Poemas : 

Poema Mal Nascido

 
Corto o corpo ressequido
Rasgo esta palavra rara
Sinto o sal na minha cara
Neste verso mal nascido.

Sai poema nunca lido
Pó deserto do Saara
Onde a musa foi Dandara
De um relógio já partido.

Faço o verso, faço tudo
Só que eu não faço mais nada
Tento, tento e não consigo.

Triste estou um tanto mudo
Ave morta em madrugada
Vou morrer em peito amigo.


Gyl Ferrys

 
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Gyl
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Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 31/08/2018 22:50  Atualizado: 31/08/2018 22:50
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8305
 Re: Poema Mal Nascido
Belo soneto em versos bem conseguidos.

Abraço!
upanhaca


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/09/2018 07:49  Atualizado: 04/09/2018 07:49
 Re: Poema Mal Nascido
.
Continuo a acompanhar com atenção os teus textos e gostei, em especial, de dois: "Carta-testamento" e "Vida Poesia". Contudo, destacaria este "Poema Mal Nascido", que se articula bem com os outros que se lhe seguiram.
Queria salientar dois aspetos.
A figura de Dandara -- para mim, completamente desconhecida -- cuja história, ainda que nebulosa, é fascinante, como mito fortíssimo de revolta e coragem.
Por outro lado, o último terceto, que para mim é uma síntese perfeita do que representa um leitor para o poeta: quando este sente a frustração de não conseguir voar, que pelo menos haja alguém que acolha um dos seus versos e o deixe "morrer no deu peito". Muito belo.