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Rogério Beça | Publicado: 11/01/2022 09:14 Atualizado: 12/01/2022 09:43 |
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Re: vácuo: uma história de amor
A chegada ao vazio é uma procura, ou um estado que é contrário à poesia, e já agora, ao amor.
A não-vida. O primeiro verso é hilário. O sujeito poético começa o poema (levando-nos a crer que o escreve, uma vez que haverão mais versos que a mancha gráfica comprova) dizendo que "Hoje apago a poesia...". Não sabemos se a que escreveu ou se a que leu, embora deduzamos o primeiro caso. Além disso, a POESIA, a sensação do poético, pode ser ao que se refere. Antes de apagar a poesia, faz desaparecer "...o dia e a noite...", acabando com as referências mais básicas do tempo, "...com o firmamento..." referência máxima de espaço. Gosto da expressão "...já tinha desaparecido com..." A segunda estrofe acaba com menção a uma figura paterna por definir. Não há adultícia pior que aquela a que chegamos e em que matamos os pais dentro de nós, os deixamos de deificar, os tornamos nossos pares. A terceira estrofe é a confissão do sujeito poético ao direito à infância perdida, e enuncia "...uma verdade dele...": "...cri...". O credo é uma inquestionável prova de juventude, que vai esmaecendo. E do "...pecado...". Tem tantas e tantas formas, sob tantos parâmetros e filosofias... As estrofes seguintes (4,5 e 6) são a continuação do elogio, cheias de formas e versos com uma linguagem bem estruturada e provocadora. Há qualquer coisa de delicioso na "...inútil idade..." pois é ela que nos tira a infância, "...o fogo pelas várzeas..." traz conhecimento, a auto-confiança\segurança que nos falta antes,.. Mas a inutilidade, que a quebra de verso permite, é mais um momento de génio. E assim que o "...silêncio..." chega ao papel, aparece a forma mais pura de vácuo, disponível a quem respira. Que é anunciado como rainha, musa, e o sujeito poético continua apagando o que pode vir a ser o início de mais uma história de "...amor...". Tens vindo a escrever poemas magníficos, mas com muitas camadas, belas figuras de estilo, que não são fáceis de comentar como eu gosto. Além da minha absurda falta de inspiração. Obrigado pela leitura |
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