Poemas : 

A cabeça agarrada na janelinha da porta

 
A cabeça agarrada na janelinha da porta
(Mauro Leal)

Numa noite sem lua e de céu carregado,
relâmpagos, trovões e uma intensa ventania
atemorizavam e a todos retraiam pelo frio e chuva que o sudoeste trazia
e quanto mais noite adentro mais as ruas do Guarani em deserto gelado se transformava,
porém o clima na casa do primo Luciano era ameno e harmonioso
apesar da tensão da atração da tela quente que "rolava"
e do silvo do vendaval que invadia o quintal por entre a acerola, o cajá e o cão.
Até que inesperadamente uma estranha e peluda lua, sutilmente avançava e no postigo da porta entalava.
Sem ter como conter os risos e gritos, o recinto virou um maior agito
pois na sala uma cena rara e hilária acontecia: os primos corriam e espantados diziam:
- Paulo Cesar imprensou a cabeça no buraco da porta, que sufoco!
Desesperada Maria Helena, sua irmã caçula, correu e sobre a nobre parte do ser, água por cima verteu.
A esposa chocada e sem noção de como pôde isso acontecer, o acalmava.
o primo Paulo Leal, um erudito afinal,
prontamente raciocinou e sobre a gadelha em cor óleo borrifou.

Marina, com suas mãos pequeninas, a "jabulani" pintada, empurrava empurrava
e as orelhas esquentavam, esfolavam e por pouco não decepavam.
Insiste o primo magistral e agora em sua mão uma faca afiada afinal
que sério parte em sua direção certo da solução.

Então o caminhoneiro-cabeceador-arteiro, assustado com olhos arregalados,
acompanhava ao vai e vem da pontuda brilhosa
na esperança de ser esta a última tentativa acertada,
sem querer nem de longe imaginar na hipótese dos Bombeiros chegar com a sirene a tocar,
a moto-serra no pé da orelha a zunir, a garotada a correr e a cachorrada a latir.

Vexado, reiterava ofegante e frustrado:
- Vai rápido, passa essa peixeira mas com jeitinho Paulinho
veja o cãozinho, o coelhinho, a tartaruga e o gatinho esperando as coradas orelhas pra um picadinho!

Felizmente o melhor aconteceu, a janelinha esgaçou
para tranquilidade de todos e felicidade do filho Matheus
que impressionado a tudo assistia e aliviado sorria e dizia:
papai e Zinedi Zidani com cartões encarnados foram coroados
mas doravante conscientizados que agressão com cabeçada no peito
e na portinhola da porta da moradia da tia nunca mais cabeceariam.

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=220459#ixzz1t9RPWUkT
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

 
Autor
MauroLeal
Autor
 
Texto
Data
Leituras
760
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.