Poemas : 

Ocasionalmente (o ocaso)

 
Parecia que estava para lá de tudo
Parecia mas não sabia ainda
Como chegar lá

O horizonte a equilibrar-se nos seus olhos
E ele a encolher-se
Sem saber como desenhar naquela tela
O infinito

Aquele emaranhado de cores
Eram agora um portal fechado
Uma mescla de tons sombreados
A caírem como quem cai
Na terra molhada
E não sabe que o sopro da chuva
É a beleza matinal
O orvalho de todas as madrugadas

Deixava-se seduzir pelas ameias
Que o prendiam ao passado
Queria tudo o que fosse para ele
Ainda um canto na inércia dos dias

O sol chegou cedo mas nem assim
Conseguiu abrir os braços
E deixou que o abraçasse
E lhe desse mais vida naquele lugar

Era o momento ideal para se saber vivo
Era aquele o caminho
O dormitório de todos os seus medos

E ele agora deitado sobre
As tábuas velhas e podres
Fazia daquele pedaço de chão
A sua razão
A sua condição
De homem enjeitado
Numa tela esquecida no sobrado

Dolores Marques - 2013
 
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ÔNIX
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/07/2013 16:43  Atualizado: 30/07/2013 16:43
 Re: Ocasionalmente (o ocaso)
mesmo à beira da madrugada e no entanto sedento por um cálice de luz. um poema muito bom. li com gosto. parabéns, Dolores.