Sonetos : 

Dentro dum relógio que se atrasa

 
Dentro dum relógio que se atrasa,
De pilha consumida ou corda fraca,
Surge a imagem volátil e opaca,
De nómada sob os umbrais da casa.

Sou o último halo da extinta brasa,
O cego gume da mais cruel faca,
Por certo o morto ignoto que se ensaca,
A ave que ao céu se faz sem qualquer asa.

Morreu-me alguém e nem dei disso conta,
Visto ao arrepio o luto do nada,
Se me indagarem porquê, não o sei…

E dispenso esse dedo que me aponta,
O trilho viciado, sempre à roda,
Que em verdade a tudo me adiantei.

20 de Outubro de 2010

 
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ViriatoSamora
 
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