Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 069

 
Tags:  sonetos    Marcos Loures  
 

1



Eu te agradeço o verso que me fazes
Pois sei não ser mosquito, mas queria
Tocando tua pele com magia
Saber de todo o fogo que tu trazes.

Quem dera se pudesse noutras fases
Fazer contigo cada fantasia
Além de todo o jogo que eu sabia
Carinhos mais ardentes, mais audazes...

A noite em que tu dormes descoberta
Queria entrar, amor pela janela
Que um dia tu deixaste toda aberta

E ao ver-te seminua assim se explica
De forma mais sutil e bem singela:
Homem apaixonado... Também pica...
Marcos Loures


2


Eu te adoro, não se esqueça
Que meu mundo é todo teu,
Não saindo da cabeça
Teu amor me convenceu

Muito além do que eu mereça,
Nos teus braços se perdeu
Minha vida que era avessa
Encontrou seu apogeu

Todo dia, a cada instante
Tua pele fascinante
Convidando para o jogo

Feito em paz, feito em loucura,
A doença que em cura,
Me acalmando com teu fogo...



3

Eu te adoro nas noites mais tranqüilas,
Nas horas insensatas. Nas ternuras,
Até nos tais venenos quando instilas...
Nas fantasias loucas, nas torturas...

Eu te adoro até quando tu me foges
E teima em disfarçar teu sentimento.
Carrego nossas dores, meus alforjes,
Sem medo de enfrentar o duro vento.

Ao redor de teus passos, circundando,
Temendo tua ausência, estou contigo
Em preces cada vez glorificando
As bênçãos de poder ser teu amigo.

Eu quero teu amor, tão displicente,
Que invade, o coração, tomando a gente


4

Eu tanto quis fazer você feliz,
Porém a sorte foi tão traiçoeira
Aquela que eu julgara companheira,
O amor que eu tanto tinha, ela não quis.

Levando a minha vida por um triz,
Pensando ser a estrela verdadeira
Minha alma se entregou. Quer ou não queira
De tudo o que restou, só cicatriz.

Ao vê-la noutros braços percebi
Que tudo o que eu sonhara estava ali
Debaixo dos lençóis da nossa cama

Desnuda, e num sorriso de ironia
Perdão pelos seus erros me pedia,
Tornando mais cruel, este meu drama...

5

Eu sinto nos teus versos, despedida
E não suporto a dor que isto trará,
Tu és mais que a razão de minha vida,
O sol que eternamente brilhará.

Ao ver minha esperança ressurgida
Nos braços de quem, penso mostrará
Depois da tempestade uma saída
E nunca um manso afeto negará.

Pensei que poderia num momento
Dizer que conheci felicidade,
Porém do amor ressurge este tormento

Calando o que melhor existe em mim,
Talvez só restará, então saudade
Da flor que justifica o meu jardim...
Marcos Loures


6

Eu sinto este perfume
Que exalas, minha amiga,
Transformas um queixume
Em verso que me abriga.

Não ter sequer ciúme,
Da vida que te instiga
Amar como costume,
Que sempre assim, prossiga.

Eu canto cada dia
Com força e com vontade,
Sabendo da alegria

Da luminosidade
Que cobre a fantasia,
Na força da amizade.


7


Eu sinto esta alegria tão imensa
De ser teu companheiro de viagem,
Amar é decifrar cada mensagem
E ter depois de tudo, a recompensa

Da paz a qual se quer e a sorte intensa
Prevendo em nossa vida a boa aragem
Que vem dos olhos meigos sem dar margem
À dor que prometera vida tensa.

Amada, não permita que a tristeza
Invada nossas sendas, nossos prados,
Mantendo estes caminhos demarcados

Por mãos tão carinhosas, na grandeza
De um sentimento nobre, encantador,
Vislumbro em meu futuro o nosso amor...
Marcos Loures


8

Eu sinto essa beleza nos tocando,
Das asas dum bom anjo a nos guiar.
Aos braços deste arcanjo me entregando
Voando em liberdade sobre o mar,
Percebo o quanto estou me enamorando
Mulher encantadora. Te encontrar

Neste sonho tão lindo que ilumina
O dia a dia triste e sem futuro.
Amar é descobrir a fonte, a mina,
Amaciar um peito que era duro,
Comigo neste vôo, uma menina
De coração sereno, manso e puro...

Felicidade mora aqui do lado
Esquerdo deste peito apaixonado...


9

Eu sinto em nosso sonho, esta vitória
Que um dia prometida, agora veio.
Entregue a tais momentos nossa história
É feita em alegria, sem receio.

O tempo de viver já não se atrasa,
Adentro este infinito dentro em ti.
Do corpo de quem amo, a minha casa
Em total liberdade, eu converti.

A par do que se passa em nossa vida,
Eu sigo sempre em frente e não descanso.
E tendo em pleno amor, minha guarida,
Felicidade extrema; agora alcanço.

Eu sei do quanto eu pude do universo
Saber a cada frase, em cada verso...


10

Eu sinto em minhas mãos já se esvaindo
O que restou do amor que se perdeu.
O que eu julgara ser decerto infindo,
Em lágrimas, tristonho, esvaeceu.

Amarga; a negra noite me cobrindo,
Recordo deste sonho meu e teu,
Um momento magnífico, tão lindo,
Distante deste olhar, cedo morreu.

As horas de alegria? Quem me dera...
Inverna sobre a antiga primavera,
O frio vem chegando vorazmente.

O bem que assim tivemos, destruído
A vida já não faz qualquer sentido,
O fim da bela história se pressente...
Marcos Loures

11

Eu sinto em mãos macias, belas fadas
Roçando a minha pele, mil desejos.
As emoções agora anunciadas
Sentidos e quereres mais sobejos.
Nos beijos e carícias, madrugadas
Passando entre loucuras e lampejos.

Teu corpo, a mais divina catedral,
Nas preces e delírios, fonte e gozo.
Satélite que vaga pelo astral
Num ritmo desvairado e caprichoso,
Amor que nos invade, magistral
Delito que se faz, tempestuoso.

Nas pétalas dos sonhos multicores,
Estrelas espiando belas flores...
Marcos Loures

12

Eu sinto cada beijo incrustado na pele
Incandescentemente o corpo em fogaréu
Ao máximo prazer a vontade compele
Abrindo num momento o caminho pro céu.

Permita que meu rumo ao teu; amor atrele
E guie cada passo em sonho mais fiel
Que toda uma esperança assim já revele
Na ardente sensação da vida feita em mel.

Nos versos que eu te faço, um símbolo de glória
Rondando a minha vida, altera a minha história
E trama um infinito em lábios sequiosos

Sabendo deste amor, dias maravilhosos
Em mágica palavra – amor – a sorte alcança
A força sem igual da vida em esperança.


13


Eu sinto a tua falta e jamais nego
O quanto és importante para mim.
Um sentimento nobre que carrego
Garante o florescer deste jardim

No verso e na palavra que eu emprego,
Certeza deste amor que sei sem fim,
Nos sonhos mais felizes que navego,
O porto da alegria encontro enfim

Depois de ter vencido tempestades,
Antigas armadilhas da esperança,
Contigo retornei a ser criança,

Rompendo da tristeza, velhas grades,
Agora a liberdade eu já farejo,
Tocado pelas luzes do desejo...


14

Eu sinto a cada dia mais saudade
Dos lábios tão gostosos da morena,
Vivendo a cada dia, ansiedade
De poder reviver divina cena
Amar e ser feliz: realidade
Crivando nossa vida em luz amena.

Menina que desejo tanto, tanto,
Estrela que me guia pela vida;
Tomado totalmente, em teu encanto
Percebo a sorte imensa concebida,
Vencendo qualquer dor, cruel quebranto,
A sorte se mostrando resolvida.

Assim, ao encontrar tuas pegadas,
Eu sinto em mãos macias, belas fadas...
Marcos Loures


15

Eu sigo meu caminho sobre a terra
Um viajante lúdico e idiota,
Mentira a cada dia mais emperra
Deixando sem destino a minha frota.

A paz já se mostrando tão remota;
Na morte este tormento enfim se encerra.
Do farto sofrimento alma se lota,
Escombros que deixei imerso em guerra.

Os versos que ora faço são retratos
Daquilo que vivi. Se ainda oculto
Verdade sob as máscaras de um vulto

Que canta a fantasia. Quebro os pratos
E jogo sobre a mesa a realidade,
Bradando, finalmente: LIBERDADE!


16

Eu sigo cada rastro que tu deixas
Estrela que se deita sobre o mar,
Nos sonhos que trouxeram outras gueixas
Mergulho, simplesmente, e quero amar.

Não ouço mais antigas, duras queixas
Pois tenho com quem possa já contar,
Entendo meu amor quando tu queixas
Se o pensamente eu deixo divagar

Mas volto a mais sublime realidade
E sei que em tanto amor que agora invade
Está decerto a sorte perseguida.

E vamos, sem temores mundo afora,
Já tendo uma alegria que se aflora
Seguimos pareados pela vida.
Marcos Loures


17

Eu sempre que te vejo, rutilante,
Horizontes abertos, tardes claras...
Um manto languescente, minha amante,
Trazendo pr’este céu as cores raras..

A vida se deslinda, neste instante.
Constelações divinas, jóias caras,
Elevam-se qual flor mais deslumbrante...
Espaços siderais, belas tiaras...

Magistral plenilúnio sobre o mar!
Olhos estonteantes, lírios alvos...
Estradas radiosas, caminhar...

No delta dos amores, milagrosas
E divinas mãos, sobre montes calvos,
Milhares e milhares, tantas as rosas...


18

Eu sempre irei te amar, a vida inteira
A cada novo dia, bem mais forte.
Paixão que nos tomou, tão verdadeira
Encerra em seus propósitos a sorte

Tomada em poesia alvissareira
Num sentimento imenso e de tal porte
Que nem mesmo a saudade feiticeira
Promove em amargor insano corte.

Eu vivo nosso amor de cada dia
Bendito e feito em luz que não se apaga.
Curando totalmente qualquer chaga

Moldando em quadro raro a fantasia
Uma escultura feita em mármol belo,
Amor que tanto sinto e te revelo...
Marcos Loures


19

Eu sempre irei estar bem junto a ti,
Em tantas tempestades e procelas.
Ao ver o teu olhar reconheci
Meu barco no teu cais, tu me revelas

O mundo que sonhara para mim,
Numa alegria intensa e tão suave.
Tu és o meu princípio, meio e fim,
A vida do teu lado, sem entrave.

Serei bem mais que amor, o teu amigo.
Aquele em que tu podes confiar.
E na calamidade, teu abrigo,
O colo onde tu podes repousar...

Por isso minha amiga, minha amada,
Seguimos braços dados, nessa estrada...



20

Eu sempre irei amar-te, não duvide,
Não desse amor tão frágil pois finito.
Amor que nasce amor de amor incide
E forja um novo amor bem mais bonito.

Que não cobrando nada, tudo faz,
Que não pedindo culpa, se permite.
Amor que não termina sem ter paz
E sabe que na vida não se omite.

Amor tão corriqueiro, pois sereno,
Recebe uma outra vida sem ser dono.
Vivendo deste amor, cadê veneno?
Pior que desamor num abandono...

Te quero minha amiga, não desisto,
Amor que sangra amor, tanto eu insisto...


21


Eu sempre hei de adorar doce melado
Que é feito da garapa que adocica...
Deste aguardente todo me embriago
E bebo nosso amor, profuso em bica...

Suores nos salgando, no calor
Desta batalha imensa que não finda.
Vivendo a plenitude deste amor
Na tarde apaixonante de tão linda...

Lambuzo deste mel, meu paraíso;
Da abelha desejada, seu zangão,
Tu pensas que prazer; economizo?
Tu sabes meu amor; resposta: não!

Na louca fantasia que vicia
Te bebo e me embriago de alegria!


22

Eu sempre fui pacato cidadão
Perambulando à toa pelas ruas,
Sem ter qualquer poder de sedução
Néons sempre ocultando sóis e luas.

Numa interna fornalha, o meu vulcão
Dormita nas verdades duras, cruas,
Constante caminheiro. A negação
Morrendo entre revistas, cenas nuas.

Até que tu vieste e num rompante,
Tomando este cenário ao mesmo instante
Em que tu derramavas tanto charme.

Como se fosse pólvora, tocaste
Ardência faz agora este contraste
Tocando da esperança, um louco alarme...
Marcos Loures


23

Eu sempre adorarei o belo mar,
Distante de meus olhos, mar sagrado...
Nos ventos que me levam, sem parar;
Destino marinheiro; ventos, fado...

Eu sempre te amarei, concreto amor.
De tantas tempestades e bonanças.
Naufrágios, calmarias, de terror
Vertendo nos abismos, esperanças...

Nos braços formidáveis e discretos,
Concertos e sereias, vou inteiro.
Meus sonhos, albatrozes prediletos,
Mergulho totalmente, timoneiro...

O mar se misturando na amplidão,
Embarco os olhos, braços, coração!


24

Eu sem você não tenho mais nem sonhos
Distante, vou morrendo pouco a pouco.
Os dias sem você não são risonhos,
Eu sem você, querida, fico louco.

De tudo o que eu quisera; nada resta.
A vida sem sentidos; seco o mar
A noite segue fria. O medo infesta,
E morro aqui sozinho, devagar...

Eu sem você, não tenho mais nem versos,
A sorte que eu sonhara; já perdi,
Os lábios que inda beijo, tão perversos,
Apenas a tristeza mora aqui.

Eu sem você... Somente a morte vem...
Pois, sem você, jamais serei alguém...
Marcos Loures


25

Eu sei, não percebeste o quanto quero
E aguardo ansiosamente quando vens,
Por mais que te pareço amargo e fero,
Apenas sonhador que perdeu trens

No encanto de teu canto eu me tempero
E sei desta magia que tu tens,
Idílio qual pintou outrora Homero
Em teus lábios minha Ítaca, meus bens...

Mas foges, não sei mesmo nem porque.
Talvez meu canto seja bem mais pobre
Do que a bel poesia que recobre

A tua imagem bela e tão distante.
Procuro uma resposta, mas cadê?
Dançarmos juntos. Sonho fascinante!
Marcos Loures


26


Eu sei querida amiga o quanto dói
A solidão em noite sem estrelas.
As rotas do desejo, sem podê-las
A vida num segundo se corrói.

Somente uma amizade em si constrói
Estradas deslumbrantes e mais belas.
Entendo cada sonho em que revelas
Vontades sem limites. A vida mói

Sem ter nenhuma pena quem não luta,
Mas tantas vezes vamos solitários
Batalhas que se fazem, tantos páreos

Nos quais a dor se mostra em força bruta.
Porém ao lapidar o sentimento,
A força da amizade ganha tento...


27

Eu sei que, burocrático, não trago
Um ar de sedução que te conquiste.
Andando meramente,frio ou triste,
A voz sem sentimento, eu não embargo.

Embarco em qualquer porto algum afago
Nem mesmo uma alegria falsa assiste
À cena de um estúpido que insiste
Na luta por um verso calmo e mago.

Gravatas da esperança, dei um nó,
Vagando tão somente frágil, só
Ao pó retornarei, mas não agora

Que tenho compromisso inadiável,
Se o caso fosse enfim afiançável
Eu não teria urgência de ir embora...
Marcos Loures


28

Eu sei que vou te amar a vida inteira
Vencendo as tempestades que virão;
Num descompasso imenso, esta paixão
Se mostra bem mais plena e verdadeira

Por mais que esta tormenta nunca queira
Mais fortes os poderes da emoção
Que invada a nossa vida a sensação
De toda boa sorte alvissareira.

Eu quero ser teu sol, ser tua lua.
Derramar meu querer que não se acaba,
Vivermos na cabana, choça ou taba,

Pouco importa, mas venha, amada, nua
Não deixe mais o medo nos tocar,
E faça de meu corpo o teu altar



29


Eu sei que vou seguir o meu destino
Buscando outras estrelas, novo céu.
Do amor feito ilusão, um carrossel
Que tento muita vez, mas não domino.

O velho coração se faz menino,
Galopa a fantasia, meu corcel,
À noite, a lua trama um alvo véu,
Sentenças de saudade, insano, assino.

Depois de certo tempo, nada tendo,
Segredos de um amor, tolo, desvendo,
Perdido pelas ruas, torpes passos.

Revejo o teu retrato na algibeira,
A noite se entristece. Alma ligeira
Correndo sem pensar para os teus braços...


6830


Eu sei que tudo passa nesta vida,
E a lágrima pressente a calmaria,
Porém minha alma tola, entorpecida
Aguarda inutilmente a fantasia

Que possa enfim tornar suave a lida
A estrela mais distante, a que me guia,
Trazendo a solidão da triste ermida
Guardada em cada verso ou poesia.

Quem dera decifrar os teus sinais,
Pudesse navegar teus infinitos,
Os dias poderiam ser bonitos

Meus cantos não seriam tão banais...
Mas quando me preparo para o sonho,
A dura realidade; recomponho...


31


Eu sei que tu completas mais um ano,
E peço-te perdão por não poder
Trazer o peito aberto sem engano,
Pois vivo tão somente por viver.

Não tendo nos meus dias algum plano
Que possa novamente fazer ver
Que o mundo se mostrando mais humano
Permite, na verdade o bem querer.

Mas venho neste teu aniversário
Mostrar meus olhos tristes, embaçados,
Um velho sentimento temerário

Guardado nas gavetas dos meus sonhos,
Permite que se lance novos dados,
E os dias poderão ser mais risonhos...

32

Eu sinto que já vais; amor, partir.
Deixando na minha alma tal perfume
Que sempre desejei, a ti, pedir;
Embora me causasse mais ciúme.

Não deixe de lembrar dos nossos beijos
Roubados sem sequer pedir licença.
Sabendo dos meus loucos, vãos desejos,
Espero que me guarde a recompensa

Da boca mais sublime que beijei,
Dos seios mais formosos que já vi.
O tempo que quiser, esperarei,
Decerto, meu amor, estou aqui.

Anseio tua volta sem demora,
Te peço enfim querida, vem agora!


33

Eu sinto que estás triste; bela moça
Também sinto a amargura me tomando.
Às vezes o amor parece louça
E quebra num segundo, maltratando.

O vento da saudade que me roça
Depois de certo tempo se mostrando
Na tempestade imensa ganha força
E tudo, num segundo desabando...

No teu jardim percebo a soledade
Depois que terminamos o romance.
Quem sabe no futuro alguma chance

Demonstre o renascer da claridade,
Pois saiba que ao me separar de ti,
Também em solidão, eu me perdi...


34


Eu sinto que aqui estás e sem perguntas
Vasculho cada canto desta casa.
As almas que caminham sempre juntas
Perfilam sentimento que me abrasa

Não somos efemérides, tampouco
Podemos ser eternos, mas buscamos
Por mais que o mundo seja insano e louco,
Já não permitiremos servos e amos.

Permutas que garantem a fartura,
Sem lutas ou batalhas, fluem calmos
Não sendo necessária qualquer jura
Louvando o que sentimos; tantos salmos.

Tu tomas minhas mãos e pareados
Supremos patamares alcançados...



35

Eu sinto o teu perfume; empesta o ar
Com ânsias e volúpias sensuais.
Vontade de beber e te tragar
Com gosto de querer sempre demais...

Lambendo o teu desejo salgo o mar
Desnudo tua pele e caço o cais
Onde talvez pudesse naufragar
O barco de meus sonhos, noite traz...

Tão quieto; não escuto a minha voz,
Decolo abro meus braços, te farejo;
Na sombra deste vôo, um albatroz

Tomando o camarote onde tu deitas.
Vagueio mansamente o teu desejo
E sinto em teu prazer quanto deleitas...



36

Eu sinto o teu perfume nesta carta
Que me mandaste amor, em despedida,
Dizendo-me que estavas já bem farta
De ter que repartir, comigo, a vida...

Mas saiba que minha alma não descarta
Nem vê a nossa história assim perdida,
Antes de tu saíres, não reparta
Uma emoção que sabes tão sentida.

Não respondo esta carta com promessas,
Apenas eu te espero e nada mais;
Depois de termos tido tais conversas

Quero a tua presença em minha cama,
Sabendo; não te esquecerei jamais,
Ainda permanece acesa a chama!


37

Eu sinto o teu perfume junto a mim,
Trazendo a primavera que eu sonhei.
Brotando com desejo em meu jardim
A flor que em toda a vida eu desejei.

Teu lábio em maciez, puro carmim,
A boca mais gostosa que beijei.
Ascende o teu aroma e chega enfim
Tal qual um dia amor, imaginei.

Corcel em que cavalgas teu prazer
Em mil vontades todas satisfeitas
A cama em todo novo amanhecer

Cobertas e lençóis, aonde deitas
Guardando o teu perfume, passo a ver
As formas delicadas e perfeitas...


38


Eu sinto o teu olhar tocando o meu
E penetrando intenso num segundo,
Meu mundo nos teus olhos se perdeu,
Num sentimento imenso e tão profundo...

Entrego-me aos teus braços e sou teu,
De toda essa beleza eu já me inundo
E cedo ao meu desejo; louco, ateu.
Seguindo este farol, percorro o mundo...

Num tempo tão pequeno, eu me entreguei,
Não vejo nada mais, nem quero nada,
Só quero o teu amor onde encontrei

O sonho que eu julgara abandonado
E digo, simplesmente, minha amada,
Me perco em teu olhar, extasiado...

39


Eu sinto o seu sonhar dentro do sonho
Que não me canso nunca de sonhar,
Delírio torna o sonho mais risonho
Numa vontade louca de encontrar.

Sorriso está chamando e lhe proponho
Sem medo e sem juízo quero estar
Pois fechando os meus olhos já me ponho
Sem ter sequer vontade de acordar...

No quarto, a persiana filtra o sol
Mas sinto um leve vento como um beijo
Meu corpo se estremece. Um girassol

Cada vez mais cativo. Seu sorriso...
Sentindo neste vento o meu desejo,
Que trama nesse sonho, o paraíso...


40


Eu sinto o quanto quero cada toque
No extasiante jogo prometido.
No delicado aroma, novo enfoque
Do jogo em que jamais houve um vencido.

Contigo irei seguir quando quiseres
O quanto que desejas, estou pronto.
Na mesa, a fina prata dos talheres,
Estrelas infinitas, milhões conto.

Eternidade apenas num momento,
Um sonho alvissareiro, jogo aberto,
Que o tempo passe calmo, manso e lento,
Tua presença mágica, por perto.

Seguindo a lua imensa, claro trilho,
De todo o teu prazer, eu compartilho...


41

Eu recebi respostas pelo vento,
Dessas indagações, que um dia, eu fiz.
Por onde surgirá contentamento,
Qual o momento, enfim, de ser feliz.

Para onde irá, depois, o esquecimento,
Minha alma, de tormentos, meretriz,
Na soma, diminui meu pensamento,
Vivendo, vou morrendo por um triz...

O vento percebendo tanto medo,
Respondeu-me, temendo minha dor,
Ao fim de tudo, sabe meu segredo,

Traz no sopro o saber caminhador;
De quem viveu, outrora, no degredo,
As respostas? O vento já levou...


42

Eu sei que não fui feito pra te dar
O mundo que mereces, meu amor.
Estrela que se fez neste luar
Rompendo toda a noite em esplendor.
Só trago uma esperança em meu olhar,
Bem sei que sou somente um sonhador...

Um resto que caminha pelas ruas,
Nos bares, nos botecos, aguardentes...
Enquanto em pleno brilho continuas,
Sorrisos, lábios, olhos, envolventes.
No palco desta vida, amor; atuas
São tuas minhas horas mais prementes...

Eu te amo e ninguém pode censurar,
O chão, mesmo que em sombra, vê luar...

43

Eu sei que isso parece babaquice
Mas tudo o que me falas, não mais ouço
O quanto deste amor diz calabouço
Embaça esta visão conforme eu disse.

A casa vai caindo sem embolso
E tudo o que vier, idiotice,
Qual fosse um vascaíno que de vice
Encheu tanto seu saco quanto o bolso.

Triscando esta parede, caí longe,
Não quero mais posar de santo ou monge
Prefiro a sacanagem se bem feita.

Cansado de bancar ingênuo, otário
Eu quero que se dane amor diário,
A bela meretriz, minha alma aceita...


44

Eu sei que isso jamais devia ter
Esta conotação falsa e mendiga,
Por mais que a fantasia dê prazer
Verdade quando chega desabriga.

A fonte não se deu para beber
Cansei de confusões, não quero briga,
Nem mesmo outro caminho eu posso ver
Estrada desmorona; velha e antiga.

O príncipe morreu sem ser ministro,
O sonho é pesadelo mais sinistro,
Estóico; não acendo este estopim.

Heróico? Não cobrei nada de mim
Tampouco não suporto quem já cobra,
Nunca me contentei com resto ou sobra...


42

Eu sei que irei te amar sem ter medidas
Nem medo de dizer das maravilhas
Que deixas quando passas pelas trilhas
Dos sonhos sem pudor ou despedidas...

As velhas esperanças; já perdidas,
Encontram nos teus braços raras ilhas,
Distante das tristezas, armadilhas,
Estar contigo sempre em tantas vidas...

Escrevendo teu nome com meu sangue,
Enxugas meu pranto bebo o sumo
Do amor que sendo nexo, meta e rumo

Afaste o meu caminho deste mangue
Terrível da indigesta solidão
Jogando-me nos braços da paixão...

43

Eu sei que irei te amar eternamente,
E nada mais pergunto nem afirmo,
O mundo que te quero, totalmente
Imerso em tal verdade, que confirmo...

De tudo me defende, nosso amor,
De todas as besteiras que já fiz.
O sonho do desejo sem pudor
Deitando em nossa cama se prediz.

Não te quero pudica nem esquiva,
Eu quero cada gota de prazer.
A noite que vivemos, sempre viva,
Coberta da vontade de te ter.

Não sabes, mas eu quero a tua sorte,
Ser teu até chegar a nossa morte.


44

Eu sei que irão falar, mas eu não ligo.
A moça que hoje trago no meu peito,
No sonho em que audaz eu me deleito,
Há tempos faz da noite o seu abrigo.

Às vezes te parece quero amigo
Que a vida se perdeu e não tem jeito,
Mas vivo desta forma satisfeito,
Não temo qualquer tipo de castigo.

Das rondas pela negra madrugada,
Bebendo na sarjeta da esperança
Um pária sem destino logo alcança

A imagem da mulher já consagrada
Num ato de loucura, insânia ou fé
Nos bares, nos motéis, num cabaré...
45

Eu sei que eternamente irei te amar
e assim nós viveremos cada dia
imersos nestes versos, poesia
um sonho tão gostoso de provar...

Nas asas do desejo, te encontrar,
do mel de tua boca que escorria,
beber até que um dia, a me fartar,
em meio a tais vontades, na magia

eu me tornar, contigo um uno ser
siameses acoplados, gemelares,
unidos para sempre, eternidade...

Assim, quando isso – amada,acontecer,
iremos viajar por mil lugares,
e enfim iremos ser felicidade...

46

Eu sei que estou no lucro, sobrevivo
Ao velho vendaval chamado amor.
Das farpas tento audaz, fazer louvor
Mantendo o coração bem mais altivo.

Se muitas vezes, tolo já me privo
Do gozo tão cruel e encantador,
Eu venho novamente recompor
O mundo pelo qual ainda vivo.

Em cântaros minha alma se desfaz,
Ao mordiscar tal isca, sou voraz
Esgarço-me em pedaços, mas não ligo.

Letárgica manhã que se anuncia,
Nos braços da morena, esta alquimia
Que há tempos necessito: amor amigo..
Marcos Loures


47

Eu sei que estou bem velho pra você,
Mas saiba que lhe quero noite e dia,
Às vezes me pergunto: Mas por quê?
Não posso ter no mundo uma alegria...

Morena como eu quero o seu querer,
Desculpe-me bem sei que não me quer,
Eu quero do seu lado, amor, viver
Depressa! Venha ser minha mulher!

Ao ver como estou velho me pergunto,
Por que quê o coração é de menino?
Se os dois envelhecessem sempre junto
Talvez eu não sofresse o desatino...

No tempo de rapaz eu nem pensava...
Eu juro! O seu amor não me escapava!


48

Eu sei que este meu canto se perdeu.
Tu nada ouviste... Louco te busquei
Querendo te encontrar. Inda sou teu...
Só sinto que também, amor, errei

Ao crer que o mundo inteiro fosse meu.
Na dura realidade, a triste lei
Depois da claridade, vem o breu.
Só quero que tu saibas: eu te amei!

As horas se passando, não te vejo;
Procuro por teus olhos... Onde estás?
A morte solitária que prevejo

Em tristes ilusões eu me perdi...
Toda a força deste amor que, sei, demais,
Somente, minha amada, encontro em ti.



49

Eu sei que estás comigo em cada verso,
Amada companheira; quanto eu quero;
Viver esta alegria, e ser sincero
Deitando uma esperança no universo

Distantes de um destino, antes perverso
Mas que encontra a certeza que venero
Do gosto delicado aonde espero
Unir contigo um sonho mais diverso.

Não temo um só momento pela dor
Pois sei que contarei sempre contigo
Trazendo com nobreza, e com sabor

O braço em que me apóio, tão amigo,
Por isso vou cantando sem temor,
Pois sei que existe em ti, um doce abrigo...


6850


Eu sei que é inevitável nosso caso,
Que seja belo assim e enfim perdure,
Do vigilante sonho que nos cure
Até o gran finale, num ocaso.

Não quero mais saber se existe prazo,
Nem mesmo a fantasia que perjure,
A rocha sabe da água que a perfure.
Até se chegar tarde louva atraso.

O vaso não se quebra, pois eterno,
Completamente teu, busco ser terno,
O terno amarrotado, roupas soltas,

Ouvindo este marulho anunciando,
Sereia deseja está chegando
Mesmo que as ondas sejam tão revoltas...


51

Eu sei que é chegada a hora de partir,
Devolvo as ilusões que te roubei,
O quanto com certeza; muito errei,
Sem ter nada que possa repartir,

Deitando sobre pregos, um faquir,
Que tantas vezes nega qualquer lei,
No imenso pesadelo me entranhei
Matando cada sonho que há por vir.

Chegar ao fim de tudo e nada ter,
Sequer o gozo falso de um prazer
Vendido como amarga guloseima.

É ter as mãos vazias; nada além
Enquanto a solidão terrível vem,
O velho coração ainda teima


52

Eu sei que dois bicudos não se beijam
Tampouco o que era doce já se acaba
Enquanto a nossa vida assim desaba,
Os olhos que se buscam, vãos, se aleijam.

Em polvorosa loucos se desejam
Reviram num delírio a velha taba
Engabelando a sorte, a noite braba
Impedem que os fantasmas queiram, vejam.

Mas nada do que temos no passado
Impedirá futuro que queremos.
Por isso, com fartura celebremos

O que virá embora defasado.
As fases deste amor são sempre assim,
Morrendo renascendo, flor jardim...
Marcos Loures


53

Eu sei que amar demais é sucumbir

Aos devaneios loucos da paixão.

Que vem ao mesmo tempo destruir

E nos trazer um sonho em construção.


Amar demais é ter que prosseguir

Temendo que a resposta seja não.

Ouvir a voz do vento e repetir

As notas tão errantes da canção


Que faz de uma loucura, sensatez,

Não pensa e já mergulha num vazio

Perder-se sem sentido de uma vez


Ao mesmo tempo exclui, às vezes some,

Amar demais: morrer em louco cio,

Depois sem ter ninguém, morrer de fome...


54

Eu sei que a chuva forte desabriga
Quem não souber que a vida compartilha
Criada entre nós dois a firme liga
Permite caminharmos qualquer trilha.
No amor que nos uniu; amada amiga,
Depois da tempestade a maravilha.

A vida se renova a cada afã
E deixa que se possa perceber
Na luz que nos tomando na manhã
Um novo e mais intenso alvorecer,
Não deixe que esta luz pereça; vã,
É nela que encontramos o poder.

Amar e ser feliz tranquilamente,
Andando lado a lado se pressente...
Marcos Loures

55

Eu sei quanto valor
Uma amizade tem.
Revigorando a flor
Trazendo imenso bem,

Envolve em puro amor
Quando a tristeza vem
Aquece em bom calor
E nunca fica aquém

Do que já se queria
De quem a gente sabe
Que mostra uma alegria

Tão grande que não cabe.
Eu rezo todo dia
Pra que ela nunca acabe...



56

Eu sei quanto tu fazes já de tonta
Falando deste amor que tu não sentes,
A faca que carrego entre meus dentes
No fundo ainda guarda a dor na ponta.

Enquanto a fantasia desaponta,
Percebo que não sabes quando mentes.
Vontades disfarçadas, entrementes,
Vivendo tão somente um faz-de-conta.

O teu amor partiu há tanto tempo,
Não quero ser somente um passatempo,
Sequer um contratempo em tua vida.

Não deixe que ilusão tome teu barco,
O amor que tu me dizes, pouco e parco,
Não pegará minha alma distraída...
Marcos Loures


57

Eu sei quanto o cigarro prejudica
E traz este mau cheiro insuportável.
Porém aqui vou dando a ti a dica,
Por mais que este futum seja intragável

Há coisa bem pior, isso eu não nego,
O cheiro do suor, vulgo cecê,
O pum que foi dado, eu não entrego,
O cheiro vem do lado de você;

O bafo de cachaça e de cerveja,
O cheiro do banheiro do boteco,
Depende do lugar onde se esteja

Melhor o cigarrinho. Eu vou contar,
Eu falo e nem preciso repeteco,
Nem mesmo com um frasco de bom ar!


58

Eu sei quanto é preciso
Viver um louco amor,
Que mostre, sedutor,
Um céu onde matizo

Meu verso em tal calor,
Que seja mais conciso,
Vencendo o vencedor,
Abrindo o paraíso...

Eu sei que necessito
Da boca carmesim,
Num sonho mais bonito,

Que trago dentro em mim,
Levando ao infinito,
Amor que não tem fim...


59

Eu sei quanto é preciso que se tenha
Alguém com quem possamos dividir
A dor, assim a noite chegue e venha
Trazendo em sofrimento o que há de vir.

Não há sequer um dique que o contenha,
Apenas na amizade, o repartir,
Palavra que se mostra a santa senha
Que pode por instantes impedir

A dura realidade que se impõe
A quem não tem, decerto em seu amigo
Certeza de que possa, no perigo

Contar com todo apoio que supõe.
Amigos que só chegam na bonança
Merecem, por acaso, confiança?

6860

Eu Sei quanto é possível ser feliz
Apenas com palavras mentirosas.
Não tendo nem metade do que eu quis,
Ao ver tantos espinhos, creio rosas.

Do quanto são deveras caprichosas
As flores que enganaram meu nariz
Embora tantas cores tão vistosas,
A moça não passou de meretriz.

Inquisidor, o velho coração,
Por vezes sonha lebre e compra gato.
Depois, sem ter desculpas pago o pato

Sem rumo ainda atiro o meu arpão.
E o preço que se paga? Solidão,
E a mesma gororoba no meu prato...



61

Eu sei dos meus defeitos, companheiro,
Eu sei como é difícil conviver
Com quem tanto te cobra, o tempo inteiro,
E quase nada tenta oferecer...

Eu faço de meu mundo, todo o mundo,
Na sensação terrível do egoísmo;
Não deixo de pedir, cada segundo,
Neste total individualismo.

Amigo, como podes me aturar?
Se muita vez, eu mesmo não suporto.
Não deixo de querer sempre aportar
Nas águas sempre calmas do teu porto...

Conheces meus defeitos, não reclamas;
Além, muito além, sinto amigo, me amas!


62

Eu sei da promessa
Que a vida nos fez,
Amar sem ter pressa,
Manter sensatez.

A sorte dispersa,
Quimera da vez,
Deixando a conversa
Com muita altivez.

Mas sinto o perfume
Que a rosa exalou,
Distante o queixume,

Foi o que me sobrou,
Amiga, um ciúme,
Tanto maltratou...


63

Eu se soubesse deste meu tormento
Nunca iria tentar sobreviver
Às angústias que trazem meu viver
Minha vida tornou-se um sofrimento...

Quem sabe; ser feliz por um momento,
E depois disso tudo se esquecer...
É como numa estrada se perder
Sabendo do final, pressentimento...

Não deixe que esta lua se desfaça,
De mim, a solidão quer a carcaça.
Meus dias são ferozes, torturantes...

É claro que não quero essa quimera,
A vida se demonstra torpe fera.
Quem dera se soubesse já bem antes!
Marcos Loures


64

Eu rolo a noite inteira; insatisfeito,
Beijando os meus escombros, bebo e lambo
O veio que se explode no meu peito,
Sorrindo do que resta, um vil molambo.

Escambos que fizemos no passado,
Estragos provocados por granizos.
No quanto de ironia é demarcado
O dia que vivemos sem juízos.

Transito entre as estrelas decadentes,
Espelho o quanto em nada já criei.
Não quero saber tráfego entrementes,
Meu barco noutro cais eu ancorei.

Olhar se transformando, catatônico,
Amor vai prosseguindo, assim, agônico...
Marcos Loures


65

Eu recordo das noites que passamos
Depois de tanto tempo enamorados,
De todo este carinho desfrutamos,
Estávamos enfim, apaixonados...

Pois amor nunca admite servos, amos,
E logo, sem saber, tão enganados,
De tudo o que vivemos e sonhamos,
Sem ter sequer segredos revelados.

O tempo soberano e passageiro
Desfez aos poucos tudo que amor fez,
E um sentimento puro e verdadeiro

Morreu nas mãos de minha insensatez.
Agora, meu amigo e companheiro,
Somente a solidão tem sua vez...


66
Eu sei que tanto amei em minha vida,
Não vou me envergonhar. Eu tenho orgulho
De ter do mar além de seu marulho
A glória em fartas ondas recebida.

Não guardo em amargura o pedregulho
Que faz da sorte em mágoas, tão curtida,
Levando uma tristeza de vencida,
Não vou colecionar resto ou entulho.

Imbróglios e borrascas, confusões,
Não ando tão somente nos porões
Embora saiba vê-los sem temor.

Partos mal-sucedidos da esperança
Sorrisos de ironia são vingança
Dos tais abutres – sórdidos – do amor...


67

Eu sei que tantas vezes sou mesquinho
Usando de total sinceridade
Enquanto não viver felicidade
Eu quero mais distante amor e ninho.

Prefiro caminhar sempre sozinho,
Apenas carregando a liberdade
Rompendo qualquer forma de vil grade
Que possa me impedir, sou passarinho.

Não tenho vocação pra sofredor,
Nem mesmo sonhador,sou ato falho,
Eu não suporto ser penduricalho

Daquela a quem previ tivesse amor.
Cavalo sem destino num galope
Invés de fantasia eu peço um chope.


68

Eu sei que quem desdenha quer comprar,
Por isso não a quero. Paciência.
Fingindo ter pureza ou inocência
A moça não se cansa de encantar.

De mim ela não quer ouvir falar,
Nem mesmo que eu suplique por clemência
Cansado desta amarga penitência,
Noutro poleiro, eu quero e vou cantar.

Por mais que seja bela e tão formosa,
Deliciosamente assim cheirosa,
A rosa tem decerto algum espinho.

Procuro ver de perto se há defeito,
Porém pra não me dar por satisfeito,
Na ponta do dedão tem um calinho...
Marcos Loures


69

Eu sei que quando falas no meu nome
Uma saudade bate lá no fundo...
A nossa cicatriz nunca mais some,
O corte foi cruel e mais profundo...

Por mais que uma certeza já te tome,
Esquece, e me recordas num segundo.
A noite em solidão sempre consome
Não há lugar pra ti, no imenso mundo...

Querida estou aqui, pensando nisso,
Da flor que sem querer, perdeu o viço,
Nos olhos tão vazios sem ninguém...

Amada espero a volta deste amor,
Que foi neste jardim, mais bela flor,
Te peço, meu amor. Agora... Vem!


6870

Eu sei que o ser humano é uma bosta,
Mas teimo em ter alguma fantasia,
Não quero fazer parte desta aposta
Aonde uma esperança se recria.

Tem gente que da fera ainda gosta
E tenta decifrar uma harmonia
Distante da verdade que se encosta
Na podridão, real supremacia...

Mentiras e falácias, povo merda,
Hiberna sobre as costas, nada vê.
Procuro uma amizade, mas cadê?

Colecionando assim, a eterna perda
Marcada nas divinas confrarias,
Das velhas costumeiras putarias...
Marcos Loures


71

Eu sei que não mereço
Porém peço perdão
Rezando o mesmo terço
Escondo-me em porão

Moldando o meu tropeço
Em nova escravidão
Fornalha onde me aqueço
Não tem mais direção.

Sou vago, ermo e vadio
Remédios nem teria
Porém se tanto esfrio

Versando em ironia
Amigo, em vão, vazio
Termino mais um dia...



72

Expressa nosso jogo, agora ganho,
O riso sempre franco nos teus lábios
Nas águas mais tranqüilas eu me banho
Sem rumo, timoneiro ou astrolábios.

São sábios os desígnios de quem deixa
O encanto feito amor nos comandar.
Roçando em minha pele uma madeixa
Sem pressa faz o gozo se aflorar.

Tocando em maciez como um tentáculo
As mãos encontram cais, perfeito abrigo,
Gerando em divindade este espetáculo
Exprime todo encanto que eu persigo.

Na senda deste amor tal claridade,
Verdeja em nosso peito, a liberdade...


73


Expressa o meu desejo sempre audaz
A doce insanidade que nos toma,
O quanto a vida necessita a paz
Rompendo em sedução velha redoma.

Palavras e sentidos já se expondo
Em versos, em cantiga, madrigais,
O tempo de sonhar se recompondo
Querendo novamente e muito mais.

Um velho jardineiro se permite
Fazer do sonho adubo mais constante
Alçando este infinito e sem limite
Encontra o que deseja ao mesmo instante

Em que eu vislumbro amor mais verdadeiro
Aguando em emoções o meu canteiro.



4

Expressa o quanto agora sou feliz
O verso enamorado que poreja
Em minha pele e pede sempre o bis,
Além do que se sonha e se deseja.

Amor tão meteórico; é verdade,
Porém já me apascenta e me permite
Viver o quanto quero em liberdade,
Sem medo de aceitar qualquer palpite.

O coração que outrora se fez velho,
Agora não espelha mais tristezas.
Não quero e nem aceito mais conselho,
Somente irei seguir as correntezas.

No delta deste rio, maravilhas,
Estampam perfeição de raras trilhas...
Marcos Loures


5

Expressa toda cor deste tinteiro.
Arco-íris de esperanças que me trazes,
Nos primas deste sonho derradeiro
As luas vão mudando suas fases.

O quanto de carinho tu me fazes
Permite que um canto alegre e mais ligeiro,
Permutas que conheço por inteiro,
Abalam meus princípios, minhas bases.

Eu parto do começo e chego enfim,
Ao alvo que se mostra em plenitude.
Refaço a tão distante juventude

Renovo o velho sonho dentro em mim.
A vida do teu lado, sem viés,
Sem medos ou correntes nos meus pés...
Marcos Loures


6

Expressa todo amor que enfim, contenho,
Trazendo uma esperança de onde eu vim,
Não temo as tempestades, pois eu tenho
O braço de quem quero junto a mim,

De um mundo dolorido de onde venho,
Já vejo florescer no meu jardim,
Mostrando em plenitude o teu empenho,
Amor que em amizade eu sei sem fim,

Nos passos bem mais firmes, alegria,
Luzindo no meu céu, estrela guia
Mostrando todo o sonho que eu almejo,

Translada das distantes pradarias
A luz que vem tomando as cercanias
Traduz um sentimento em paz, sobejo.
Marcos Loures


7

Expressa um canto alegre e triunfante
Vigor que esta amizade representa
Dos sonhos, meu amor é debutante
E tantas armadilhas; logo enfrenta.

Não fosse o teu apoio, amiga minha
A vida com certeza não teria
O porte que decerto se avizinha
Trazendo este clarão a cada dia.

Subindo com firmezas tais escarpas
Não temo mais a queda nem o corte.
Caminho que entre pedras, urzes, farpas
Sonega com certeza, aborta o norte.

Porém quando contigo, eu nada temo,
Nos braços da amizade encontro o remo...


8

Expressa um verso livre, aventureiro
O quanto amor demais já me enfeitiça
Cativo, teu senhor e prisioneiro,
Vencido e vencedor da bela liça,

Bebendo o teu prazer sou teu inteiro,
No corpo sensual, santa cobiça,
Encontro no teu céu o meu tinteiro,
Vontade de te ter pra sempre atiça.

E teu, somente teu, enquanto és minha,
Vassalo, sou teu rei, minha rainha
Recebo uma alegria como herança

Deitando meu olhar sobre infinito
Esqueço do passado, algum granito
Sabendo que encontrei paz, temperança.
Marcos Loures


79

Expressa uma palavra mais amena
Sabendo da alegria um bom sinal
Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.

Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,
Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional.

Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador.
Depois desse passado tão mortiço.

Não quero ter meu passo assim contido,
Vivendo com quem amo; convencido
Amor é muito além de um vão feitiço.
Marcos Loures


6880

Expressa, em realidade, uma vingança
Reféns da súcia imunda que crocita
Na lama que nos toma; a mesma dança
Mascara a cruel face, sempre aflita.

Nas tramas tantos quês entrelaçados
Explicam os velórios da esperança
Os dias que vivemos, derrotadas,
Moldando o que teremos na lembrança;

Os filhos do poder e seus escravos,
Os olhos embotados da miséria.
Quem dera em mares loucos, frios, bravos
Uma expressão mais firme e bem mais séria

Permita que se mostre em amizade,
O quanto que é possível liberdade...
Marcos Loures


81

Expressam finalmente confiança,
Os versos que hoje trago para ti.
Pousando flor em flor, um colibri
Néctar maravilhoso agora alcança.

Amor que se faz sempre em temperança
Demonstra o farto bem que recebi,
Estando do teu lado, eu percebi
Vitória necessita de aliança.

Premente esta vontade soberana
De ter a tua boca, teus regaços,
Entregue à fantasia nos teus braços,

Minha alma em alegrias se engalana,
Encontra neste amor, mar infinito,
Derrete a solidão, duro granito...
Marcos Loures


82

Expressão que me resta: paraíso,
Apenas, tão somente e nada mais.
Verbete que se mostra mais conciso
Ao demonstrar loucuras sensuais.

Na plêiade de gozos insensatos,
Na cama, no suor, beijo e saliva.
Nudez em que se espalham tais retratos,
Deixando a flor querida sempre viva.

O rio vai descendo em turbilhões,
Encharca suas margens, chega às furnas,
Mistura de desejos e paixões
Aguada pelos olhos das ternuras.

Partícipe da festa que não cessa,
Ao sol incandescente recomeça...
Marcos Loures


83

Expresso a força intensa destes ventos
Em cada verso em que tento te falar
Traduzindo em palavras, pensamentos
Aonde possa amor desembocar.

Falar de tanto amor, sei que é tolice
De um pobre viajante em noite imensa.
Porém além de tudo o que eu te disse
Aqui. Vou procurando a recompensa.

Se o rio ao desaguar num oceano
Permite que se adoce tanto sal
Assim também o amargo e desumano
Sentimento se torna mais frugal.

A voz na qual meu sonho já se expressa
Ecoa pelos astros, mas sem pressa...


84


Expresso com palavras, sentimentos
Que tomam minha casa e o coração,
Num ato de total satisfação
Embarco em ti delírios e tormentos.

Expresso em cada verso meus intentos,
Deixo transparecer quanta emoção
Causada pela maga sensação
Que invade desde sempre os pensamentos.

Não sabes quanto quero o teu querer?
Em ti resumo todo o meu prazer,
Princípio meio e fim de minha vida.

Por mais que isto te soe diferente,
O peito enamorado jamais mente,
Pois és dos labirintos, a saída...


85


Expressões diversas, motes, mortes
Risos em comoção, vates e bardos.
Arcanos sentimentos, velhos cortes
Arquétipos de enredos nestes cardos.

Egressa dos meus erros, a ironia
Na verve deste pobre sonhador
A cada nova verso uma sangria,
Sob os olhos espúrios dessa dor.

Argumentos perdidos, vagos passos,
Estrelas disfarçadas, céus sem luz.
Sombrias emoções, ausentes traços
Gracejos da ilusão, fantasma e cruz.

Mensagens desbotadas do passado,
Vazios entre as urzes, nosso prado..
Marcos Loures


86

Expressa em cada rima, a liberdade,
O gosto da maçã em cantoria.
Num ritmo mais febril toma a cidade,
Chegando a cada praça, rua ou via.

O som que enamorado eu tanto ouvia,
Depressa o coração adentra, invade.
A luz em redenção que assim surgia,
Aos poucos foi virando tempestade.

Moleque que cresceu entre alamedas,
Pinçando cada cena que vivera,
Adentra, sonhador, pelas veredas

Em flóreas esperanças demonstradas,
Percebe o renascer da primavera,
Nas sílfides divinas, belas fadas...
Marcos Loures


87

Expressa em alegria o seu legado
Mensagem proferida com prazer.
O quanto amor se mostra bem cuidado
Permite em nova senda renascer.

Trabalho o dia inteiro, chego à noite
Encontro nos teus braços meu descanso,
Por sob estes lençóis, ternura, açoite
Vigora a lei do quanto mais alcanço.

Diamantina luz que nos abraça,
Mergulhos em vontades e loucuras.
Deixando de caçar sou tua caça
Em dentes, bocas, línguas, as torturas.

A vida se esfumaça em esquadrilhas
Deitando em nossa cama maravilhas...
Marcos Loures


88

Expressa as mais doridas tentações
A vestimenta de um desejo insano,
De todos os meus sonhos, o decano
Em vários sentimentos, seduções...

Amor ao nos mostrar embarcações
Pernoita no carinho soberano
Do quanto que te quero eu já me ufano
Entregue às mais complexas sensações...

Perenizando o que em vontades crio,
Enfrentarei a ventania e o frio,
Com toda precisão, intemerato,

E assim ao me entregar com tal pureza,
Conquistarei com mais vigor beleza
O gozo que se mostra em fino trato...
Marcos Loures


89


Expressa as fantasias que se tecem
O verso mais feliz que desejei.
Por tantas vezes tolo eu ansiei
Olhares que jamais em dor padecem...

Palavras que tu dizes não se esquecem,
Passando a serem, cedo, a nossa lei
Aguando o bem que tanto procurei
No inverno um novo estio; tanto aquecem.

Teu corpo junto ao meu, feliz momento,
Dançando noite afora... ruas, praças
Ousando ter além do sentimento

Em valsas, em boleros, tangos, risos...
Nas mãos tão delicadas, raras graças
Girando a noite imensa, paraísos...
Marcos Loures


6890

Exuberantes formas delicadas
Numa explosão intensa de non sense,
Neste canteiro frágil mãos atadas
Aos poucos me ganhando, me convence...

Num espocar divino de foguetes
Numa ascensão junina de balões,
Os corpos se procuram, são joguetes
Buscando relaxar tantas tensões.

Meu cérebro prevê a apoteose,
Fulgores e fagulhas neste céu.
Prazer que quanto mais se quer que goze,
Mais forte vai cumprindo o seu papel.

Numa excelsa visão, pura beleza,
Eu deixo-me levar na correnteza...


91

Extremamos delícias e procuras
Nas ânsias delicadas de nós dois.
Sabendo dos delírios e ternuras
Vivemos plenamente antes, depois.

Audaciosamente eu te proponho
Um manso cavalgar pelas estrelas.
Delito sem pecado, trama ou sonho,
Estradas vislumbradas, sempre belas.

Poder estar contigo e ser teu par,
Vencendo quaisquer medos ou temores.
Alcanço a tempestade a tremular
Sem nexo, sem medidas ou pudores.

Aguardo ansiosamente uma resposta,
A mesa, a cama, a vida, sempre posta...
Marcos Loures


92

Extraio poesia de teus lábios
Entorno meu calor em teus carinhos
Quereres com certeza são mais sábios
Se vão hábeis, sabendo tais caminhos.

Quero cada gole desta boca
Salivas misturadas jogo aberto,
Vontade que em desejo já se aloca
Aguando com furor qualquer deserto.

Saudade de sentir teu corpo aqui,
Roçar a tua pele, ser só teu.
O pensamento livre chega a ti
No quanto amor em fúria concebeu.

Em teu corpo milhões de diademas
Navegam em divinas piracemas..


93

Extraio poesia da cachaça,
Num copo ressuscito antigo trago,
A vida bem melhor dança na praça.
O resto dessa farsa fez estrago...

Nos livros que devoro; velha traça,
Reparo nos prefácios Nem indago.
Palhaço, vou temendo não ter graça,
Do que restar caduco,; logo embargo

Na minha certidão de nascimento,
Não tive solução para o problema:
Ser filho da saudade e esquecimento.

Não quero nem desejo ser teu tema
Embora em dissonância, uma harmonia
Que toda embriaguez já me trazia..
Marcos Loures


94

Exponho nestes versos, coração
Um velho bandoleiro sem juízo;
Rasgado pelas forças da paixão
Caminha sem destinos, impreciso.

Forrando a sua cama em ledo espinho
Vestindo esta mortalha simplesmente
Vagando em noite fria, vai sozinho
Inebriado sonha tenazmente

E pensa no sorriso da morena
Que um dia veio cedo e já partiu.
Ao longe uma esperança ainda acena,
Num toque tão estúpido e sutil

A morte se anuncia a cada gota
Da chuva que teimosa não se esgota...
Marcos Loures


95

Exponho o sentimento em cada verso meu
No fogo da esperança a chama me ilumina
Mostrando quanto é bom te ter minha menina
Moldando em alegria o tanto que me deu

Amor que não se acaba e muito convenceu
Agora a fantasia invade e me domina
Num canto triunfal aos poucos me alucina
Dourando o meu caminho, eu sei que sou só teu.

Estrela radiosa um mar de amor profundo,
Querida eu não te esqueço, irei muito mais fundo
Banhando-me em teu sol, raiado em bela areia,

Ouvindo o teu cantar, um sonho que emociona
E toda esta emoção aflora e vem à tona,
Por isso em meu amor, querida sempre creia...


96

xpressa a maravilha feita amor
A lua que se torna deslumbrante,
Deitando o seu luar tão sedutor
Tocando a minha vida num instante

No lume que se faz encantador.
Permite que meu peito sempre cante
Um verso mais profundo. Um sonhador
Nos braços deste amor que me agigante.

Eu sigo os rastros teus pelo caminho
E ganho espaço livre, sideral.
O toque mais audaz e sensual

Escorre em tua boca tinto vinho,
Sedento o coração quer toda gota
Na fonte que não cessa e não se esgota.
Marcos Loures


97

Exponho, em pensamentos, meus desejos.
Eu sei que ser feliz precisa esforço...
Meu sentimento segue mil cortejos
Buscando, nos amores, seu reforço.

Esboço uma vontade de fingir
Que a dor não mostra nunca sua face.
Dá ganas, simplesmente, de fugir,
Sorrindo, vou forjando meu disfarce...

Mas vale a pena a luta por amar,
Desvendo meu destino a cada dia.
Se toda noite traz novo luar,
Amar demais não é só poesia...

Expondo essa vontade de viver,
Usufruir sem medo, e ter prazer...


98

Expressa a delicada e rubra rosa
Rainha dos canteiros, deusa fêmea.
Amante dedicada e glamourosa
Decerto de Cupido uma alma gêmea,

Atrelo o meu desejo em seus perfumes,
E bebo cada olor, que cedo emanas,
Refletem nos meus olhos raros lumes,
Expressas maravilhas sobre-humanas.

Eu quero esta delícia, sempre à farta,
Tocando com meus lábios tal nudez,
Meus olhos de teu corpo; nada aparta,
Revolução em gozos que se fez

Mudando a minha sanha em flóreo sonho,
Meu barco nos teus mares; quero e ponho...
Marcos Loures


99

Exposto em minha cama, atroz, sereno
O vulto da mulher que eu tanto quis.
Orgástica ilusão me faz feliz,
Porém jamais me sinto farto e pleno.

A nostalgia às vezes, concateno
Revivendo o meu céu outrora gris,
Nesta melancolia, a dor atriz
Percebe que em verdade, eu mesmo enceno.

Na busca por mim mesmo, já me perco,
A solidão prepara a cada cerco
O bote que trará decerto o fim.

Por mais que estejas sempre do meu lado,
Final da imensa peça anunciado,
Invade e assim goteja dentro em mim...
Marcos Loures


6900



Exposto ao caracol dos sentimentos
Que molda a nossa vida num segundo,
Vagando em carrossel, sou vagabundo
E bebo sem pudor, céus e tormentos.

Olhares que nem sempre estão atentos,
No quase vou conciso e me aprofundo,
Meu verso se mostrando tão imundo
Aguarda a calmaria pós os ventos...

E o gesto desumano da saudade
Que toma este cenário e tudo invade
Rompendo os tais tratados da amizade.

A vida se propõe com qualidade,
E tento ter, quem sabe, a liberdade
De poder ter enfim, tranqüilidade...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
Data
Leituras
584
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.