Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 043

 
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4201


Converto cada verso num verão
Que os olhos não verão amor jamais
Há mais do que talvez uma versão
Versando sobre mares mata o cais.

Casebres entre as sebes do sertão
Ser tanto quanto eu quis e nunca mais,
Quermesses e promessas negação
Ação que em reação fere demais.

Embaralhando os passos, lassos laços
Nos aços dos punhais os teus olhares
Arejas nas arestas feitas braços

Cadarços desamarras no tropeço
Se impedes o que peço teus luares
São mais do que pretendo e até mereço...
Marcos Loure



2

Convertes nas veredas tropicais,
Os sonhos que tiveram nossos pais.
Barqueiro que jamais esquece o cais,
Velejas seus veleiros, pedes paz...

A morte não percebe e tanto faz,
Amar quem já amei, penei demais..
Carpidas tantas mortes, imorais,
Mentias quando vias seus sinais...

Os olhos que não cegam pedem mais;
América procura ser capaz,
Os rios que perdi mananciais,

Os medos que causaste vis, boçais.
Os trastes que legaste são portais
O continente, nova vida traz...
Marcos Loures






3

Conversa sempre assim mal resolvida
Depois de tanto tempo gera o nada.
A noite vai passando e na calada
Escuto esta mentira repetida.

A farsa se entranhando em nossa vida,
Derruba com certeza alguma escada,
Jogando o sentimento na calçada
Encontra a velha paz tão distraída.

Amor necessitando de um apronto
Esclarecendo tudo ponto a ponto,
Senão sinto apagar-se a velha chama

No amor que já se fez mal entendido
O dia com certeza é mais comprido,
Deitando a solidão em minha cama.
Marcos Loures



4


Convenço-me; decerto eu tenho sorte
Perene sensação de medo apóia
O fato de saber distante a jóia
Que um dia me trará profana morte.

Sereia que se nega ao manso corte,
Regressa e como fosse paranóia,
Minha alma transparente não mais bóia
E encontra no vazio quem suporte.

Brincando com a lúdica esperança
Amarga-se a ventura de não ser,
O vértice dos sonhos não se alcança

Somente por talvez ainda crer
No quando que não veio nem virá,
O amor procuro aqui, ei-lo acolá...
Marcos Loures
5

Conturba enquanto acalma toda a gente
O corte tão suave da navalha
O fogo que se mostra de repente
Num momento maior assim se espalha.

Não vendo sequer credo, cor ou raça
Amor é tempestade redentora.
Vigia enquanto toma toda a praça
Felicidade intensa e sofredora.

Algoz que amaciando nos domina,
Estrela desabada em noite escura;
Transborda em mar imenso a calma mina,
Amaciando a pedra outrora dura.

Amor sem ter juízo, em sanidade
Permite que se mude a humanidade...
Marcos Loures



6



Contrariando toda previsão
Que há tempos se mostrou desfavorável,
O solo com certeza mais arável
Permitirá divina plantação.

Amor que se traduz em plena ação
Não deixa algum segredo inviolável,
O certo sobrepõe-se ao improvável
E a gente bebe o manso ribeirão.

Cardumes seguem líderes, eu sei,
Por isso é que te sigo em toda grei
Estrela sedutora que me guia.

Acordo de manhã e te procuro,
E mesmo que eu encontre algum apuro
Depuro o coração com poesia...


7

Contorno de teus lábios sobre mim
Marcando com batom, a minha tez.
Delícia de viver amor sem fim,
Tatuado por total insensatez

A marca de teu beijo, carmesim,
Mostrando quanto amor a gente fez
A vida inteira imersa num festim,
Lembrado com carinho em toda vez

A marca de teus lábios representa
A rota de um amor sem ter limites.
Amor que não aceita mais palpites

Paixão que nos tomou, tão violenta.
Minha alma desejosa assim flutua
E beija a tua pele, inteira... nua.
Marcos Loures




8





Contorno com meus sonhos o infinito
E chego, finalmente aos braços teus,
Depois de tanto tempo, em frio adeus
O amor se renovando, agora eu fito.

Da dura compleição deste granito
Que um dia se mostrou nos olhos meus,
Na crença da existência deste Deus
Na força deste encanto eu acredito.

E vivo tão somente por poder
Saber que existe em ti tanto prazer,
A Musa dos meus versos, minha amada.

Aos céus vou galopando num segundo,
Raiando em teu olhar, o amor profundo,
Ao Éden desejado, rumo e escada...
Marcos Loures



10


Contigo, amor, irei onde quiseres,
Teus passos seguirei por toda a vida.
Persigo assim teus rastros, caracteres,
Pois sei que decifrei sorte perdida.
Aguardo-te do jeito que vieres,
Pra sempre tu serás bem recebida,

Não sabes quanto quero o teu querer?
Não sabes que não vivo mais sem ti?
Momentos tão fogosos de prazer
Contigo, minha amada eu conheci.
Não posso mais pensar sequer viver
Sem ter tua presença sempre aqui.

Vivamos nossos dias sem temores
Tomando em nossos corpos, bons licores...



11




Contigo seguirei para onde fores,
Embora continues tão distante,
O final se aproxima ao mesmo instante
Deixando entre seus passos, mil horrores.

Pudesse amenizar as minhas dores,
Procuro na gaveta algum calmante,
Por mais que a tempestade se agigante,
Ainda teimo em campos, perco as flores...

Nas mágoas que carrego, esqueço as rosas,
Que outrora imaginara tão viçosas
E agora, vão murchando no jardim.

A angústia me entorpece e me alivia,
Na morte vejo a paz e a noite fria
Espalha seus granizos sobre mim...



12


Contigo pelas praias do desejo,
Espero a chuva mansa e num respingo
Beber a maravilha de teu beijo,
Das dores do passado assim me vingo.

O mar em mansas ondas nos tocando,
Ouvindo este marulho, uma alegria,
Andorinhas desfilam, vão em bando,
Numa esperança igual, amor nos guia.

Mãos dadas, olhos fixos no futuro,
Dois pássaros libertos da gaiola,
Não temem mais o céu, mesmo que escuro,
Minha alma junto a ti, quer e decola

Chegando ao farto brilho no arrebol,
Reflexos delirantes deste sol...


13




Contigo partirei buscando sendas,
Nos campos, nas estradas, nas procelas.
Meus olhos não suportam tantas vendas,
A vida escapará de tantas celas...

Contigo partirei, por novas lendas,
Nas noites que sonhamos, todas belas...
No frio do deserto, velhas tendas,
Nas rosas que plantamos, amarelas...

Contigo partirei minha querida,
Percorro procurando nossa vida...
Retiro tantas urzes do caminho...

Abraço a fera noite que me veste,
Contigo partirei d’onde vieste,
Contigo nunca mais serei sozinho!




14


Contigo irei por onde caminhares
Trilhando as mesmas sendas, ermos prados.
Os passos não serão desencontrados.
Por todos os destinos e lugares.

Profana serventia em lupanares
Dos sonhos que vivemos com bons grados
E mesmo quando inúteis, fenestrados,
Os tetos entre lumes, constelares...

A noite que sombria, sempre traz
O vento da agonia; insegurança,
Teu rosto em harmonia e temperança

Numa expressão pacífica é capaz
De dar o lenitivo necessário,
Vencendo um pesadelo temerário...
Marcos Loures




15



Contigo eu tenho tudo o que bem quis,
Um velho trovador escuta a voz
Do amor que se mostrando dentro em nós
Transforma este marujo em aprendiz.

Grumete da esperança, eu sou feliz
Mesmo sabendo ser amor algoz
Retiro dos meus olhos ledos pós
Esqueço a mais temida cicatriz.

Maturidade traz experiência?
Eterna juventude não se cansa
Fazendo rebrotar a mocidade.

Por mais que alguém traduza por demência
O amor se renovando em confiança
Permite perceber felicidade...
Marcos Loures




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Contigo eu estarei a cada verso,
Nos sonhos que te embalam, fantasias.
Por mais que o mundo seja vil, perverso,
Eu dourarei teus passos, alquimias...

Derramas no infinito do universo
O brilho das sublimes poesias,
Unindo sentimentos tão dispersos
Encanto incomparável, sempre crias...

Amor que engrandecendo, me agiganta
Vontade de te ter, querida, é tanta
Que nada impedirá, tenha a certeza.

O passo decidido, vou em frente,
Na fonte deste amor, onipotente
Trazendo todo encanto que se preza...
Marcos Loures



17


Contigo eu consegui tudo o que quis
Um velho caminheiro, outrora triste,
O amor; agora sinto que persiste
Mudando um velho céu, novo matiz.

Quem sempre se julgara por um triz
Percebe que esperança inda resiste
No amor que eu encontrei e sei que existe
Em cada novo dia, peço bis.

Vestindo meu sorriso nos meus lábios,
Os sentimentos magos, doces, sábios,
Fagulham e latejam, coração.

Qual fora uma verdade que ocultasse
A vida não permite mais disfarce
Rondando toda noite, em sedução...



18

Contigo eu aprendi como viver,
Depois de tropeçar em tantos erros,
Vislumbro o mais sublime amanhecer
No sol que surge sobre os altos cerros,
Erguendo o meu olhar eu posso ver
Aprisionadas dores, firmes ferros.

No aço do punhal que me ferira,
Há tempos esquecido sobre a mesa.
O amor acende em fúria, eterna pira
Deixando para outrem qualquer tristeza.
A terra em carrossel, não pára e gira
Mudando o rumo desta correnteza

Sabendo neste amor, a direção,
Enfrento com destreza, o furacão.
Marcos Loures



19


Contigo debruçando em lua bela,
Nos raios de luar já nos banhando
Seguindo o teu desejo, guia/estrela;
Sentindo esta vontade anunciando

O fogo da paixão que se revela
Despindo, bem sabendo aonde e quando
Puder ter a loucura que se atrela
Em nossas noites tesas, nos guiando...

A boca te sugando se completa
Nos lábios mais audazes e gostosos,
Tua nudez se mostra mais dileta

Rainha dos desejos prazerosos,
E a natureza em festa se repleta
Em convulsões, delírios, nossos gozos...






20




Contigo a vida inteira, ficar junto,
É disso que eu preciso e te asseguro,
Não tenho em minha vida, novo assunto,
Vivendo o nosso amor, sincero e puro.

Escuros que deixei há tanto tempo
Decerto descaminhos conhecidos.
Dispenso com franqueza o contratempo,
Em paz os meus algozes convertidos.

Extremas ilusão tanto maltratam
Enquanto a realidade é sempre crua.
Porém os sentimentos se resgatam
E a vida, sem remédios, continua.

Não quero em nosso amor mais ingerências
Já basta de torturas, penitências...
Marcos Loures


21


Contigo a vida ganha novo viço,
Encontro finalmente o que buscava.
O amor interminável que eu cobiço
Não sabe em seu caminho, qualquer trava.

Em plena liberdade, prosseguimos,
Sem nada que nos cale, nem impeça.
Timões dos nossos barcos; conseguimos
Trazer na mesma rota, peça a peça.

Alvissareiro sonho que desfruto
A cada novo dia, mais te quero,
Bendito seja sempre o caro fruto
No amor que em minha vida é bom tempero.

Sabendo dos janeiros que passamos,
Libertos, sem grilhões, senões ou amos.
Marcos Loures





22


Conterrânea de Uberaba
Dos teus versos eu sou fã,
A saudade não desaba
E renasce de manhã

No palacete ou na taba,
Renovando o seu afã,
Feito bicho de goiaba
Com vontade de maçã.

Coração mineiro tem
O tamanho deste trem
Que sempre, à tardinha sai,

Mensageira da esperança
Nos teus versos com pujança
O meu peito grita : UAI...
Marcos Loures



23



Contente deste amor que o peito abriga
Em meio a tantas luzes que passamos.
Querida, me permita, então que diga,
Do quanto que vivemos, nos amamos...

Não tenha mais o medo que impedia
Os passos que precisas conhecer.
E venha, vamos juntos para o dia
Que teima e necessita amanhecer.

Não vejo que tua alma se acovarda
Entendo teus momentos sem coragem,
A noite que virá inda se tarda
Podemos começar nossa viagem.

Eu sei dessas amarras, não reclamo,
Aos poucos vou dizendo que eu te amo!



24


Contendo todo amor que outrora eu quis
Senhora dos meus sonhos, amante amiga,
Do medo não restou nem cicatriz,
Ausência não passou de mera intriga.

O tempo de sonhar se faz agora,
Coletando as estrelas mais distantes
O quanto em maravilha se decora
Fazendo das tristezas vis farsantes.

Bem antes do que tenho em alegria,
Andara pela vida, simplesmente,
Ao ter bem junto a ti vital magia
Felicidade plena se pressente.

Vivendo com certeza, raras glórias.
Arcando com meus erros e vitórias.




25


Contendo em minhas mãos esta esperança
Menina bem travessa faz a festa,
O quanto que eu já tive, a vida gesta
Deixando o bom sabor de uma festança.

Uma esperança a mais amor alcança
E adentra qualquer pântano ou floresta
Loucuras de prazer, amor atesta
E a noite se permite vir mais mansa.

Joguete dos sentidos, riso e pranto,
Do quanto necessito, eu não me espanto
Escravo consciente da paixão.

Na força imorredoura deste sonho,
A cada novo verso eu te proponho
Fartura de esperança e de emoção.
Marcos Loures




26


Contemporâneo como uma vitrola,
O velho coração de um trovador;
A faca que tão velha não se amola,
Jardim que, sem adubo, mata a flor.

Guardando as ilusões nesta sacola,
O vento nunca esteve ao meu favor,
Desejo de sonhar, o tempo imola,
E nada restará. Nem vou propor.

Seria o verso tolo de um poeta,
O inerte companheiro de viagem.
O quanto a fantasia me completa

Servindo como encosto, inda me guia,
Por mais que as esperanças não me trajem
Componho este fantasma em alegria..
Marcos Loures




27

Contemplo o teu olhar, e vejo o brilho
Do sol que sempre estampas num momento.
Vencendo toda a dor e o sofrimento,
Percorro em santa noite, um doce trilho.

A vida disparando o seu gatilho
Nesta paixão que entorna em sentimento,
Deixando para trás, ressentimento,
Embrenho em teu olhar sem empecilho.

Não falte para nós amor e sonho,
Em versos dedicados, sempre ponho
Meu barco nos teus mares, meu destino.

Depois de certo tempo, sem domínio,
Vivendo loucamente tal fascínio,
Refaço a mocidade, sou menino...
Marcos Loures



28


Contemplando-te esqueço de querer
A mim mesmo me perdendo em tal beleza
Que faz todo o sentido se perder
Nos braços de quem fora, com certeza
Aquela que deu gosto ao meu viver
Matando qualquer fonte de tristeza..


Não tenho mais palavras, minha amada
Tu és tudo o que quis sempre na vida.
Ao sentir os teus passos nesta escada
Percebo que esta sorte resolvida
Dará numa manhã, nova alvorada
Depois da noite imersa, e sem saída...

A nau que no teu corpo encontra o mar,
Agora pode, livre, navegar...



29




Contêm os paraísos que eu alcanço,
Teus olhos radiantes e estelares.
E neles garantia de um remanso
Depois de vagar só por tantos bares.

O coração batendo bem mais manso
Encontra refletido nos luares
O brilho deste sonho em que descanso
Sabendo benfazejos tais altares.

Na mansidão imensa deste lago
Amor preconizando cada afago
Permite que eu me entregue, prisioneiro.

Se à sombra deste sonho amada eu vivo,
Eu quero ser do amor sempre cativo
Sentindo este prazer mais verdadeiro.
Marcos Loures








30



Contando na chegada, com teus braços
Do que já fora outrora um vago esboço
Fortalecendo a vida em novos traços
Permite que se veja tal colosso.

Nas sendas delicadas do porvir,
Ao pressupor assim real grandeza
Sem nada que me impeça de seguir
A vida descortina a fortaleza

Que toma a nossa vida e brilhará
Certeza que se mostra sem igual,
Permite que se sonhe desde já
Prazer de intensidade magistral.

Dourando de esperança esta amplidão,
Amor já pressupõe libertação.
Marcos Loures



31


Contagem regressiva para o fim,
Apenas uns minutos e termina.
Restando alguns momentos para mim.
Cuspindo e gargalhando, velha sina

De quem há tanto tempo quis assim.
A mão que se fez podre me alucina
Prefiro que isto tudo chegue enfim.
A mente sem limites rebobina

Um backup cansativo e sem proveito.
Lançando um vago olhar sobre o meu leito
A merda em que vivi se refletindo

Nos farrapos expostos no colchão,
Quem nasceu e viveu seu tempo em vão,
Em liberdade, enfim, vai se esvaindo...



32


Construo para os céus, enorme escada,
E sei de cada abismo que me espera.
Apascentando assim terrível fera,
O jeito é refazer a caminhada

Que leva inutilmente ao mesmo nada,
Secando qualquer fonte/primavera,
A casa que sonhei virou tapera
E a moça do sorriso, desdentada.

Enquanto a procissão já serpenteia,
A lua que pensara ser tão cheia,
Não passa de um riscado mal traçado.

Chegar ao fim da vida deste jeito,
Amigo? O que me resta não aceito,
E insiste em caminhar sempre ao meu lado...



34




Constelação perdida em plena imensidão,
Esquecida no céu, carrega tantas luas...
O meu olhar vazio imerso na amplidão,
Buscando por alguém: tolas lembranças tuas...

Noctâmbulo desejo, andante coração,
Mulheres que eu amei, imagens belas, nuas...
A noite se demora, alma, constelação...
Meu pensamento voa... Amada... Já flutuas...

Na seara florida, as pétalas da rosa...
Nos campos, o brilho... A lua, mansa, chama.
Abre seus braços... Louca, a lua vaidosa,

Prateada e tão bonita, esconde o triste breu...
Noturna sinfonia, arde, me queima, inflama.
Pobre constelação esquecida, sou eu...
Marcos Loures









35

Consorte, uma princesa assim pensava,
O mundo não seria montaria...
A sorte que por certo imaginava,
Jamais ela deixou romper o dia...

No fundo, das histórias que sonhava,
A vida era sonora melodia.
Mas pobre da princesa, se calava
Diante de qualquer tonta magia...

De fadas, seu castelo, abandonado.
A sorte quiçá nunca mais se chega.
A Fera que pensava fosse um fardo,

Era, em verdade, sua companheira...
A vida que pensava brincadeira,
Ebúrnea e agourenta, negra pega...
Marcos Loures




36



Conservo o teu perfume extasiante,
O cheiro desta pela que me atrai.
Rolando em nossa cama, delirante,
Meu pensamento voa, inda me trai.

Eu vejo esta beleza alucinante
Em cada verso meu. A noite cai.
Não deixo de pensar um só instante,
De ti restou apenas um bonsai

Deixado nesta sala da ilusão,
Como um retrato vivo deste amor
Que foi a perdição e salvação.

Mas amo-te eterna e mansamente
Estás dentro de mim. Nenhum temor
Impede que eu te chame, novamente...




37


Conquistar teu amor! Meu mais dileto feito...
Andavas toda nua em um sonho divino.
Guardadas no meu peito, as ânsias dum menino.
O mundo em harmonia, amor mais que perfeito!

Pensava que era Deus; a deusa no meu leito...
A noite em fantasia, o riso em desatino...
Na tua boca o gozo... Em sonho me alucino!
Não tinha nem sequer a sombra de um defeito.

Porém, a vida ensina a quem nunca cultiva.
A chaga que te mostro, exposta em carne viva,
Demonstra que fui tolo agindo sem pensar.

Perdi a quem amava, a quem eu tanto quis,
Minha alma se transtorna, estou tão infeliz...
Amor que conquistei, não soube conservar!




38


Conquanto tenho tido tanto alento
Nos braços de quem muito amor me guarda.
A vida se transforma e o pensamento
Nos traz a noite imensa. Visto a farda

Do sonhador constante, num momento;
Por mais que a solidão, deveras, arda;
Encontro em teu carinho meu sustento.
Amor quando é demais, mesmo que tarda

Trará a solução para os problemas.
Não deixe que emoção nunca se extinga,
Amor, o meu tesouro em ricas gemas.

Fazendo de meu sonho a doce lavra
Plantando uma ilusão que nos respinga
No verso, na canção e na palavra...



39


Conluio de vontades sensuais,
Flutuas nos desejos mais audazes,
Enquanto em fogo intenso, amores trazes
Eu quero desfrutá-los, sempre mais.

As horas que passamos, nunca iguais
Momentos de ternura, mas vorazes
Eu sei que, satisfeita, satisfazes,
Delírios sem limites, canibais.

Troféus nesta bailado inesquecível
Intensos fogaréus, céus alcançados.
As línguas vão servindo como arados

Além do que pensara ser possível,
O amor ensandecido não sossega
E estrelas entre as pernas sonha e pega...
Marcos Loures



40

Conheço uma doutora, lá de Iúna
Que deixa todo mundo boquiaberto,
Nos versos o encanto da graúna,
Que bom que mora bem aqui por perto...

Eu fico bem Alegre em te dizer;
Amiga nos teus versos tal beleza
Que nos dá sempre vontade de viver
Acabam com a dor e com tristeza.

Aqui todos conhecem a dentista
Que trata com carinho e paciência,
Também já reconhecem esta artista
Que tem, na poesia, competência...

Tirando-lhe o chapéu não me domino,
Mil vivas para Karla Leopoldino!

Para Karla Leopoldino,
grande odont
óloga e poetisa




41


Conheci-te, por certo, em outras eras...
Andávamos dispersos pelo mundo.
Perdidos conhecendo tais quimeras
Que tornam nosso amor cão vagabundo...

Expostos, conhecemos tantas feras...
Turbilhão miserável, giramundo...
Nos palácios, mansões, grutas, taperas
Rodamos universos... Eu me inundo

Do destino cruel que nos separa.
A rosa que plantamos nos jardins,
Em outras terras surge, rosa rara...

Os anjos que escutamos, querubins...
As horas que passamos tristes fins.
Na noite que dormimos sós nevara!


42









Conheci num verão, u’a moça forte,
Dentes e seios rijos, camponesa...
Minha vida era triste, sem ter norte,
Mas nada reparei, sequer beleza...

Os seus olhos castanhos, belo porte;
Sorria, mansamente, sem tristeza.
Estrada me levou, profundo corte;
As curvas dessa vida, luz acesa.

Parti para Sergipe, Propiá,
Muitos anos fiquei por lá;
A moça adormecida na lembrança ...

N’outro dia sonhei com tal morena...
A campesina bela e tão pequena...
Me lembrei do seu nome; era Esperança!





43



Conheces meus defeitos, mesmo assim
Não me deixaste só na tempestade.
Por mais que me encontraste já no fim
Fizeste bem valer nossa amizade...

Depois de tanta dor, encontro, enfim,
A tão ansiada vida em liberdade...
Perdido neste mundo, num confim,
Recebo em teu calor, sinceridade...

Amigo não se encontra por aí
São pérolas tão raras, disso eu sei.
Por isso, companheiro, digo a ti

Nos versos; admirado e com respeito,
Que eu agradeço a Deus, pois encontrei
Alguém que me compreende desse jeito...



44

Conhecer os caminhos , as bandeiras
Saber de cada estrada e seara.
As defesas em lutas derradeiras,
Desfrutar da pepita bela e rara.

Penetrar casamatas e trincheiras,
Convidando teu corpo, amada, para
As guerras, novas danças nas esteiras,
Nada; nem a distância nos separa.

Nos lençóis, no sofá ou no quintal.
Bebendo à nossa glória mil champanhas,
No vale, na montanha, no curral.

Descendo por teus rios, matas, mar.
Adentro finalmente nas entranhas
Conhecer... conquistar... colonizar...



45


Conhecer as mulheres? Quem me dera...
São esfinges complexas, puro enigma,
Desta tão mansa flor uma pantera,
A mulher nunca tem um só estigma...

É por vezes macia e tão dolente,
Envolvente se quer, depois repele...
Tão confusa te fala claramente,
Nos carinhos suaves, pura pele...

Se tem a sutileza quer conquista,
Amor tão sereno e tão simplório...
Acredite se queres dar na vista,
Mas que jamais invada o território...

A mulher sempre sabe o que mais quer...
Inda mais na presença da mulher!





46


Conhece em mansidão, doces caminhos
Cantando uma alegria em tom maior,
Pensando nos teus beijos e carinhos,
Teus seios, tua boca e teu suor,

Deitando em nossa cama, sedas, linhos,
Caminhos do teu corpo, eu sei de cor.
Encontro nos teus braços, belos ninhos,
De todos os meus sonhos, o melhor.

Vivendo em cada noite, um paraíso,
Entrego-me aos teus beijos, teu sorriso
Deixando para trás a falsidade.

A paz que eu tanto quis agora eu vejo,
Além de simplesmente um bom desejo
Um novo amanhecer em liberdade...
Marcos Loures



47


Conhece desde sempre o velho cais,
A barca da ilusão na qual navego,
Não tendo na esperança algum apego
Eu quero da alegria muito mais.

Os dias que passamos informais
Permitem que eu vislumbre enfim sossego,
A solidão pedindo então arrego
Não voltará, Deus queira, aqui jamais.

Conheço desse jogo, suas manhas,
Amor tem nas incríveis artimanhas
Uma arma que se mostra mais potente.

Porém quem reconhece o seu perfume
Acende em seu caminho, claro lume
Deixando-se levar pela torrente...
Marcos Loures





48

Congela o dia-a-dia em semi morte,
Lembranças que carrego de nós dois.
Por mais que uma esperança inda se aporte
Não vejo nem sequer se houve depois.

Saudade refletindo neste espelho
Imagens de momentos já passados,
E mesmo que sabendo estar mais velho
Os olhos no que fomos, congelados.

Sem ter mais ilusões, em nada creio,
Entregue e sem defesas, tolamente,
A bússola se perde, e noutro veio
O passo se tornando reticente.

Viver deste cadáver que ontem fui.
O tempo vai voando, mas não flui...
Marcos Loures



49



Confusos, os meus passos dão tropeço,
O quanto na verdade quis e fui,
De ter felicidade não se imbui
Quem tenta ter além do que mereço.

A face da esperança quebra o gesso,
Fratura a fantasia; e tudo rui,
A roupa que eu usara o tempo pui,
E o campo da ilusão não tem começo.

Quem dera se eu tivesse este endereço,
No fim, minha palavra não influi,
O rio busca a foz e manso flui,

Paradas entre curvas, nada meço,
A cargo dos meus sonhos, perco a rota,
E a blusa que eu usei, já se amarrota...
Marcos Loures


50


Confuso, vou seguindo atordoado,
Sem rumo e sem destino vou ao léu.
De todas as mentiras, tão cansado
Amor que se fazendo mais cruel

Às vezes num sorriso disfarçado
Engana quando esconde o doce mel,
Deixando o gosto sempre amargurado
De quem me lambuzou somente em fel.

Eu quis uma mulher que enfim me desse
Carinhos e palavras benfazejas,
Que faço pra conter tamanho abuso?

Não adiantam rezas nem as preces
Atordoar-me é tudo o que desejas,
Deixando-me deveras tão confuso...
Marcos Loures



51


Confuso eu mal percebo a luz estonteante
Que deixas como rastro, andando pela casa,
Concebo em fantasia, alvissareiro instante
Na doce sensação do fogo ardente em brasa.

Ao permitir que assim, querida eu já me encante
Neste momento raro a vida então se apraza
Acompanhando o passo, eu sigo-te hesitante
Parece que este tempo, em um momento atrasa

Mas logo recomposto, entrego-me ao desejo,
E tanta maravilha, em luz, amada eu vejo.
Sentindo o respirar de quem se fez tão rara

O coração sem rumo, aos poucos se dispara,
Além do que julgara amor me satisfaz
Trazendo para a vida, encanto feito em paz...



52




Confusão decidida num segundo.
E vamos recordar o que foi fado.
Não deixes, na parede, esse recado.
Senão eu não prossigo nesse mundo...

Profusão do que tanto sei profundo,
Na maresia quero ser salgado.
Valentia e maré trazem pescado,
Mundo redondo, mundo tão rotundo...

Marionete sim, e sou movido;
Na sensação, dever quase cumprido...
Mesma impressão do amor sendo problema

E se fosse sertão, seria emblema;
Mas nada mais será, a vida rema.
Amor que foi de araque, vai perdido...




53



Conforta-me não ter medo de morte
Mas quero muito além de um simples verso.
O quanto que seguira vão, disperso,
Sem ter nem almejar um novo norte

Agora cicatrizo antigo corte
Do tempo mais audaz, porém perverso,
E sobre nosso amor, inda converso
Falando deste sonho sem aporte.

Quem sabe noutro espaço e dimensão
A sorte tome nova direção
Calando a sensação dessa amargura.

Assim, proliferando a fantasia,
Embrenhe em minhas tréguas a alegria
E poesia intensa, leve e pura.



54


Conforme nos meus sonhos, procurei
Eu tenho esta alvorada mais querida
Após as dores tantas que passei,
Os medos que invadiram minha vida,

Agora que, feliz, eu te encontrei,
Do labirinto, encontro uma saída,
No mar de tanto amor, eu mergulhei
Deixando a dor distante e já vencida.

Eu quero que tu saibas deste encanto
Da noite constelada em claro manto
Eu faço o meu cantar, além de um rito

Um hino dedicado ao pleno amor,
De todas as batalhas vencedor
Vencendo em mansidão, duro granito...
Marcos Loures





55


conduzido, querida, por teus braços
deitando no teu colo um acalento,
sentindo a mansidão de um doce vento
que deixa em nossos corpos riscos, traços.

Ao estreitar assim profundos laços,
não deixo de cantar um só momento,
amor vai me tomando o pensamento
comanda, sem ter pejo os nossos passos.

Sou teu e nada mais me importará
senão seguir teus rastros pela vida.
Eu sinto que talvez encontre já

a sorte que pensara estar perdida,
no amor que a gente sente brilhará
a estrela reluzente, enlanguescida...
Marcos Loures


56


Condena a nossa vida a tal desgaste
O tempo quando inútil e mal cumprido,
Olhar que mostrar mais decidido
Encontra o que decerto tu legaste.

A dor em alegrias traz contraste,
E invade mais cruel qualquer sentido.
O passo que se mostra decidido
Percebe esta beleza que criaste.

Mas que em sentimentos tão diversos,
Invade destruindo os universos
Na busca sempre insana por um bem,

Descobre num segundo esta verdade
Distante do poder de uma amizade
Vazio tão somente é o que se tem.
Marcos Loures



57


Concordo, pois é fato o que tu dizes,
Mas creio que o soneto não tem jeito,
Em meio a tempestades e deslizes,
Tremendo comichão sinto no peito.

Fazendo outros poetas mais felizes,
Sem rimas eu me dou por satisfeito,
Da métrica, somente cicatrizes,
Modernidade agora e sempre espreito.

Não creio nos triângulos quadrados,
Nem mesmo nos retângulos redondos,
Porém os versos andam malfadados,

Assim como os amores de hoje em dia,
Ouvindo dos meninos seus estrondos,
Sem música resiste a poesia?
Marcos Loures



58

Concordo quando dizes que eu não presto
Que o verso que eu te faço e repetido,
Do quanto que eu desejo recebido,
O resultado eu sinto que é funesto.

Traduzindo decerto cada gesto
Eu vejo o que não tive repartido
Repatriado sonho diz olvido
Da nossa qualidade eu não atesto.

Se eu testo ou se esse texto vai sem nexo
O que me importa é ter o teu carinho,
Embora a solução de tudo: o sexo,

É mais complexo sempre se emoção
Mistura com amor nesse cadinho
Fazendo em alquimia uma explosão...
Marcos Loures



59

Concordo plenamente, meu amigo,
Porém às vezes perco a paciência,
Tem gente que ignorando o que é decência
Não sabe respeitar, eis o perigo.

Se gostam ou não gostam eu nem ligo
Não sou poeta e sem tal incumbência
Eu gosto de brincar com a cadência
Fazendo do soneto um bom abrigo.

Não posso compreender como tem gente
Que agindo como um tolo adolescente,
Implica com vigor com quem se aquieta.

Problema psiquiátrico? Estou certo.
Meu coração se encontra sempre aberto
Por isso não serei, jamais, poeta!



60


Concordo e embaixo assino
Nós somos parecidos
Temos um só destino,
Embora repartidos.

O jugo do assassino
Os gritos não ouvidos.
Imenso desatino.
Laços jamais partidos.

De Espanha e Portugal
A faca no pescoço,
Macabro ritual

Impede o novo sol
Nações num só esboço
Distante do espanhol...
Marcos Loures



61


Concordo e assino embaixo o que tu dizes,
Querido companheiro em poesia.
Enquanto na amizade se recria
O sonho, já não cabem tais deslizes.

Eternos sonhadores e aprendizes,
Parceiros da fantástica alegria
Que molda com delírio um novo dia,
Deixando para trás as cicatrizes.

Na força da amizade é que se vê
O brilho da esperança e seu porquê
Raiando dentro em nós imenso sol.

Que tua claridade nos permita
Saber que na amizade, esta pepita
Espalhe-se em tesouro no arrebol...
Marcos Loures


62



Concebo-te rainha deste sonho
Que tramo em bela noite enlanguescente,
Viver cada momento; te proponho,
Fazendo desse amor nossa nascente.

Que traz tanta beleza em esplendor
E trama a claridade que preciso.
Transformar, querida, o nosso amor,
Nesse imenso portal do paraíso...

Eu quero te cantar a vida inteira
Sem ter preocupação, apenas ser.
Amada, nossa luz é verdadeira,
Permite e dá beleza ao meu viver.

Escute esse cantar dos passarinhos,
Nas mãos que te recobrem de carinhos...
Marcos Loures



63

Concebo o novo mundo em amizade
Mas tenho que saber me prevenir
Do coice que tu dás tão à vontade
Apenas, tão somente pra ferir

Quem sabe desfrutar da liberdade
Respeita este direito de ir e vir,
Caminho pelas ruas da cidade
Sem medo do que tenha no porvir.

Mas não me cansarei de ser assim,
O amor quando floresce no jardim
Perfuma a mão que acolhe e dele gosta,

Enquanto a poesia sempre adubas,
Mostrando as suas garras, dentes, jubas
Deixando aonde passas, mera bosta...
Marcos Loures



64


Concebo o nosso caso em temperança
Embora a tempestade caia bem.
Quem tem desejos fartos por herança
Procura a noite inteira por alguém

Que traga e seja a fonte inesgotável
Aonde a solidão não tenha vez,
A boca que se mostra insaciável
Permite sem juízo, insensatez.

Uma expressão faminta em cada olhar
Catando a poesia que espalhaste,
Chegando sem ter tempo de voltar
Amor em lua mansa faz contraste

Aguardo a calmaria feita em fera,
Quem dera se viesses, primavera.



65



Concebo frios versos sem sentido...
Esmerando-me, atroz, procuro cismas...
No mar que sem tormentas nunca abismas,
Olhar tenso, pretende estar perdido...

Houvesse tanta voz, vaso partido.
Meu mar sempre teria cataclismas,
Nos pântanos permeio convertido,
As vozes intercalam mil sofismas...

Nos pares e patentes, vou pendente,
Esquizofrenicamente desejo.
Clavículas quebradas, absorvente

Famélicas dentadas pedem beijo...
Não falo me consolo e nem versejo...
Se tento me detenho e vou doente...
Marcos Loures



66



Comprei uma casinha num recanto
Aonde a vizinhança era tão boa,
Porém para o meu grande e amargo espanto
Encontrei rachadura na canoa.

Vizinho que se mostra em desencanto,
Sem ter o que fazer, gentinha à toa
De toda a maravilha deste canto
Com dor de cotovelo já destoa.

E o tal bisbilhoteiro, me garante
Ainda tem perfil indefinido,
Falando enfim que é homem, mas duvido

Sem ser nem educado ou elegante,
Binóculo na mão, ou mal descambe
Ou veste fantasia, enfim... de Bambi...
Marcos Loures



67



Comprazem de total insensatez
Disfarces que mentiste neste baile...
Espero pela dança e minha vez,
Fugazes as carícias pedem braile...

Girando pelo mundo girassol,
Há muito mais mistérios que pensei...
Imagino um cansaço morto ao sol,
Jorrado das saudades que deixei,

Liberto meus fantasmas no poema,
Mas canções favoritas do cancão.
Nas matas sertanejas meu dilema

Ouvindo as fantasias volto ao chão.
Pressinto melodias, velho tema,
Quebrando sem porque meu violão!
Marcos Loures



68


Compondo uma esperança em puro amor,
Destroços rebentando do meu peito.
Abortando em botão matando a flor,
Deveras nada esteve do meu jeito.

Vazio que sobrou, nada compor,
Amor morrendo assim tão imperfeito.
Soçobra meu navio em plena dor.
Do vago que restou, um nada feito.

Mas vejo uma alegria em pleno breu.
Um gosto de ilusão, do sonho meu.
Bonança que se fez da tempestade.

Tocando o coração, fico contente.
Da sensação de paz, mais docemente,
A força benfazeja da amizade...


69



Compartilho dos sonhos de quem amo,
Desejos tão iguais em amizade.
De uma árvore, parelho cada ramo
Vencendo lado a lado a tempestade.

Nas horas mais difíceis eu te chamo,
Pois sei que encontrarei a liberdade
E a cada novo passo sempre tramo
Certeza de viver sem falsidade.

Não tendo mais palavras pra dizer
O quanto é necessário o bom abrigo
Pressinto que encontrei raro prazer

Que é feito deste braço bom e amigo.
Permita ao fim de tudo agradecer
O fato de poder seguir contigo...




70

Compartilhar dos sonhos e desejos
Que fazem nesta vida a maravilha.
Em sentimentos vários e sobejos
Locupletando enfim esta partilha
Louvando a todo instante com vicejo
E fomentando amor em nobre trilha.

Ao ser já seduzido, um colibri
Procurando por néctar em cara flor,
Da senda iluminada que há em ti
Recebo com carinho, este frescor.
Já não concebo o tanto que senti,
Apenas o que quero recompor

Nas pétalas divinas sem espinhos
Aroma penetrante nos caminhos...
Marcos Loures



71



Companheiro da fera inebriante:amor;
Por vezes me esqueci que as mágicas mulheres
Guardam cada segredo em diversos talheres
Nas gavetas do sonho, em cálices de dor.

Muitas vezes estranho o mistério da flor
Carnívora. Também fazes o que quiseres
Nas tocaias. Inseto, a presa, se não queres
Depois de mastigada expulsas com vigor.

Porém a perfumada e olorosa rosa,
Absoluta malícia esperando ansiosa
Que um colibri se chegue e carregue seu beijo

Para outra rosa, assim num cio delicado
O pobre beija flor foi, sem perceber, fado.
Olinda; serei flor, colibri ou desejo?
Marcos Loures














73



Compadre, venho aqui falar de tudo
O que passei, perrengues, nesta vida.
A flor que imaginara ver crescida
Agora vai deixando um rastro mudo.

Não ouço mais a voz de quem, contudo,
Um dia se mostrou minha saída,
Eu sei que na verdade eu não me iludo,
Porém não percebi que a despedida

Seria dolorida assim, demais.
Não quero vê-la enfim, pois nunca mais
Irei amar com força e com vontade.

De todos os caminhos que encontrei,
Garanto que jamais imaginei
Sentir num duro peito, esta saudade...



74


Compadre que esta sorte seja tanta,
Que a vida lhe sorria sem usura
Que nada mais que venha cedo espanta
A chuva da promessa em santa cura.

No meio da tristeza a lua encanta
E faz a plenitude da ternura
A ave fazendo ninho forte canta
E a manta te protege em noite escura.

Aqui neste sertão do deus dará
A festa anda no bico do canário.
O dia mais feliz que chegará

Trazendo para todos tantos bens
Batuca num festejo os parabéns
No dia em que fizeste aniversário.



75


Como um replay eu jogo novamente
Se eu ganho ou perco, já venci.
O tempo não importa, plenamente
Ondeio o meu prazer dentro de ti.

No corpo da morena um ópio, um vício
Recendes à total insensatez
No abismo incontrolável, precipício
Bebendo toda a lua de uma vez.

A dois se fez esplêndida batalha
Aonde o vencedor vencido está
Perfume pela casa que se espalha
Eternamente em nós mergulhará.

Do sol que tu me dás cedo matizo
Um novo amanhecer em que diviso.
Marcos Loures




73


Como um pobre navegante
Que se perde em pleno mar,
Desta taça transbordante
Hoje eu vou me embriagar,

E bebendo a cada instante
Do prazer que eu quero dar
O teu corpo provocante,
Penetrando devagar.

Num fúria sem limites,
Naufragar em loucos braços,
Só te peço que acredites

Neste amor que prezo tanto,
Estreitando nossos laços,
Do teu corpo faço um manto...



74


Como um jasmim em alva vestimenta,
Surfando sobre as nuvens, plena lua.
Apascentando, nobre, esta tormenta
Que há tanto no meu peito se cultua.

Arestas aparando, trazes vida
Àquele que se perde em desventuras.
Palavra carinhosa proferida
Deixando mais distantes tais agruras.

Elevas teu olhar sobre o horizonte
Embebe-me de luzes fartas; belas.
E ao ter tua presença aqui, defronte,
As emoções descrevem raras telas

Aonde se percebe tal beleza
Que entornas quais pegadas com destreza...




75


Como um farsante, o tempo me enganara;
Deixando um sentimento assim exposto.
Amar é discernir a jóia rara
Dessa bijuteria do desgosto.

Eu sinto em nosso amor, a raridade
Que vale toda a luta mais feroz.
Trazendo do brilhante a claridade
Faz o meu coração bater veloz.

Qual perla que crescera com a dor,
Amor que sempre foi ardido ungüento.
Ardis que prepararam com vigor
Por pouco não destroem sentimento.

Mas sinto que este amor é mais tenaz.
Vencer as tempestades, foi capaz...



76


Como um cão, obedeço aos teus desejos...
Rosnando a quem agride, te maltrata.
Carrego meus fantasmas, seus lampejos,
Nos ossos que enterrei. Dor em cascata,

Recebo teu carinho, espero os beijos,
Mas nada vem, então, levanto a pata,
Lambendo mansamente... Tenho pejos,

Mas nem reparas, segues teu caminho...
Quieto, pálido, ladro...estou sozinho.
Adormeço deitado à sua porta.

Essa prisão eterna me alucina...
A cada dia, torpe, me domina...
Quem me dera, Senhor, te visse Morta!


77





Como um antigo sonho realizado
Servindo ao Meu Senhor sem o temer.
Sabendo ser passível de pecado
Aquele que não tem pleno poder.

E quando, arrependido, perdoado,
Não ser somente escravo do prazer,
Mas ter o olhar em paz, iluminado,
Tocado pelas ânsias do viver.

Romper qualquer algema que inda exista,
E tendo uma alma pura, qual de artista,
Beber da eterna fonte, fantasia.

Rasgar os preconceitos, ser liberto,
Vencendo as tentações deste deserto
Que alma sem cuidado, sempre cria...


78


Como seria bom cantar amor.
Não esse amor carnal que me domina,
Nem esse amor utópico se for,
Apenas amor lírico, de sina.

Amor que nunca teima nem seduz,
Amor que não me queima, nem maltrata.
Que brilha, simplesmente, me traz luz.
E nada mais deseja, nem destrata.

Amor com sobriedade, maciez.
Amor sereno e frágil, fortaleza...
Sem pele, sem frescor, amor de vez.
Tão solitariamente na beleza.

Solidário, sincero, sem temor.
Sem nada mais além que o próprio amor




79


Como queria ter-te aqui querida,
Poder comemorar mais este dia
De luz que me ilumina a triste vida,
Distante de meus olhos, fantasia...

Bem sei que tua sina foi cumprida
Trazendo para o mundo uma alegria
Tão rara. Mas a tua despedida,
Quebranto que desfez tanta magia...

Bem sei que estás no Céu, tão bela estrela,
Que guia cada passo que eu tomar.
Contigo, o bem supremo, em puro amar

Lição que me ensinaste, tão bonita...
No teu aniversário, avó Carmita,
Meus filhos deveriam conhecê-la....

PELO ANIVERSÁRIO DE MARIA DO CARMO COUTINHO LOURES,
QUE DESDE 21 DE ABRIL DE 2000 VIROU MAIS UMA ESTRELA NO CÉU...



80


Como posso fechar esta fatal ferida?
O tempo vai matando, em nós, a inocência.
Em vão eu rezo aos céus, pedindo por clemência.
A dor inebriante, invade e nos convida

À tentativa errante, o ser feliz na vida.
Ordena, o deus amor, a dura penitência.
O látego cruel promete tanta ardência
Vejo-te na chegada, esperas despedida...

O corte que fizeste, o fio desta espada;
Depois que despediste, a vida trouxe nada.
Nem chuva que refresque e nem a mansa brisa...

A vida se resume em aflição e penas.
As noites nunca mais serão calmas, serenas.
Por que feriste assim, quem tanto amou, Marisa?
Marcos Loures



81


Como posso dizer? Sou mais feliz
Estando aqui contigo, minha luz...
Depois de viver tanto por um triz
Hoje sei que quanto amor seduz!

Antigamente, a vida era vazia
Não tinha nem sorrisos nem a paz.
Corria entre meus dedos, a alegria...
Felicidade? Nunca ter, jamais...

Porém, quando chegaste a minha vida,
A todas as tristezas dei adeus.
Por isso é que te peço isso querida
Não deixe que se acabem sonhos meus...

Sou mais feliz que sempre imaginara
Vivendo em teu caminho, jóia rara...


82


Como posso compor tal desalento,
A vida não permite enfim, meu luto...
Vivendo por viver, sei do tormento,
O medo por sentença, imenso, bruto...

Nas pranchas que surfaste, peço o vento,
Amor que não merece sequer fruto...
Do beijo que trocamos, diz, nojento;
Por quantas vezes mentes e eu refuto!

Nas vezes que fingiste, morta à míngua;
Nas portas dos castelos mentes farda,
Mordendo, venenosa, a própria língua,

Derrubas por querer, abaixo a guarda...
Não posso perdoar, pois sei que é tarde,
Olhar que machucaste, sangra e arde...



83


Como posso cantar nessa gaiola?
Já não tenho horizontes nem futuro.
A dor que me castigam, vem, assola,
As pernas se quebraram, triste muro...

Liberdade, meu peito pede esmola,
Mas negas... Prisioneiro deste escuro,
Procuro me encontrar... Fizeste escola,
Não tenho minhas asas, sou anuro...

Não consigo equilíbrio, vou voar?
As cadeias me prendem, me torturas...
As noites que se foram, ditaduras...

Onde e como consigo meu cantar?
Nos colos desta serra que hoje vejo,
Ali, reside todo o meu desejo!
Marcos Loures





84



Como os anjos, furtivo, o teu olhar,
Buscando nesta alcova por carinhos.
Deixando de, quem sabe, me buscar.
Sabendo que viver empenha ninhos.

Eu te darei, morena que desejo,
Beijos tão frios quanto a lua.
Fazendo em cada sonho, meu ensejo,
De ver tua beleza quase nua,

Andando pela sala e pelo quarto.
Chegando essa manhã te encontrarei,
Depois de tanto amor, por certo farto,
Deitada em meu dossel, fazendo a lei

Que diz do amor eterno e desejado.
Dourando todo o sonho, extasiado...



85


Como o verão, ardente, fero, aceso,
A juventude se passou, fulgor...
O sol nascente a me trazer vigor,
Pensando sempre em escapar ileso...

Nunca podia, ao menos, leve peso,
Saber navalhas que me cortam, dor...
Outono veio, procurei amor...
Que me encontrou lento, pesado, obeso...

Amor procura no frescor remédio.
O brilho opaco, renuncio à vida...
Nas horas todas, me restando o tédio...

Quem dera a volta no romper da aurora...
A tarde cai, noite a cegar, perdida...
Cada cicatriz a marcar, aflora...
Marcos Loures



86


Como o rio pra nascente
Meu amor sabe o caminho
Ao granar esta semente
Já não vou seguir sozinho,

Todo amor que a gente sente
Se irmanando com carinho
Traz o coração contente
Ilumina o nosso ninho.

Tanta coisa por dizer
Tanta coisa pra falar
Meu amor, o teu prazer

É gostoso de encontrar,
Tanto amor quero viver,
Pois eu vivo só pra amar.


87

Como ignorar, querida, esta presença
Gostosa de quem quero aqui comigo.
Desejo passear no céu contigo
Depois pegar estrelas, recompensa.

Vagar em paraísos, noite imensa,
Usando tuas pernas como abrigo
Dos sonhos mais incríveis que persigo,
Sem termos nem criarmos desavença.

Apenas esconder-me dentro em ti,
Guardando em teu prazer, os meus anseios.
Brincando levemente com teus seios

De um jeito mais fogoso, estar aqui
Sentindo o teu perfume o tempo inteiro,
Nas mãos do nosso amor, bom feiticeiro...
Marcos Loures



88


Como fosse uma forma de aliança
Juntei meus cacarecos, fui a ti.
Destino mais ingrato que eu cumpri
Fingindo fazer parte da festança.

Enchendo em fantasia a minha pança
Tantas mentiras bobas eu bebi,
Ressuscitando o morto que vesti
Na paz que eu procurei sem confiança.

Um velho carcomido por um verme,
Desnudo eu já te chamo para ver-me,
Não quero te assustar, mas sou assim.

Molambo em gargalhada, corpo exposto,
As rugas vão tomando o velho rosto,
Espelho na sarjeta o que há em mim.



89


Como farei sem ter os olhos teus?
As trilhas que percorro, tão nubladas,
Envoltas nestas trevas, negros breus,
Por medos e torturas assombradas,

Começam, de repente, a renascer...
Sem teus braços, as pernas que vacilam,
Nos passos que esqueci como aprender.
As dores que em minha alma se perfilam...

Os medos que ressurgem bem mais fortes...
A fria solidão já mostra as caras.
Das cicatrizes brotam novos cortes,
Formando dentro da alma mil escaras...

Amada me responda, por favor,
O que farei da vida, sem amor!



90



Como falas assim, que estou distante?
Se existes dentro em mim, cada segundo.
Se vivo dentro em ti, por todo instante
O que une, amor, é tão profundo
A mesma luz se entorna, deslumbrante
E guia nossos passos pelo mundo...

As asas libertárias deste amor
Douraram-se no canto da esperança.
Louvando para sempre o destemor
Amor se fez mais forte e com pujança
No campo da batalha, nossa flor
Vencendo mil canhões em aliança.

Se estou dentro de ti e tu em mim,
Iremos desta forma até o fim...



91


Como eu te quero! Tanto, tanto assim...
Nas horas mais benditas, nosso amor...
Trazendo todo encanto para mim
Vibrando em nossa vida com vigor.

Florando minha vida em teu jardim
Num dia mais feliz e sedutor
Guardando esta esperança até o fim
De ser eternamente um sonhador.

Eu quero e te desejo boa sorte,
Não deixe que a distância nos destrua.
Amor que necessita ser mais forte

Que toda tempestade que vier,
Na placidez imensa de uma lua
Teus braços carinhosos de mulher..



92


Como está tão distante minha amada!

Faz tempo que procuro e não te vejo.

Procuro-te na noite enluarada

No sol desta manhã, no meu desejo,


Na tarde que surgiu; triste e nublada,

Na chuva dentro da alma que prevejo

Procuro o meu amor, não vejo nada

Saudades do sabor do nosso beijo...


Eu sinto alguém em minha porta,

Com tanta força, quase que arrebenta.

Num salto, logo pulo não me importa


Que tenhas me causado sofrimento.

Minha alma em desespero não agüenta!

Vou ver; respiro fundo... Era o vento...


93

Como é possível, Pai, falar de Amor
Se eu vejo a cada dia, esta injustiça
Formada pelas garras da cobiça,
Matando quem é frágil, sem pudor.

Quem tem uma vingança por louvor
Prepara o coração, e encara a liça
Nesta odiosa face, a dor mestiça
Da carne que se mostra a decompor.

A fome que se espalha no planeta,
O tiro de fuzil ou de escopeta
A Terra sangra aos poucos, agonia...

Enquanto houver mordaça e vil açoite
O sol não nascerá, na eterna noite,
Inútil será a minha poesia...
Marcos Loures




94


Como é doce morrer em pleno mar,
Um velho timoneiro tem por sonho
Depois de tantos anos, navegar,
Enfrentando oceano mais medonho,

Navio de esperanças ancorar
Num porto que se mostre mais risonho,
Durante a tempestade velejar,
Os olhos no futuro? Não mais ponho...

Cansado desta luta tão inglória,
A lua sempre a mesma, merencória
Sem forças, me entregando à ventania.

Quem dera se eu amasse novamente...
A vida se agrisalha e, de repente,
O vento da ilusão? Pura agonia...
Marcos Loures



95


Como é difícil, Pai, saber da vida...
Esqueço do passado, do futuro,
Transcorrendo o meu tempo, nau perdida...
Traspasso espaços, subo neste muro.

Os sinais da manhã, noite vencida;
Claridade vencendo todo o escuro...
Brincando com meus medos, minha lida
Sorridente. Nas queda, nem fraturo

Os meus sonhos, seguindo meu cantar...
As alvoradas claras. Vou buscar
Paz, decididamente, nada mais.

Roubando toda manha da manhã,
Desta antiga e serena cortesã;
Meu futuro e passado, deixo atrás!




96


Como é difícil Pai, seguir Seus passos.
Na eterna vigilância necessária
Vencer a tentação tão temerária,
Cevando na Amizade firmes laços.

Atento a cada bote da serpente
Que vive dentro em nós e nos devora,
E quando o Amor vencendo, vem e aflora
Seguir com a alma pura e penitente.

Deixar toda a vaidade no caminho,
Beber da eternidade em cada irmão,
Que o justo nunca faça burburinho

Mantendo em todos gestos, humildade,
Usando do Amor pleno e do perdão,
Fazendo, sempre oculta, a caridade...
Marcos Loures



97



Como é difícil falar disto que sinto,
Palavras vão fugindo... O medo vem,
Mas nesta embriaguez, qual fora absinto;
Delírio me queimando; e sinto bem.

Dizer que não me atrai? Ah! Eu não minto,
Como é gostoso amar e ter alguém!
Teu rosto no meu sonho, sempre pinto
Mil cores e matizes... Sei também

Que sentes o que sonho e disso gostas,
O fogo me queimando; sol... Areia...
A mão que acaricia minhas costas.

É preciso falar da sensação
Que; tomando-me inteiro, me incendeia
Neste misto de amor e de paixão?



98


Como é bom poder contar contigo
Em todos os momentos, companheira,
A vida nos maltrata, bandoleira
E traz em cada curva, outro perigo.

O sonho que deveras eu persigo
De ter uma mulher que já me queira,
Na cama que se entregue por inteira,
E me tenha decerto como amigo.

Tal conjunção perfeita que é meu sonho
Encontro do teu lado, amiga amante,
Mulher que sei, bonita e deslumbrante,

Além de me fazer feliz, risonho
É base necessária em cada passo,
Por isso eu te amo tanto e nem disfarço.
Marcos Loures



99

Como curar, de amor, a tal ferida;
Que invade terebrante e não me deixa.
Se sinto se esvaindo a própria vida,
Amor quando demais, traz sempre queixa.

Não posso contra amor, sem resistência,
Nem posso com a dor que amor me traz.
Deveras é preciso paciência,
Lutar contra esse amor não sou capaz.

Entregue na batalha, sem defesa,
Entregue nos teus braços, fogo ardente.
Eu sinto que te quero com certeza,
Vencendo que de amor era descrente.

Querida; todo amor que vale a pena,
De penas e de luzes, pinta a cena...


4300


Como é bom contemplar teu belo rosto,
Ao vê-la, assim, passando pelas ruas;
Sentindo-me por certo, bem disposto,
Enquanto teus caminhos; continuas.

Meus olhos acompanham cada passo,
Sonhando com teus braços junto aos meus.
Tentando não consigo, mas disfarço,
Teus olhos que pedi, em prece a Deus.

A vejo tão solene e tão gentil,
Numa passada mansa e tão sublime.
Amor que se formara, quer ardil,
De forma que aprisione quem estime.

Eu sonho com teus beijos, tua chama;
Deitada sorridente, em minha cama!
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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