De novo prostrado, sozinho e absorto,
Sem já luar que rutile no rio,
Que à vista do céu um traidor desvio
Trouxe-me de volta ao meu mundo morto.
Agora, que aos cães de novo anuncio:
Ó feras! Saciem-se neste aborto!
Chegar e partir são tempos do porto,
Agora que a morte anda com o cio.
Saudades do que tive e não pedi,
Do que dei sem me ter sido pedido,
Do que querem matar e não vivi;
Saudade de ter um rumo, perdido,
Do que me mostraste e nunca mais vi,
Saudades d’amar sem qualquer sentido.
16 de Junho de 2001