegria,
Independentemente do que fazes.

Querida, uma amizade, pode ser...
Porém não só te quero, como vejo
Em todos os momentos, sem querer,
Algo que me domina e que desejo.

Não consigo fazer a distinção,
Apenas eu pressinto que te quero.
Mais além, bem além de uma emoção,
A plena sensação: eu te venero!

É como uma amizade, em fantasia,
Retrata um grande amor? Fotografia...


1994


Amor, um sentimento insuperável,
Nos traz toda a alegria com tristeza.
É forte, gigantesco; mas instável,
Refletindo em nossa alma dor, beleza...

A força de um amor, locomotriz,
Nos traz uma certeza de encontrar
No céu desta esperança; tal matiz,
Que faz quem tanto sonha delirar...

Amor inconseqüente, sem juízo,
Acima da maldade e da bondade.
Inferno que nos leva ao paraíso,
Amar é sempre ter a mocidade.

Amor é soberano e sem igual,
Acima, sempre está, do bem, do mal...


1995


Amor, um sentimento tão tirano
Que, déspota, não deixa respirar,
Causando, se traído, desengano,
Recende a fantasia e ao penar.

Converte todo bem em um talvez,
Invade sem pedir calma ou licença,
Nunca sabe esperar a sua vez,
Às vezes punição ou recompensa.

Amor que me injuria quando exalta,
Exala tal perfume que inebria,
Quanto maior se sente mais a falta
Ausente, traz uma alma mais vazia.

Amor que nos derrota na vitória
É rumo que se perde em plena glória!


1996


Amor, bem sabes tudo o que receio,
Mas tantas emoções, amor apura.
Deitado em languidez sobre teu seio,
Encontro, para o amor, uma armadura...

Proteges, com carinho e com ventura,
Das lutas que mais temo e mais anseio.
Amor é desvendar numa aventura
Mistérios que me enlevam, em que creio...

Ao poderoso dono do destino,
Que sabe conquistar e me domina.
Futuro tão incerto descortino
Nos braços de quem amo e me alucina...

Não vejo desafios mais constantes
Que aqueles que nos tornam em amantes...


1997


Amor, meu contraponto da existência
Meu verso predileto e mais loquaz.
Amar não é somente coincidência
É mais do que provar-se ser capaz...

A força que se emana deste fogo
Não deixa mais um resto sem abalo.
Amar não é somente um louco jogo
É sonho que me invade, onde me calo...

Amor sem ter juízo já me perde,
Insano me desfaço sem razão;
Aos poucos sanidade vai e cede
Espaço pros delírios da paixão...

É tanto que não posso mais falar
Somente se conhece amando amar...


1998


Amor; mesmo esperanças já perdidas
Prometem novos cantos se quiseres.
As horas que vivemos destruídas
Renovam-se nos sonhos que puderes.

Eu sinto que não vale mais a pena
Sentir essa tristeza que se apressa.
Mudemos de sentido a velha cena
Teremos novo amor, assim depressa.

Disperso o sentimento como pólen
Esparso pelo vento, sem destino.
Talvez se algumas flores o recolhem
O dia nascerá tão cristalino...

Não temo a primavera nem outono,
Não quero combinar com abandono!


1999


Amor, neste lugar onde persigo
Os rastros dos teus passos melindrosos.
Não sei por quantas vezes eu consigo
Saber de nossos sonhos mais formosos.

Preciso me encontrar, sem te temer.
Porque em meus olhos surge tal imagem
Da morte e da vontade de viver,
Em luta que pernoita essa visagem.

Assim parte, assim some, em cada rosto,
Quer me punir, amor, por ter sabido
De cada sentimento, assim mal posto,
Depois de tanto tempo já perdido...

Meu amor, perseguindo cada passo,
Já me perco, envolvido em seu cansaço...


2000



Amor; não quero o medo que te assusta,
Nem quero o gosto amargo que vivemos.
As contas com a dor, meu peito ajusta,
Manhãs inesquecíveis já rompemos...

Agora nossa aurora está nublada,
Mas ventos de promessas já chegaram.
A noite que dormimos, minha amada,
Aos poucos, os silêncios se falaram...

No toque que senti de tua pele,
Amando sob as tramas dos lençóis.
Aquela que dizia que repele,
Se encontra mais pertinho, velhos nós...

Quem sabe a solidão tão prometida,
Permita nosso amor, minha querida...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
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