Poemas : 

Sangue azul-moreno

 
Dia após dia
via
ir dos braços a tez albina.
Das veias antes cianosadas,
da nobreza arterial
dissipar-se a neblina.

O tronco desnudo banhará o Sol.
Jornaleiro é o seu apelido
e magro dote.

Vergado sobre o centeio fino,
alimenta-o a terra que o tem
submisso.

Desde adulto a menino.

Via
as garras
dos pés e das mãos, tão escuras do frio,
negras
do pó, da lama primaveril.

Entre
a palavra de honra,
a leitura do arado e do coice do cavalo,
é Homem de letras.

(O pão da minha Senhora
este ano
será doiro)


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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