Poemas -> Introspecção : 

... É o nada saber porque assim o desejo

 
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estas são pequenas coisas,
deslindes próprios das situações que ficam
por resolver nos dias
de sol escondido nas
dúvidas,

escrevo-as na palma da
mão ao lusco-fusco,
depois com toda a força
que a ignorância me permite sopro,

e tudo se desvanece
no voo solto do que
almejei para este momento,
soluções,
factos consumados,
segundos milimetricamente dispostos
em círculo para me fazerem sentir bem,
de tudo abdico para ficar solitariamente a planear
acabar com este sentimento de malha fina que
é o nada saber porque assim o desejo

 
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theartist_lc
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/06/2020 12:31  Atualizado: 21/06/2020 12:31
 Re: ... É o nada saber porque assim o desejo
...algo pode ser tão grande que só possa ver dele uma parte, ou tão pequeno , que fica perdido e não se vê. Parabéns pelo texto.

Enviado por Tópico
pleonasmo
Publicado: 21/06/2020 13:21  Atualizado: 21/06/2020 13:21
Muito Participativo
Usuário desde: 24/10/2019
Localidade: Khabarovsk
Mensagens: 92
 Re: ... É o nada saber porque assim o desejo
Gostei da intensidade e cadência do poema.
Bem escrito

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 22/06/2020 04:42  Atualizado: 27/06/2020 04:34
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1943
 Re: ... É o nada saber porque assim o desejo
"...Pequenas coisas..." e coisas pequenas não são o mesmo. Podemos duvidar do que é ou não insignificante.
Ora o "...sol escondido nas dúvidas..." deve dar uma sombra enorme. Logo a dúvida um bichinho tão interessante.
Há dois tipos, que interessem:
A dúvida que questiona, e é motor.
E a dúvida que nos deixa hesitantes, sem saber fazer um simples escolha.

A gostar, gosto mais (e unicamente) da primeira.
Essas também escrevo. Ou fazem-me escrever, como motor que são.

Na segunda estrofe o lusco-fusco é uma boa imagem para dúvida, sendo uma tremenda metáfora. Nem luz, nem sombra, é um efeito de luz duvidoso.
Soprar escritos dessa maneira, ainda deve tirar um bocado o fôlego.

"...em círculo que me faz sentir bem..." o circular tem esse poder de acalmar, de pacificar. Não é à toa que o pensar a andar a nível de imagem universal, é andar em círculos e fazer um carreiro até...

O último verso é uma declaração de personalidade fortíssima.
O sujeito poético tem, sem dúvida (lá está ela), o seu destino nas suas próprias mãos, até o de optar pela ignorância.

Parece-me é sol de pouca dura.

Abraço irmã\o