Crónicas : 

Da inutilidade de carregar nas costas um saco de merda

 

Uma vez disseram que um bolo cresce como fermento em virtude do feriado, peludo e enfeitado com flores de salgueiro. Lembrei do besouro da fábula...Não esquece as fraldas e lambe as feridas. Se correr, ele come. Se ficar, ele agarra. De repente, em seus olhos não havia mais loucura e nem malícia. Queria ser humilde, o mais transparente que pudesse. Mas, não gosto mesmo do vermelho, nem das amoras selvagens comestíveis e também de tudo que possa ser considerado eflúvio.
Besouros não enxergam muito bem. Sentem a presença de esterco até distâncias de quilômetros a fio. Já um é de alface, mesmo regado com um bom Borgonha jamais terá gosto de pepinos mesmo que o chef esteja bem humorado. Tomates não usam máscaras quando engolem ar rarefeito, nem correm pelo prado depois de forrarem o estomago com pasta de clorofila.
Durante uma aerofagia, o paciente engole ar acondicionado em camadas no estomago, mas a chama não se apaga nos olhos perversos. Não que ache que as prostitutas devam lamber barras de caramelo enquanto discutem sobre tormentos próprios, mas sempre foi enorme a fome quando a noite está muito escura.
A grama sempre vem em primeiro lugar não por que seja verde. Acontece que, o besouro carrega bola de esterco achando utilidade. Nem por isso vou andar por ai com um saco de merda às costas.


 
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FilamposKanoziro
 
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