Poemas : 

Lembrei-me de que te amava quando disparaste

 

Tombei ferido sobre o teu regaço de prosas

perfurado em cada parágrafo

uma só gota de sangue nas mucosas



Acolheste-me sarando feridas

Retirando chumbo das minhas asas de telégrafo



E nos intervalos das dores sentidas

Nas pinças penetrantes que usaste

Fui do teu sorriso cartógrafo



Elevador do medo que me levou à boca

Disjuntor que cortou a luz à luz dos teus olhos

Carta tonta de marear que me fez de ti geógrafo



Enjoo de gávea, passo doble em convés doido

Deslize de palavras nunca ditas

Mostrengos, adamastores e sereias malditas

Negativos dos dias em que fui fotógrafo



Guardo-te como folha seca num livro

Cadáver exumado, sarcófago



E sem saber ler nem escrever

Discurso sobre a epopeia de te perder por um fio

Rompo plateias ao meio

E sou da solidão menos preenchida



Um rio


O meu verdadeiro nome é José Ilídio Torres. É com ele que assino os meus livros.
Já publiquei 12 obras em géneros diversos: crónica, romance, conto e poesia.
Foi em 2007, aqui no Luso, que mostrei pela primeira vez.

 
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SilvaRamos
 
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Enviado por Tópico
SilvaRamos
Publicado: 23/03/2013 22:51  Atualizado: 23/03/2013 22:51
Membro de honra
Usuário desde: 24/02/2013
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 Re: Lembrei-me de que te amava quando disparaste
À espera que comentassem a áspera azia das minhas palavras, vendi um rim, adulterei um fim, e das coisas mais estranhas que me restavam, regressei estranhamente a mim.
O poema não vale nada. A escrita não vale nada. Tinha razão Pessoa nos seus papeis pintados. O mais importante é viver em verdade, cuidando que a raiz do que somos não seque.

Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 25/03/2013 02:25  Atualizado: 25/03/2013 02:25
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
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 Re: Lembrei-me de que te amava quando disparaste
Poeta
Um texto forte! Adorei a leitura!
Parabéns pela inspiração!
Beijos!
Janna