Espero ainda por ti
à beira de uma raiz do olhar. Como quem
envolve a alma na memória e se agarra
ao tempo quieto
que vem de dentro. Falo-te
da voz que os pássaros abrigam nas falésias
ou dos cabelos encrespados do mar. E o silêncio
a crescer acima de nós
a devolver-nos o dialeto do vento
voz da tua e da minha voz.
E o tempo acima do vento
mil anos acima de nós.
E os teus passos
os teus passos curvados
a desenharem na sombra a direção da luz.
Luz em fuga
no desencontro dos tempos.
Lugar
das coisas indizíveis
tão perto da voz.