Poemas : 

(des)concerto sinfónico

 
Tags:  música    poeisa  
 
Do meu poema alucinam-se lírios rubros
num Agosto qualquer.
Vozes de vento
… prazeiroso, suave solto e quente.

Do meu poema, aquele que não escrevo,
do que não intento,
ou do que me esqueço quando sou silhueta d’água
em queda livre na cachoeira -
recorte sublimado ao lirismo regente do corpo -,
soçobra mudo,
silenciado, o tema.
Escorre-se em andamentos frémitos e musicais,
nas cordas decididas dum baixo
d' alucinações repentinas, na persistência
de letra imperceptível aos ouvidos banais.

[No limiar da pureza oiço agora
solitários latidos de cães,
fieis amigos doutrinados na arte de amar tão só,
ou, quiçá,
dos pastos grunhidos doutros seres
quando se acoitam dos astros em noites de temporais…].

Do que não escrevo,
do que escondo em arca
(funda a arma e fundo o medo)
ouves-me tu, para lá dos vales,
para lá dos montes, nos planaltos das colinas,
tão longe e tão distante,
no chocalhar do verbo do ventre da verve
em jovialidade da alma, alheia ao relógio do tempo
plasmado em notas pálidas de rodapé.

Do meu poema emerge (des)concerto sinfónico, pianíssimo alimento.


MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
Texto
Data
Leituras
961
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Luis F
Publicado: 08/04/2008 12:55  Atualizado: 08/04/2008 12:55
Colaborador
Usuário desde: 15/08/2007
Localidade: Alcochete
Mensagens: 1184
 Re: (des)concerto sinfónico
Amiga,

As tuas palavras são perfume e encanto.

Mais um belo momento que aqui nos deixas...

Beijos
Luis


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/04/2008 13:40  Atualizado: 08/04/2008 14:43
 Re: (des)concerto sinfónico - p/Mel de Carvalho
Querida Mel,
Foi assim que eu tive vontade de comentar. 1Bjo.

SILHUETA D’ÁGUA E MEL

Mel, é a silhueta d'água
Mais transparente, bela e pura,
E, seus poemas são,
Maviosos qual u'a música,
Sonoros,
Com letra
E partitura.
Dos poemas que não escreves,
Não lerei,
Eu não mereço.
E aqueles que escondes em arca,
Se for seu mais rico tesouro,
Guarde-os para si com apreço.

(gostei, vou postar)