Contos : 

O Fim do Carnaval

 
A manhã daquela sexta feira encontrava-se agitada, afinal, numa cidadezinha como aquela, o carnaval causava o maior reboliço. As pessoas agitavam-se de maneira demasiada, as crianças corriam de um lado ao outro e até mesmo os cachorros ficavam inquietos como todo aquele pandemônio das tradições carnavalescas mantidas desde épocas remotas.
Muitas formigas esmagadas pelos pés agitados de todos que compartilhavam da correria. As janelas das pensões abriam-se donde rostos sorridentes admiravam àqueles que nestes dias de festejos transfiguravam-se em verdadeiras "estrelas" desse "asfalto cinzento da alegria".
As tradições faziam com que àquelas roupas rasgadas, as lonas velhas usadas como vestimenta e os rostos cobertos com as mais tenebrosas máscaras encantassem e alegrasse toda aquela gente. A festa de carnaval na cidadezinha era embalada pelas presepadas dos jovens fantasiados de monstros, um verdadeiro baile das caretas.
As caretas assustavam as criancinhas e encantava os adultos, sempre em grupos de quatro ou cinco, circulavam pelas ruas e vielas zombando de tudo e todos. Mantinham as gargalhadas de alguns com suas acrobacias e palhaçadas, todos, na cidadezinha já estavam acostumados com a "muvuca" dos dias de carnaval.
De repente ficaram pasmos, até mesmo as caretas de grupos diferentes não entendiam como eles haviam conseguido tal façanha. Quatro das caretas que supostamente desfilavam pela tradição da festa, apareceram em uma pick-up turbinada, a surpresa foi geral, afinal, os pobre coitados "careteiros" circulavam sempre usando a força de vossas pernas, nunca antes haviam sido vistas sob os cavalos de motores envenenados. Depois da surpresa, passaram todos a curti a diferença, os "careteiros" do possante fizeram um arrastão com todas as caretas usando o som do veículo, que mais parecia um trio elétrico, todos estavam felizes. Circularam boa parte das pequenas ruas desse bairro chamado de cidade, chegaram à praça principal.
A festa continuava, o som das marchinhas embalavam a todos. Subitamente a música para, os "careteiros", três dos que estavam na pick-up descem lentamente do carro, todos observam e alguns chegam a comentar "eles devem fazer uma apresentação especial" e, de fato foi uma cena que entrou para a história.
As vestimentas velhas foram caindo uma a uma, debaixo daqueles farrapos apareceram duas metralhadoras HK 45 e duas escopetas calibre 12, a gritaria e correria foi total, para todos os lados haviam pernas ansiosas por correrem rapidamente distanciando-se daquele local, os meliantes mantendo as máscaras de caretas na face, disparavam para o alto, os três que desceram da camionete adentraram de maneira avassaladora à agência bancária, em ação rápida roubaram bastante dinheiro e ao saírem do banco carregavam consigo alguns reféns usados como escudo humano, entraram no carro e meio que em tom de zombaria as marchinhas voltaram a rolar. Soltaram os reféns quilômetros a frente e fugiram sem deixar vestígios.
Os policiais, disseram que nada poderia ter sido feito, afinal o baile das caretas era tradição daquele local e, jamais imaginariam tal façanha por parte dos meliantes, então a cidadezinha entristeceu-se e amedrontou-se de tal maneira, que quaisquer um de seus moradores ao avistar uma careta sentia as pernas tremerem, pouco a pouco extinguiu-se o carnaval como festa naquela terra e, nunca mais houve baile das caretas.

 
Autor
Sóstenes10
 
Texto
Data
Leituras
957
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
andrealbuquerque
Publicado: 01/09/2013 17:58  Atualizado: 01/09/2013 17:58
Da casa!
Usuário desde: 18/12/2011
Localidade: Brasil
Mensagens: 325
 Re: O Fim do Carnaval
Enredo imaginativo e envolvente.Parabéns.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/09/2013 21:17  Atualizado: 01/09/2013 21:17
 Re: O Fim do Carnaval
Bem interessante e bem contado.
Gostei.