Onze da noite, onze da noite em ponto,
Em ponto cruz de solidão tecida,
Aqui só eu e este soneto tonto,
Sob os barulhos da noite comprida.
Nenhum ponto a mais do que canto e conto,
Agora nesta hora em que sou deicida,
Me invento, sou, me engrandeço e reconto
Ao peito o valor de cada batida.
O poeta é aquele que se levanta,
Mesmo sem mão que o leve à utopia;
A mão do sonho é uma mão vazia…
A voz do peito afrouxa na garganta,
Atrasa-se mais do que se adianta,
Tão querida é ao poeta a nostalgia.
21 de Agosto de 2009