Crónicas : 

Brotos chineses

 
 



Da noite para o dia resolvi ingerir saladas tipo: alface, tomate, nabo, cenoura e brotos de tudo. Eu havia conhecido um chinês bem diferente dos chineses que a gente vê por aí, que são feirantes, donos de lavanderias ou pastelarias. Ele é doutor em química e viera para Portugal para ser professor na Universidade de Coimbra, mas não houve acerto com os portugueses e um amigo o apresentou na Universidade de Santiago na Espanha. Começou a dar aulas, mas com menos de um ano o curso foi minguando por falta de alunos e por fim, dos treze alunos sete reprovaram, aí foi o fim. Então, Wing ficou desempregado e como gostava de cozinhar, sua mulher uma chinesa baixinha de rosto em forma de lua, um corpo quase ocidental uma verdadeira gueixa de tão educada, propôs a ele abrir um restaurante, visto que, ele gostava de inventar molhos com sabores doces e diferentes, coisas de químico. E assim fez, abriu seu próprio restaurante, ela muito atenciosa se preocupava em guardar o nome de todos os frequentadores e a comida que cada um gostava inclusive o licor. Em alguns pratos sempre havia brotos que mediam dez centímetros em média com as raízes brancas expostas e geralmente com quatro ou cinco folhas verdinhas na ponta. E eu muito curioso, perguntei um dia enquanto comia o arroz de tudo, de que eram os brotos e então me contou que aprendeu com seu avô a plantar as sementes de tudo, inclusive, as que estavam no meu prato eram de soja e feijão do Brasil. Então da noite para o dia passei a cultivar sementes e fazer canteiros de brotos em caixa de isopores, latas e potes de sorvetes.
Os brotos ali verdinhos, eram tudo que eu havia plantado durante toda a minha vida, não esqueço as lições que aprendi com aquela família chinesa, que tinham bom gosto para os sabores e também para decoração, pois o restaurante deles era um fino só.


Edmilson Naves

 
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EdmilsonOliveira
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/03/2020 17:23  Atualizado: 22/03/2020 17:25
 Re: Brotos chineses
antes de mais, obrigado por nos trazer um texto bem escrito. eu confesso que tenho pouca admiração pelos chineses, gosto das chinesas sim, mas a cultura chinesa... não sei o que me parece ver construir torres em cima de torres e ver plantar dentro dos apartamentos, escritórios, nas paredes dos ditos cujos. quem me tira a natureza das coisas onde elas pertencem naturalmente. pronto, confesso que as chinesas não teem culpa daquelas mentalidades gulosas de quem quer conquistar o mundo mas... a culpa é da competição. evoluiríamos mais e mais humanos seríamos, leia-se pro-natura se deixássemos de competir. a competição não nos deixa evoluir no sentido salutar da coisa, se por um lado exige e isso pode fazer com que evoluamos, por outro lado poderíamos evoluir ainda mais e mais naturalmente se o fizéssemos por amor, amor próprio, amor ao próximo, conhecimento, amor à natureza. creio que se assim fosse a parte má desapareceria completamente. mas pronto, disseram-lhes que a economia seria mais assim. enfim. agora vou dizer uma asneira à moda do porto e fazer um comentário à parte. primeiro a asneira, burros de merda. bom o comentário... eu fico um bocado triste porque aqui no luso quando algo está bem escrito ninguém lê! se for uma merda as moscas avolumam-se... eheh ai... grato pela leitura. uma boa tarde